DIVERSIDADE GENÉTICA ENTRE GENÓTIPOS DE FEIJOEIRO (Phaseolus vulgaris L.) DA COMUNIDADE FORTALEZA NO MUNICÍPIO DE MUQUI - ESPÍRITO SANTO

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Transcrição:

DIVERSIDADE GENÉTICA ENTRE GENÓTIPOS DE FEIJOEIRO (Phaseolus vulgaris L.) DA COMUNIDADE FORTALEZA NO MUNICÍPIO DE MUQUI - ESPÍRITO SANTO Franciele Barros de Souza 1, Pablo Diego Silva Cabral 2, Diogo Souza Alves 1, Fábio Demolinari de Miranda 1, Andreia Barcelos Passos Lima 1, Taís Cristina Bastos Soares 1 1 Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Ciências Agrárias, UFES. Alto Universitário, s/nº Alegre, ES 29.500-000, tcbsoares@yahoo.com.br 2 Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro/ Doutorando em Genética e Melhoramento de Plantas, Campos dos Goytacazes, RJ, Brazil, pablodscabral@hotmail.com Resumo- O gênero Phaseolus possui cerca de 55 espécies, sendo o feijão-comum Phaseolus vulgaris L, o mais importante, por ser a espécie cultivada mais antiga e por ser fonte de abastecimento alimentar do mundo. Em virtude da grande importância alimentar e econômica do feijoeiro, muitos estudos tem sido realizado para caracterização de genótipos por meio de marcadores moleculares. A técnica de ISSR (Inter Simple Sequence Repeat) tem sido amplamente utilizada nestes estudos. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi analisar a diversidade genética de genótipos de feijoeiro do sul do Espírito Santo, comparando os genótipos locais, com genótipos da EMBRAPA-TRIGO (sul do Brasil) e genótipos comerciais, utilizando marcadores moleculares ISSR. Foi encontrada uma dissimilaridade média correspondente a 0,44, indicando a existência de uma ampla variabilidade genética entre alguns genótipos estudados. O cultivar Pérola apresentou a maior média de dissimilaridade (0,76) em relação aos outros e por isso pode ser recomendado para armazenamento em bancos de germoplasma. Além disso, foi possível indicar o genótipo Fortaleza 26 como promissor para estudos de características morfoagronômicas. Palavras-chave: Feijoeiro, Dissimilaridade genética, Marcador ISSR, Variabilidade. Área do Conhecimento: Agronomia/Fitotecnia/Melhoramento Vegetal. Introdução A história de domesticação do feijoeiro é explicada por diversas hipóteses e origens, atualmente a mais aceita é que existem três centros primários de diversidade genética, o Mesoamericano, sul e norte dos Andes, como também vários outros centros secundários (BORÉM et al., 2006; EMBRAPA, 2010) O feijão pertence à classe Dicotyledoneae e está incluído dentro da família Leguminosae que possui mais de 600 gêneros, reunindo mais de 13000 espécies (JOLY, 2005). O gênero Phaseolus possui cerca de 55 espécies, das quais cinco são cultivadas: P. vulgaris L., P. lunatus L., P. coccineus L., P. acutifolus A. Gray var. latifolius Freeman e P. polyanthus Greenman (DEBOUCK, 1993). Entre elas, o feijão-comum Phaseolus vulgaris L é o mais importante, por ser a espécie cultivada mais antiga e por ser fonte de abastecimento alimentar do mundo, especialmente nos países em desenvolvimento, em termos de alimentação energética, bem como nutrientes (BORÉM, et al., 2006). Em virtude da grande importância alimentar e econômica do feijoeiro, muitos estudos tem sido realizado para caracterização de genótipos por meio de marcadores moleculares. Esta prática tem-se tornado cada vez maior e tem auxiliado no mapeamento genético, distinção entre espécies de plantas, no estudo da quantidade de variação no germoplasma de plantas e comparações entre diferentes acessos (FORT-LLOYD et al., 1994). A natureza poligênica dos caracteres de importância agronômica e a interação genótipoambiente constituem um dos maiores desafios para análise de diversidade entre genótipos e para o processo de seleção em um programa de melhoramento (BORÉM; CAIXETA, 2006). Sendo assim, a utilização de marcadores moleculares permite a identificação e seleção de indivíduos baseada diretamente no genótipo, o que resulta em maior eficiência para ganhos genéticos (LOPES, 2007). Diversos métodos de análise molecular são empregados em estudos de variabilidade em plantas, visando identificar e determinar relações entre espécies e cultivares. A técnica de ISSR (ZIETKIEWICZ et al., 1994) tem sido amplamente utilizada nestes estudos por ser um procedimento simples, eficiente, possuir alta reprodutibilidade e gerar altos índices de polimorfismo (REDDY et al., 2002). Desta forma, o objetivo deste trabalho foi analisar a diversidade genética de genótipos de feijoeiro do sul do Espírito Santo, comparando os genótipos locais, com genótipos da EMBRAPA- 1

TRIGO (sul do Brasil) e genótipos comerciais, utilizando marcadores moleculares ISSR. Metodologia Neste experimento foram utilizados 57 genótipos de feijoeiro (Tabela 1), sendo 20 fornecidos pela EMBRAPA-TRIGO, 31 obtidos de pequenos produtores da comunidade Fortaleza (Muqui-ES), e 6 cultivares comerciais como referência: Carioca, Serrano, IAPAR 31, IAPAR 44, IAPAR 81 e Pérola. Cada genótipo foi plantado em copos descartáveis e acondicionado na casa de vegetação do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo com temperatura de 27º C e 10% de umidade até o crescimento foliar (10 dias). Tabela 1 - Identificação e origem dos genótipos utilizados para análise de diversidade genética. Identificação Origem Identificação Origem Pérola Comercial F33 Local F2 Local F34 Local F3 Local F35 Local F5 Local F36 Local F6 Local F37 Local F7 Local F38 Local F8 Local E 01 EMBRAPA F9 Local E 02 EMBRAPA F10 Local E 03 EMBRAPA F11 Local E 04 EMBRAPA F13 Local Iapar 31 Comercial F14 Local E 06 EMBRAPA F15 Local E 07 EMBRAPA F16 Local E 08 EMBRAPA F17 Local E 09 EMBRAPA F18 Local E 10 EMBRAPA F19 Local E 11 EMBRAPA F20 Local E 12 EMBRAPA F21 Local E 13 EMBRAPA F23 Local E 14 EMBRAPA F24 Local E 15 EMBRAPA F25 Local E 16 EMBRAPA F26 Local E 17 EMBRAPA Iapar 81 Comercial E 18 EMBRAPA F28 Local E 19 EMBRAPA Carioca Comercial Iapar 44 Comercial Serrano Comercial E 21 EMBRAPA F31 Local E 22 EMBRAPA F32 Local As folhas de cada planta foram coletadas, identificadas e posteriormente foi realizada a extração de DNA, segundo protocolo de Doyle e Doyle (1990), com algumas modificações propostas por Abdelnoor et al. (1995). As amostras de DNA dos cultivares foram amplificadas pela técnica de ISSR, de acordo com Svetleva et al. (2006). Foram utilizados 11 primers (Tabela 2) selecionados de acordo com a literatura dentre aqueles que apresentaram maior polimorfismo para feijoeiro. Tabela 2 - Primers ISSR utilizados nas análises de diversidade genética. Primer Seqüência no sentido 5'3' UBC841 GAGAGAGAGAGAGAGAYC UBC843 CTCTCTCTCTCTCTCTRA UBC854 TCTCTCTCTCTCTCTCRG UBC855 ACACACACACACACACYT UBC857 ACACACACACACACACYG UBC859 TGTGTGTGTGTGTGTGRC UBC880 GGAGAGGAGAGGAGA 808 AGAGAGAGAGAGAGAGC 810 GAGAGAGAGAGAGAGAT 834 AGAGAGAGAGAGAGAGYT 890 VHVGTGTGTGTGTGTGT O registro de dados moleculares foi feito a partir das bandas polimórficas detectadas entre os cultivares. Assim, foi gerada uma matriz de valores binários, onde a codificação (0) significará ausência e (1) presença da banda. As estimativas de dissimilaridade genética (dij) foram feitas de acordo com o complemento aritmético do coeficiente de Jaccard (1901). Os valores de dissimilaridade genética foram organizados em matrizes para serem empregadas na análise de agrupamento pela ligação média entre grupos (UPGMA). As análises de divergência genética e de agrupamento foram realizadas com o auxílio do programa Genes (CRUZ, 2008). Resultados Os marcadores moleculares ISSR foram bastante eficientes para o estudo da diversidade genética em feijoeiro. Os 11 primers utilizados produziram 51 bandas, destas 39 foram polimórficas, com média de 3,5 bandas polimórficas por primer, correspondendo a 76,4% de polimorfismo. Houve variações de polimorfismo em cada primer: o primer 834 foi o mais polimórfico (seis bandas) e os primers 890 e UBC880 os menos polimórficos com duas bandas (Tabela 3). 2

Tabela 3: Polimorfismo e número de bandas apresentado pelos primers ISSR utilizados para análise. Primer Números de bandas Número de bandas polimórficas UBC841 5 3 UBC843 5 3 UBC854 5 4 UBC855 4 4 UBC857 4 3 UBC859 4 3 UBC880 3 2 808 6 5 810 6 4 834 7 6 890 2 2 Total 51 39 As distâncias genéticas entre os 57 genótipos foram analisadas através da matriz de dissimilaridade produzida pelo complemento de coeficiente de Jaccard, apresentando uma distribuição bastante desuniforme, variando 0,00 a 1,0, com média de 0,44. Foi observada uma concentração no intervalo de 0,2 a 0,69, correspondendo a mais de 86% da dissimilaridade total observada. A classe que compreende de 0,5 a 0,59 apresentou a maior frequência da dissimilaridade com 23,37% do total (Figura 1). Os genótipos E22 e F07 juntamente com F16 e E19 apresentaram a menor dissimilaridade entre os pares 0,0. A maior distância genética (1,0) foi encontrada entre F16 e outros três genótipos, Pérola, F08 e F13. A cultivar Pérola apresentou a maior média de dissimilaridade, 0,76, demonstrando que esta cultivar tem uma alta divergência em relação aos outros genótipos em estudo (Figura 1). Como observado no dendograma, os 57 genótipos foram distribuídos em 11 grupos (Tabela 4) de acordo com a distância genética entre eles. Figura 1 Dendrograma obtido através de marcadores ISSRs com o complemento do coeficiente de similaridade de Jaccard e pelo método de agrupamento UPGMA, dos 57 genótipos de feijão comum; linha pontilhada: corte no dendrograma em aproximadamente 50%; G 1 a G 11 são os 11 grupos formados. Tabela 4 Agrupamento dos 57 genótipos de feijoeiro a partir do dendrograma obtido através de marcadores ISSR com o complemento do coeficiente de similaridade de Jaccard e pelo método de agrupamento UPGMA. Grupo Genótipos G1 G2 G3 G4 G5 G6 F07, E22 e E07 F16, E19, E14, E16, E09, E15 e E08 F03 e F11 E01, E02 e E03 F13, E18 e F17 Iapar 44, E21, F19, F36, F05, E12, F26, Iapar 81, F28, F38, F37, F23, F24, Serrano, F21, Carioca, F15, F18, F20, E04, E11, Iapar 31, E07, E10, E17, F25, F06, F24 e F10 G7 G8 G9 G10 G11 F35 F02 E13 F08, F33, F09, F34, F31 e F32 Pérola 3

Discussão Como apresentado nos resultados, a partir dos 11 primers utilizados foi obtido um total de 76,4% de polimorfismo e 23,6% de bandas polimórficas, com uma média de 3,5 bandas polimórficas por primer. Resultados semelhantes foram observados por Carvalho et al. (2008), onde foram utilizados 21 iniciadores ISSR na análise de diversidade, obtendo 96 bandas polimórficas, com média de 4,6 bandas por primer. Yong-Cui et al. (2005) trabalhando com cevada em análises com ISSR, identificaram um total de 107 bandas, sendo 105 bandas polimórficas (98,13%), com 5,94 bandas por primer. Muthusamy et al. (2008) utilizaram 37 primers ISSR em análise de diversidade de feijoeiro e obtiveram 479 bandas das quais 296 foram polimórficas, correspondendo a 61,79% de polimorfismo. Analisando o dendograma da Figura 1 nota-se que a técnica de ISSR possibilitou a distinção e agrupamento dos genótipos. Paula et al. (2007) estudando a variabilidade genética em oliveira através dos marcadores ISSR e RAPD, destacaram que essas técnicas permitiram identificar individualmente todos os cultivares de oliveira estudados. Acampora et al. (2007), estudando a variação do germoplasma Italiano de P. coccineus L. com marcadores ISSR, RAPD e ETs (regiões de éxon) demonstraram que o ISSR foi o mais eficiente na separação dos grupos de acordo com suas origens e distinção entre os genótipos. Os agrupamentos apresentados na Figura 1 evidenciam uma média de dissimilaridade correspondendo a 0,44, indicando a existência de uma ampla variabilidade genética entre alguns genótipos estudados, principalmente aqueles com dissimilaridade entre 0,5 a 0,59, que possuem a maior frequência da dissimilaridade total. Entre estes genótipos destaca-se o F16, que possui a maior distância genética (1,0) quando comparado aos genótipos Pérola, F08 e F13. A ampla variação de dissimilaridade encontrada é muito importante, pois sugere a existência de genótipos mais divergentes na região sul do Espírito Santo. O genótipo comercial Pérola obteve a maior média de dissimilaridade (0,76) em relação aos demais (Figura 1). Esta constatação fornece informações relevantes para a agricultura, pois indica que mesmo sendo comercial este genótipo possui características genéticas próprias, podendo contribuir para o aumento da heterose entre as variedades em programas de melhoramento. Fikiru et al. (2007) ao estudarem a diversidade genética e estrutura populacional de lentilha, relataram que genótipos com maiores distâncias genéticas possuem boas implicações para conservação futura em bancos de germoplasma. Franco et al. (2001) estudando a diversidade em P. vulgaris, relataram que a identificação de cultivares com máxima variabilidade genética é importante para a ocorrência de maior segregação entre os descendentes. Neste estudo, além da constatação de alguns genótipos com maior variabilidade, observou-se também a existência de alguns genótipos que possuem pequenas distâncias genéticas (Figura 1, Tabela 4). As cultivares comerciais e os pares de genótipos E22-F07, F16-E19, F26-IAPAR 81 e F28-F38 (apresentaram a dissimilaridade igual a 0,0) tiveram maior destaque. Emygdio et al. (2003) trabalhando na comparação entre cultivares locais e comerciais de feijoeiro através de marcadores RAPD, destacaram que os genótipos comerciais apresentaram distâncias genéticas pequenas, pertencendo a um mesmo grupo dentro do dendograma, como visto no presente estudo. Os autores relataram que esta constatação pode ser devido à estreita base genética na qual foram gerados. A Tabela 5 mostra a relação de dissimilaridade dos genótipos comerciais, locais e os da EMBRAPA, enfatizando os genótipos que apresentaram as menores distâncias genéticas. Vários genótipos apresentaram alta similaridade, quando comparados aos comerciais, como observando entre Fortaleza 26 e Iapar 81 (distância igual 0,00). Esta análise demonstra a existência de genótipos promissores para estudos de características morfoagronômicas, podendo assim avaliar o seu potencial de produção na agricultura, relacionando com características importantes das cultivares comerciais. Souza et al. (2009) submeteram genótipos de feijoeiro em análises de divergência genética e compararam genótipos comerciais com locais utilizando marcadores RAPD. Os autores indicaram dois genótipos que podem ser promissores para o cultivo na região sul do Espírito Santo. 4

Tabela 5: Distância Genética entre Genótipos comerciais, da comunidade Fortaleza e EMBRAPA obtidos através de marcadores ISSR com o complemento do coeficiente de similaridade de Jaccard Conclusão Os marcadores moleculares ISSR possibilitaram a avaliação da diversidade genética entre genótipos de P. vulgaris indicando genótipos promissores para estudos de características morfoagronômicas (Fortaleza 26); Existe uma ampla variabilidade genética entre alguns genótipos estudados, destacando-se o F16, que possuiu a maior distância genética (1,0) quando comparado com Pérola, F08 e F13; O genótipo Pérola apresentou a maior média de dissimilaridade (0,76) em relação aos demais genótipo estudado, sendo por isso, recomendado para armazenamento em bancos de germoplasma; Foi constatada alta similaridade entre alguns genótipos, principalmente entre aqueles pertencentes à mesma região e entre os comerciais. Referências Genótipos Distâncias Genéticas IAPAR 81-F15-F21- F23 0,15 F07- E22 0,00 IAPAR 81-F26 0,00 E4-E11 0,08 Carioca-F19-F24 0,12 F28-F38 0,00 Carioca-F21 0,04 E1-E2 0,09 F20-F21 0,10 F24-F23 0,04 Serrano-F24 0,08 E19-F16 0,14 E11-E15-F24 0,12 - ABDELNOOR, R. V.; BARROS, E.G.; MOREIRA, M.A. Determination of genetic diversity within Brazilian soybean germplasm using random amplified polimorphic DNA techniques and comparative analysis with pedigree. Revista Brasileira de Genética, v. 18, p.265-273, 1995. - ACAMPORA, A. et al. Pattern of variation for seed size traits and molecular markers in Italian germplasm of Phaseolus coccineus L. Euphytica, Italy, v. 157, p. 69 82, mar. 2007. - BORÉM, A.; CAIXETA, E. T. Marcadores Moleculares. Viçosa, MG: UFV, 2006, 374 p. - BORÉM, A.; VIEIRA, C.; PAULA JÚNIOR, T. J. (Ed.). Feijão. 2. ed. atual. Viçosa, MG: UFV, 2006. 600 p. - CARVALHO, M. F. Caracterização da diversidade genética entre acessos crioulos de feijão (Phaseolus vulgaris L.) coletados em Santa Catarina por marcadores RAPD. Ciência Rural, Santa Maria, v.38, n.6, p. 1522-1528, jan. 2008. - CRUZ, C. D. Programa Genes versão Windows. Ed. UFV. Viçosa, MG. 278 p. 2008. - DEBOUCK, D. Systematics and morphology. In: SCHOONHOVEN, A. van and VOYSESR, O. (eds.). Common beans Research for crop improvement. Cali, CAB International, CIAT, p. 55-118, 1993. - DOYLE, J. J.; DOYLE, J. L. Isolation of plant DNA from fresh tissue. Focus, v. 12, p. 13-15, 1990. - EMBRAPA. Arroz e feijão. Origem e História do feijão. Disponível em: <http://www.cnpaf.embrapa.br/feijao/historia.htm>. Acesso em: 29 abr. 2010. - EMYGDIO, B. M. Diversidade genética em cultivares locais e comerciais de feijão baseada em marcadores RAPD. Pesquisa agropecuária brasileira, Brasília, v. 38, n. 10, p. 1165-1171, out. 2003. - FIKIRU, E.; TESFAYE, K.; BEKELE, E. Genetic diversity and population structure of Ethiopian lentil (Lens culinaris Medikus) landraces as revealed by ISSR marker. African Journal of Biotechnology, Ethiopia, v. 6, n. 12, p. 1460-1468, may. 2007. - FORT-LLOYD, B. V. et al. The use of RAPD for identifying and classifying Musa germaplasm. Genome, Edgbaston, v 37, n. 2, p. 328-332, abr. 1994. - FRANCO, M. C. et al. Caracterização da diversidade genética em feijão por meio de marcadores RAPD. Pesquisa agropecuária brasileira, Brasília, v. 36, n. 2, p. 381-385, fev. 2001. - JACCARD, P. 1901. Ètude comparative de la distribution florale dans une portion des Alpes et des Jura Bull. Society Vaudoise Scientific Nature, v. 37, p. 547-579. 5

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