PREGÃO PRESENCIAL PARA REGISTRO DE PREÇO Nº 005/2017 PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 019/2017 ANÁLISE DE RECURSO CONTRA A ADJUDICAÇÃO DO OBJETO DA LICITAÇÃO RELATÓRIO Trata-se de recurso interposto pela empresa Soltech Comércio Varejista de Produtos Eletrônicos LTDA, com fundamento no art. 4º, inc. XVIII, da Lei nº 10.520/03. O Edital de Licitação foi publicado no dia 01 de fevereiro de 2017 no Diário Oficial do Município. Não houve impugnação ao Edital. A Sessão Pública foi realizada no dia 14 de fevereiro de 2017, tendo a empresa Soltech Comércio Varejista de Produtos Eletrônicos LTDA no ato interposto recurso contra a adjudicação. Verifica-se que o prazo final para a apresentação das razões recursais e contrarrazões são, respectivamente, os dias 17 de fevereiro de 2017 e 22 de fevereiro de 2017. Esgotado o prazo legal, verificou-se apenas a empresa Soltech Comércio Varejista de Produtos Eletrônicos LTDA apresentou as razões recursais, sendo que nenhum outro licitante optou por oferecer contrarrazões. Vieram os autos para análise. É o breve relatório. DA INTEMPESTIVIDADE Diferente do alegado pelo recorrente em suas razões, há de se reconhecer que o presente recurso é intempestivo. De acordo o art. 4º, inc. XVIII, da Lei nº 10.520/03, o prazo para a apresentação das razões recursais é de tão somente 03 dias após a interposição do recurso: Art. 4º A fase externa do pregão será iniciada com a convocação dos interessados e observará as seguintes regras: XVIII - declarado o vencedor, qualquer licitante poderá manifestar imediata e motivadamente a intenção de recorrer, quando lhe será concedido o prazo de 3 (três) dias para apresentação das razões do recurso, ficando os demais licitantes desde logo intimados para
apresentar contra-razões em igual número de dias, que começarão a correr do término do prazo do recorrente, sendo-lhes assegurada vista imediata dos autos; Conforme narrado alhures, a sessão pública de pregão presencial foi realizada no dia 14 de fevereiro de 2017, o que nos leva a conclusão de que o prazo final para a apresentação de recurso seria o dia 17 de fevereiro de 2017. Ora, conforme se observa no Aviso de Recebimento colacionado aos autos, o envelope com as razões recursais da empresa Soltech Comércio Varejista de Produtos Eletrônicos LTDA somente foi entregue ao setor de Licitação da Prefeitura Municipal de Anagé/BA no dia 22 de fevereiro de 2017, às 14:44 hs, portanto, em 05 dias após o término do prazo legal. A situação se repete quando é feita consulta ao sistema de rastreamento de postagem dos Correios. Inserindo-se o código do envelope ( SN644597155BR), percebe-se que este foi postado na agência tão somente no dia 21 de fevereiro, conforme comprovante em anexo. Vale destacar que pouco importa a data de postagem do recurso via Correios, pois o art. 4º, inc. XVIII, da Lei nº 10.520/03 é cristalino ao estabelecer que o prazo de 03 dias úteis é para apresentar às razões de recurso, e não para entrega do mesmo em qualquer empresa de entrega. Entendimento diverso afrontaria de sobremaneira os princípios basilares do pregão presencial, que tem a legalidade e celeridade como seus principais vetores. Percebe-se que a análise das razões recursais restam prejudicadas sem resolução de mérito, ante a flagrante intempestividade. DO MÉRITO Em respeito ao princípio do formalismo moderado, visando atender aos anseios da recorrente em rediscutir a decisão tomada no presente certame, analiso os argumentos expostos na peça recursal, para concluir que os mesmos não merecem ser acolhidos. O cerne da questão se encontra no Anexo I do instrumento convocatório.
ITEM 01 DESCRIÇÃO Relógio Ponto Biométrico, fonte de alimentação 220v, suporte de parede; Capacidade para até 3.000 colaboradores; Dispensa a impressão de comprovantes; Sensor biométrico de alta resolução; Impressora térmica de alta velocidade; Transferência de dados por cabo USB, Pendrive + TCP/IP, Wireless; Memória para + de 41 milhões de registro de ponto; Caixa em ABS, mostrador digital, bateria interna; Garantia de fábrica de 01 ano e suporte técnico via Tel... por 06 meses; REP homologado conforme portaria 1.510 do Ministério do Trabalho; Software de Registro Eletrônico de Ponto (SREP) com operação local ou em rede, para emissão de relatórios com as totalizações das horas trabalhadas, em conformidade com a Portaria 1510; Software compatível até Windows 10; Na mesma descrição, o termo de referência aponta que o objeto a ser contratado dispensa a impressão de comprovantes, ao mesmo tempo que exige que o REP atenda aos requisitos da Portaria 1.510 do Ministério do Trabalho, sendo que tal portaria exige a impressão dos respectivos comprovantes. Embora evidente o equívoco na elaboração do termo de referência, em nosso entendimento, a frase "Dispensa a impressão de comprovantes" é apenas um erro material leve, pois na mesma descrição consta a exigência expressa de que o equipamento seja homologado pelo MTE e adequado à Portaria 1510/09 do MTE. E de acordo com o art. 4º, III, desta Portaria: Art. 4º O REP deverá apresentar os seguintes requisitos: (...) III - dispor de mecanismo impressor em bobina de papel, integrado e de uso exclusivo do equipamento, que permita impressões com durabilidade mínima de cinco anos; Ressalto ainda que o art. 14 da Portaria 1510/09 MTE exige não só a impressão dos comprovantes, mas também que o aparelho seja homologado através de um "Certificado de Conformidade do REP à Legislação". Perceba, então que o termo "Dispensa a impressão de comprovantes" foi totalmente absorvido pela exigência de que o aparelho atenda os requisitos da Portaria 1510/09, tornando
impossível a adjudicação do objeto a um licitante que não atenda a tais requisitos, conforme foi questionado pela empresa Recorrente. Nesse caso, se algum licitante apresentasse um produto fora desta realidade, deveria ser imediatamente desclassificado do certame. Cumpre destacar que este entendimento foi o adotado pela Recorrente, quando da apresentação de sua proposta de preços na sessão pública de 14 de janeiro de 2014, pois na descrição do produto ofertado, consta que o modelo escolhido atende à Portaria 1510/09 do MTE. Ocorre que a Recorrente com agiu má-fé quando elaborou sua proposta de preços. Observem o seguinte quadro comparativo: PROPOSTA DE PREÇOS ITEM DESCRIÇÃO / ESPECIFICAÇÃO QTD. MARCA / MODELO VALOR UNIT VALOR TOTAL 01 RELÓGIO DE PONTO BIOMÉTRICO: fonte de alimentação 220V, suporte parede; capacidade de até 3.000 colaboradores; dispensa impressão de comprovantes; sensor biométrico de alta velocidade; impressora térmica de alta velocidade; transparência de dados de cabo USB, pendrive + TCP/IP, wireless; memória para + de 41 milhões de registro de ponto; caixa em ABS, mostrador digital, bateria interna; garantia do fabricante de 01 ano e suporte técnico via tel... por 6 meses; REP homologado conforme Portaria 1.510 do ministério do trabalho; software de registro eletrônico de ponto (SREP) com operação local ou em rede, para emissão de relatórios com as totalidade com a portaria 1.510; software compatível até Windows 10. 100 HENRY / PRIME PONTO SECULLUM / PONTO4 RS 2500,00 R$ 250.000,00
Fica evidente que, quando da apresentação da proposta de preços, a Recorrente ofereceu um produto compatível com a portaria 1510/09 MTE. Todavia, o relógio de ponto apresentado (Henry/Prime) no Catálogo é totalmente diverso da descrição acima, pois, além de não imprimir os comprovantes registrais, é baseado tão somente na Portaria 373/2011 do MTE. Há uma clara intenção da Recorrente em tumultuar o presente certame. Seja por equívoco ou má-fé, fato é que a licitante apresentou uma descrição de produto na sua proposta de preços que não corresponde à realidade do mesmo equipamento, tornando nula e inidônea a oferta realizada. Como se não bastasse a divergência acima apontada, a Recorrente apresentou ainda um produto em compatibilidade com a portaria 373/2011 do MTE, sendo que o correto seria caso fosse compatível com a Portaria nº 1.510/09 MTE. Sendo assim, mesmo que o produto ofertado gerasse a impressão dos comprovantes exigidos, a proposta de preços seria igualmente desclassificada, pois não atendia ao principal requisito do termo de referência, qual seja, que o produto fosse homologado de acordo com a portaria nº 1.510/09 TEM. Desta forma, fica difícil compreender em qual momento a Recorrente foi prejudicada no processo licitatório, pois mesmo diante de tal equívoco exposto no termo de referência, esta apresentou a proposta de preços de maneira correta, com um produto que atendia a Portaria 1510/09 MTE, pelo menos em sua descrição. Em resumo, se o erro formal não trouxe prejuízo aos licitantes, há de se reconhecer que tal vício restou superado, não trazendo qualquer ilegalidade ao presente certame. No mesmo sentido, é o atual entendimento do Tribunal de Contas da União: SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO. PREGÃO. ILEGALIDADE CARACTERIZADA POR DISPENSA DE QUALIFICAÇÕES PREVISTAS NO EDITAL. FALHAS NO TERMO DE REFERÊNCIA. BOA-FÉ. ACOLHIMENTOS DAS JUSTIFICATIVAS. PROCEDÊNCIA DA REPRESENTAÇÃO. DISPENSA DE APLICAÇÃO DE SANÇÕES. DETERMINAÇÕES. 1. Ilegalidade no edital que restrinja a competitividade ou impacte a formulação de propostas não autoriza os responsáveis pela licitação a dispensar
exigências previamente nele definidas. Ao contrário, exigem a anulação do procedimento, a correção da ilegalidade e a republicação do edital. 2. A proposta mais vantajosa é a que apresenta menor preço e atende às demais exigências fixadas no edital. 3. Falha na licitação que possa ser corrigida em etapas posteriores da contratação e não restrinja a competitividade ou impacte a formulação de propostas não constitui fundamento para anulação do procedimento licitatório e pode ser considerada de caráter formal. 4. A subcontratação parcial de serviços pactuados não necessita de expressa previsão no edital ou no contrato. Basta que não haja vedação nesses instrumentos, entendimento que deriva do art. 72 da Lei 8.666/1993 e do fato de que, na maioria dos casos, a possibilidade de subcontratação deve atender a uma conveniência da administração. (TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 034.630/2014-7. GRUPO II CLASSE VII PLENÁRIO). Igualmente, não se vislumbra no termo de referência do Edital de Licitação a exigência de que as funções de sensor biométrico, impressão de comprovantes e software gerenciador sejam feitas em um aparelho único. A única exigência é de que o produto adquirido realize as três funções e atenda aos requisitos da Portaria 1.510/09 MTE. Se isso será feito por um ou mais aparelhos, dependerá de qual produto será ofertado pela empresa. Por fim, cabe tecer um breve comentário à falta de interesse de agir da Recorrente, quando da apresentação do presente Recurso. Conforme foi exposto acima, em momento algum a Recorrente o direito de impugnação ao Edital de Licitação. O exercício desta faculdade somente era possível até 02 dias úteis antes do início da sessão pública, nos termos do art. 12 do Decreto nº 3.555/00, que regulamenta a forma presencial do pregão no âmbito da Administração Pública federal: Art. 12. Até dois dias úteis antes da data fixada para recebimento das propostas, qualquer pessoa poderá solicitar esclarecimentos, providências ou impugnar o ato convocatório do pregão. O edital discriminatório ou omisso em pontos essenciais, pode ser impugnado pelos interessados em participar da licitação,
desde que façam o protesto antes do prazo de 02 dias úteis antes da data fixada para a entrega da documentação e da proposta. O que não se admite é a impugnação pelo licitante que, tendo-o aceito sem objeção, vem, após o julgamento desfavorável, arguir sua invalidade. Sendo o procedimento licitatório divido em etapas (editalícia, habilitatória, julgadora e adjudicatória) e contendo cada qual os mecanismos respectivos de impugnação, opera-se a preclusão quando se discute matéria que deveria ser tratada em fase anterior. CONCLUSÃO CONSIDERANDO que o presente recurso é intempestivo, pois apresentado fora do prazo de 03 dias após a interposição. CONSIDERANDO que não houve impugnação ao Edital de licitação. CONSIDERANDO que o erro formal apresentado no Termo de Referência não trouxe prejuízos aos licitantes. CONSIDERANDO que, tanto a empresa vencedora quanto a Recorrente apresentaram um produto em conformidade com a portaria 1.510/09 do MTE, tendo ambas suprindo o erro apontado pela Recorrente no termo de referência. Faço a seguinte recomendação: 1. Seja mantida a decisão que declarou a empresa FEIRAPONTO vencedora do Pregão Presencial Para Registro De Preço nº 05/2017; 2. Seja negado provimento ao recurso administrativo interposto pela empresa SOLTECH. Anagé/BA, 03 de março de 2017. Reginaldo Lima de Oliveira Pregoeiro
DECISÃO 1. Acolho os argumentos expostos pelo Pregoeiro. 2. Adjudico o objeto do Pregão Presencial Para Registro De Preço a empresa FEIRAPONTO. 3. Homologo o procedimento. 4. Dê ciência às partes interessadas. Anagé/BA, 03 de março de 2017. Elen Zite Pereira dos Santos Prefeita
AVISO PREGÃO PRESENCIAL PARA REGISTRO DE PREÇO Nº 005/2017 Decidiu a Prefeita do Município de Anagé/BA, conhecer do recurso interposto pela empresa Soltech Comércio Varejista de Produtos Eletrônicos LTDA e, no mérito, negar-lhe provimento, mantendo inalterada a decisão do pregoeiro. Reginaldo Lima de Oliveira Pregoeiro