Revta bras. Ent. 30(1) : 87-100. 31.03.198 6 OPERA OPILIOLOGICA VARIA. XXVI. (OPILIONES, GONYLEPTIDAE ) ABSTRAC T Helia E.M. Soares l Benedicto A.M. Soares l New synonyms establishecd Guascaia ypsilonota Mello-Leitão, 1935 = Acanthopachylus aculeatus (Kirby, 1819); Guascaia Mello-Leitão, 1935 = Acanthopachylu s Roewer, 1913; Quixabella ornata Mello-Leitão, 1949 = Quixaba atrolutea Mello- Leitão, 1944 = Carlotta furcata (Roewer, 1943) = C. serratipes Roewer, 1943. Quixabella Mello-Leitão, 1944 = Quixaba Mello-Leitão, 1944 = Carlotta Roewer, 1943; Deltaspidium bresslaui Roewer, 1927 = Gonyleptes asper Perty, 1833, transferred to the genus Deltaspidium, comb. n. Therezopolis therezopolis Mello- Leitão, 1923 = Graphinotus ornatus Kollar, 1839; Therezopolis Mello-Leitão, 1923 = Wygodzinskyia Soares & Soares, 1945 = Graphinotus Koch, 1839, transferred to Gonyleptinae; Ubatubesia travassosi Soares & Soares, 1947 = U. oliverioi Soares & Soares, 1944; Ubatubesiopsis Soares & Soares, 1954 = Ubatubesia Soares & Soares, 1944; Gonypernoides damicoi Soares & Soares, 1945 = G. fragilis Mello-Leitão, 1932 = Uracantholeptes anomalus (Mello-Leitão, 1922); Gonypernoides Mello-Leitão, 1932 = Uracantholeptes Mello-Leitão, 1926; Liarthrodes Mello-Leitão, 1922 = Arthrodes Koch, 1839; Arthrodes alvimi (Mello-Leitão, 1935) = Liarthrodes granulosus Mello- Leitão, 1932 = L. tetramaculatus Mello-Leitão, 1922 = Coelopygus elegans (Perty, 1833). New combinations. The following species are transferred to Graphinotus : Therezopolis franciscoi Soares & Soares, 1945; T. magnificus Roewer, 1943; T. roseu s Mello-Leitão 1936; T. sawayai H Soares, 1946; Wygodzinskyia viridiornata Soares & Soares, 1945 and W. gratiosa H Soares, 1974. Ubatubesiopsis rabelloi Soares & Soares, 1954 is transferred to Ubatubesia. Arthrodes xanthopygus Koch, 1839 is transferred to Caelopygus. Esta nota constitui resultado de parte de nossa revisão da família Gonyleptidae ; o material pertence às coleções do Museu Nacional, Rio de Janeiro (MNRJ), d o Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP) e H. Soares, Botucatu (HS). PACHYLINAE Acanthopachylus Roewe r Acanthopachylus Roewer, 1913 :50 ; Soares & Soares, 1954a:233 ; Ringuelet, 1959 :274. Guascaia Mello-Leitão, 1935a:1 ; Soares & Soares, 1954a :264. Syn. n. Espécie-tipo : Gonyleptes aculeatus Kirby, 1819, por designação original. Gonyleptes aculeatus Kirby, 1819 :452. Acanthopachylus aculeatus (Kirby ) (Figs. 1, 2 ) Acanthopachylus aculeatus; Roewer, 1913 :51, figs. 19, 20 ; Soares & Soares, 1954a :233 ; Ringuelet, 1959 :275 ; 1963 :42. Guascaia ypsilonota Mello-Leitão, 1935a:1, fig. 1 ; Soares & Soares, 1954a:264. Syn. n. Ringuelet (1959 :274-284), que estudou copioso material de A. aculeatus, de larga distribuição, assim se refere à área V do escudo dorsal (1959 :277) : "El área V de l macho lleva una fuerte espina mediana, flanqueada tipicamente por 2 más pequenas, 1. Departamento de Zoologia, Instituto Básico de Biologia Médica e Agrícola, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", 18600 Botucatu SP, Brasil.
88 Revta bras. Ent. en la misma fila con los tubérculos ; corrientemente la espina mediana se ve como tubérculo o alto y subagudo, el que puede ser enteramente romo, y faltan muchas vece s las 2 espinas satélites ; en la hembra existe un tubérculo mediano desde pontiagudo hasta enteramente romo o bien el área V es totalmente inerme. Estas variaciones del área V se encuentram en ejemplares de una misma población y en individuo s perfectamente adultos". Constatamos as mesmas variações. No tipo de G. ypisilonota, macho, acompanhado de 2 fêmeas no mesmo tubo, vimos que a área V é armada d e uma apófise mediana bífida, como diz a descrição original. No mais a coincidência com exemplares de aculeatus é absoluta, inclusive na armadura das pernas IV, muit o característica. Por outro lado, examinamos 3 machos e 2 femeas do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, n? 18.325 (MNRJ), com o rótulo manuscrito de Mello-Leitão com o nom e de Heteropachyloidellus dimorphicus Mello-Leitão, 1927, já arrolado na sinonímia d e A. aculeatus; um dos machos desta série apresenta na área V alta apófise bífida d e ramos pontiagudos, apenas um pouco mais longos que os de G. ypsilonota, com qu e fizemos comparação. Fica, portanto, assinalada a variação em indivíduo da mesma população. Foram feitas preparações das genitálias do holótipo macho de G. ypsilonota e de um exemplar de A. aculeatus muito bem representativo da espécie e elas coincidem sob todos os aspectos. Não temos, pois, dúvida de que ypsilonota é igual a aculeatus. Guascaia, conseqüentemente, é sinônimo de Acanthopachylus, devendo-se, para completar-lhe a caracterização, acrescentar à descrição de Ringuelet (1959 :277) o seguinte : a área V do escudo dorsal do macho pode ainda apresentar uma apófise mediana bífida. Há fêmeas que exibem todas as áreas do escudo dorsal e todos os tergitos livre s inermes. Artículos tarsais : 5(3), 7(3), 6, 6. Nos machos, os basitarsos I e II têm artículos mai s espessos e mais longos que os dos distitarsos correspondentes ; nas femeas esta s diferenças são muito atenuadas. Os metatarsos de todas as pernas têm longo astrágalo e curtíssimo calcâneo. Comprimento do pênis: 4,42 mm. Para maiores detalhes sobre a espécie vide Ringuelet (1959 :174-284),que tratou de toda a sinonímia. Material. ARGENTINA. Buenos Aires: 4 machos e 2 femeas, n? 1.411, Heteropachyloidellus serrulatus (MNRJ). Entre Rios: 1 macho, n? 1.412, parátipo de H. serrulatus (MNRJ). BRASIL. Rio Grande do Sul: 1 macho e 4 fêmeas, n? 41.603, Heteropachyloidellus marginatus (MNRJ), 1 fêmea, tipo de H. marginatus, n? 1.41 0 (MNRJ); Cassino, Rio Branco, 9 machos e 7 fêmeas (HS) ; Itagui, km 82, entroncamento para Barragem, 2 machos e 9 fêmeas, n? 722 (HS) ; Porto Alegre, 3 machos e 2 fêmeas, n? 18.325, H. serrulatus (MNRJ), 1 macho e 1 fêmea, n? 1.46 5 (MNRJ), 2 machos e 7 fêmeas, n 46.947, H serrulatus (MNRJ), 10 machos e 1 1 fêmeas, n? 56.268, Heteropachyloidellus dimorphicus (MNRJ), 1 macho e 2 fêmeas, n? 41.936, tipos de Guascaia ypsilonota (MNRJ), Porto Alegre, Ponta Grossa, 4 machos e 5 fêmeas, 2 machos e 5 fêmeas, 1 macho e 1 fêmea, DZ n? 965 (MZUSP), 1 macho e 1 fêmea, DZ n? 1.770 (MZUSP) ; São Francisco de Paula, 2 machos e 5 fêmeas, n? 58.060, H marginatus (MNRJ) ; Uruguaiana, 7 machos e 5 fêmeas, DZ n? 1.60 9 (MZUSP). URUGUAI. Colonia: Carmelo, 1 macho, n? 1.413, cótipo de H. paucigranulatus (MNRJ); Montevideo, 3 machos e 11 fêmeas, n? 1.414, H. paucigranulatus (MNRJ), 3 machos e 6 fêmeas, n? 58.394, H paucigranulatus (MNRJ). GONYLEPTINA E Carlotta Roewe r Carlotta Roewer, 1943 :26; Soares & Soares, 1949 :162 ; 1974 :607. Ullia Roewer, 1943 :41. Pseudoneogonyleptoides Soares, 1944b : 147. Quixaba Mello-Leitão, 1944 :17 ; Soares & Soares, 1949 :210 ; 1974 :607. Syn. n.
Vol. 30(1), 1986 8 9 Quixabella Mello-Leitão, 1949 :26. Syn. n. Espécie-tipo : Carlotta serratipes Roewer, 1943, por monotipia. Cômoro ocular com alta elevação mediana pontiaguda. Area I dividida. Áreas I e I com 1 par de elevações, III no macho com 1 par de elevações rombas mais próxima s entre si que as da área II, na fêmea com 2 robustas apófises pontiagudas unidas n a base e divergentes no ápice, ou, tanto no macho como na fêmea, com 2 elevações mai s próximas entre si que as da área II e só na fêmea pontiagudas. Area IV, tergitos livres I - III, opérculo anal e ventral inermes. Fêmures dos palpos inermes. Artículos tarsais: 6(3), 10/12(3), 6/7, 6/7. Basitarsos I do macho com os 3 artículos espessados. Rower (1943) e Mello-Leitão (1944 ; 1949) descreveram em gêneros diferentes a mesma espécie, em virtude do acentuado dimorfismo sexual. Carlotta serratipes Roewe r Carlotta serratipes Roewer, 1943 :41, pl. 5, fig. 43 ; Soares & Soares, 1949 : 162. Ullia furcata Roewer, 1943 :41, pl. 4, fig. 44. Syn. n. Carlotta furcata; Soares & Soares, 1949 :162. Quixaba atrolutea Mello-Leitão, 1944 :18, figs. 6, 7 ; Soares & Soares, 1949 :210 ; 1974:604, figs. 26-35. Syn. n. Quixabella ornata Mello-Leitão, 1949 :27, fig. 8. Syn. n. Q. ornata e Q. atrolutea se referem à fêmea e ao macho de única espécie da mesm a localidade, Santa Teresa, Espírito Santo. Não há como separar ornata e atrolutea e m gêneros diferentes, o tipo de ornata (examinado) é uma fêmea e não macho, como consta da descrição original. O mesmo se dá com C. serratipes e U. furcata, macho e fêmea da mesma espéci e descritos de Tocantins, Cametá ; são também sinônimas de atrolutea. Roewer, apesa r de ter descrito a espécie da mesma localidade duas vezes em gêneros diferentes, reconheceu que teve em mãos um macho e uma fêmea. Soares & Soares (1974 :606) comentaram que não existe tubérculo no opérculo anal ventral do macho de atrolutea. Isto acaba de ser confirmado pelo exame do tipo, no qual havia, entre o opérculo ana l dorsal e o ventral, um detrito sob a forma de roliço tubérculo escuro e brilhante, dand o muito bem ilusão de que se tratava de parte integrante do opérculo anal ventral ; destacamo-lo facilmente com uma pinça. O tipo de atrolutea, macho, com 6(3), 14(3), 7, 7 artículos tarsais, tem os basitarso s I de artículos mais longos e mais espessos que os dos distitarsos correspondentes. O de ornata, fêmea, tem basitarsos I normais, 6(3), 14(3), 7, 7 artículos tarsais e não apena s 6 artículos nos tarsos 111 e IV, como consta da descrição original. Material. BRASIL. Espírito Santo: Santa Teresa, 1 macho, tipo de atrolutea (MNRJ), 1 fêmea, tipo de ornata (MNRJ), 1 macho, n? 482 (HS). Carlotta dubia (Soares ) (Figs. 3-6) Pseudoneogonyleptoides dubius Soares, 1944b: 145, 149, fig. 4 ; Soares, 1946 :509 ; 1946 :235, fig. 2. Carlotta dubia; Soares & Soares, 1949 :162. Dimorfismo sexual não tão acentuado. Na área III do escudo dorsal, 2 elevaçõe s próximas, rombas no macho, pontiagudas na fêmea. Artículos tarsais: 6(3), 12(3), 7, 7 no macho e 6(3), 10/11(3), 7, 7 na fêmea. Basitarsos I do macho com artículo s espessados. Comprimento do pênis: 3,12 mm. Material. BRASIL. Espírito Santo : Santa Teresa, 1 fêmea, holótipo, n? E.407 C.24 3 (MZUSP), 1 macho e 1 fêmea (HS) ; Santa Leopoldina, Chaves, 1 macho, n? DZ 93 1 (MZUSP).
90 Revta bras. Ent. Acanthopachylus aculeatus: pênis, 1, dorsal ; 2, lateral. Carlotta dubiw 3, pênis, dorsal; 4, glande aumentada; dorsal ; 5, pênis, lateral ; 6, glande aumentada, lateral. Deltaspidium asper: pênis, 7, dorsal; 8, lateral. Graphinotus ornatus: pênis, 9, dorsal ; 10, lateral. G. franciscoi: pênis, 11, dorsal ; 12, lateral. G. roseus: pênis, 13, dorsal ; 14, lateral. G. sawayai: pênis, 15, dorsal ; 16, lateral. G. viridiornatus: pênis, 17, dorsal; 18, lateral.
Vol. 30(1), 1986 9 1 Deltaspidium Roewe r Deltaspidium Roewer, 1927 :348 ; 1930 : 345, 416 ; Mello-Leitão, 1932 : 234, 288 ; Soare s & Soares, 1949 :164. Espécie-tipo : Deltaspidium bresslaui Roewer, 1927 (= Gonyleptes asper Perty, 1833), por monotipia. Cômoro ocular com 2 baixas elevações pontiagudas. Área I dividida. Áreas I e I com 2 elevações, III com alta elevação mediana armada de 2 espinho s divergentes, rombos no macho e pontiagudos na fêmea. Área IV, tergitos livres e opérculo anal inermes. Palpos do tipo de Gonyleptinae, mais longos que o corpo, d e fêmures inermes. Tarsos III e IV com 2 garras lisas, com pseudoníquio e escópul a rudimentar. Artículos tarsais : 6(3), 12/13(3), 8/9, 9/10. Basitarsos I do macho não espessos. Metatarsos I com astrágalo e calcâneo aproximadamente do mesmo comprimento, II, III e IV com astrágalo muito mais curto que o calcâneo. Deltaspidium asper (Perty, 1833), comb. n. (Figs. 7, 8) Gonyleptes asper Perty, 1833 :202, n? 7. Ampheres asper; Koch, 1839b :71, pl. 235, fig. 570 ; Roewer, 1913 :338 ; 1923 :532 ; Roewer, 1931, non Perty, 1833 :136 ; Soares & Soares, 1948 :566. Deltaspidium bresslaui Roewer, 1927 :348, fig. 16 ; 1930 : 416, pl. 6, fig. 3 ; Mello-Leitão, 1932 :288, fig. 226 ; Soares & Soares, 1949 :164. Syn. n. A descrição e a figura de Koch, referentes a um macho de Ampheres asper (Perty, 1833), de que, ao que nos consta, só se conhecia um exemplar, o tipo, não visto po r Roewer (1923 :532), permitiram concluir facilmente que Deltaspidium bresslaui é sinônimo dessa espécie de Perty, aliás muito característica, pela armadura da área III do escudo dorsal, pelas apófises apicais externas das ancas IV, pelos fêmures IV, mai s espessos na base e afinando-se para o ápice, com séries de espinhos, tudo muito be m figurado e descrito por Koch. A fisionomia e o colorido lembram as Caelopyginae, mas as garras dos tarsos III e IV são lisas, os palpos são do tipo de Gonyleptinae, e be m assim a segmentação tarsal, se bem que o número de artículos não seja o da s Gonyleptinae mais típicas, em que os tarsos III têm quase sempre 1 artículo a mais qu e os tarsos I (no caso em apreço essa diferença é de 2 a 3 artículos, e, num dos indivíduo s examinados, de 4). 0 gênero prevalecente é Deltaspidium, cuja espécie-tipo, D. bresslaui, é sinônima de asper, de Perty, e não corresponde ao que Roewer (1931 :136 ) julgou ser Ampheres asper (Perty, 1833) nem à descrição de Ampheres Koch, 1839, com a extensão que lhe deu Roewer (1913 :334), uma vez que a espécie-tipo d e Ampheres não é asper e sim Ampheres spinipes (Perty, 1833), como declarou o própri o Roewer. Roewer (1931 :136) informou que em 1923 desconhecia a segmentação tarsal d e asper, motivo por que não tinha certeza da espécie estar corretamente em Ampheres, mas que examinou dois machos do Brasil (Serra Azul) que correspondem a esse gêner o e que não tinha dúvida em afirmar que se tratava de asper, acrescentando que exibia m os seguintes caracteres : artículos tarsais 7/8(3), 14/16(4), 16, 18/19, porção basal dos tarsos I do macho fortemente espessada, tarsos III e IV com 2 garras pectíneas. Diante do que expôs Roewer, obviamente não podemos concordar que sejam aspe r os 2 machos de Serra Azul. Soares & Soares (1948 :567) citam asper em Santa Catarin a (Serra Azul), mas o fizeram baseados em Roewer, e Mello-Leitão a registra em Sant a Catarina, provavelmente escudado na mesma fonte. Serra Azul é bem conhecida no s estados de Santa Catarina e Paraná. Podemos afirmar que a verdadeira asper de Perty ocorre no Rio de Janeiro,- em Teresópolis e Petrópolis. Os espécimes que estudamos correspondem às descrições e figuras de asper, de Perty e de Koch, e de bresslaui, de Roewer. O exemplar típico d e Perty, em que Koch calcou sua descrição, estava mutilado, sem os tarsos das pernas, razão pela qual, ignorando o número de segmentos tarsais, pôs a espécie emampheres (Caelopyginae). 0 número de segmentos dos tarsos de 4 exemplares de asper vistos por
92 Revta bras. Ent. nós é: machos com 6(3), 13(3), 8, 10 e 6(3), 11/14(3), 8, 10 ; fêmeas com 6(3), 11/12(3), 8/9, 9 e 6(3), 12(3), 8, 9. Encontramos um exemplar com 4 artículos nos distitarsos II. Comprimento do pênis : 3,32 mm. Material. BRASIL. Rio de Janeiro: Nova Iguaçu, Tinguá, macho, n? 461 (HS), macho e fêmea, n? 453 (HS), macho e fêmea, n? 440 (HS), macho e 2 fêmeas, n? 79 0 (HS); Teresópolis, Represa dos Guinle, macho, n? 670 (HS). Graphinotus Koch Graphinotus Koch, 1839a :9 ; 1839b :10 ; Roewer, 1913 :78 ; 1923 :422 ; Mello-Leitão, 1932 : 1932 : 133, 152 ; Soares & Soares, 1954a:263. Therezopolis Mello-Leitão, 1923 :133 ; 1932 :231, 241, 460 ; Soares, 1944c :169 ; Soares & Soares, 1949 :214. Syn. Vitiches Roewer, 1927 :347. Paraorguesia Mello-Leitão, 1927 :16 ; 1932 :231, 242. Wygodzinskyia Soares & Soares, 1945c :339 ; 1949 : 219. Syn. n. Espécie-tipo: Graphinotus ornatus Kollar, 1839, por monotipia. Graphinotus ornatus Kollar (Figs. 9, 10 ) Graphinotus ornatus Kollar in Koch, 1839:10, pl. 219, fig. 545; Roewer, 1913 :78 ; 1923 :422 ; Mello-Leitão, 1932 : 152 ; Soares & Soares, 1954a :264. Therezopolis therezopolis Mello-Leitão, 1923 :133 ; 187; 1932:241 ; Roewer, 1930 :402 ; Soares, 1944c:169; Soares & Soares, 1949 :215. Syn. n. Vitiches viridilimbata Roewer, 1927 :347, fig. 15. Therezopolis viridilimbatus ; Mello-Leitão, 1932 :460. Paraorguesia albiornata Mello-Leitão 1927 :17 ; 1932 : 243, fig. 132. Graphinotus estava arrolado entre as Pachylinae. Até agora só se conhecia um macho, o tipo da espécie-tipo, G. ornatus, cuja descrição sumária de Kollar in Koch (1839b :10, pl. 219, fig. 545) foi por este último completada, inclusive com figur a colorida. Examinamos quatro machos do Rio de Janeiro, Nova Friburgo, que coincide m totalmente com a descrição e a figura de ornatus. Muito característica, peculiarment e armada e colorida, torna-se inconfundível, e não há dúvida de que temos em mãos a espécie de Kollar, a qual deve passar para Gonyleptinae, onde foi descrita como Therezopolis therezopolis, com as suas sinonímias de longa data estabelecidas. A descrição de Koch é minuciosa e precisa, referente a um macho, cujo tarso I fo i descrito, respectivamente, por Kollar in Koch (1839b:10) em latim e por Koch (1839b :12) em alemão, nos seguintes termos : " tarsorum primi pedum paris articul o primo valde incrassato, cylindrico" e " das ersten Tarsenglied dick, lang, eiförmig". Roewer (1913 :78), ao redescrever o gênero, trata do macho e da fêmea e, calcad o no tipo de Kollar, refere-se ao basitarso do macho com 3 artículos intumescidos, a saber: "die drei Glieder des Basalabschnittes bein Männchen dick blasig aufgetrieben ". No final da descrição Roewer (1913 :80) diz que examinou apenas uma fêmea no Museu de Viena ; posteriormente Roewer (1923 :422) repete abreviadamente a descrição e declara que viu nesse Museu um macho. Conhecemos agora tanto o macho, como o basitarso I de 1 artículo, cilindrico, fortemente intumescido, o que lhe dá o aspecto ovóide-alongado, tal qual descrevera m Kollar e Koch, quanto a fêmea, com basitarso I de 2 ou 3 artículos não espessados. Os machos de Nova Friburgo são de colorido inconfundível, o verde se estende à s áreas I e II do escudo dorsal e é interrompido nos tergitos livres, têm longas e robusta s apófises apicais externas nas ancas IV e nos trocânteres IV (onde são dirigidas par a diante), os fêmures, patelas e tíbias III e IV possuem espinhos, os basitarsos I exibem 1 só artículo fortemente intumescido. O cômoro ocular é dotado de 1 pequeno grânul o verde, rombo ou pontiagudo. Fêmures dos palpos inermes, podendo haver minúsculo
Vol. 30(1), 1986 9 3 grânulo provido de finíssima cerda no lugar que seria ocupado pelo espinho apica l interno. Comprimento do pênis: 2,50 mm. Material. BRASIL. Rio de Janeiro: Niterói, 1 fêmea, n? 1.487, tipo de P. albiornata (MNRJ) ; Nova Friburgo, 4 machos (MZUSP) ; Teresópolis, Parque Nacional da Serra dos Órgãos, 1 macho, n? 150 (HS). Redescrição do gênero. Cômoro ocular largo, mais próximo da borda frontal d o cefalotórax que do sulco I, com curtíssima elevação mediana rompa ou pontiaguda, o u com elevação mais longa dirigida para cima ou curva para diante. Area I dividida. Área s I, II e IV inermes, III com robusta apófise mediana pontiaguda em ambos os sexos, ou pontiaguda no macho e de ápice bífido na fêmea. Tergitos livres e opérculo anal inermes. Palpos de fêmures inermes. Quanto aos artículos tarsais, com a extensão qu e damos agora ao gênero, o seu número pode ser : 4(3), 9(3), 7, 7 no macho e 5/6(3), 8/9(3), 7, 7 na fêmea ; ou 4(3), 6(3), 6, 6 no macho e 5(3), 6(3), 6, 6 na fêmea. Basitarsos I do macho fortemente intumescidos e muito alongados, correspondendo à metade d o comprimento dos distitarsos correspondentes ; a fêmea tem basitarsos I normais, com 2 ou 3 artículos. Todos os metatarsos das pernas com astrágalo muito longo e curtíssim o calcâneo. Pode haver entre as áreas III e IV do escudo dorsal esboço de um sulc o transverso. Face ä fisionomia e às minúcias morfológicas comuns às espécies de Graphinotus e de Wygodzinskyia, julgamos que a existência de um artículo a mais nos tarsos III e IV, 7 em Graphinotus e 6 em Wygodzinskyia, não é caráter que justifique a manutenção d e dois gêneros diferentes. Diante desta sinonímia, Graphinotus ficará com mais as seguintes espécies : Graphinotus franciscoi (Soares & Soares, 1945), comb. n. (Figs. 11, 12 ) Therezopolis franciscoi Soares & Soares, 1945b :281, figs. 1, 2 ; 1949 :215. Comprimento do pênis : 2,50 mm. Material. BRASIL. Espírito Santo: Santa Leopoldina, Chaves, 1 macho, holótipo, 1 macho e 1 fêmea, parátipos (MZUSP). Graphinotus gratiosus (H. Soares, 1974), comb. n. Wygodzinskyia gratiosa H. Soares, 1974:359, figs. 8-14. Material. BRASIL. Rio de Janeiro: Teresópolis, Parque Nacional da Serra do s Órgãos, 1 macho, holótipo (MNRJ). Esta espécie tem o cômoro ocular armado de 1 espinho dirigido para cima,e a áre a III com apófise pontiaguda, esbelta, levemente curva para trás, após a qual pode se r notado vestígio de sulco transverso. Artículos tarsais: 4(3), 6(3), 6, 6. Basitarsos I fortemente intumescidos. Graphinotus magnificus (Roewer, 1943), comb. n. Therezopolis magnificus Roewer, 1943 :40, pl. 5, fig. 41 ; Soares & Soares, 1949 :215. Distribuição. BRASIL. Pará: Tocantins, Cametá. Graphinotus roseus (Mello-Leitão, 1936), comb. n. (Figs. 13, 14 ) Therezopolis roseus Mello-Leitão, 1936 :26, figs. 21, 22 ; Soares & Soares, 1949 :215. Tarsos : macho com 4(3), 7(3), 7, 7 artículos tarsais e basitarsos I fortement e intumescidos. Comprimento do pênis: 2,18 mm. Material. BRASIL. Rio de Janeiro: Petropólis, Morro do Caxambu, macho e fêmea, tipos, n? 42.692 (MNRJ). Graphinotus sawayai (H. Soares, 1946), comb. n. (Figs. 15, 16) Therezopolis sawayai H. Soares, 1946:387, fig. 3; Soares & Soares, 1949 :215.
94 Revta bras. Ent. Artículos tarsais : 4(3), 7(3), 7, 7. Basitarsos I fortemente intumescidos. Mais afim de ornatus, de que se distingue facilmente pelo cômoro ocular, armado de robust a apófise dirigida para diante, e pela forma da genitália do macho. Comprimento do pênis : 2,08 mm. Material. BRASIL. Rio de Janeiro: Nova Friburgo, macho, holótipo (MZUSP). Graphinotus viridiornatus (Soares & Soares,1945), comb. n. (Figs. 17, 18) Wygodzinskyia viridiornata Soares & Soares, 1945c:340, fig. 1 ; 1947 :87, fig. 2 ; 1949 : 219 ; 1970 :342. A apófise da área III é bífida. Cômoro ocular com apófise pontiaguda dirigida par a diante. Artículos tarsais : fêmea com 5(3), 6(3), 6, 6 ; macho com 4(3), 6(3), 6, 6. Comprimento do pênis : 0,88 mm. Material. BRASIL. São Paulo: Campos do Jordão, holótipo fêmea (MZUSP) ; Cantareira, Chapadão, alótipo macho, n? E.667 C.892 (MZUSP). Rio de Janeiro: Itatiaia, Macieiras, 1.800 m, macho (MZUSP). Ubatubesia Soare s Ubatubesia Soares, 1945c: 89 ; Soares & Soares, 1949 :218. Ubatubesiopsis Soares & Soares, 1954b: 495. Syn. n. Espécie-tipo : Ubatubesia oliverioi Soares, 1945, por designação original. Cômoro ocular inerme ou com elevação mediana. Area I, II e IV inermes, III co m alta e robusta apófise mediana. Tergitos livres I e II e opérculo anal inermes, tergit o livre III com elevação mediana, robusta e romba, ou pontiaguda. Fêmures dos palpo s com espinho apical interno. Tarsos : macho com 5(3), 8/10(3), 6, 6/7 e fêmea com 5(3), 9/10(3), 6, 7 artículos. Basitarsos I do macho com os seus 2 artículos intumescidos. Metatarsos de todas as pernas com longo astrágalo e calcâneo muito curto. Ubatubesia oliverioi Soare s (Figs. 19, 20 ) Ubatubesia oliverioi Soares, 1945c :89, figs. 6, 7; Soares & Soares, 1949 :218. Ubatubesia travassosi Soares & Soares, 1947 :85, fig. 1 ; 1949 :218. Syn. n. O exame de material adicional e o confronto de tipos levaram-nos a concluir que s e trata de única espécie. O cômoro ocular pode ser inerme ou armado de pequena elevação mediana. Fêmures dos palpos sempre com espinho apical interno. Area III com apófise mediana, de base mamilar, alta e pontiaguda na fêmea, e,no macho, pontiaguda, com esboço de bifurcação ou nitidamente bifurcada no ápice. Areas I, II e IV, tergitos livres I e II e opefculo anal inermes. Tergito livre III com pequena elevação mediana, romba no macho e romba ou pontiaguda na fêmea. A existência de apenas 4 sulcos no escudo dorsal é constante, não havendo sequer esboço de sulco no meio o u dos lados entre as áreas III e IV. Todos os metatarsos com longo astrágalo e curt o calcâneo. O número de artículos dos tarsos I, III e IV é constante ; nos tarsos II encontramos : 8(3), 9/10(3) e 12(4). Achamos 12(4) artículos nos tarsos II de 2 fêmeas, parátipos de oliverioi, o que é muito raro, pois o número característico da subfamília é 3 artículos nos distitarsos II. O tipo de travassosi possui a fórmula tarsal 5(3), 8(3), 6, 7. Comprimento do pênis: 2,28 mm. Material. BRASIL. Rio de Janeiro: macho, n? 630 (HS) ; Angra dos Reis, macho, n? E.666 C.982, tipo de travassosi (MZUSP). São Paulo: Ubatuba, macho, n? E.56 3 C.731, holótipo, 2 fêmeas, n? DZ 728, parátipos, de oliverioi (MZUSP). Ubatubesia rabelloi (Soares & Soares, 1954), comb. n. (Figs. 21-24 ) Ubatubesiopsis rabelloi Soares & Soares, 1954b :495, figs. 6, 7; H. Soares & Bauab- Vianna, 1972 : 207, figs. 2-6. Artículos tarsais : 5(3), 9/10(3), 6, 7.
Vol. 30(1), 1986 9 5 Comprimento da glande do pênis : 0,39 mm. Material. BRASIL. São Paulo: Salesópolis, Boracéia, 1 fêmea, D Z n 1.148, holótipo de rabelloi (MZUSP) ; Serra da Bocaina, macho e fêmea, n? 179 (HS). Ubatubesia e Graphinotus são gêneros muito afins. Ubatubesia se distingu e facilmente por ter dois segmentos dos basitarsos I muito mais espessados que os dos distitarsos, espinho apical interno nos fêmures dos palpos e elevação mediana n o tergito livre III. Ubatubesia oliverioi: pênis, 19, dorsal; 20, lateral. U. rabelloi: 21, pênis, dorsal; 22, glande aumentada, dorsal ; 23, pênis, lateral; 24, glande aumentada, lateral. Uracantholeptes anomalus: pênis, 25, dorsal ; 26, lateral. Caelopygus elegans: pênis, 27, dorsal ; 28, lateral. C. xanthopygus: pênis, 29, dorsal; 30, lateral.
96 Revta bras. Ent. Uracantholeptes Mello-Leitão Uracantholeptes Mello-Leitão, 1926 :30 (Sep.) ; Roewer, 1930 : 347, 423 ; Mello-Leitão, 1932 :235, 315 ; 1935c : 104; Soares & Soares, 1949 :218. Gonypernoides Mello-Leitão, 1932 : 459, 465 ; 1935c :105 ; Soares & Soares, 1949 :181. Syn. n. Espécie-tipo : Paragonyleptes anomalus Mello-Leitão, 1922, por designaçã o original. Uracantholeptes anomalus (Mello-Leitão ) (Figs. 25, 26 ) Paragonyleptes anomalus Mello-Leitão, 1922 :338 ; 1923 :147, fig. 20. Uracantholeptes anomalus; Mello-Leitão, 1926 :30 (Sep.) 1932 :316, fig. 194 ; Roewer, 1930:424, fig. 34 ; Soares, 1946 :510 ; Soares & Soares,1949 :218. Gonypernoides fragilis Mello-Leitão, 1932 :465, fig. 14 ; Soares, 1945b: 358 ; Soares & Soares, 1949 :181. Syn. n. Gonypernoides damicoi Soares & Soares, 1945a:254, 255, figs. 2-4 ; 1949 :181. Syn. n. Macho. Comprimento do corpo 8,00 mm. Cefalotórax : comprimento 3,25 mm ; largura 4,00 mm. Largura do abdômen 10,00 mm. As dimensões que se seguem serão dadas em mm. Pernas Trocânter Fêmur Patela Tíbia Metatarso Tarso Total I 1,00 4,25 1,50 2,90 4,60 2,00 16,2 5 II 1,20 8,50 2,50 6,00 8,15 5,25 31,60 III 1,25 6,15 2,50 3,90 6,75 3,00 23,5 5 IV 1,50 9,00 2,75 5,50 9,50 3,50 31,7 5 Palpo 1,00 2,00 1,50 1,50 1,55 7,5 5 Queliceras : segmento I 1,55 ; segmento II 2,00 (dedos exclusive). Comprimento do pênis : 4,6 8 Artículos tarsais : 6(3), 11(3), 7, 9. Os metatarsos de todas as pernas possuem longo astrágalo e curtíssimo calcâneo. Os dados acima foram tirados do exemplar maior entre os 3 parátipos de G. damicoi, DZ n? 825. O estudo da fêmea, que vem a seguir, foi baseado no espécim e maior de 2 parátipos de G. damicoi, DZ n? 826. Fêmea. Comprimento do corpo 8,00. Cefalotórax : comprimento 3,00 ; largura 4,20. Largura do abdômen 9,00. Pernas Trocânter Fêmur Patela Tíbia Metatarso Tarso Total I 1,00 4,00 1,50 2,50 4,50 2,15 15,6 5 II 1,15 8,00 2,00 5,50 7,50 4,75 28,90 III 1,15 5,80 2,00 3,16 6,00 2,75 20,8 6 IV 1,50 8,00 2,50 5,00 9,00 3,10 29,1 0 Palpo 1,00 2,00 1,50 1,50 1,50 7,50 Quelicera: segmento I 1,50 ; segmento II 2,00 (dedos exclusive). Artículos tarsais : 6(3), 10(3), 7, 8. Como no macho, os metatarsos das pernas possuem longo astrágalo e curtíssim o calcâneo. Material. BRASIL. Rio de Janeiro: Itatiaia, 1 fêmea, holótipo de G. fragilis, n? 1.503 (MNRJ), 1 macho, ri? 178 (HS). São Paulo: 1 macho, ri? 35, holótipo de U anomalus (MZUSP) ; São Francisco Xavier, Serra da Mantiqueira, macho e fêmea, D Z ri? 824, holótipo macho e parátipo fêmea de G. damicoi (MZUSP), 2 fêmeas, DZ n 826, parátipos de G. damicoi (MZUSP), 3 machos, DZ ri? 825, parátipos de G. damico i (MZUSP).
Vol. 30(1), 1986 9 7 CAELOPYGINAE Caelopygus Koc h Caelopygus Koch, 1839a:17; Koch in Hahn & Koch, 1839b :78 ; Bertkau, 1880 :101, 102 ; Soerensen, 1884 :619 ; Roewer, 1913 :307 ; 1923:518, 519 ; Mello-Leitão, 1923: 169, 195 ; 1926 :36 (Sep.) ; Roewer, 1931 :123 ; Mello-Leitão, 1932:356, 365 ; 1935c :107, 108 ; Soares, 1944a :270 ; Soares & Soares, 1948 :571. Arthrodes Koch, 1939a :18, Koch in Hahn & Koch, 1839b:90 ; Roewer, 1913 :307, 317 ; 1923 :519 524 ; Mello-Leitão, 1923 :171 ; 1926:36 (Sep.) ; Roewer, 1927 :350 ; 1931 :123, 124 ; Mello-Leitão, 1932 :356, 364 ; 1935c :108 ; Soares & Soares, 1948 :571 Syn. n. Heterarthrodes Mello-Leitão, 1935b :405. Liarthrodes Mello-Leitão, 1922 :346 ; 1923 :171, Roewer, 1931 :123, 142 ; Mello-Leitão, 1932 :355, 356 ; 1935c: 107 ; Soares, 1944a:270 ; Soares & Soares, 1948 :576. Syn. n. Espécie-tipo: Gonyleptes elegans Perty, 1833. Examinamos vários exemplares de Caelopygus elegans (Perty, 1833) e de Arthrodes xanthopygus Kollar, 1839, muito abundantes no Estado do Rio de Janeiro. A única diferença entre os gêneros a que pertencem dizia respeito ao número d e segmentos nos distitarsos II, 3 em Caelopygus e 4 em Arthrodes, ambos descritos por Koch, tendo Caelopygus prioridade de página e sendo o gênero-tipo da subfamília. Nas séries destas duas espécies que examinamos sempre encontramos distitarso s I de 3 e II de 4 artículos e basitarsos I nunca mais espessos que os distitarso s correspondentes. E elegans é a espécie-tipo de Caelopygus, como diz Roewe r (1913 :308), assim como xanthopygus o é de Arthrodes, por monotipia. De vez que as espécies-tipo destes dois gêneros, através das séries estudadas, mantiveram 4 artículos nos distitarsos II, não há como separá-las e Arthrodes se torna sinônimo de Caelopygus, em nada alterando a situação a ocorrência eventual de 3 artículos nos distitarsos II de qualquer das espécies em questão. O estudo das séries de exemplares de elegans e o reexame dos tipos de Heterarthrodes alvimi, de Liarthrodes tetramaculatus e de Liarthrodes granulosus, confirmaram a suspeita de Soares (1944a:270), de que alvimi e tetramaculatus eram sinônimos de elegans, e levaram a concluir que granulosus é também sinônimo d e elegans. Estamos agora convictos de que a figura de Roewer (1913 :308, pl. Ib, fig. 4) referente a elegans é de um exemplar pequeno, porém macho e não fêmea, com o chegou a supor Soares (ibid.), que, na época, não dispôs de machos grandes e pequenos, que diferem apenas pela apófise apical externa das ancas IV. O exame da s genitálias dos machos facilitou enormemente o estabelecimento das sinonímias. Diante do exposto, no que diz respeito a gêneros, Liarthrodes passa a ser sinônimo de Caelopygus, pois as espécies-tipo de ambos constituem única espécie. Fica a espécie de Perty com os seguintes sinônimos : Caelopygus elegans (Perty) (Figs. 27, 28 ) Gonyleptes elegans Perty, 1833 :202, n? 9 ; Gervais in Walckenaer, 1844 :104. Caelopygus elegans; Koch, 1839a :18; Koch in Hahn & Koch, 1839b :87, pl. 241, fig. 576 ; Roewer, 1913 : 308, pl. Ib, fig. 4 ; 1923 :519, fig. 649 ; Mello-Leitão, 1923 :169, 195 ; 1932 :366, fig. 229 ; Soares, 1944a:270 ; Soares & Soares, 1948 :572. Caelopygus granulatus Bertkau, 1880 :101. Liarthrodes tetramaculatus Mello-Leitão, 1922 :346 ; 1923 :171, fig. 32 ; 1932 :356, 357 ; Roewer, 1931 :143, fig. 18 ; Soares, 1944a :270 ; 1946 :493 ; Soares & Soares, 1948 :577. Syn. n. Liarthrodes granulosus Mello-Leitão, 1932:356, 357, 483 ; Soares, 1945b :349 ; Soare s & Soares, 1948 :576. Syn. n.
98 Revta bras. Ent. Heterarthrodes alvimi Mello-Leitão, 1935b:406, fig. 28 ; 1935c :108 ; Soares, 1944a:270 ; 1945a :231 ; 1945b :348. Syn. n. Arthrodes alvimi; Soares & Soares, 1948 :571. Vimos, no cótipo de alvimi, um tanto mutilado, 2 manchas no opérculo anal e a seguinte fórmula tarsal : 17(4), 16/17, 18. Nos 2 tipos de granulosus notamos : área I do escudo dorsal com todos os grânulos iguais ou com um par de grânulos medianos maiores que os outros ; a mancha do opérculo anal inteira ou interrompida ; artículos tarsais 8/9(3), 16/17(4), 15, 19 e 8/9(3), 16/17(4), 15, 20/21. Observamos, em todos os indivíduos examinados, distitarsos II de 4 artículos e uma mancha branca de um lado e de outro das áreas I e II. No tipo de tetramaculatus os grânulos das áreas I e II são todos iguais e na área II I há um par de grânulos medianos pouco maiores que os outros. O opérculo anal te m grande mancha transversa. Comprimento do pênis : 3,12 mm. Material. BRASIL. Rio de Janeiro: Petrópolis, 2 machos, tipos de granulosus (MNRJ), 1 macho, n? 50, cótipo de alvimi (IB), 1 macho, n? 462, tipo de tetramaculatus (MZUSP) ; Teresópolis, Parque Nacional da Serra dos Orgãos, Abrigo 2, 6 machos e 2 1 fêmeas (HS). Caelopygus xanthopygus (Kollar, 1839), comb. n. (Figs. 29, 30 ) Arthrodes xanthopygus Kollar in Koch, 1839a :19 ; Kollar in Koch, 1839b:90, fig. 577 ; Roewer, 1913 :318, fig. 126 ; 1923 :524, fig. 655 ; 1927 :350 ; 1931 :124 ; Mello-Leitão, 1923 :171, 194 ; 1932:364, fig. 228 ; Soares & Soares, 1948 :571. Ao que nos consta, só se conhecia desta espécie um macho, holótipo, descrito po r Kollar e redescrito por Roewer. Mais tarde Roewer (1927 :350) assinalou a presença d e uma fêmea não totalmente adulta em Teresópolis., Examinamos, da mesma procedência, Teresópolis, Parque Nacional da Serra dos Orgãos, um lote de 1 macho e 12 fêmeas. Borda anterior do cefalotórax: margem superior com 2 espinhos sobre pequen a elevação mediana, dos lados inerme ; margem inferior com 1 dente entre as quelíceras e 1 de cada lado. O cômoro ocular apresenta em todos os espécimes 1 par de pequena s elevações rombas. Area I dividida, com 1 par de grânulos medianos um pouco maiore s que os demais no macho e nas 12 fêmeas, II com 1 par de grânulos um pouco maiore s que os outros no macho e em 5 fêmeas (em 7 fêmeas não se distingue o par median o maior, todos os grânulos são iguais). As áreas I e II são granulosas, mas só os grânulo s da fila transversal mediana estão sobre manchas, de modo que o observador meno s atento poderia ver apenas os grânulos dessa fila. Area III com 1 par de elevaçõe s medianas rombas. Area IV, tergitos livres e opérculo anal inermes. Os fêmures do s palpos se mostraram armados de espinho apical interno no macho e em 10 fêmea s (inermes em 2 fêmeas). Artículos tarsais do macho: 9(3), 16/17(4), 17/18, 20/21, os artículos do s basitarsos I não são mais espessos que os seguintes. As áreas laterais exibem nítido espinho na porção mais dilatada ; é muito evidente no macho e pequeno na fêmea. O exemplar macho que temos em mãos corresponde exatamente às figuras d e Koch e de Roewer. Os distitarsos II mantiveram 4 artículos no macho e nas 12 fêmeas. Comprimento do pênis : 3,64 mm. Material. BRASIL. Rio de Janeiro: Teresópolis, Parque Nacional da Serra do s Órgãos, 1 macho e 12 fêmeas (HS). REFERÊNCIAS Bertkau, P. 1880. Verzeichniss der von Prof. Ed. van Beneden auf seiner Reise nach
Vol. 30(1), 1986 99 Brasilien und La Plata i. J. 1872-1875 gesammelten Arachniden. Ac. R Sc. Belgique 43: 1-20, pls. 1, 2. Kirby, W. 1819. A Century of Insects, including several new genera described from hi s Cabinet. Trans. Linn. Soc. London 12 : 376-453, pls. 21-23. Koch, C.L. 1839a. Übersicht des Arachnidensystems 2 : 1-38. Nürnberg. Koch, C.L. 1839b. Die Arachniden 7: 1-130, 36 pls. Nürnberg. Mello-Leitão, C.F. de 1922. Some new Brazilian Gonyleptidae. Amt Mag. Nat. Hist. (9) 9: 329-348. Mello-Leitão, C.F. de 1923. Opiliones Laniatores do Brasil. Arq. Mus. Nac. Rio de Janeiro 24:105-197, 34 figs. Mello-Leitão, C.F. de 1926. Notas sobre Opiliones Laniatores sul-americanos. Rev. Mus. Paul. 14:1-59. Mello-Leitão, C.F. de 1927. Generos novos de Gonileptídeos (Nota Previa). Bol. Mus. Nac. Rio de Janeiro. 3(2) : 13-22. Mello-Leitão, C.F. de 1932. Opiliões do Brasil. Rev. Mus. Paul. São Paulo 17(2ß parte) : 1-505, pls. 1-57 (figs. 1-283), 4 pls. (figs. 1-16). Mello-Leitão, C.F. de 1935a. Dois novos gêneros de Gonyleptidae. Ann. AcacL Bras. Cien. 7(1) :1-3, 1 pl. (figs. 1, 2). Mello-Leitão, C.F. de 1935b. A proposito de alguns Opiliões novos. Mem. Inst. But. 9: 369-411, figs. Mello-Leitão, C.F. de 1935c. Algumas notas sobre os Laniatores. Arq. Mus. Nac. Ri o de Janeiro 36:89-116. Mello-Leitão, C.F. de 1936. Notas sobre Opiliões. Bol. Mus. Nac., Rio de Janeiro 12 (3-4): 1-41, 5 pls. Mello-Leitão, C.F. de 1944. Alguns curiosos e interessantes Opiliões brasileiros. An. Acad. Bras. Cien. 16(1) : 13-22, figs. 1-9. Mello-Leitão, C.F. de 1949. Famílias, Subfamílias, Espécies e Gêneros de Opiliões e Notas de Sistemática. Bol. Mus. Nac., n.s., Zool., Rio de Janeiro 94: 1-33, 7 pls. (figs. 1-9). Perty, M. 1830-1834. Delectus animalium articulatorum quae in itinere per Brasilia m ann. 1817-1820 collegerunt J.B. Spix et de Martius. Monachii. Ringuelet, R. A. 1959. Los Aracnidos Argentinos del Orden Opiliones. Rev. Mus. Arg. Cien. Nat. Zool. 5(2) : 127-439, figs. 1-62, pls. 1-20. Ringuelet, R.A. 1963.Opiliofauna Uruguaya. Rev. Soc. Enz Arg. 24(1961) : 35-51, figs. 1-4. Roewer, C.F. 1913. Die Familie der Gonyleptiden der Opiliones Laniatores. Arch. Naturg. 79A (4-5) :1-472, figs. 1-181. 2 pls. Berlin. Roewer, C.F. 1923. Die Weberknechte der Erde. I-VI + 1-1116, figs. 1-1212. Jena. Roewer, C.F. 1927. Brasilianische Opilioniden gesammelten von Herrn Prof. Bresslau im Jahre 1914. Abh. Senckenberg. Naturf. Ges. 40: 333-352, figs. 1-17. Wien. Roewer, C.F. 1930. Weitere Weberknechte IV. IV Ergänzung der "Weberknechte de r Erde", 1923. Abh. Nat. Ver. Bremen 27(3) : 341-452, figs. 1-47, pls. 6, 7. Roewer, C.F. 1931. Weitere Weberknechte V.V. Ergänzung der " Weberknechte der Erde", 1923. Abh. Nat. Ver. Bremen 28(2-3) : 101-164, figs. 1-26. Roewer, C.F. 1943. Über Gonyleptiden. Weitere Weberknechte (Arachn., Opil.) XI. Senckenbergiana 26(1-3) :12-68, pls. 1-9 (figs. 1-81). Frankfurt a. M. Soares, B.A.M. 1944a. Notas sôbre Opiliões V-XIII. Pap. Av. Zool. S. Paulo 4(17) : 243-275. Soares, B.A.M. 1944b. Contribuição ao estudo dos Opiliões do Estado do Espírito Santo. Pap. Av. Zool. S. Paulo 6(13) :143-155, figs. 1-9. Soares, B.A.M. 1944c. Notas sôbre Opiliões da Coleção do Museu Nacional do Rio d e Janeiro. Pap. Av. Zool. S. Paulo 6(15) :163-180.
100 Revta bras. Ent. Soares, B.A.M. 1945a. Revisão dos Opiliões do Instituto Butantã. Pap. Av. Zool. S. Paulo 5(25) :227-242. Soares, B.A.M. 1945b. Opiliões da Coleção do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Arq. Zool. S. Paulo 4(9) :341-393. Soares, B.A.M. 1945c. Opiliões de Ubatuba coligidos pelo Sr. Alfredo Zoppei. Boletim de Indústria Animal, n. s., São Paulo 7(1-2) : 85-96, e 3 pls. Soares, B.A.M. 1946. Opiliões do Departamento de Zoologia. Arq. Zool. S. Paulo 4(13) :485-534, 2 pls. (figs. 1-6). Soares, B.A.M. & H.E.M. Soares 1945a. Novos Opiliões do Departamento de Zoologi a da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo. Pap. Av. Zool. S.Paulo 5(27) :251-269, figs. 1-12. Soares, B.A.M. & H.E.M. Soares 1945b. Duas novas espécies de Opiliões do Estado do Espírito Santo. Pap. Av. Zool. S. Paulo 5(30) : 281-286, figs. 1-3. Soares, B.A.M. & H.E.M. Soares 1945c. Um novo gênero e dois alótipos d e "Gonyleptidae" (Opiliones). Rev. Brasil. Biol., Rio de Janeiro 5(3) :339-343, figs. 1-3. Soares, B.A.M. & H.E.M. Soares 1946. Novos Opiliões do Estado do Espírito Sant o coligidos na Fazenda Chaves (Opiliones - Gonyleptidae). Pap. Av. Zool. S. Paulo 7(20) :233-241, figs. 1-5. Soares, B.A.M. & H.E.M. Soares 1947. Nova espécie de Ubatubesia Soares, 1945 e alótipo de Wygodzinskyia viridiornata Soares & Soares, 1945 (Opiliones - Gonyleptidae). Pap. Av. Zool. S. Paulo 8 (6) :85-88, figs. 1, 2. Soares, B.A.M. & H.E.M. Soares 1948. Monografia dos Gêneros de Opiliõe s Neotrópicos. Arq. Zool. S. Paulo 5(9) : 553-635. Soares, B.A.M. & H.E.M. Soares 1949. Monografia dos Gêneros de Opiliõe s Neotrópicos. Arq. Zool. S. Paulo 7(2) : 149-239. Soares, B.A.M. & H.E.M. Soares 1954a. Monografia dos Gêneros de Opiliõe s Neotrópicos. Arq. Zool. S. Paulo 8(9) : 225-302. Soares, B.A.M. & H.E.M. Soares 1954b. Algumas notas sôbre Opiliões, com a descrição de novas formas (Opiliones - Gonyleptidae, Phalangodidae). Pap. Av. Zool. S. Paulo 11(25) :491-507, figs. 1-17. Soares, B.A.M. & H.E.M. Soares 1970. Opiliões de Itatiaia (Opiliones; Gonyleptidae, Phalangodidae). Revta Bras. Biol. 30(3) :339-350, figs. 1-13. Soares, H.E.M. 1946. Contribuição ao estudo dos Opiliões do Estado do Rio d e Janeiro (Opiliones : Gonyleptidae, Phalangodidae). Revta Bras. Biol. 6(3) :385-390, figs. 1-7. Soares, H.E.M. 1974. Opera Opiliologica Varia. I. (Opiliones, Gonyleptidae). Revta Bras. Biol. 34(3) :353-361, figs. 1-14. Soares, H.E.M. & M.J. Bauab-Vianna 1972. Algunas notas sobre Opiliones con l a descripcion de allotypi y nuevas formas (Opiliones, Gonyleptidae). Physis Buenos Aires 31(82) : 203-218, figs. 1-17. Soares, H.E.M. & B.A.M. Soares 1974. Opera Opiliologica Varia. IV. (Opiliones, Gonyleptidae, Stygnidae). Revta Bras. Biol. 34(4) : 599-614, figs. 1-60. Soerensen, W. 1884. Opiliones Laniatores (Gonyleptides W.S. olim). Naturh. Tiddskr. (3) 14:555-646. Walckenaer, C.A. 1844. Histoire Naturelle des Insectes Aptéres. 3:94-131, pls. 28-30, 46, 67. Paris. Recebido para publicação em 22.07.85.