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Transcrição:

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA APLICAÇÃO DO REGIME DE REPETRO PARA EMPRESAS CONTRATADAS E SUBCONTRATADAS Por: Mattheus Dantas Cardoso Orientador Prof. Renata Faria DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL Rio de Janeiro 2015

2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA APLICAÇÃO DO REGIME DE REPETRO PARA EMPRESAS CONTRATADAS E SUBCONTRATADAS Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Direito Aduaneiro. Por: Mattheus Dantas Cardoso

3 AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus pais e meus familiares que sempre me incentivaram e apoiaram nas minhas escolhas, aos amigos, companheiros e aos professores.

4 DEDICATÓRIA Dedico o presente trabalho aos meus pais, familiares e amigos.

5 RESUMO Trata-se de um estudo acerca do Regime Aduaneiro de forma genérica, com maior destaque para a análise das transferências de bens e regimes entre empresas contratadas e subcontratadas. Iniciamos o trabalho através de uma análise panorâmica dos principais regimes aduaneiros e suas importâncias para a economia do Brasil. Posteriormente, são apresentados principais aspectos do regime do REPETRO, dentro os quais se destacam as características mais relevantes e os seus requisitos. Em seguida, é feita uma análise à luz das regras de habilitação dos interessados no regime, apresentando seus requisitos e procedimentos. No terceiro capítulo se inicia uma exposição acerca das possibilidades de transferência de bens e regimes e sobre o compartilhamento de bens admitidos por meio do REPETRO. Por fim, tratamos das hipóteses de descumprimento do regime e suas consequentes penalidades e acerca os casos de extinção do regime.

6 METODOLOGIA O problema relacionado ao compartilhamento de bens entre empresas beneficiárias e as contratadas e subcontratadas sempre esteve presente no âmbito do REPETRO. A dificuldade em se estabelecer a extensão do regime e as rigorosas penalidades aplicadas pela Receita Federal sempre causaram receios naqueles que se habilitavam ao regime aduaneiro. Desta forma, com análise da legislação específica e da doutrina mais abalizada acerca do tema, foi possível espancar suposições e explicitar a regra que se aplica ao caso. Sendo assim, foram apresentadas as situações em que a legislação permite o compartilhamento do regime entre estas empresas e os casos em que essa possibilidade é vedada.

7 SUMÁRIO FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I O REGIME DE REPETRO 14 CAPÍTULO II HABILITAÇÃO NO REGIME 18 CAPÍTULO III BENEFICIÁRIOS E COMPARTILHAMENTO 27 CAPÍTULO IV DESCUMPRIMENTO E EXTINÇÃO DO REGIME 32 CONCLUSÃO 36 BIBLIOGRAFIA 37 ÍNDICE 38

8 INTRODUÇÃO Os Regimes Aduaneiros Especiais têm grande importância no contexto histórico do desenvolvimento das atividades de exploração e produção de petróleo e gás no Brasil. Tem-se como regra geral a incidência dos tributos exigidos na exportação de bens nacionais e na importação de bens oriundos do exterior. Os regimes especiais estabelecem uma exceção a esta regra geral, oferecendo um benefício fiscal em troca dos benefícios que estas atividades de petróleo e gás podem gerar para a economia do país. A suspensão ou a desoneração dos tributos representam uma interferência na balança comercial, bem como permitem uma aproximação da economia brasileira da economia de outros países. Atualmente existem 16 (dezesseis) regimes aduaneiros diferentes, dentre os quais se destacam a Admissão Temporária, o Drawback, Trânsito Aduaneiro, Entreposto Aduaneiro, o RECOF e o REPETRO. O Regime de Admissão Temporária é um regime que admite a importação temporária de bens estrangeiros com a suspensão total ou parcial de tributos de bens específicos e voltados para uma finalidade específica. Esse regime exige algumas condições para a concessão, como, por exemplo, o compromisso de reexportação dos bens, a ausência de cobertura cambial, a apresentação de garantia e a assinatura de termo de responsabilidade. Estes dois últimos, segundo regras específicas, podem ser excetuados.

9 Ademais, ele possui uma diversidade de modalidades, dentre as quais se destaca o REPETRO, inserido na espécie de Admissão Temporária Nominada. Este regime aduaneiro se extingue, em regra, pela reexportação dos bens. Contudo, existem outras hipóteses, conforme dispõe o artigo 23 da Instrução Normativa nº 1361 da Receita Federal: Art. 23. Na vigência do regime, deverá ser adotada, com relação aos bens, uma das seguintes providências para extinção de sua aplicação: I - reexportação; II - entrega à RFB, livres de quaisquer despesas, desde que a autoridade aduaneira concorde em recebê-los; III - destruição, sob controle aduaneiro, às expensas do beneficiário; IV - transferência para outro regime aduaneiro especial, nos termos da legislação específica; ou V - despacho para consumo. O prazo para a manutenção do referido regime, via de regra, é de no máximo 5 anos, salvo situações específicas de prorrogação. O Regime Aduaneiro de Drawback consiste em um benefício de suspensão, isenção ou restituição de tributos incidentes sobre a importação de insumos para a composição da produção de bens que serão posteriormente exportados. O incentivo foi instituído pelo Decreto Lei nº 37/66 com o intuito de aumentar competitividade do produto nacional no mercado estrangeiro e incentivar as exportações, para que houvesse uma elevação da balança comercial.

10 A legislação disponibiliza três modalidades deste benefício para credenciamento. São elas: drawback isenção, drawback suspensão e drawback restituição. A modalidade de restituição caiu em desuso, pois não representa uma grande vantagem aos contribuintes, já que há a necessidade de se pagar o imposto com a sua posterior restituição. Por outro lado, as modalidades isenção e suspensão trazem uma série de benefícios aos credenciados. A modalidade de isenção consiste na reposição de estoques de insumos nacionais a serem utilizados na industrialização de bens voltados para a exportação. Nestes casos, haverá a isenção dos impostos cobrados na importação do insumo, em quantidade e qualidades idênticas à outra impostação realizada por meio do regime comum. Essa modalidade é voltada para pessoas jurídicas que não tem como prever o volume de bens que será exportado posteriormente. No âmbito do drawback isenção é possível diferenciar três tipos de operações: exportador, intermediária e embarcação. Os materiais importados com a suspensão de tributos deve atender a alguns requisitos para a sua admissão seja regular. Dentre eles, a necessidade de o insumo sofrer uma transformação, um beneficiamento, uma montagem, uma renovação ou um acondicionamento. A transformação consiste em uma que vai permitir a criação de uma espécie nova, de um produto novo. O beneficiamento consiste alteração ou aperfeiçoamento do bem importado de forma a melhorar a estética ou o uso do

11 produto. A montagem, como o próprio nome determina, é a junção de peças ou produtos que permita a criação de um terceiro produto diferente daqueles originários. A renovação consiste na restauração, reutilização de outro produto que havia sido destruído ou inutilizado, de forma a permitir a reutilização do mesmo. E o acondicionamento representa uma mudança na apresentação do bem, o qual será acondicionado em um recipiente de forma definitiva, o que não ocorre com as embalagens utilizadas apenas para o transporte do bem. Além dos requisitos supracitados, o Regime de Drawback determina que características devem possuir o bem que for importado para o uso na produção de outros bens. Nos termos da lei, serão admitidos, como regra geral, os insumos utilizados na produção de mercadorias que serão exportadas ao final da cadeia produtiva e também mercadorias utilizadas no processo de beneficiamento de outros produtos, os quais devem ser voltados para a exportação. Do mesmo modo, o regime poderá ser concedido a produtos úteis à produção de mercadorias destinadas ao exterior, assim como possíveis partes ou peças destes produtos, tais como máquinas, aparelhos, engrenagens, além de outros. Admite-se também a concessão do Drawback a produtos que venham para compor a cadeia produtiva, de forma a formar o maquinário utilizado na produção, bem como as matérias primas aplicadas na agropecuária e na produção agrícola, desde que sejam posteriormente exportadas, além dos animais para o abate. Por fim, aplica-se o regime a situações específicas de exceção, as quais o produto final será utilizado no mercado interno. Este é o caso da produção de embarcações e de equipamentos oriundos de licitação internacional.

12 O Regime de Trânsito Aduaneiro é o que permite um transportador ir de um ponto a outro do território nacional transportando uma mercadoria de origem estrangeira com a suspensão de tributos. Existem três modalidades deste regime: trânsito aduaneiro de importação, trânsito aduaneiro de passagem e trânsito aduaneiro de exportação. O primeiro está relacionado ao produto eu foi importado e desembaraçado em um recinto alfandegado, mas o seu destino é em outra localidade do país. O segundo ocorre quando há a entrada de mercadorias oriundas do exterior e que tem como destino final outra localidade do exterior. Já o terceiro está relacionado ao transporte de mercadoria nacional voltada para a exportação ou mercadoria estrangeira voltada para a reexportação. As condições gerais deste regime estão dispostas no artigo 329 do Regulamento Aduaneiro (Decreto nº 6759/09): Art. 329. Ao conceder o regime, a autoridade aduaneira sob cuja jurisdição se encontrar a mercadoria a ser transportada: I - estabelecerá a rota a ser cumprida; II - fixará os prazos para execução da operação e para comprovação da chegada da mercadoria ao destino; e III - adotará as cautelas julgadas necessárias à segurança fiscal. 1º Mesmo havendo rota legal preestabelecida, poderá ser aceita rota alternativa proposta por beneficiário. 2º O trânsito por via rodoviária será feito preferencialmente pelas vias principais, onde houver melhores condições de segurança e policiamento,

13 utilizando-se, sempre que possível, o percurso mais direto. O Regime do Entreposto Aduaneiro permite que produtos importados ou a serem exportados sejam depositados em recinto alfandegado, portos secos, instalações portuárias públicas ou privadas, com a suspensão de tributos federais. Este regime possui as modalidades de importação, de exportação, entreposto industrial e o RECOF e é normalmente utilizado para os bens que compõem exposições, feiras, convenções e congressos. O prazo máximo para a concessão do regime é de 2 anos, que, em condições específicas podem ser prorrogados por mais um ano. O Regime Aduaneiro de Entreposto Industrial sob Controle Informatizado (RECOF) permite a suspenso de tributos na importação de produtos destinados a serem incluídos na cadeia produtiva de bens que serão exportados após a sua industrialização. Uma vez apresentadas as características dos principais regimes aduaneiros vigentes no Brasil, passaremos ao estudo específico do Regime do REPETRO.

14 CAPÍTULO I O REGIME DE REPETRO O REPETRO é o Regime Aduaneiro que permite a circulação aduaneira de bens com a suspensão total dos tributos federais e a redução da base de cálculo do ICMS. Para Alexandre Barreto de Souza O Repetro é um regime aduaneiro especial, ou seja, um tratamento diferenciado concedido para a entrada ou saída de produtos do País em determinadas situações ou condições, que permite a importação de equipamentos específicos, para serem diretamente utilizados nas atividades de pesquisa e lavra das jazidas de petróleo sobre e gás natural, sem a incidência de tributos federais, quais sejam, Imposto de Importação, Imposto Sobre Produtos Industrializados e, mais recentemente, Pis-Importação e Cofins-Importação. 1 O regime é bem definido também pelo artigo 458 do Regulamento Aduaneiro, in verbis; Art. 458. O regime aduaneiro especial de exportação e de importação de bens destinados às atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo e de gás natural (Repetro) definidas no art. 6º da Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, será aplicado em conformidade com o estabelecido na legislação aduaneira e, em especial, nesta Instrução Normativa. 1 DE SOUZA, Alexandre Barreto. Repetro Sem Mistérios. 1ª ed. São Paulo: Aduaneiras, 2007. p. 13

15 O REPETRO foi originariamente instituído pelo Decreto nº 3.161/99. Contudo, esta norma foi revogada pelo Decreto nº 4.543/02, que, por sua vez foi revogado pelo Decreto nº 6.759/09, o Regulamento Aduaneiro. Também são aplicadas ao regime as normas contidas nas Instruções Normativas da Receita Federal nº 1.415/2013 e 1.361/13. Esta última de forma subsidiária. O REPETRO possui como características gerais a temporariedade, a ausência de cobertura cambial, a finalidade específica, a necessidade de garantia, a existência de termo de responsabilidade e a vinculação às modalidades definidas por lei. aduaneiro. O referido regime admite quatro formas diferentes de tratamento Inicialmente, o REPETRO admite a exportação com saída ficta do bem em duas situações distintas. A primeira está relacionada a bens produzidos no Brasil que são exportados fictamente a um adquirente no exterior e são concebidos por admissão temporária para serem utilizados no nosso país. O segundo caso está relacionado às peças de reposição para os bens admitidos na primeira condição. Estas duas modalidades do REPETRO demonstram o claro interesse da legislação em fomentar a indústria nacional. Assim define a exportação ficta o Ilustre Alexandre Barreto de Souza: A exportação com saída ficta nada mais é que a formalização da exportação de determinado bem com a conclusão do despacho de exportação e a efetiva venda

16 do equipamento à empresa sediada no exterior mediante o pagamento em moeda estrangeira de livre conversibilidade, sem que ocorra a saída física do bem do território nacional, o qual será entregue, sob o controle aduaneiro, à empresa indicada pelo comprador, e que esteja habilitada ao REPETRO. 2 Outra modalidade descrita é a importação de bens sob o regime de drawback suspensão, desde que tais bens sejam matérias primas, bens semielaborados ou partes e peças usadas na fabricação de outros bens. modalidade: O inciso III do artigo 458 do Regulamento Aduaneiro assim define esta III - importação, sob o regime de drawback, na modalidade de suspensão, de matérias-primas, de produtos semi-elaborados ou acabados e de partes ou peças para utilização na fabricação de bens a serem exportados na forma dos incisos I ou II; e Por fim, a última modalidade do REPETRO corresponde à importação de bens provenientes do exterior com a suspensão total de tributos por meio de admissão temporária. Assim descreve Alexandre Barreto de Souza: Aplicar-se-á o regime de admissão temporária, quando os bens integrantes da relação elaborada pela SRF e as 2 DE SOUZA, Alexandre Barreto. Repetro Sem Mistérios. 1ª ed. São Paulo: Aduaneiras, 2007. p.29.

17 máquinas e os equipamentos sobressalentes, as ferramentas e os aparelhos e outras partes e peças destinados a garantir a operacionalidade deles procederem diretamente do exterior. 3 Portanto, como pudemos ver, o REPETRO é uma espécie de regime aduaneiro que se utiliza de outras 3 espécies de regimes para instituir as suas regras. Contudo, este regime possuiu regras e condições próprias, dentre as quais, algumas já foram apresentadas e outras serão mais adiante. Passamos agora ao estudo da habilitação no Regime do REPETRO. 3 DE SOUZA, Alexandre Barreto. Repetro Sem Mistérios. 1ª ed. São Paulo: Aduaneiras, 2007. p.27

18 CAPÍTULO II HABILITAÇÃO NO REPETRO O Regime do REPETRO apresenta uma série de benefícios àqueles que o utilizam, todavia, para que seja possível usufruir desses benefícios é necessária uma prévia autorização da Receita Federal do Brasil, o que vai ocorrer pela habilitação do beneficiário. Para que esta habilitação seja deferida, será preciso o preenchimento de alguns requisitos. Inicialmente, a pessoa jurídica deve possuir um sistema próprio de controle informatizado do regime e da utilização dos bens admitidos, que deve permitir o livre acesso por parte da Receita Federal. O segundo requisito consiste na necessidade de a operadora ser contratada pela União sob concessão, partilha de produção, autorização ou cessão. O terceiro requisito consiste na necessidade de prévia adesão ao Domicilio Tributário Eletrônico (DTE), nos termos da IN nº 664/06. A supracitada Instrução Normativa também exige a formalização e apresentação de requerimento de habilitação no regime perante a Receita Federal. O quinto e sexto requisitos consistem na regularidade do beneficiário perante a Receita Federal e perante a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional no que tange aos tributos por elas administrados e perante o recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

19 Compreendidos os requisitos para habilitação, se faz necessário analisar os bens que podem ser admitidos no regime. A regra geral dos bens admitidos no REPETRO está constante nos 1º e 2º do artigo 458, in verbis: 1º Os bens de que trata o caput são os constantes de relação elaborada pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. 2º O regime poderá ser aplicado, ainda, às máquinas e aos equipamentos sobressalentes, às ferramentas e aos aparelhos e a outras partes e peças destinados a garantir a operacionalidade dos bens referidos no 1º. Portanto, há uma relação de bens instituída pela Receita Federal que podem ser admitidos no REPETRO, que, inclusive, estende a regra aos bens utilizados para a operacionalidade dos bens principais. Além da regra geral, existem as vedações expressas de bens ao REPETRO, como é o caso de bens como valores aduaneiros inferiores a US$ 25.000,00, que a função principal seja transporte de pessoas, gás, petróleo e outros hidrocarbonetos fluidos, assim como os bens de uso pessoal. Outros casos, como os bens que são objeto de arrendamento mercantil financeiro também não são admitidos no regime. Ademais, o uso dos bens admitidos não pode ser em locais diferentes daqueles informados nos contratos com a União Federal.

20 Existem também as situações em que as vedações são tácitas, como é o caso das atividades constantes no artigo 6 da Lei nº 9.478/97 (Lei do Petróleo) que não estejam relacionadas com pesquisa e lavra. Abaixo o artigo 6º da supramencionada lei: Art. 6 Para os fins desta Lei e de sua regulamentação, ficam estabelecidas as seguintes definições: I - Petróleo: todo e qualquer hidrocarboneto líquido em seu estado natural, a exemplo do óleo cru e condensado; II - Gás Natural ou Gás: todo hidrocarboneto que permaneça em estado gasoso nas condições atmosféricas normais, extraído diretamente a partir de reservatórios petrolíferos ou gaseíferos, incluindo gases úmidos, secos, residuais e gases raros; III - Derivados de Petróleo: produtos decorrentes da transformação do petróleo; IV - Derivados Básicos: principais derivados de petróleo, referidos no art. 177 da Constituição Federal, a serem classificados pela Agência Nacional do Petróleo; V - Refino ou Refinação: conjunto de processos destinados a transformar o petróleo em derivados de petróleo; VI - Tratamento ou Processamento de Gás Natural: conjunto de operações destinadas a permitir o seu transporte, distribuição e utilização;

21 VII - Transporte: movimentação de petróleo, seus derivados, biocombustíveis ou gás natural em meio ou percurso considerado de interesse geral; VIII - Transferência: movimentação de petróleo, seus derivados, biocombustíveis ou gás natural em meio ou percurso considerado de interesse específico e exclusivo do proprietário ou explorador das facilidades; IX - Bacia Sedimentar: depressão da crosta terrestre onde se acumulam rochas sedimentares que podem ser portadoras de petróleo ou gás, associados ou não; X - Reservatório ou Depósito: configuração geológica dotada de propriedades específicas, armazenadora de petróleo ou gás, associados ou não; XI - Jazida: reservatório ou depósito já identificado e possível de ser posto em produção; XII - Prospecto: feição geológica mapeada como resultado de estudos geofísicos e de interpretação geológica, que justificam a perfuração de poços exploratórios para a localização de petróleo ou gás natural; XIII - Bloco: parte de uma bacia sedimentar, formada por um prisma vertical de profundidade indeterminada, com superfície poligonal definida pelas coordenadas geográficas de seus vértices, onde são desenvolvidas atividades de exploração ou produção de petróleo e gás natural; XIV - Campo de Petróleo ou de Gás Natural: área produtora de petróleo ou gás natural, a partir de um reservatório contínuo ou de mais de um reservatório, a profundidades variáveis,

22 abrangendo instalações e equipamentos destinados à produção; XV - Pesquisa ou Exploração: conjunto de operações ou atividades destinadas a avaliar áreas, objetivando a descoberta e a identificação de jazidas de petróleo ou gás natural; XVI - Lavra ou Produção: conjunto de operações coordenadas de extração de petróleo ou gás natural de uma jazida e de preparo para sua movimentação; XVII - Desenvolvimento: conjunto de operações e investimentos destinados a viabilizar as atividades de produção de um campo de petróleo ou gás; XVIII - Descoberta Comercial: descoberta de petróleo ou gás natural em condições que, a preços de mercado, tornem possível o retorno dos investimentos no desenvolvimento e na produção; XIX - Indústria do Petróleo: conjunto de atividades econômicas relacionadas com a exploração, desenvolvimento, produção, refino, processamento, transporte, importação e exportação de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos e seus derivados; XX - Distribuição: atividade de comercialização por atacado com a rede varejista ou com grandes consumidores de combustíveis, lubrificantes, asfaltos e gás liquefeito envasado, exercida por empresas especializadas, na forma das leis e regulamentos aplicáveis; XXI - Revenda: atividade de venda a varejo de combustíveis, lubrificantes e gás liquefeito envasado, exercida por postos de

23 serviços ou revendedores, na forma das leis e regulamentos aplicáveis; XXII - Distribuição de Gás Canalizado: serviços locais de comercialização de gás canalizado, junto aos usuários finais, explorados com exclusividade pelos Estados, diretamente ou mediante concessão, nos termos do 2º do art. 25 da Constituição Federal; XXIII - Estocagem de Gás Natural: armazenamento de gás natural em reservatórios próprios, formações naturais ou artificiais. XXIV - Biocombustível: substância derivada de biomassa renovável, tal como biodiesel, etanol e outras substâncias estabelecidas em regulamento da ANP, que pode ser empregada diretamente ou mediante alterações em motores a combustão interna ou para outro tipo de geração de energia, podendo substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil; XXV - Biodiesel: biocombustível derivado de biomassa renovável para uso em motores a combustão interna com ignição por compressão ou, conforme regulamento, para geração de outro tipo de energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil. XXVI Indústria Petroquímica de Primeira e Segunda Geração: conjunto de indústrias que fornecem produtos petroquímicos básicos, a exemplo do eteno, do propeno e de resinas termoplásticas. XXVII - cadeia produtiva do petróleo: sistema de produção de petróleo, gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos e seus

24 derivados, incluindo a distribuição, a revenda e a estocagem, bem como o seu consumo. XXVIII - Indústria de Biocombustível: conjunto de atividades econômicas relacionadas com produção, importação, exportação, transferência, transporte, armazenagem, comercialização, distribuição, avaliação de conformidade e certificação de qualidade de biocombustíveis; XXIX - Produção de Biocombustível: conjunto de operações industriais para a transformação de biomassa renovável, de origem vegetal ou animal, em combustível; XXX - Etanol: biocombustível líquido derivado de biomassa renovável, que tem como principal componente o álcool etílico, que pode ser utilizado, diretamente ou mediante alterações, em motores a combustão interna com ignição por centelha, em outras formas de geração de energia ou em indústria petroquímica, podendo ser obtido por rotas tecnológicas distintas, conforme especificado em regulamento; e XXXI - Bioquerosene de Aviação: substância derivada de biomassa renovável que pode ser usada em turborreatores e turbopropulsores aeronáuticos ou, conforme regulamento, em outro tipo de aplicação que possa substituir parcial ou totalmente combustível de origem fóssil. A mesma situação se aplica aos bens consumíveis, que, conforme artigo 15 da IN 1415/13. No que tange a limitação da habilitação ao regime com base na operação realizada, o dispositivo supracitado especifica os critérios de concessão, quais sejam:

25 - importação em caráter temporário; - importação sem cobertura cambial; - adequação dos bens à finalidade para a qual foram importados; - utilização dos bens em conformidade com o prazo de permanência constante da concessão; e - identificação dos bens. Desta forma, nota-se que para se intentar a habilitação no regime do REPETRO é necessário que sejam atendidas inúmeras exigências, sejam com relação ao bem importado, sejam com relação ao caráter da atividade. Ademais, de forma a salvaguardar estas operações, a Receita Federal exige a apresentação de Termo de Responsabilidade e de uma modalidade garantia dos tributos suspensos ou isentos. O artigo 21 da Instrução Normativa nº 1415/13 define as modalidades de garantias idôneas ao regime. São elas: depósito em dinheiro, fiança, seguro aduaneiro, título de admissão temporária e garantia global. A referida Instrução Normativa apresenta duas situações específicas em que o Termo de Responsabilidade e a garantia serão dispensáveis, quais sejam as importações de bens que o somatório de tributos sejam inferior a R$ 100.000 ou as importações realizadas por pessoas jurídicas habilitadas ao Despacho Aduaneiro Expresso, chamado de Linha Azul. Uma vez cumpridas as referidas exigências e habilitado ao REPETRO, o beneficiário deverá cumprir o prazo do regime.

26 O prazo de habilitação está sujeito a dois critérios distintos. O primeiro é o tempo de permanência do bem no país e o segundo consiste na situação do operador. O tempo de permanência do bem no país está relacionado ao prazo constante no contrato de aluguel, arrendamento operacional, afretamento ou empréstimo, nos termos do inciso V do artigo 18 da IN 1415/13. Por outro lado, o prazo referente à situação do operador está vinculado ao tempo de contrato da autorização, cessão, concessão, partilha de produção ou relacionado à prestação do serviço. Por fim, destaca-se que o prazo de vigência do regime do REPETRO tem seu termo final em 21 de dezembro de 2020 e que os prazos anteriormente referidos podem ser prorrogados mediante regramento específico. regime. Passamos agora para o estudo do compartilhamento dos bens no

27 CAPÍTULO III BENEFICIÁRIOS E COMPARTILHAMENTO DO REGIME O Regime do REPETRO admite que os bens importados mediante este procedimento sejam compartilhados, isto é, utilizados de forma mais ampla pelo beneficiário. Isto ocorre de duas formas diferentes. A primeira delas consiste no uso desses bens pelo beneficiário na prestação de serviços relacionados a contratos diferentes, mediante comunicação da Receita Federal. Assim dispõe o artigo 28 da IN 1415, in verbis: Art. 28. Os bens relacionados no Anexo I a esta Instrução Normativa, admitidos no Repetro, poderão ser utilizados de forma compartilhada, pelo mesmo beneficiário, para atendimento a mais de um contrato de prestação de serviços com a mesma ou com outras operadoras contratantes, mediante comunicação à RFB. 1º A comunicação a que se refere o caput deverá ser apresentada no mesmo dossiê digital de atendimento em que houver sido concedida a admissão temporária do bem a ser compartilhado, acompanhada dos seguintes documentos instrutivos: I - Resumo de Contrato relativo ao novo contrato a ser atendido; e II - ADE de habilitação, quando se tratar de atendimento a outra operadora.

28 2º Deverá ser respeitado o prazo de vigência do regime concedido inicialmente. 3º A comunicação do compartilhamento deverá prever o local da utilização do bem. Muito se discute acerca da natureza desta comunicação. Seria um mero comunicado ou um requerimento? Entende-se que é uma mera comunicação, deste que o compartilhamento seja realizado em conformidade com as regras da Receita Federal, a qual poderá negar vigência a esta hipótese. A segunda forma de compartilhamento consiste na utilização dos bens admitidos sob o regime por mais de um beneficiário. Esta modalidade pode ser dividida em duas submodalidades. Uma é relacionada ao compartilhamento pelas empresas concessionárias ou autorizadas e a outra é relacionada às empresas titulares dos contratos de prestação de serviços. Na primeira hipótese há a possibilidade de as concessionárias ou autorizadas compartilharem seus bens com os seus estabelecimentos, desde que estes estejam habilitados ao REPETRO. O segundo caso é da aplicação do regime às empresas contratadas e subcontratadas. Neste segundo caso, a utilização dos bens de forma compartilhada está vinculada ao prazo do contrato estabelecido entre a concessionária/autorizada e a contratada ou subcontratada, o qual deve ser de

29 período inferior ao contrato firmado entre a concessionária/autorizada e a União Federal. Esta exigência decorre da necessidade de o Termo de Responsabilidade alcançar os limites de ambos os contratos, estendendo também a garantia nele apresentado. Assim afirma o autor Alexandre Barreto de Souza: Com relação às empresas contratadas pelas concessionárias ou autorizadas, o compartilhamento ocorrerá na prestação de serviço contratados com outras concessionárias ou autorizadas diferentes daquelas que motivaram a concessão original. Para estes casos a utilização está condicionada ao prazo do novo contrato, que deverá ser inferior ao do contrato inicial, desde que este não possua clausula que vede a possibilidade de utilização dos bens em outro contrato ou empresa. Esta questão do novo prazo contratual ter duração inferior ao original é importante para que a garantia apresentada no TR não expire enquanto o bem estiver operando fora das condições da concessão originária. 4 Em todas estas situações há a necessidade de comunicação prévia da Receita Federal do Brasil, juntamente com a apresentação da documentação que comprova a habilitação das empresas. Frisa-se que a Receita Federal deve se manifestar acerca da comunicação. 4 DE SOUZA, Alexandre Barreto. Repetro Sem Mistérios. 1ª ed. São Paulo: Aduaneiras, 2007. p.43

30 Portanto, todas estas formas de compartilhamento são possíveis, contudo, é preciso que todas as empresas vinculadas estejam em acordo com as normas exigidas pela Receita Federal para a habilitação no regime. Situação semelhante ocorre quando há a transferência de bens acessórios de um bem principal a outro. Para tanto é necessário que os bens envolvidos estejam admitidos sob o REPETRO e que a admissão tenha sido realizada pelo mesmo beneficiário. Neste caso, portanto, não poderá haver a transferência de bens entre empresas contratantes e contratadas ou subcontratadas e, até mesmo, os estabelecimentos das empresas concessionárias/autorizadas. Esta é a redação do artigo 29 da IN 1415: Art. 29. Os bens referidos no inciso II do caput do art. 3º, mediante comunicação à RFB, poderão ser transferidos para vinculação a bem principal diverso do qual foram originalmente admitidos, desde que este também esteja sob vigência do Repetro e tenha sido admitido pelo mesmo beneficiário. 1º A comunicação de transferência dos bens a que se refere o caput deverá ser apresentada no mesmo dossiê digital de atendimento em que houver sido concedida a admissão temporária do bem a ser transferido, e será instruída com documento de renovação, substituição ou complementação da garantia, quando exigível. 2º No caso de transferência de bem de inventário de uma embarcação ou plataforma para incorporação a outra, o beneficiário deverá informar também os dados da nova embarcação ou plataforma a que o bem se vinculará.

31 3º A comunicação de transferência de bem referida no caput deve ser formalizada antes da sua movimentação, sem prejuízo do registro dos dados no sistema informatizado de controle de que trata o art. 7º. 4º O regime aplicado aos bens transferidos terá o mesmo prazo de vigência concedido ao novo bem principal ao qual se vincularem. Ainda nesta hipótese de compartilhamento de bens, é possível que haja a transferência da admissão do bem, isto é, a substituição do beneficiário do regime para um bem específico. Neste caso, deverá ser realizada uma nova admissão, como se esta fosse a primeira, com apresentação de requerimento e das demais exigências feitas pela Receita Federal do Brasil. Sendo assim, o novo beneficiário deve requerer a admissão do bem e cumprir com os procedimentos. Uma vez desembaraçada a nova Declaração de Importação, o antigo beneficiário poderá requerer a extinção do regime e a baixa do TR. Portanto, como pudemos notar, é possível a transferência do uso dos bens principais admitidos o REPETRO por empresas contratas, subcontratadas, estabelecimentos próprios, todavia, se faz necessário preencher alguns requisitos exigidos pela Receita Federal. A exceção é aplicada aos bens acessórios a bens principais admitidos, que só podem ser compartilhados pelo mesmo beneficiário em contratos diferentes. Ultrapassadas tais questões, passamos para a análise da extinção do regime e do descumprimento das suas normas.

32 CAPÍTULO IV DESCUMPRIMENTO E EXTINÇÃO DO REGIME O Regime do REPETRO, por instituir requisitos específicos e rigorosos para os beneficiários, estabelece também normas rígidas para as situações de descumprimento das suas regras. Para tanto existem normas sancionatórias de caráter administrativo e de caráter tributário especificamente para descumprimento das regras deste regime. No âmbito da natureza administrativa das penalidades encontramos três tipos: a advertência, a suspensão e o cancelamento/cassação. A advertência será aplicada às situações de descumprimento menos gravosas, como é o caso da hipótese explicitada no inciso I do artigo 735 do Regulamento Aduaneiro: Art. 735. Os intervenientes nas operações de comércio exterior ficam sujeitos às seguintes sanções: I - advertência, na hipótese de: (...) i) descumprimento de requisito, condição ou norma operacional para habilitar-se ou utilizar regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais, ou para habilitar-se ou manter recintos nos quais tais regimes sejam aplicados;

33 i1) descumprimento de requisito, condição ou norma operacional para executar atividades de movimentação e armazenagem de mercadorias sob controle aduaneiro, e serviços conexos; i2) descumprimento de condição estabelecida para utilização de procedimento aduaneiro simplificado. Por outro lado, as suspensões ocorrem por descumprimentos um pouco mais gravosos, como nos casos de reincidência de advertência, e tem um período limite de até 12 meses de aplicação da penalidade. Por fim, os cancelamentos ou cassações ocorrem em decorrência de condutas graves por parte dos beneficiários que importem em penalidades sucessivas, conforme dispõe a alínea a do inciso III do artigo 735 do Regulamento Aduaneiro, in verbis: III - cancelamento ou cassação do registro, licença, autorização, credenciamento ou habilitação para utilização de regime aduaneiro ou de procedimento simplificado, exercício de atividades relacionadas com o despacho aduaneiro, ou com a movimentação e armazenagem de mercadorias sob controle aduaneiro, e serviços conexos, na hipótese de: a) acúmulo, em período de três anos, de suspensão cujo prazo total supere doze meses; No âmbito das sanções tributárias, foi estabelecido que nos casos de descumprimento do regime aduaneiro, do beneficiário será exigido o pagamento dos tributos suspensos, acrescido de multa e juros de mora, além

34 de outras penalidades especificas, conforme artigo 311 do Regulamento Aduaneiro. De forma mais específica, o artigo 33 da IN 1415/13, fazendo uma remissão ao artigo 72 da Lei 10.833/03, determina que, sobre os atos de descumprimento do regime, serão aplicadas multas de 10% sobre o valor aduaneiro da mercadoria admitida no regime. O artigo 31 da IN 1361/13 também determina a incidência dos tributos suspensos, de multa e de juros de mora. Além dessas, há a previsão de multa estabelecida pelo artigo728 do Regulamento Aduaneiro: Art. 728. Aplicam-se ainda as seguintes multas (...) VII - de R$ 1.000,00 (mil reais): (...) d) por dia, pelo descumprimento de requisito, condição ou norma operacional para habilitar-se ou utilizar regime aduaneiro especial ou aplicado em áreas especiais, ou para habilitar-se ou manter recintos nos quais tais regimes sejam aplicados, exceto os requisitos técnicos e operacionais referidos no art. 13-A; Nota-se que a aplicação das penalidades de cassação ou cancelamento do regime implicam, necessariamente, na sua extinção.

35 O artigo 25 da IN 1415/13 apresenta as modalidades de extinção do regime do REPETRO, podendo haver a reexportação do bem admitido, a entrega do bem à Receita Federal, caso esta tenha interesse e não tenha nenhum prejuízo, a destruição do bem, mediante controle da Receita Federal, a inclusão do bem em outro regime aduaneiro ou o despacho para consumo do bem, com a incidência dos encargos tributários. Diante do que foi apresentado, percebe-se que se faz necessário um controle rigoroso sobre os procedimentos no regime aduaneiro por parte do beneficiário, haja vista que as penalidades são rígidas e podem importar em prejuízos relevantes.

36 CONCLUSÃO Diante do que verificamos, a aplicação do regime do REPETRO a empresas contratadas e subcontratadas geram inúmeras dúvidas e receios por parte das empresas concessionárias e autorizadas. O cenário fica ainda mais crítico quando se analisa as hipóteses de descumprimento do regime aduaneiro e as penalidades aplicadas, que são extremamente rígidas. Desta forma, qualquer equívoco pode gerar inúmeros prejuízos às empresas autorizadas ou concessionárias. Diante da análise dos regramentos gerais e das normas de habilitação ao regime foi possível perceber as diretrizes que a Receita Federal estabelece. Mediante a análise das regras específicas sobre o compartilhamento de bens admitidos, pudemos observar que o compartilhamento dos bens é autorizado pela Receita Federal, desde que preenchidos uma série de requisitos. Contudo, os bens compartilhados devem ser principais, não sendo permitido o compartilhamento de bens acessórios. Após tais conclusões, avaliamos as situações de descumprimento do regime, as penalidades aplicadas e as formas e extinção do regime, as quais podem derivar de erros cometidos no compartilhamento. Desta forma, o compartilhamento com as empresas contratadas e subcontratadas é permitido, mediante regras especificas da Receita Federal.

37 BIBLIOGRAFIA ALEXANDRE, Ricardo. Direito Tributário Esquematizado. 6ª ed. São Paulo: Editora Método, 2012. AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 11ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2005. COÊLHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de Direito Tributário Brasileiro. 9ªed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2006. MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 28ª ed. São Paulo: Malheiros Editores, 2007. PAULSEN, Leandro. Direito Tributário. Constituição e Código Tributário à Luz da Doutrina e da Jurisprudência. 10ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2008. DE SOUZA, Alexandre Barreto. Repetro Sem Mistérios. 1ª ed. São Paulo: Aduaneiras, 2007. RIBEIRO, Marilda Rosado. Direito do Petróleo. 2ª ed. São Paulo: Renovar, 2003. WERNECK, Paulo. Comercio Exterior e Despacho Aduaneiro, 4ª Edição - Revista e Atualizada. São Paulo: Ed. Juruá Saraiva, 2007. Sites http://idg.receita.fazenda.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais/repetro/topicos/ beneficiarios-do-repetro

38 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I O REGIME DE REPETRO 14 CAPÍTULO II HABILITAÇÃO NO REGIME 18 CAPÍTULO III BENEFICIÁRIOS E COMPARTILHAMENTO 27 CAPÍTULO IV DESCUMPRIMENTO E EXTINÇÃO DO REGIME 32 CONCLUSÃO 36 BIBLIOGRAFIA 37 ÍNDICE 38