COMÉRCIO E INVESTIMENTO INTERNACIONAIS PROF. MARTA LEMME 1
Preocupação Básica Atraso da América Latina em relação aos chamados centros desenvolvidos e encontrar as formas de superálo. Análise Estrutura sócio-econômica dos países da periferia (entraves ao desenvolvimento econômico) e transações comerciais entre centro e periferia (aprofundamento das disparidades). - Estrutura produção agrícola primário-exportadora, com baixa integração entre os diversos setores produtivos e com desemprego estrutural. Questionamentos à Divisão Internacional de Trabalho e à Teoria Tradicional do Comércio Internacional. 2
Visão Tradicional livre comércio e especialização beneficiariam países em desenvolvimento. Elevação de produtividade nos países industrializados implicaria menores preços de suas exportações => transferência dos ganhos de produtividade dos países avançados para os países atrasados. Crítica da CEPAL Deterioração dos Termos de Troca a relação dos preços de intercâmbio se tem movido contra os produtos primários. Deste modo, a parte o fato de negar-se a estes uma coparticipação satisfatória no progresso tecnológico dos centros, parece que a periferia tem transferido a estes últimos parte dos avanços de produtividade do próprio setor primário exportador. (CEPAL, America Latina: El Pensamiento de la CEPAL, p.16, apud Mantega, G A Economia Política Brasileira, p. 36) 3
Deterioração dos Termos de Troca Diferença do comportamento da demanda de produtos primários em relação à demanda de manufaturados; crescimento mais rápido da demanda por manufaturados em relação à demanda de bens primários Fatores subsidiários possibilidade de substituição de matérias-primas naturais por produtos sintéticos; maior aproveitamento das matérias-primas em função do progresso técnico; medidas protecionistas impostas pelos países desenvolvidos aos produtos primários Menor elasticidade renda da demanda de produtos primários e crescimento mais lento de seus preços 4
Deterioração dos Termos de Troca Assimetrias no processo de formação de preços de produtos primários e manufaturados, inclusive em função do diferente funcionamento dos mercados de trabalho no centro e na periferia. Países centrais menor oferta de trabalho e maior organização sindical => Salários mais altos dos trabalhadores (absorção de parte/totalidade dos aumentos de produtividade) => aumento de preços produtos dos países desenvolvidos; Ademais, rigidez a baixa dos salários no descenso do ciclo. Periferia abundância de mão de obra e fraca organização => baixos salários e menores preços => exportação de eventuais aumentos de produtividade. As assimetrias refletem também diferentes estruturas de mercado pertinentes aos produtos primários e manufaturados. 5
Segundo Ocampo e Parra (2006), estudos empíricos, realizados após a formulação da CEPAL: => 50% indicaram deterioração => 40% foram inconclusivos => 10% negaram a ocorrência de deterioração. No caso dos estudos visando a determinação da dinâmica dos preços das commodities, a sua maioria confirmou a ocorrência de deterioração no longo prazo, quer como resultado de choques estruturais adversos ( economic break ), quer como uma tendência persistente, quer como uma como uma combinação de ambos. Também foi observado aumento da volatilidade dos preços e deterioração dos termos de troca das manufaturas exportadas pelos países em desenvolvimento, o que refletiria distintas proporções de bens intensivos em tecnologia nas exportações. 6
Industrialização como forma de superação do subdesenvolvimento Conforme Medeiros e Serrano (2001) Argumentos pró-industrialização se baseiam na percepção de que as exportações assumem um papel relevante no processo de desenvolvimento, dado o seu papel no financiamento e relaxamento da restrição externa ao crescimento, exceto para o país que emite a moeda de circulação internacional. a especialização dos países em desenvolvimento em produtos agrícolas, de baixa elasticidade renda, tendo como contrapartida a importação em produtos industrializados, de alta elasticidade renda, implicaria, no longo prazo, em uma limitação da capacidade de importar e, conseqüentemente, redução do ritmo de crescimento da economia. Industrialização como a única forma de elevar a elasticidade renda da demanda das exportações dos países periféricos. Aspectos a serem salientados: sua generalidade; a defesa da industrialização não implica rejeição ao comércio internacional; e não pré-define a forma da industrialização. Adicionalmente, cabe registrar a ênfase dada à integração regional latino-americana, pelo fato de a mesma permitir o alcance de escalas mínimas de produção, viabilizando uma produção mais eficiente. 7
Modelo: Substituição de Importações Contexto da época - no pós-guerra, a capacidade de importar da periferia era percebida como limitada, em função do pouco dinamismo das exportações dos países periféricos (protecionismo agrícola dos países centrais e do fato dos EUA, centro cíclico principal, serem também exportadores maciços de produtos agrícolas) Medeiros e Serrano (2001) Não se deve considerar o termo substituição de importações uma operação simples e limitada de retirar ou diminuir componentes da pauta de importações para substituí-los por produtos nacionais. Isto poderia levar à compreensão de que o objetivo de tal estratégia seria a eliminação de todas as importações e o alcance da autarquia. No caso do processo de substituição de importações, no lugar dos bens substituídos aparecem outros e, à medida em que avança o processo ocorre um aumento da demanda derivada por importações (de produtos intermediários e bens de capital) que pode resultar de fato em maior dependência do exterior Franco e Baumann (2005) A Substituição de Importações entre 1995 e 2000. Revista de Economia Política 25 (3), pp. 190-208 8
Mantega, G. (1984) A Economia Política Brasileira, Ed. Vozes, Rio de Janeiro Medeiros, C.A, Serrano, F. (2001) Inserção Externa, Exportações e Crescimento no Brasil in Fiori, J.L., Medeiros, C.A, Polarização Mundial e Crescimento, Rio de Janeiro, Vozes, Ocampo, J.A, Parra, M.A. (2006) The Commodity Terms of Trade and Their Strategic Implications for Development in Jomo K.S. Globalization Under Hegemony, Oxford (pp. 164-194) 9