INFESTAÇÃO POR Pediculus humanus EM ESCOLAS DO MUNICÍPIO DE MACHADO/MG, BRASIL



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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO SUL DE MINAS GERAIS CÂMPUS MACHADO ALESSANDRA PEREIRA DE PAULA INFESTAÇÃO POR Pediculus humanus EM ESCOLAS DO MUNICÍPIO DE MACHADO/MG, BRASIL MACHADO MG 2013

ALESSANDRA PEREIRA DE PAULA INFESTAÇÃO POR Pediculus humanus EM ESCOLAS DO MUNICÍPIO DE MACHADO/MG, BRASIL Monografia apresentada ao IFSULDEMINAS, como parte das exigências do Curso de Biologia para a obtenção do título de Licenciado em Ciências Biológicas. Orientador: Vera Lúcia Araújo Leite MACHADO MG 2013

Dedico esta monografia a minha família, meu esposo Silvio Antônio Miranda Dias Junior pela fé e confiança demonstrada; A minha orientadora Vera Lucia Araujo Leite, pela paciência demonstrada no decorrer do trabalho;

AGRADECIMENTOS Agradeço à Deus pela oportunidade de estar realizando este trabalho; A minha família, pelo incentivo e colaboração, principalmente nos momentos de dificuldade. Agradeço aos meus colegas pelas palavras amigas nas horas difíceis, pelo auxílio nos trabalhos e dificuldades e principalmente por estarem comigo nesta caminhada.

O potencial para novas idéias é o mesmo para todas as pessoas. Resta saber como e onde aplicá-lo; além de disciplina, determinação e empenho para transformar o potencial em ações concretas. Robson Feitosa

RESUMO A Pediculose é uma doença parasitária de importância para a saúde pública. Acredita-se que medidas educacionais possam colaborar para o sucesso do tratamento e da prevenção desta patologia. A Pediculose é encontrada no ambiente escolar com muita frequência. Esta patologia é ocasionada pelo Pediculus humanus capitis e vem sendo combatida há muitos anos, por meio de medicamentos e outras medidas, como a utilização do pente fino. Hoje em dia, embora muitos médicos prossigam prescrevendo medicamentos para o controle da Pediculose, as crianças continuam tendo piolho. Isto acontece por conta da resistência aos produtos utilizados, mas principalmente pela elevada probabilidade de reinfestação no ambiente escolar e domiciliar. A contaminação por piolhos, faz com que a criança sinta-se envergonhada, e muitas vezes deixando de ir à escola, afetando o rendimento escolar por conta da diminuição da autoestima, e também as suas atividades. Assim, as infestações de piolho interferem no rendimento e também na socialização das crianças. Acredita-se que medidas educacionais devam ser tomadas para que a população consiga controlar melhor este problema. No ambiente escolar, a realização de atividades educativas sobre Pediculose devem ser promovidas na esperança de conseguir um maior esclarecimento de alunos e familiares, com consequente redução dos índices de infestação dos escolares. Este estudo consiste em pesquisar o conhecimento sobre pediculose dos professores das escolas de ensino fundamental da cidade de Machado e as possíveis medidas que estes utilizam no combate desta patologia. Palavras-chave: Pediculose. Crianças. Escola.

ABSTRACT The Pediculosis is a parasitic disease of public health importance. It is believed that educational measures could contribute to the successful treatment and prevention of this disease. The Pediculosis is found in the school environment too often. This condition is caused by Pediculus humanus capitis and has been fought for many years, through medication and other measures, such as using the comb. Nowadays, although many physicians prescribing drugs continue to control Pediculosis, children continue to lice. This happens because of the resistance, but also by the high probability of reinfestation at school and home. Contamination by lice, makes the child feel ashamed, and often leaving to go to school affects school performance due to the decrease of self-esteem, and also their activities. Thus, infestations of lice and also interfere with the yield on the socialization of children. It is believed that educational measures should be taken so that people can better control this problem. In the school environment, conducting educational activities should be promoted on Pediculosis hoping for further clarification of students and families, with consequent reduction of infestation levels of the students. This study is to find the knowledge of pediculosis teachers of elementary schools in the city of Machado. Keywords: Pediculosis. Children. School.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 Piolho... 11 Figura 2 Ciclo de vida do piolho... 13 Gráfico 1 Formação dos professores... 19 Gráfico 2 Tempo de exercício... 20 Gráfico 3 Temas para outras palestras... 22 Tabela 1 Resultados das perguntas aos professores... 21

SUMÁRIO INTRODUÇÃO... 09 CAPÍTULO I... 11 1.1 O Pediculus humanus capitis e a pediculose... 11 1.2 A pediculose no ambiente escolar... 15 CAPÍTULO II PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS... 18 2.1 Material e métodos... 18 2.2 Resultados e discussões... 19 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 23 REFERÊNCIAS... 24 APÊNDICE... 27 ANEXOS... 31

9 INTRODUÇÃO O Pediculus humanus capitis, ou mais popularmente piolho, desenvolve o seu ciclo de vida no ser humano, se alimentando de sangue. Este ectoparasita causa a pediculose, uma doença que na maioria das vezes aparece na infância. A doença causa coceira no couro cabeludo, podendo evoluir para um quadro de infecção bacteriana, micose (fungos) e casos mais graves com miíases (desenvolvimento de larvas de moscas nas ulcerações). A infestação no homem pode ocorrer por três espécies da família pediculidae: P. humanus linnanus (piolho do corpo), P. capitis (piolho da cabeça) e P. púbis (piolho pubiano). Pela morfologia as espécies podem ser separadas em tamanho, cor e proporção de determinadas estruturas corporais. O habitat é a principal diferença entre as três espécies. O piolho de cabeça deposita os ovos junto a base dos cabelos, o do corpo, nas dobras internas das vestes e o P. púbis na região pubiana. O ciclo de vida destes ectoparasitas passa pelas seguintes fases: ovo, ninfa e adultos. As fêmeas adultas do Pediculos capitis medem aproximadamente 2,7 mm de comprimento e os machos tem 2,4mm. São ápteros em todo seu desenvolvimento. Todo o ciclo de vida ocorre em 3 semanas e as fêmeas podem viver de 3 a 4 semanas e ovipõem +/- 10 ovos por dia. A pediculose é um problema que acontece em toda a população mundial, com prevalência em crianças. Com relatos do P. humanus capitis encontrado em múmias séculos atrás (BARBOSA; PINTO, 2003). A criança com piolho tem sua auto-estima diminuída e o rendimento escolar é comprometido. A forma de transmissão é pelo contato direto, em brincadeiras e atividades em grupo, em que o parasita passa de uma criança a outra. No Brasil as crianças de 1 a 4 série do ensino fundamental são as mais afetadas tornando-se um problema de saúde publica (BORGES; MENDES, 2002). Na faixa etária entre 7 a 11 anos, as crianças estão em fase de transformação e não possuem muitas noções de higiene, principalmente as meninas, que compartilham pentes de cabelo, toucas e prendedores de cabelo, que podem ser objetos (fômites) na transmissão do parasita. Geralmente os pais trabalham fora de casa e não tem tempo para examinar a cabeça de seus filhos e identificar a presença de piolho. Somando a isto, a falta de informação correta para tratar a infestação. A partir destas informações consideramos a importância dessa pesquisa.

10 Este estudo consiste em pesquisar o conhecimento dos professores das escolas municipais de ensino fundamental da cidade de Machado sobre pediculose. Surge então o seguinte questionamento: Como os professores estão orientando pais e alunos, sobre como combater a pediculose? Objetivou-se elaborar um instrumento de pesquisa de dados para avaliação do nível de informações e conhecimentos dos professores das séries iniciais do ensino fundamental em relação ao tema pediculose. O trabalho também visou despertar uma postura atenta e responsável do público-alvo, pais e professores, frente ao problema proposto, através de pesquisa ação. Tal estudo se justifica, pois o P. humanus pode causar doença de alta prevalência. Para minimizar isso, existem várias propostas de intervenção, entretanto muitas delas são ineficazes. A implementação de um projeto educacional que envolva a comunidade e os profissionais da educação é de suma importância, pois amenizará o problema nas escolas.

11 CAPÍTULO I 1.1 O Pediculus humanus capitis E A PEDICULOSE Segundo Barbosa e Pinto (2003) o homem, fundamentalmente é parasitado por 3 tipos de piolho: Pediculus humanus capitis, piolho da cabeça; Pediculus humanus corporis, piolho do corpo, usualmente conhecido como muquirana e Phthirus pubis, piolho da região pubiana ou chato como sendo o nome comum. O piolho da cabeça (Fig. 1), Pediculus capitis, convive com a espécie humana faz muito tempo. Para Souza (2008) ele pertence à ordem Anoplura e à família Pediculidae. Figura 1 Piolho Fonte: Souza (2008) Na América do Sul, antes da chegada dos europeus há cerca de 1250 a.c já existia o piolho. Conforme menciona Reinhard e Buikstra (2003) existem relatos que esse parasita foi encontrado em pentes com mais de 2 mil anos. Segundo Canyon et al (2002) piolhos preservados têm sido encontrados em fios de cabelo de múmias do Egito há 5000 anos. De acordo com Andrade (2008) dá-se o nome de pediculose à infestação ocasionada pelo Pediculus humanus. Diversos estudiosos demonstram que na verdade das subespécies (ou raças, variedades) de piolhos a mais comum no Brasil é o Pediculus capitis (PC). O piolho que mais se conhece então se aloja somente nas cabeças e se alimenta de sangue. Para sobreviver, o piolho de cabeça, depende completamente dos humanos, não tendo nenhuma outra espécie como hospedeiro, segundo Canyon et al (2002). É um inseto com

12 habitat no couro cabeludo com temperatura e umidade relativa ideais a rondar os 30ºC e os 70%, respectivamente (PIQUERO-CASALS et al., 2004). Segundo Barbosa e Pinto (2003) o piolho é um Artrópode da classe Insecta que possui o corpo dividido em cabeça, tórax e abdome, três pares de patas presas ao abdome, não possuem asas, são ápteros, com desenvolvimento hemimetabólico, passando pelas seguintes fases: ovo (lêndea), ninfas de 1º, 2º e 3º estádios e adultos machos e fêmeas. É um inseto hematófago, que por se alimentar de sangue, acarreta sérios problemas de saúde para o ser humano. Seu ciclo de vida pode ser de 01 a 03 meses. Burkhart (2003) afirma que dependendo das condições de temperatura, umidade e ph de seu hospedeiro, dentre outros fatores o piolho pode sobreviver até 03 dias sem se alimentar, a fêmea pode colocar até 300 ovos durante sua vida, com média de 7 a 10 ovos diários. Segundo Barbosa e Pinto (2003) esses ovos (lêndeas) são presos ao fio de cabelo por uma substância acinzentada e desta maneira assegura assim a fixação nos hospedeiros. Dentre os aspectos morfológicos que caracteriza os estágios evolutivos, pode-se encontrar para os estágios de ovos, o tamanho, que é menor que 1,0 mm de diâmetro, e pode surgir entorno de 10 dias, as ninfas que se tornam adultas em aproximadamente 10 dias, depois de passarem por 3 estágios de ninfas com as suas respectivas ecdises/mudas. De acordo com Andrade (2008) na cabeça do hospedeiro, machos e fêmeas do piolho se encontram para acasalar. Os ovos, também conhecidos por lêndeas, são seguramente colados nos fios de cabelo especialmente próximos às orelhas e a nuca. São ovais e bem aderidos. Podem ser confundidos com facilidade com a caspa. Os ovos ficam encubados por um período de 6 a 9 dias, saindo dele uma NINFA de primeira idade, ou primeiro estádio. Essa ninfa logo que sai do ovo já vai se alimentar. Perfura a pele do couro cabeludo e sugam o sangue, diversas vezes por dia. Depois de uns 3 a 5 dias, essa ninfa sofre escolise, cresce um pouco e faz assim uma muda para um segundo estádio. Mais uns 3 a 5 dias, e modifica novamente para o terceiro estádio de ninfa e agora já têm praticamente o mesmo tamanho que o adulto. Sempre se alimentando diversas vezes por dia. Por fim, essa ninfa de terceiro estádio muda de exoesqueleto depois de mais 3 a 5 dias e transforma-se em adulto: macho ou fêmea (Fig. 2). Agora sexualmente maduros, os adultos vão buscar o sexo oposto para se reproduzir. Para Andrade (2008) esse tipo de metamorfose é chamada de metamorfose simples, ao contrário, por exemplo, das moscas e borboletas que tem uma metamorfose completa, passando pelas fases de ovo, larva, pupa (que pode estar em um casulo) e adulto. Fazendo as contas, um piolho pode durar desde que nasce até morrer de velho, de 45 a 54 dias.

13 Figura 2 Ciclo de vida do piolho Fonte: Andrade et al., 2000. Para Canyon et al (2002) por possuir garras que lhe permitem segurar-se firmemente ao fio de cabelo, o modo de locomoção do piolho é lateral. Segundo Frankowski e Weiner (2002) movem-se de maneira rápida, podendo percorrer 6 a 30 cm por minuto. Eles podem andar e escalar, mas não saltam, nem voam. O piolho do couro cabeludo comumente causa infecções secundárias e foi avaliado como uma das principais causas de impetigo (infecção cutânea superficial, mais comum em crianças, causada principalmente pelo microorganismo Staphylococcus aureus e Streptococcus) nas populações de países em desenvolvimento de acordo com Burgess et al (1995). Para Linardi (2002) as crianças acometidas pelo piolho podem apresentar baixa atuação escolar por dificuldade de concentração, conseqüência da coceira contínua e distúrbios do sono. Em casos mais graves, crianças podem desenvolver anemia por conta da hematofagia do piolho.

14 O primeiro sinal de infestação é uma intensa coceira no couro cabeludo, de maneira especial na região atrás da orelha e na nuca. Isso por conta da reação das enzimas anticoagulante e anestésico que o piolho injeta no local da picada, desta maneira o seu hospedeiro não sente dor e o sangue não coagula no abdome do inseto. Devido a essa coceira, de acordo com Chew et al (2000) o hospedeiro acaba abrindo feridas no couro cabeludo, o que é porta de entrada para infecções oportunistas bacterianas, tais como estafilocócicas, induzindo a um quadro de impetigo. Segundo Catalã et al (2004) as lesões causadas por coceira no couro cabeludo podem determinar complicações, como infecções bacterianas, micoses e em casos mais graves, miases. Mesmo que sem comprovação, pensa-se que os piolhos da cabeça sejam vetores potenciais de riquetsias (microrganismos que apresentam tanto características das bactérias quanto dos vírus) e outros microorganismos. Ainda que a literatura assegure que a infestação esteja atrelada a péssimas condições de higiene ambientais, é importante fazer referência a que qualquer pessoa independente da classe social, sexo, raça, credo ou cor pode ser infestada por piolhos. Isso acontece, conforme cita Barbosa et al (1998) por conta da fácil e rápida transmissão entre pessoas, pois é devido ao contato com pessoas infestadas que acontece a transmissão, ou seja, compartilhando os mesmos objetos, tais como: boné, escovas, roupas, presilhas, entre outros, o que é muito comum em crianças na fase escolar. Logo, é onde se encontra as maiores taxas de prevalência e incidência da pediculose, sendo que as meninas quando comparadas aos meninos apresentam um percentual de contaminação maior. Sabe-se que a pediculose, segundo Cunha et al (2008) mesmo com os esforços dos profissionais que se dedicam ao seu controle, sobretudo os da saúde e educação, se mantém com prevalência alta em diversas regiões do mundo. Para se combater o piolho, existem medidas que abrangem controle químico, educacional e caseiro. Diversos medicamentos são disponíveis no mercado para a pediculose, dentre eles pode-se destacar a utilização de produtos a base de organofosforados e piretróides (deltametrina e permetrina). Nenhuma dessas drogas são eficientemente seguras, pois podem apresentar grandes efeitos colaterais em pacientes portadores de asmas ou problemas respiratórios. A permetrina, por exemplo, não pode ser administrada em mulheres grávidas ou que estejam amamentando, conforme Chosidow (2000). A população tem usado qualquer medida para acabar com o piolho, como exemplo, pode-se constatar a utilização de produtos extremamente tóxicos, como neocid, querosene,

15 gasolina, entre outras. Mas ainda é irrefutável o uso de pente fino para o combate a pediculose, medida que é milenar, pois eles removem os adultos (machos e fêmeas), ninfas e às vezes algumas lêndeas. Talvez daí possa esclarecer a existência de um pente fino em quase todas as embalagens de produtos feitos para combater o piolho, conforme Barbosa e Pinto (2003). Para Burgess et al (1995) a utilização do pente fino também é recomendada na literatura e analisado como tratamento tópico. De acordo com Andrade (2008) uma vez encontrado piolhos ou lêndeas na cabeça da criança, todas as pessoas que habitam na mesma casa ou tenham contato direto com esta criança, precisam fazer a penteação. Isto impedirá que uma pessoa da casa funcione como foco do parasita e provoque novas infestações. Catalá et al (2005) aludem que estudos epidemiológicos apontam que essa patologia tem crescido de forma expressiva a partir dos últimos 50 anos, especialmente entre crianças em idade escolar. 1.2 A PEDICULOSE NO AMBIENTE ESCOLAR De acordo com Cunha et al (2008) frente a gravidade desta patologia para a saúde pública, apesar da Pediculose da cabeça não estar inteiramente relacionada à transmissão de outras patologias, como é o caso do piolho do corpo (Pediculus humanus humanus), seguramente é determinante de muito absenteísmo escolar; logo, muitas medidas têm sido procuradas para o seu controle. Os piolhos da cabeça são um dos mais antigos ectoparasitas do homem, e o recrudescimento dos piolhos nas duas últimas décadas, permitiu que a pediculose despontasse como uma das mais importantes parasitoses na faixa escolar (LINARDI, 2001, p. 191). De acordo com Barbosa e Pinto (2003, p. 580) no Brasil a pediculose atinge cerca de 30% das crianças em fase escolar podendo comprometer além do desempenho escolar, a convivência social das crianças parasitadas. Na rede escolar brasileira não existe uma política institucional relacionada à pediculose e, de uma forma geral, as crianças não são afastadas da escola por conta da infestação. No país, de acordo com Wilke et al (2002) taxas de prevalência do piolho podem chegar a 40% em comunidades carentes, sendo que as crianças apresentam taxas mais altas, o

16 que faz com que a comunidade escolar tenha que se deparar com esta problemática em seu dia-a-dia de trabalho. De acordo com Lopes et al (2011) na escola muitas atividades e brincadeiras são desenvolvidas em grupo tornando favorável a transmissão pelo contato direto entre as crianças. Por ser uma etapa de formação a criança, nessa faixa etária não possui muitas noções básicas de higiene, deste modo diversas vezes não sabem que estão com piolhos e muito menos conseguem verificar que estão infestadas. Somando a isso, na maioria das vezes, os pais por trabalharem fora de casa declaram falta de tempo para verificar a presença de piolhos nos seus filhos ou até mesmo por não possuírem informações corretas para tratar a infestação. Através de estudos e pesquisas, verificou-se no Brasil que nos alunos da 1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental o piolho se tornou um grande problema de saúde publica (BORGES; MENDES, 2002). Souza (2008) cita estudos evidenciando que orientações sobre prevenção da pediculose dadas a um grupo de mães levaram a uma queda expressiva na frequência da infestação e também mostra que os professores desempenham uma forte influência encaminhando os pais. Segundo o mesmo autor, foi analisado, no México, que as escolas onde os professores não ofereciam informação sobre prevenção e controle da pediculose apresentavam um grande número de crianças infestadas. Segundo Hernandez et al (2004) a ação da escola não é fornecer e passar no aluno o xampu, substâncias químicas e outras medidas ditas popularmente como eficientes. A escola precisa optar por ensinar a utilizar o pente-fino, fazer a revista manual e remover as lêndeas para não aumentar a infestação. É imprescindível alertar sobre o cuidado com os objetos que podem colaborar para alastrar o piolho. A aquisição de conhecimentos sobre pediculose é um fator de grande importância para a abrangência e prática dos pais e encarregados de educação, pois inúmeras vezes são capazes de combater a infestação, se adquirirem conhecimentos e auferirem instruções, conforme Silva et al (2008). Para Frankowski e Weiner (2002) a escola pode ensinar os pais a lidar com a pediculose, devendo ser encorajados a examinar a cabeça dos seus filhos, ou outras pessoas treinadas podem conferir a cabeça dos estudantes que apresentarem sintomas. Segundo Hernandez et al (2004) quando a pediculose se aloja nos alunos de uma sala, é preciso realizar um diagnóstico correto para que equívocos não sejam cometidos, saber diferenciar quando há lêndeas e quando há caspa, seborréia ou sujeira no cabelo. Tal procedimento torna-se de extrema importância para não ocasionar vergonha e outros

17 sentimentos no aluno. Na escola, encontram-se crianças com piolhos e sem nenhum sintoma manifesto e crianças com coceira, mas sem piolhos. Daí, a importância de passar o pente fino toda semana. Retirar o aluno da escola para que não contagie os outros não é uma medida eficiente. Para Madureira (1992), associar a pediculose à falta de higiene pessoal coopera para aumentar a discriminação de crianças infestadas. É imprescindível tomar uma medida de controle que dê resultado para atenuar a infestação. A maior parte dos pais gasta muito em tratamento e a proporção de crianças ausentes na escola é de 24% por conta da infestação (COUNAHAN et al., 2007 apud SOUZA, 2008). É inquietante as transformações evolutivas que tem acometido a doença pediculose, acarretando resistência aumentada do inseto, com repercussão no controle ao parasita. Esta resistência tem sido ocasionada na maioria das vezes pelo desconhecimento da população sobre o assunto e pela excessiva e errônea utilização de medicamentos aplicados. Neste sentido, a escola poderá contribuir no momento em que discutir como os alunos os conhecimentos e desenvolver neles, as capacidades que os tornem competentes a discriminar informações, identificar valores agregados a essas informações e realizar escolhas. Deste modo, a escola pode colaborar no controle da doença, evitando medicação errônea, que estabelece num fator de risco à vida. Segundo Goldschmidt e Loreto (2012) é preciso levar em consideração, que a pediculose é de fácil diagnóstico, tornando possível medidas profiláticas simples de higiene e tratamento fármaco de fácil aplicação. Desta maneira, a educação básica deveria caminhar neste sentido, de maneira que o uso apropriado dos medicamentos e formas de contágio do parasita fossem difundidos. A escola pode ainda contribuir sobre os aspectos culturais, desmistificando mitos relacionados ao parasita e ajudando na educação básica sobre a higiene precisa, melhorando as condições de vida das pessoas. Nas medidas educativas que são utilizadas pelas escolas e pelas famílias no combate a pediculose, as instruções fornecidas fazem referência aos conhecimentos da biologia, para a prevenção e controle do piolho. Internet, artigos científicos, mídia e outros meios são usados para obter informações. De acordo com Kosta et al (2006) apud Souza (2008) a informação é transformada em diferentes linguagens, com métodos visuais desenvolvidos pela escola e pelas autoridades da saúde. As vantagens e desvantagens da existência de métodos de tratamento, recomendação de pediculicidas e aspectos psicológicos e emocionais também podem ser debatidos pelos professores e pais.

18 CAPÍTULO II PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O presente estudo foi desenvolvido em duas etapas. Na primeira foi realizada uma pesquisa bibliográfica exploratória a partir de fontes secundárias, uma vez que de acordo com Lakatos e Marconi (2007) trata-se de um levantamento bibliográfico já publicado em forma de livros, monografias, revistas, publicações avulsas e jornais, com a finalidade de colocar o pesquisador em contato com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto, pois permite ao mesmo o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou manipulação de suas informações. Ainda de acordo com os autores, a pesquisa bibliográfica pode ser considerada também como o primeiro passo de toda a pesquisa científica. Depois foi realizada uma pesquisa de campo de caráter exploratório, de abordagem estatística quantitativa, com método de coleta de dados através de questionário (ver apêndice) aplicado aos professores das escolas analisadas. 2.1 MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido em três escolas de ensino fundamental, na cidade de Machado, sendo duas públicas e uma privada, 29 professores das escolas estaduais e 4 da escola particular. A direção de cada escola foi consultada para obtenção de permissão dos professores para participar da pesquisa. Os professores foram informados sobre o objetivo do trabalho e que participariam respondendo a dois questionário no decorrer do processo. Inicialmente foi aplicado o primeiro questionário com 21 questões sobre o tema, em seguida foi realizado junto aos alunos, uma palestra sobre o piolho, onde as crianças puderam ver o piolho vivo. Foram utilizados banner (ver anexo) e vídeo para melhor esclarecimento da pediculose. Duas semanas após a palestra foi aplicado o segundo questionário que continha 14 perguntas de múltipla escolha abrangendo informações sobre nível de graduação dos professores, séries para quais leciona, tempo de experiência no magistério, além de questões relativas ao conhecimento, à prática e atitude quanto à pediculose. O intuito foi de descobrir as principais dúvidas e conhecimento dos professores sobre pediculose.

19 2.2 RESULTADOS E DISCUSSÕES A pesquisa foi feita com os professores em forma de questionário, sendo um dos questionário entregue antes do trabalho desenvolvido na escola e o segundo após o desenvolvimento dos trabalhos. O primeiro questionário teve como objetivo saber a relevância do tema para os professores e o segundo a observar os resultados da palestra realizada. Em todas as escolas as crianças assistiram vídeos educativos, sobre piolho com linguagem de fácil compreensão, em seguida as crianças observaram o piolho, com auxilio de uma lupa e houve esclarecimento das duvidas, como é feita a transmissão, disseminação e o combate, sempre fixando a importância do uso do pente fino pelas mães e os sinais de alerta, como coceira na cabeça principalmente atrás da orelha e nuca. Todos participaram, e se surpreenderam ao ver de perto como é o piolho, em todas as escolas, foi exposto um banner, sobre o assunto. Inicialmente buscamos saber a formação profissional e o tempo de trabalho com a educação dos professores participantes da pesquisa (questões 1 e 2). Neste caso objetivou-se identificar se a formação do professor influencia no interesse de ações ao combate a pediculose. Segundo a pesquisa, pode-se verificar nas respostas das questões 1 e 2 que todos os professores das escolas estudadas possuem formação em Pedagogia, mas somente 32% possuem especialização e nenhum possui mestrado ou doutorado (Graf. 1). Gráfico 1 Formação dos professores 32% Pedagogia Especialização 68% Fonte: Dados da pesquisa Em relação ao tempo de exercício na escola, 26% exercem a profissão de 1 a 5 anos, 26% de 6 a 10 anos, 22% de 11 a 15 anos e 26% a 17 anos ou mais (Graf. 2).

20 Gráfico 2 Tempo de exercício 26% 26% 1 a 5 anos 6 a 10 anos 11 a 15 anos 17 anos ou mais 22% 26% Fonte: Dados da pesquisa Com as informações da questão 2 do questionário II, observou-se que são praticamente iguais os tempos de exercício, entretanto os professores com menos tempo de exercício demonstraram maior interesse pela pesquisa. Ao serem questionadas se consideram importante a realização de palestras educativas para os alunos, 100% responderam que sim. Percebeu-se pela unanimidade das respostas (questão 3, 4 e 5) que a palestra realizada na escola sobre pediculose foi interessante para os professores. Nas respostas a estas questões também os professores perceberam interesse por parte dos alunos. Durante a pesquisa ao responderem a questão 6 percebemos nas conversas informais que na maioria das escolas nunca aconteceu projetos sobre específicos sobre a pediculose. Após o desenvolvimento da pesquisa as professoras alegaram que o índice de infestação por piolho baixou depois da palestra (questão 7 do questionário II), entretanto não souberam explicar como chegaram a esta conclusão, disseram que visualmente perceberam isso. Os vídeos, as figuras e a amostra do piolho usados durante a palestra (discutidos nas questões 8 e 9) foram considerados como chamativos pelas professoras, fazendo com que os alunos ficassem interessados pelo assunto. Para elas tais recursos foram suficientes para esclarecer o tema proposto. Segundo a maioria das professoras, os alunos não costumam repassar as informações que obtém na escola para os pais (questão 10 do questionário II), confirmando que a falta de informação e interesse dos pais dificulta a erradicação do piolho.

21 Depois da palestra, as professoras perceberam que a mesma despertou interesse dos alunos para outros assuntos não exposto (questão 11 do questionário II). Um ponto negativo foi que alguns professores (questão 12 do questionário II), mesmo sendo poucos, acharam a palestra não compreensível para todas as séries. O tema escolhido para a palestra foi classificado como muito importante para a escola (questão 13). Todos esses dados podem ser analisados na tabela a seguir: Tabela 1 Resultado das perguntas aos professores Perguntas Sim Não Considera importante a realização de palestras educativas 100% - para os alunos? A palestra realizada na escola sobre pediculose (piolho), foi 100% - interessante para você? Houve interesse por parte dos alunos sobre o assunto? 100% - A escola já havia feito algum projeto sobre o piolho? 37% 63% O índice de infestação por piolho baixou depois da 89% 11% palestra? A palestra foi chamativa, para os alunos, com figuras, 100% - vídeos e amostras de piolho, para observação? Os recursos didáticos utilizados foram suficientes, para 100% - esclarecer o tema proposto? Os alunos costumam repassar aos pais informações novas 95% 5% que obtiveram na escola? A palestra despertou a curiosidade dos alunos, para outros 100% - assuntos não expostos? A palestra foi compreensível para todas as series? 74% 26% O tema escolhido (piolho), para a palestra foi importante para a escola? 100% - Fonte: Dados da pesquisa Ao serem perguntadas sobre outros temas que consideram importantes para futuras palestras na escola (questão 14), os mais escolhidos foram: alimentação, builing, P.M.A (Preservação do meio ambiente), dengue, higiene e valores (Graf. 3). Pelo gráfico pode-se perceber que os temas mais votados foram valores e higiene.

22 Gráfico 3 Temas para outras palestras 40% 4% 9% 4% 8% Alimentação Builing P.M.A Dengue Higiene Valores 35% Fonte: Dados da pesquisa Conforme o levantamento obtido segundo o questionário acredita-se que estes resultados poderão subsidiar a escola à uma futura proposta de erradicação da Pediculose através da atualização destes conhecimentos aos professores, pais e alunos. A presente pesquisa, através dos professores, teve como intuito conhecer melhor os métodos adotados pelas escolas, para diminuição do índice de piolho dentro do ambiente educacional. Em todas as escolas, a recepção por parte de professores, diretores e pelas crianças foi muito boa, o possibilitou que o trabalho fosse bem desenvolvido. Segundo os professores pesquisados a escola da rede privada, é a que menos apresenta casos de piolho, e quando acontece o responsável pelo aluno é comunicado imediatamente. Já as escolas publicas, freqüentadas por crianças carentes apresenta alto índice de infestação. Neste caso também ocorre a comunicação dos pais, entretanto os resultados não são bons. Com base no segundo questionário, percebemos considerável melhora e entendimento dos alunos e educadores, sobre o assunto proposto, isto pois houve redução nos casos de alunos com piolho..

23 CONSIDERAÇÕES FINAIS A pediculose é um problema contemporâneo e social em que comunidades precisam participar de atitudes preventivas e ações de domínio da infestação. Mais estudos são fundamentais para compreensão do conhecimento de professores e pais a respeito deste tema, bem como suas práticas diante de infestações com o piolho de cabeça. A escola como um local de formação e informação é ideal para o desenvolvimento de atividades educativas que tenham o desígnio de evitar o aparecimento e infestação de parasitas, como é o piolho. Como um problema de saúde pública de difícil resolução, dele dependem ações de vários setores em diversos níveis. Por isto, é necessário que se desenvolvam estratégias de intervenção que envolvam outros setores da sociedade, além das instituições de ensino, como os serviços de saúde. É esperado que este trabalho estimule os professores a ensinar alunos e pais, a utilizar do pente fino e a catação, evitando assim o uso desordenado de substâncias químicas de combate ao piolho. Acredita-se que este estudo permite auxiliar e recomendar outras medidas de atuação na escola para atenuar o número de infestações. A abordagem educacional abarcando conhecimento, atitude e prática expõem a necessidade do professor ter conhecimento sobre o tema e sua importância como educador e transmissor de atitudes corretas na área de saúde, já que existem tantos mitos que são precisam ser esclarecidos.

24 REFERÊNCIAS ANDRADE, C. F. Piolhos: solução pela educação. Biológico, São Paulo, v. 70, n. 2, p. 73-74, jul./dez. 2008. ANDRADE, C. F; et al. Controle da pediculose: um projeto educativo. Unicamp, 2000. BARBOSA, J. V; PINTO, Z. T. Pediculose no Brasil. Entomol. Vect., v. 4, n. 10, p. 579-586, 2003. BARBOSA, J. V; et al. Estudo da Pediculose no Estado do Rio de Janeiro. In: BIENAL DE PESQUISA DA FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, 1, Anais... p. 200, 1998. BORGES, R; MENDES, J. Epidemiological Aspects of Head Lice in Children Attending Day Care Centres, Urban and Rural Schools in Uberlândia, Central Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz, v. 97, n. 2, p. 189-192, 2002. BURGESS, I. F; et al. Head lice resistance to pyrethroid insecticides in Britain. Br. Méd. J.,1995. In: FRANCESCHI, A. T; et al. Desenvolvendo estratégias para o controle da pediculose na rede social. 2007. Disponível em: < http://www.ufjf.br/nates/files/2009/12/ 14pediculose.pdf>. Acesso em: 28 set. 2012. BURKHART, C. N. Fomite transmission with head lice: a continuing controversy. Lancet 361, 2003. In: BARBOSA, J. V; PINTO, Z. T. Pediculose no Brasil. Entomol. Vect., v. 4, n. 10, p. 579-586, 2003. CANYON, D. V; et al. Spatial and kinetic for the transfer of head lice (Pediculus capitis) between hairs. J. Invest. Dermatol., 2002. In: SOUZA, P. A. T. Pediculose na escola: uma oportunidade para aprender e ensinar. TCC (Licenciatura em Ciências Biológicas). Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2008. CATALÁ, S; et al. Prevalência e intensidade da infestação por Pediculus humanus capitis em escolares de seis a onze anos. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 6, n. 37, p. 499-501, nov./dez., 2004. CATALÁ, S; et al. Infestação por Pediculus capitis segundo sexo e fatores sociais na Argentina. Revista de Saúde Pública, v. 39, n. 3, 438-443, 2005. CHEW, A. L; et al. Treatment of head lice. Lancet 365, 2000. In: BARBOSA, J. V; PINTO, Z. T. Pediculose no Brasil. Entomol. Vect., v. 4, n. 10, p. 579-586, 2003. CHOSIDOW, O. Scabies and Pediculose. Lancet 355, 2000. In: BARBOSA, J. V; PINTO, Z. T. Pediculose no Brasil. Entomol. Vect., v. 4, n. 10, p. 579-586, 2003. CUNHA, P. V. S; et al. O discurso dos professores sobre a transmissão da pediculose antes de uma atividade educativa. Revista Brasileira Crescimento Desenvolvimento Humano, v. 3, n. 18, p. 298-307, 2008.

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27 APÊNDICE Questionário I Formação profissional professor Magistério nível médio ( ) Pedagogia ( ) especialização ( ) mestrado ( ) Doutorado ( ) Outro ( ) Tempo de Exercício (em anos) 1 a 5 ( ) 6 a 10 ( ) 11 a 16 ( ) 17 ou mais ( ) Questão 1 -O piolho é mais freqüente em crianças com menos recursos financeiros? 2 -O piolho é mais freqüente em famílias com maus hábitos higiênicos? não sabe informar ( ) 3 - O piolho pode ser adquirido dos animais? 4 - Coçar a cabeça é sinal de piolho? 5- O piolho salta e voa? 6 -O piolho transmite doenças? 7 -O piolho também aparece em adultos? 8 -Meninas têm mais piolho? 9 -O cabelo comprido favorece o aparecimento de piolho?

28 10 -Aluno infestado com piolhos não deve ficar na escola? 11 -Problema do piolho é de exclusividade dos pais? 12 -A criança com piolho é discriminada pelos colegas? 13 -A escola é a principal fonte de transmissão do piolho para os alunos? É importante o professor ensinar sobre piolho? 14 -O professor ao ensinar pode diminuir a infestação dos alunos? 15 -O ensino sobre o piolho pode trazer algum beneficio a escola? 16 - A escola possui algum projeto sobre piolhos em andamento? 17 - Quando um aluno tem piolhos é informado à família? 18 - Há indicação de algum produto aos alunos que apresentam piolhos? 19 A infestação de piolhos aumentou nos últimos anos? 20 A infestação de piolhos diminui nos últimos anos? 21 Idade das crianças com que trabalha: ( ) 7 anos ( ) 8 anos ( ) 9 anos 10 ( )

29 Questionário II 1) Formação profissional professor Magistério nível médio ( ) Pedagogia ( ) Especialização( ) Mestrado ( ) Doutorado ( ) Outro 2) Tempo de exercício (em anos) 1 a 5 ( ) 6 a 10 ( ) 11 a 15 ( ) 17 ou mais ( ) 3) Você considera importante a realização de palestras educativas para os alunos? Sim ( ) Não ( ) 4) A palestra realizada na escola sobre pediculose (piolho), foi interessante para você? Sim ( ) Não ( ) 5) Houve interesse por parte dos alunos sobre o assunto? Sim ( ) Não ( ) 6) A escola já havia feito algum projeto sobre o piolho? Sim ( ) Não ( ) 7) O índice de infestação por piolho baixou depois da palestra? Sim ( ) Não ( ) 8) A palestra foi chamativa, para os alunos, com figuras, vídeos e amostras de piolho, para observação? Sim ( ) Não ( ) 9) Os recursos didáticos utilizados foram suficientes, para esclarecer o tema proposto? Sim ( ) Não ( ) 10) Os alunos costumam repassar aos pais informações novas que obtiveram na escola? Sim ( ) Não ( )

30 11) A palestra despertou a curiosidade dos alunos, para outros assuntos não expostos? Sim ( ) Não ( ) 12) A palestra foi compreensível para todas as series? Sim ( ) Não ( ) 13) O tema escolhido (piolho), para a palestra foi importante para a escola? Sim ( ) Não ( ) 14) Que outro tema você acha importante que seja realizado palestras na escola?

31 ANEXOS Anexo 1 Banner usado na palestra nas escolas