CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E TEOR DE ÓLEO DE SEMENTES DAS CULTIVARES: BRS NORDESTINA E BRS PARAGUAÇU SEPARADAS EM CLASSES PELA COR DO TEGUMENTO Amanda Micheline Amador de Lucena 1, Liv Soares Severino 2, Maria Aline de Oliveira Freire 3, Napoleão Esberard de Macêdo Beltrão 2 e Clodoaldo D. Bortoluzi 1 1 UFCG, amandaamador@g.com.br; 2 Embrapa Algodão, liv@cnpa.embrapa.br, napoleao@cnpa.embrapa.br; 3 UVA. RESUMO - Em lavouras comercial foram colhidos frutos de mamona de duas cultivares (BRS Nordestina e BRS Paraguaçu). Após a secagem dos frutos em terreiro, as sementes foram retiradas e separadas em cinco classes de acordo com a coloração do tegumento: preta, bronzeada, avermelhada, amarelada e opaca. De cada classe foram separadas quatro amostras de 50 sementes nas quais mediu-se o comprimento, largura, peso e teor de óleo. Houve diferença significativa entre as classes de cor em todas as características estudadas nas duas cultivares. Tanto na BRS Nordestina como na BRS Paraguaçu, as sementes pretas são maiores (comprimento e largura), mais pesadas e apresentaram maior teor de óleo, sendo as demais classes menores, mais leves e com menor teor de óleo. A coloração do tegumento das sementes é uma característica relacionada ao grau de desenvolvimento das sementes de mamona das cultivares estudadas e as classes de sementes de coloração mais clara (opacas, amareladas, avermelhadas e bronzeadas), nesta ordem, são menos desenvolvidas e por isso são menores e contém menos óleo. INTRODUÇÃO Por ser bem adaptada ao clima do semi-árido Brasileiro, a mamoneira (Ricinus communis L.) revela-se uma produtiva cultura para essa região. É uma planta de hábito arbustivo, que apresenta elevada capacidade de resistência à seca e produz um óleo que pode ser empregado na industria de cosméticos, siderúrgica, medicina e industria automotiva. Além do mais, é o único óleo na natureza solúvel em álcool e que apresenta outras propriedades singulares, como: teor de ácido graxo ricinoléico, no mínimo 90% do total (EMBRAPA, 2003). A importância do óleo de mamona para indústria química deve-se à versatilidade de aplicação desse óleo (FORNANZIERI JUNIOR, 1986). Azevedo e Lima (2001) consideram que o uso de sementes de boa qualidade, cultivares melhoradas, época de plantio e aspectos como profundidade de plantio, população de plantas e desbastes podem definir a produtividade da lavoura. Para o sucesso de qualquer cultura, a semente assume local de destaque, uma vez que sua qualidade fisiológica é um fator limitante para os diversos segmentos que compõe os sistemas de produção, seja plantio ou processamento industrial. Para que se obter sementes de elevada qualidade, é fundamental que sua colheita seja realizada no momento em que a semente esteja plenamente desenvolvida. A maturidade fisiológica da
semente corresponde ao período em que não mais ocorrem alterações significativas da massa de matéria seca (MARCOS FILHO, 2005). Este estudo foi realizado com objetivo de caracterizar, quanto ao comprimento, largura, teor de óleo e peso de sementes de mamona das cultivares BRS Nordestina e BRS Paraguaçu separadas em classes de acordo com a coloração do seu tegumento. MATERIAL E MÉTODOS Cachos de mamona da cultivar BRS Paraguaçu foram colhidos em lavoura comercial conduzida em regime de sequeiro no Município de Pocinhos, PB e da cultivar BRS Nordestina em lavoura irrigada no Município de Sumé, PB. As lavouras foram manejada, conforme recomendação técnica da cultura (EMBRAPA, 2003). Os frutos foram separados dos talos e levados para secar em terreiro onde ficaram expostos ao sol por dez dias e então foi realizada a retirada das sementes manualmente. As sementes foram então separadas em cinco classes de acordo com a cor do tegumento, conforme Figura 1. Tomaram-se os valores de comprimento, largura, teor de óleo e peso das sementes de cada classe de cor. A medição do comprimento e largura foi feita com paquímetro. O teor de óleo foi medido em aparelho de Ressonância Magnética Nuclear. Todas as medições foram feitas com quatro repetições em amostras de 50 sementes, exceto as da classe de sementes opaca na qual se utilizaram 42 sementes por amostra para a cultivar BRS Paraguaçu e apenas 29 sementes por amostra para a cultivar BRS Nordestina, pois a quantidade de sementes dessa classe foi limitada. Os valores foram submetidos à análise de variância, considerando-se delineamento inteiramente casualizado e Teste de Tukey (5%) para comparação das médias. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas Tabelas 1 e 2 estão apresentados os valores médios de comprimento, largura, teor de óleo e peso das sementes de mamona classificadas pela cor do tegumento nas cultivares BRS Nordestina e BRS Paraguaçu, respectivamente. Nas duas cultivares, as características estudadas apresentaram baixo coeficiente de variação (3,7 a 7,0%) e alta significância dos tratamentos (p 0,01). O comprimento das sementes da cultivar BRS Nordestina variou de 17,92 mm nas sementes pretas a 13,85 mm nas sementes opacas. Na cultivar BRS Paraguaçu também foi verificado o maior comprimento (18,13 mm) nas sementes pretas e o menor comprimento (4,51 mm) nas sementes opacas. Dados semelhantes foram verificados com a largura das sementes que obteve maiores
valores com as sementes da classe preta (13,01 mm na cv. BRS Nordestina e 13,98 mm na cv BRS Paraguaçu) e as menores médias foram obtidas com a classe de sementes opacas (10,56 mm na cv. BRS Nordestina e 11,42 na cv. BRS Paraguaçu). Independente da cultivar, também é observada a diminuição gradual das dimensões entre as classes, sendo este comportamento coincidente com a redução da pigmentação do tegumento da semente. Os valores de teor de óleo e peso de semente também se reduzem de forma coincidente com a diminuição da pigmentação do tegumento. O maior teor de óleo (48,9% e 47,98%) e maior peso de semente (0,80 g e 0,89g) foi constatado nas sementes da classe preta e os menores valores foram verificados nas sementes opacas das duas cultivares. Pelos resultados apresentados, sugere-se que a cor do tegumento da semente seja uma característica relacionada ao grau de desenvolvimento da mesma, sendo a cor preta nas cultivares BRS Nordestina e BRS Paraguaçu o indicativo do máximo desenvolvimento e a cor opaca indica que a semente é imatura. A presença de maior quantidade de sementes das classes menos desenvolvidas, tais como bronzeada, avermelhada, amarelada e opacas poderá implicar num produto de menor qualidade, pois sementes imaturas e as que apresentam danificações no tegumento geralmente possuem menor potencial fisiológico (MARCOS FILHO, 2005). CONCLUSÕES A coloração do tegumento é uma característica relacionada ao grau de desenvolvimento das sementes de mamona das cultivares BRS Nordestina e BRS Paraguaçu. As classes de sementes de coloração mais clara (opacas, amareladas, avermelhadas e bronzeadas), nesta ordem, possuem menor comprimento, largura, peso e teor de óleo que as sementes pretas. AGRADECIMENTOS os autores agradecem o apoio financeiro recebido da Petrobrás e do Consórcio CENP Energia para realização deste estudo REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS AZEVEDO, D. M. P.; LIMA, E. F., O Agronegócio da Mamona no Brasil, Embrapa Informações Tecnológicas, Brasília-DF, 2001. EMBRAPA- Crescimento e desenvolvimento da mamoneira (Ricinus communis L), Campina Grande: EMBRAPA-CNPA, (Comunicado Técnico, Nº 146, jan./2003).
FORNANZIERI JÚNIOR, A. MAMONA: Uma rica fonte de óleo e de divisas. São Paulo. Coleção Brasil Agrícola. Ícone Editora Ltda. 1986. 75p. MARCOS FILHO, J. Fisiologia de sementes de plantas cultivadas, Fealq, Biblioteca de Ciências Agrárias Luiz de Queiroz, vol 12, Piracicaba, 2005.494p. Figura 1. Escala para classificação de sementes de mamona das cultivares BRS Nordestina e BRS Paraguaçu pela cor do tegumento Tabela 1. Médias do comprimento, largura, teor de óleo e peso médio das sementes de mamona da cultivar BRS Nordestina classificadas pela cor do tegumento (preta, bronzeada, avermelhada, amarelada e opaca). Campina Grande-Pb, 2006 ----------------------------------Classe de semente---------------------------- Preta Bronzeada Avermelhada Amarelada Opaca F CV(%) ---------------------- Comprimento da semente (mm) ---------------------- 17,92 a 17,13 b 16,04 c 15,67 c 13,85 d 100,2 ** 6,8 ------------------------- Largura da semente (mm) -------------------------- 13,01 a 12,75 a 12,03 b 11,70 b 10,56 c 82,82** 6,2 ----------------------------- Teor de óleo da semente ---------------------- 48,98 a 46,8 ab 45,09 b 41,53 c 6,1 d 502,7** 4,2 ----------------------------- Peso médio da semente ------------------------ 0,80 a 0,62 b 0,45 c 0,40 d 0,11 e 886,24** 3,7 Médias seguidas da mesma letra na linha não diferem entre si pelo Teste de Tukey (5%) **: significativo ao nível de 1% pelo Teste F. Tabela 2. Médias do comprimento, largura, teor de óleo e peso médio das sementes de mamona da cultivar BRS Paraguaçu classificadas pela cor do tegumento (preta, bronzeada, avermelhada, amarelada e opaca). Campina Grande-Pb, 2006 ----------------------------------Classe de semente---------------------------- Preta Bronzeada Avermelhada Amarelada Opaca F CV(%) ---------------------- Comprimento da semente (mm) ---------------------- 18,13 a 17,45 b 17,90 ab 16,38 c 14,51 d 79,4 ** 7,0
------------------------- Largura da semente (mm) -------------------------- 13,98 a 13,51 a 13,78 a 12,90 b 11,42 c 64,2 ** 7,0 ----------------------------- Teor de óleo da semente ---------------------- 47,97 a 43,93 ab 40,18 bc 38,26 c 4,77 d 293,5** 5,8 ----------------------------- Peso médio da semente ------------------------ 0,89 a 0,68 b 0,55 c 0,46 d 0,13 e 620,92** 4,1 Médias seguidas da mesma letra na linha não diferem entre si pelo Teste de Tukey (5%) **: significativo ao nível de 1% pelo Teste F.