EFICIÊNCIA DO USO DA ÁGUA PELO MILHO DOCE EM DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO E ADUBAÇÃO NITROGENADA

Documentos relacionados
WATER USE EFFICIENCY BY SWEET CORN ON DIFFERENT IRRIGATION DEPTH AND TOP-DRESSING WITH NITROGEN

XX Congreso Latinoamericano y XVI Congreso Peruano de la Ciencia del Suelo

BOLETIM TÉCNICO 2015/16

EFEITO DE ADUBAÇÃO NITROGENADA EM MILHO SAFRINHA CULTIVADO EM ESPAÇAMENTO REDUZIDO, EM DOURADOS, MS

PRODUÇÃO DE BATATA (Solanum tuberosum L.) SOB DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO

Resposta de Cultivares de Milho a Variação de Espaçamento Entrelinhas.

PARAMETROS DE CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DA CULTURA DO PIMENTÃO

Eficiência de uso da água de irrigação em dois sistemas de cultivo de cana-de-açúcar no Submédio São Francisco

Eficiência de uso da água de irrigação em dois sistemas de cultivo de cana-de-açúcar de segunda soca no Submédio São Francisco

Arranjo espacial de plantas em diferentes cultivares de milho

Resposta de Cultivares de Milho à Adubação Nitrogenada em Cobertura

XXV CONIRD Congresso Nacional de Irrigação e Drenagem 08 a 13 de novembro de 2015, UFS - São Cristóvão/SE

PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA DO MILHO HÍBRIDO AG7088 VT PRO3 CULTIVADO SOB DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO

CARACTERÍSTICAS DA ESPIGA DO MILHO DOCE PRODUZIDO SOB DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO E DOSES NITROGENADAS 1 RESUMO ABSTRACT

RESPOSTA DE MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM Brachiaria ruziziensis À ADUBAÇÃO, EM DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

Função de resposta do milho verde a adubação nitrogenada para as condições edafoclimáticas de Teresina-PI

Manejo de água em cultivo orgânico de banana nanica

PRODUTIVIDADE DE MILHO SAFRINHA EM AMBIENTES E POPULAÇÕES DE BRAQUIÁRIAS

FUNÇÃO DE RESPOSTA DO MILHO VERDE IRRIGADO À ADUBAÇÃO NITROGENADA E POTÁSSICA EM TERESINA, PI

Doses e épocas de aplicação do nitrogênio no milho safrinha.

DESEMPENHO AGRONÔMICO DE HÍBRIDOS DE MILHO SAFRINHA EM DUAS ÉPOCAS DE SEMEADURA EM AQUIDAUANA, MS.

DOSES E FONTES DE NITROGÊNIO EM COBERTURA NO MILHO SAFRINHA

DESEMPENHO PRODUTIVO DO MILHO EM RELAÇÃO AO ESPAÇAMENTO ENTRE FILEIRAS E DENSIDADE DE PLANTAS SOB IRRIGAÇÃO

DOSES DE SULFATO DE AMÔNIO APLICADAS EM COBERTURA E SEUS REFLEXOS NA PRODUTIVIDADE DO MILHO HÍBRIDO TRANSGÊNICO 2B587PW SEMEADO NA 2ª SAFRA

BALANÇO DE ÁGUA NO SOLO EM CULTIVO DE MILHO IRRIGADO

RESPOSTA DE HÍBRIDOS DE MILHO AO NITROGÊNIO EM COBERTURA

RESPOSTA DO MILHO SAFRINHA A DOSES E ÉPOCAS DE APLICAÇÃO DE POTÁSSIO

RENDIMENTO DA CULTURA DO MILHO COM DIFERENTES FONTES NITROGENADAS EM COBERTURA SOB PLANTIO DIRETO

AJUSTE DA LÂMINA DE IRRIGAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DA CULTURA DO FEIJÃO

CARACTERÍSTICAS BIOMÉTRICAS DE VARIEDADES DE MILHO PARA SILAGEM EM SISTEMA DE PRODUÇÃO ORGÂNICA NO SUL DE MG

CARACTERÍSTICAS FENOLÓGICAS, ACAMAMENTO E PRODUTIVIDADE DA CULTURA DO ARROZ-DE-SEQUEIRO (Oryza sativa L.), CONDUZIDA SOB DIFERENTES REGIMES HÍDRICOS.

ANÁLISE ECONÔMICA DA APLICAÇÃO DE DOSES CRESCENTES DE N EM COBERTURA EM DIFERENTES POPULAÇÕES NA CULTURA DO MILHO

RENDIMENTO E EFICIÊNCIA DO USO DA ÁGUA PELA ALFACE EM FUNÇÃO DA LÂMINA DE IRRIGAÇÃO E NÍVEIS DE FERTIRRIGAÇÃO NPK

Resposta da Cultura do Milho Cultivado no Verão a Diferentes Quantidades de Calcário e Modos de Incorporação

INFLUÊNCIA DE BORDADURA NAS LATERAIS E NAS EXTREMIDADES DE FILEIRAS DE MILHO NA PRECISÃO EXPERIMENTAL 1

16 EFEITO DA APLICAÇÃO DO FERTILIZANTE FARTURE

MILHO SAFRINHA SOLTEIRO E CONSORCIADO COM POPULAÇÕES DE BRAQUIÁRIA EM SEMEADURA TARDIA

RELATÓRIO DE PESQUISA 11 17

Avaliação de Doses e Fontes de Nitrogênio e Enxofre em Cobertura na Cultura do Milho em Plantio Direto

BOLETIM TÉCNICO SAFRA 2014/15

VIABILIDADE TÉCNICA E ECONÔMICA DO CULTIVO DO TOMATEIRO IRRIGADO *

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 593

COMPORTAMENTO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE TRIGO NO MUNICÍPIO DE MUZAMBINHO MG

VARIAÇÃO NO ARMAZENAMENTO DE ÁGUA NO SOLO DURANTE O CICLO DE DESENVOLVIMENTO DO FEIJOEIRO

USO DE FONTES MINERAIS NITROGENADAS PARA O CULTIVO DO MILHO

11 EFEITO DA APLICAÇÃO DE FONTES DE POTÁSSIO NO

PERDAS DE NITROGÊNIO POR VOLATILIZAÇÃO DE AMÔNIA EM DIFERENTES FONTES DE FERTILIZANTES NA CULTURA DO MILHO SOB PLANTIO DIRETO

EFICIÊNCIA AGRONÔMICA E VIABILIDADE TÉCNICA DO PROGRAMA FOLIAR KIMBERLIT EM SOJA

fontes e doses de nitrogênio em cobertura na qualidade fisiológica de sementes de trigo

Inoculação com Azospirilum brasilense, ureia e ureia revestida com polímero e doses de N em cobertura no milho cultivado em cerrado de baixa altitude

ÍNDICE DE ESPIGAS DE DOIS HÍBRIDOS DE MILHO EM QUATRO POPULAÇÕES DE PLANTAS E TRÊS ÉPOCAS DE SEMEADURA NA SAFRINHA

EVOLUÇÃO DO CONSÓRCIO MILHO-BRAQUIÁRIA, EM DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

Caraterísticas agronômicas de híbridos experimentais e comerciais de milho em diferentes densidades populacionais.

Características produtivas do sorgo safrinha em função de épocas de semeadura e adubação NPK

BOLETIM TÉCNICO nº 19/2017

DESEMPENHO DE MILHO SAFRINHA EM DUAS ÉPOCAS DE SEMEADURA E POPULAÇÕES DE PLANTAS, EM DOURADOS, MS

PARCELAMENTO DA COBERTURA COM NITROGÊNIO PARA cv. DELTAOPAL E IAC 24 NA REGIÃO DE SELVÍRIA-MS

AJUSTE DAS ALTURAS DE ÁGUA DENTRO DO EVAPORATÓRIO DO IRRIGÂMETRO PARA ESTIMAR A EVAPOTRANSPIRAÇÃO DE REFERÊNCIA NO SUL DO ESTADO DO TOCANTINS

DENSIDADE DE SEMEADURA E DOSES DE NITROGÊNIO EM COBERTURA NO TRIGO DE SEQUEIRO CULTIVADO EM PLANALTINA-DF

18 PRODUTIVIDADE DA SOJA EM FUNÇÃO DA

CRESCIMENTO DA MELANCIA EM DIFERENTES ESPAÇAMENTOS NOS CARACTERES COMPRIMENTO DA PLANTA E DIÂMETRO DO CAULE

CALAGEM, GESSAGEM E MANEJO DA ADUBAÇÃO EM MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM Brachiaria ruziziensis

EFEITO DA ADUBAÇÃO BORATADA NO DESEMPENHO PRODUTIVO DE GIRASSOL

PRODUTIVIDADE DE MILHO SAFRINHA EM POPULAÇÕES DE PLANTAS DE MILHO E DE BRAQUIÁRIA

BOLETIM TÉCNICO 2015/16

EFEITOS DA FERTILIZAÇÃO COM NITROGÊNIO E POTÁSSIO FOLIAR NO DESENVOLVIMENTO DO FEIJOEIRO NO MUNICÍPIO DE INCONFIDENTES- MG.

DESEMPENHO DE NOVAS CULTIVARES DE CICLO PRECOCE DE MILHO EM SANTA MARIA 1

CORRELAÇÕES LINEARES ENTRE CARACTERES E DIFERENCIAÇÃO DE HÍBRIDOS SIMPLES, TRIPLO E DUPLO DE MILHO 1

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

DESEMPENHO PRODUTIVO DE SILAGEM DO HÍBRIDO DE MILHO DKB390 COM DIFERENTES DOSES DE SULFATO DE AMÔNIO EM COBERTURA

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MA TO GRO S SO DO SUL

Palavras-chave: Zea mays L., densidade populacional, nitrogênio, produção.

Resposta da batata-doce a K 2 O em solo arenoso com baixo teor de potássio

FERTIRRIGAÇÃO NITROGENADA E POTÁSSICA NO CRESCIMENTO DO MILHO VERDE NITROGEN AND POTASSIC FERTIRRIGATION IN GREEN CORN GROWTH

INTERAÇÃO ENTRE ÁGUA SALINA E ADUBAÇÃO POTÁSSICA NOS ÍNDICES FOLIARES DE CLOROFILA EM MELANCIEIRAS

CONSORCIO DE MILHO COM BRACHIARIA BRINZANTHA

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

17 EFEITO DA APLICAÇÃO DE MICRONUTRIENTES NA

20 PRODUTIVIDADE DE HÍBRIDOS DE MILHO EM

Desempenho de híbridos simples de milho cultivados em diferentes espaçamentos entre linhas e densidades de plantas. Passo Fundo, RS 2007.

15 AVALIAÇÃO DOS PRODUTOS SEED E CROP+ EM

Composição Bromatológica de Partes da Planta de Cultivares de Milho para Silagem

Maira Cistina Pedrotti 1, Luiz Carlos Ferreira de Souza 2 Mirianny Elena de Freitas 3, Leonardo Torres Darbelo e Katiuça Sueko Tanaka 4

AVALIAÇÃO DA CULTURA DA BETERRABA IRRIGADA SOB DIFERENTES LÂMINAS DE ÁGUA E NÍVEIS SALINO

TÍTULO: AVALIAÇÃO REGIONAL DE CULTIVARES DE FEIJÃO NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL

ANÁLISE DA PRODUTIVIDADE DA CULTURA DO COENTRO EM FUNÇÃO DA APLICAÇÃO DE DIFERENTES NÍVEIS DE SALINIDADE NA LÂMINA DE IRRIGAÇÃO

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 637

BOLETIM TÉCNICO 2015/16

BOLETIM TÉCNICO SAFRA 2014/15

431 - AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE MILHO EM DIFERENTES DENSIDADES DE PLANTIO EM SISTEMA ORGÂNICO DE PRODUÇÃO

Produtividade de Genótipos de Feijão do Grupo Comercial Preto, Cultivados na Safra da Seca de 2015, no Norte de Minas Gerais.

EFEITO DA IRRIGAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DO CAFEEIRO (Coffea arabica L.) 1

CRESCIMENTO VEGETAL E DE PRODUÇÃO DE MELANCIA EM FUNÇÃO DE DIFERENTES ESPAÇAMENTOS

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Milho consorciado com plantas de cobertura, sob efeito residual de adubação da cultura da melancia (1).

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 893

ADENSAMENTO DE SEMEADURA EM TRIGO NO SUL DO BRASIL

Desenvolvimento e Produção de Sementes de Feijão Adzuki em Função da Adubação Química

13 AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS DE NUTRIÇÃO VIA

IX Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí IX Jornada Científica

Transcrição:

EFICIÊNCIA DO USO DA ÁGUA PELO MILHO DOCE EM DIFERENTES LÂMINAS DE IRRIGAÇÃO E ADUBAÇÃO NITROGENADA SOUZA, E. J. 1 ; CUNHA, F. F. 2 ; MAGALHÃES, F. F. 3 ; SILVA, T. S. 3 ; SANTOS, O. F. 3 RESUMO: Objetivou-se avaliar o efeito de diferentes doses de adubação nitrogenada e lâminas de irrigação em duas épocas de cultivo sobre a eficiência do uso da água pelo milho doce no nordeste do Mato Grosso do Sul. O experimento foi conduzido em parcelas subsubdivididas, tendo nas parcelas quatro lâminas de irrigação (50, 75, 100 e 125% da evapotranspiração da cultura - ETc), nas subparcelas quatro doses de nitrogênio em cobertura (0, 100, 200 e 300 kg ha -1 ) e nas sub-subparcelas duas épocas de cultivo (Inverno/Primavera e Verão/Outono), no delineamento em blocos casualizados, com quatro repetições. A época Verão/Outono proporciona maiores eficiências do uso da água para o milho doce no nordeste sul-mato-grossense e o aumento da lâmina de irrigação proporciona redução desse parâmetro. A adubação nitrogenada aumenta a eficiência do uso da água pelo milho doce na época Verão/Outono e a dose de 168,4 kg ha -1 maximiza esse parâmetro no Inverno/Primavera. PALAVRAS-CHAVE: EUA; Irrigação por gotejamento; Zea mays var. Saccharata Sturt. WATER USE EFFICIENCY BY SWEET CORN ON DIFFERENT IRRIGATION DEPTH AND NITROGEN FERTILIZATION SUMMARY: The aimed was to evaluate the effect of different doses of nitrogen fertilization and irrigation depths in two cropping seasons on water use efficiency of sweet corn in Brazil. The experiment was conducted in of split plot scheme, having in the plots four irrigation depths (50, 75, 100 and 125% of crop evapotranspiration) and in the subplots, four nitrogen rates (0, 100, 200 and 300 kg ha -1 ) and in the sub-subplots, two cropping seasons (Winter/ Spring and Summer/Autumn), in the randomized blocks design with four replication. The Summer/Autumn season provides greater water use efficiency for sweet corn in northeastern Mato Grosso do Sul state and increased irrigation depth provides reduction of this parameter. Nitrogen fertilization increases the water use efficiency on sweet corn at the Summer/Autumn season and the dose of 168.4 kg ha -1 maximizes this parameter in the Winter/Spring season. KEYWORDS: Drip irrigation; WUE; Zea mays var. Saccharata Sturt. 1 Doutorando Agronomia, FEIS/UNESP, Avenida Brasil, 56, Centro, CEP 15385-000, Ilha Solteira, SP. Fone (18)3743-1176. E-mail: epitacio_jose@hotmail.com 2 Professor Adjunto, ICA/UFVJM, Unaí, MG 3 Discente Agronomia, CPCS/UFMS, Chapadão do Sul, MS 281

INTRODUÇÃO O Brasil se destaca mundialmente como um dos maiores produtores de milho comum, fato que possibilita o País ter também um grande potencial para a produção de milho doce (Zea mays var. Saccharata Sturt) (FERREIRA et al., 2011). A principal diferença entre o milho comum e o milho doce é a composição de seu endosperma, devido aos seus altos teores de açúcares em relação ao amido (KWIATKOWSKI & CLEMENTE, 2007). A evapotranspiração do milho doce geralmente excede a precipitação pluvial, sendo assim, a distribuição de água de maneira artificial por meio de irrigação é a garantia para se produzir como planejado, sem que a falta de chuvas altere os índices de produtividade e de rentabilidade previamente estabelecidos. A irrigação é considerada a maior usuária de recursos hídricos, e nos últimos tempos observa-se um aumento da pressão de órgãos públicos sobre os agricultores, para o racionamento e adoção de sistemas mais eficientes de aplicação de água na agricultura, sendo necessário dessa forma melhorar a eficiência de uso da água. Os benefícios da irrigação são potencializados quando associados a outros manejos, como a nutrição mineral de plantas. No manejo da adubação, o nitrogênio merece destaque especial, pois conforme verificado por OKUMURA et al. (2011), o nitrogênio é o nutriente absorvido em maior quantidade pelo milho doce, o que mais afeta no rendimento e o que possui comportamento mais instável no solo. Objetivou-se avaliar o efeito da irrigação e da adubação nitrogenada na eficiência do uso da água pelo milho doce em duas épocas de cultivo no nordeste do Mato Grosso do Sul. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na área experimental da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, campus de Chapadão do Sul-MS. O clima é classificado como tropical úmido. A temperatura anual varia entre 13 e 28 C, a precipitação pluviométrica média anual é de 1.850 mm, com concentração de chuva no verão e seca no inverno (CUNHA et al., 2013). O solo é classificado como Latossolo Vermelho Amarelo Distrófico, textura argilosa, com massa específica de 1,21 g cm -3 e teores de água equivalente à capacidade de campo e ponto de murcha permanente da planta de 0,2632 e 0,1887 dm 3 dm -3, respectivamente. O experimento foi conduzido em parcelas sub-subdivididas, tendo nas parcelas quatro lâminas de irrigação (50, 75, 100 e 125% da evapotranspiração da cultura - ETc), nas 282

subparcelas quatro doses de nitrogênio (0, 100, 200 e 300 kg ha -1 ) e nas sub-subparcelas duas épocas de cultivo (Inverno/Primavera entre 17/8/2012 e 24/11/2012 e Verão/Outono entre 2/3/2013 e 31/05/2013), no delineamento em blocos casualizados, com quatro repetições. As unidades experimentais foram constituídas de parcelas com 2,5 m de comprimento (bordadura de 0,5 m) e 4,8 m de largura (bordadura de 0,8 m), resultando em uma área total de 12 m 2 e útil de 4,8 m 2. As semeaduras foram realizadas nos dias 17/8/2012 (Inverno/Primavera) e 2/3/2013 (Verão/Outono), com o espaçamento de 80 cm entre fileiras, adotando uma densidade de 75.000 sementes ha -1. Foi utilizado o híbrido simples Tropical Plus, da empresa Syngenta. A adubação nitrogenada de cobertura foi dividida e aplicada nas fases fenológicas V3 e V8. A uréia foi aplicada na fileira de plantas, junto às fitas gotejadoras, que foram acionadas após a adubação para minimizar as perdas por volatização. Na fase fenológica estádio V3, também foi realizada a adubação potássica de cobertura com 80 kg ha -1 de K2O. Utilizou-se o sistema de irrigação por gotejamento, por meio de fita gotejadora (mangueira gotejadora Petroisa). Os emissores (gotejadores) operaram com pressão de serviço de 98 kpa aplicando vazão aproximada de 1,1 L h -1, e espaçados de 20 cm tendo uma fita para cada fileira de planta. A Equação 1 foi utilizada para cálculo da irrigação real necessária para o tratamento de 100% da ETc. IRN LOC i ET K K K P (1) dia1 0 C S L E em que: IRN LOC é a irrigação real necessária em sistemas localizados (mm); ET 0 a evapotranspiração de referência (mm dia -1 ); KC o coeficiente da cultura (adimensional); KS o coeficiente de umidade do solo (adimensional); K L o coeficiente de localização (adimensional); e PE a precipitação efetiva no período (mm). A metodologia de Penman-Monteith foi utilizada para o cálculo da evapotranspiração de referência (ET 0). Os coeficientes de cultivo (K C) foram de 0,7 e 1,1 para os estádios I e III, respectivamente. Para obtenção dos valores de K C diário no estádio II utilizou-se ponderação linear entre os valores dos estádios I e III. A duração dos estádios I e II foram de 20 e 30 dias, respectivamente, e o estádio III do 50º dia até a colheita. Os coeficientes de umidade do solo, de localização e precipitação efetiva foram obtidos de acordo com BERNARDO et al. (2008). Ao atingirem a fase fenológica R3, foram realizadas a colheita das espigas. As colheitas foram realizadas em 24/11/2012 e 31/5/2013 para as épocas de cultivo Inverno/Primavera e Verão/Outono, respectivamente. A eficiência de uso da água foi determinada pela razão entre a produtividade de espiga de milho doce e a quantidade de água utilizada em cada tratamento. 283

Os dados foram submetidos às análises de variância e regressão. Utilizou-se o teste de Tukey, a 5% de probabilidade, para comparação de médias. Para os fatores quantitativos, testou-se os modelos lineares e quadráticos. A seleção do modelo foi com base na significância dos coeficientes de regressão, utilizando-se o teste t a 5% de probabilidade, no coeficiente de determinação (R 2 ) e no fenômeno biológico. Utilizaram-se os programas Assistat 7.6 e Sigmaplot 11.0 para realização das análises estatísticas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Obteve-se maior precipitação efetiva no milho doce cultivado na época Inverno/Primavera (Tabela 1). Esse resultado é devido às precipitações pluviais terem concentradas em períodos que a cultura apresentava maiores valores de coeficiente de cultivo (KC) e de localização (KL), e diante disso, maior demanda evapotranspirométrica. Tabela 1. Precipitação efetiva, irrigação real necessária e lâmina de água total aplicada em Época Inverno/ Primavera Verão/ Outono cada tratamento e época de cultivo. Chapadão do Sul-MS, UFMS-CPCS, 2012-2013 Evento Lâminas de Irrigação 50% ETc 75% ETc 100% ETc 125% ETc Precipitação Efetiva (mm) 258,8 220,6 185,1 185,1 Irrigação Real Necessária (mm) 111,3 167,0 222,7 278,4 Lâmina de Água Total (mm) 370,1 387,7 407,8 463,4 Precipitação Efetiva (mm) 213,7 208,6 196,2 196,2 Irrigação Real Necessária (mm) 64,5 96,8 129,1 161,3 Lâmina de Água Total (mm) 278,3 305,4 325,3 357,6 Houve maior consumo de água pelo milho doce cultivado na época Inverno/Primavera (Tabela 1). Esse resultado foi alcançado devido a dois motivos principais, maior demanda evapotranspirométrica ocasionadas pelas maiores temperaturas e menores umidades relativas do ar; e maior ciclo da cultura nesse período. No cultivo conduzido no Inverno/Primavera o ciclo da cultura foi de 99 dias, enquanto que no Verão/Outono de 90 dias. De acordo com a análise de variância, houve interação entre épocas de cultivo e lâminas de irrigação na eficiência do uso da água (EUA) pelo milho doce. Na lâmina de irrigação de 125% da ETc, não foi verificado diferença; e nas demais lâminas, verificou-se maiores EUA na época Verão/Outono (Tabela 2). Esse resultado foi devido a dois motivos ocorridos: (a) menores lâminas totais de água recebida (Tabela 1); e (b) maiores produtividades de espiga de milho doce. Analisando o valor médio de EUA, que foi de 4,87 kg m -3, pode-se afirmar que para produção de 1 kg de espiga de milho doce, são necessários 205 litros de água. 284

Tabela 2. Valores médios de eficiência do uso da água (EUA) nas épocas Inverno/Primavera e Verão/Outono. Chapadão do Sul - MS, UFMS-CPCS, 2012-2013 Lâminas de Irrigação Parâmetro Época Dms 50% ETc 75% ETc 100% ETc 125% ETc EUA Inverno/Primavera 4,56 b 3,76 b 4,30 b 3,73 a (kg m -3 0,67 ) Verão/Outono 7,04 a 6,34 a 5,10 a 4,15 a dms = diferença mínima significativa; Médias seguidas de mesma letra nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). Verificou-se redução da EUA com o aumento da lâmina de irrigação devido esses fatores serem inversamente proporcionais (Figura 1). Na época Verão/Outono, a redução da EUA em função da lâmina de irrigação foi maior devido a também redução da produtividade de espiga ocorrida nessa época de cultivo. Este efeito linear negativo das lâminas de irrigação na EUA também foi observado por GARCIA et al. (2009) trabalhando com milho doce nos Estados Unidos da América e por BRITO et al. (2013) em milho doce cultivado em Pombal- PB. Na época Inverno/Primavera a adubação nitrogenada proporcionou efeito quadrático na EUA do milho doce, sendo 168,4 kg ha -1 de N a dose que maximizou esse parâmetro, de acordo com a equação de regressão (Figura 1). As doses de nitrogênio na época Verão/Outono apresentaram efeito linear positivo. Inverno/Primavera Verão/Outono EUA = 4,0E+0 ** + 9,4E-3 * DN - 4,6E-5 * LI DN - 2,1E-5 * DN 2 EUA = 7,6E+0 ** - 3,0E-4 * LI 2 + 2,9E-7 * LI 2 DN R 2 = 0,4993 p<0,0196 R 2 = 0,9240 p<0,0001 * p<0,05; ** p<0,01 Figura 1. Estimativa da eficiência do uso da água (EUA) em função das lâminas de irrigação (LI) e doses nitrogenadas (DN) nas diferentes épocas de cultivo. Chapadão do Sul - MS, UFMS-CPCS, 2012-2013. 285

CONCLUSÕES A época Verão/Outono proporciona maiores eficiências do uso da água para milho doce no nordeste de Mato Grosso do Sul. O aumento da lâmina de irrigação proporciona redução na eficiência do uso da água pelo milho doce. A adubação nitrogenada aumenta a eficiência do uso da água pelo milho doce na época Verão/Outono e a dose de 168,4 kg ha -1 maximiza esse parâmetro no Inverno/Primavera. AGRADECIMENTOS financeiro. Á Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) pelo auxílio REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERNARDO, S.; SOARES, A.A.; MANTOVANI, E.C. Manual de irrigação. 8.ed. Viçosa: UFV, 2008. 625p. BRITO, M.E.B.; ARAÚJO FILHO, G.D.; WANDERLEY, J.A.C.; MELO, A.S.; COSTA, F.B.; FERREIRA, M.G.P. Crescimento, fisiologia e produção do milho doce sob estresse hídrico. Bioscience Journal, Uberlândia, v.29, n.5, p.1244-1253, 2013. CUNHA, F.F.; MAGALHÃES, F.F.; CASTRO, M.A. Métodos para estimativa da evapotranspiração de referência para Chapadão do Sul, MS. Engenharia na Agricultura, Viçosa, v.21, n.2, p.159-172, 2013. FERREIRA, M.G.; BRITO, M.E.; COSTA, F.B.D.; ARAÚJO FILHO, G.D.D.; ALVINO, F.C. Aspectos químicos e físicos dos grãos de milho doce sob estresse hídrico. Revista Brasileira de Agrotecnologia, Pombal, v.1, n.1, p.1-6, 2011. GARCIA, G.A.; GUERRA, L.C.; HOOGENBOOM, G. Water use and water use efficiency of sweet corn under different weather conditions and soil moisture regimes. Agricultural Water Management, Amsterdam, v.96, n.10, p.1369-1376, 2009. KWIATKOWSKI, A; CLEMENTE, E. Características do milho doce (Zea mays L.) para industrialização. Revista Brasileira Agroindustrial, Ponta Grossa, v.1, n.2, p.93-103, 2007. OKUMURA, R.S.; MARIANO, D.C.; ZACCHEO, P.V.C. Uso de fertilizante nitrogenado na cultura do milho. Pesquisa Aplicada & Agrotecnologia, Pombal, v.4, n.2, p.226-244, 2011. 286