Educação Ambiental e o Desenvolvimento do Cidadão ELIAS, Silvia Ao se observar a necessidade da Educação Ambiental, usá-la como processo de transformação de valores, cidadania devemos nos orientar por documentos, experiências e a própria rotina do cotidiano escolar (Chinen,1996; Crisóstomo,1997; Lima,2002; Marteleto,2002),além dos projetos do governo para manter os profissionais de educação em sintonia com novas metodologias, tecnologias para garantir uma melhor performance desses profissionais (Teia do Saber, Redeform). Nas escolas públicas de ensino fundamental, aplicam-se leis, normas e regras oriundas de instancias superiores, mas nem sempre de forma coerente, completa a ponto de se tornarem eficientes, e muitas vezes há um desencontro de objetivos. Para mudanças sobre o novo modo de olhar o mundo, obter novas atitudes, novos pensamentos, temos um processo lento e complexo, e usar o cotidiano desses alunos para tentar a mudança dessa realidade, temos a leitura de vários autores, documentos e teses que comprovam a necessidade da Educação Ambiental nos níveis de escolas fundamental e médio. Justificativa Para conhecermos a evolução do pensamento ambiental, precisamos retornar ás suas origens. Salientado que a preocupação ambiental nasceu ligada á área de Ciências Naturais, sendo considerado o lócus acadêmico de uma nova área do conhecimento a Ecologia surgiu da preocupação, aos efeitos nocivos ao meio ambiente mais evidente como resultado da Revolução Industrial, e o pensamento conservacionista foi à tônica dessa nova área. Então, segundo Pádua (1998), a Ecologia Natural, uma das primeiras a surgir, é a área do pensamento ecológico que se dedica a estudar o funcionamento dos sistemas naturais, procurando entender as leis que regem a dinâmica da natureza. Destaca-se a importância do pensamento conservacionista, que se originaram nos efeitos da ação do homem sobre o meio ambiente, e a ênfase está na questão econômica que refletem as questões capitalistas nas suas formas de reprodução. Reconhecendo a Educação como um forte componente político, o conceito de Educação Ambiental, bem como as suas formas de inserção curricular, foram se modificando ao longo do tempo. E os movimentos ambientalistas, procuravam através da Educação Ambiental, envolver os cidadãos em ações ambientalmente corretas, objetivando a conservação da natureza. Percebe-se
atualmente, a necessidade de ampliar esses aspectos, e também gerar o desenvolvimento do pensamento crítico, além do meio natural; visando a trajetória do homem, nos aspectos, social, cultural e político. E na política publica do sistema de ensino, essa legitimação é feita a partir da Lei nº 9.795, de 28 de abril de 1999, que dispõe sobre a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), onde se determina a inclusão da Educação Ambiental de modo organizado e oficial no sistema escolar brasileiro. E como resultado de discussões sobre reformas curriculares, iniciadas nos anos 80,os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), destacam a importância do envolvimento da sociedade na rotina escolar, com a expectativa de despertar o exercício da cidadania, além da articulação entre as diferentes instâncias de governo. E na necessidade de uma reorganização dos componentes curriculares, assim com da própria escola, em todos os níveis de ensino, que praticando divisões disciplinares, impossibilitam o educando de relacionar estas disciplinas com seu cotidiano. Dada a importância desse novo projeto educativo, no âmbito escolar, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), coloca como uma das competências dos estabelecimentos de ensino a elaboração e execução de sua proposta pedagógica com a participação dos profissionais da educação: O Projeto Político-pedagógico. O PPP, ou mesmo a própria decisão do grupo de iniciá-lo, é o marco da mudança da escola no sentido da construção da autonomia, da cidadania e, sobretudo, da construção de condições que possibilitem a transição da ordem autoritária para a ordem democrática. Apresentam-se então, alguns temas sociais, denominados temas transversais, sendo esses os escolhidos: meio ambiente, ética, pluralidade, orientação sexual, trabalho e consumo, onde encontramos educação ambiental, termo carregado de amplo aspecto de concepções, sendo indicado para essa transformação de antes, somente aluno para aluno-cidadão. Esses alunos, sendo levados a se tornarem cidadãos, devem ter clareza e discernimento entre fatos, informações, e deverão ser participativos, capazes de tomarem decisões que se relacionam com sua vida, e para isso, deverão ter espírito crítico, participativo, e competências como: consciência da necessidade de seu desenvolvimento pessoal, de suas relações sociais, saber expressar seus julgamentos de valores, reconhecerem decisões pessoais e coletivas, entender e saber conviver numa cidade pluralista, entender e aceitar diferentes opiniões, então tornar-se cidadão. Mas, será que os princípios, sugestões e métodos preconizados pelos PCNs contribuirão para a função educativa da escola, compreendidos desta forma? E ainda esse documento afirma:
quando bem realizada, a Educação Ambiental leva a mudanças de comportamento pessoal e a atitudes e valores de cidadania que podem ter fortes conseqüências sociais.(pág. 27). Segundo Leff (1998), o pensamento conservador ambiental como único caminho está alicerçado em uma inculcação ideológica que ele chama de racionalidade instrumental. Então, o discurso dominante procura consolidar um consenso em torno da noção de sustentabilidade como forma de preservação da ordem estabelecida. E para Sachs (2004), na prática do eco desenvolvimento, têm se a necessidade da constituição de três pilares: a eficiência econômica, a justiça social e a prudência ecológica. Esses pilares certamente não estão presentes na sustentação do atual modelo de desenvolvimento. Metodologia Conhecendo-se atualmente inúmeros estudos que se observam as sucessivas mutações educacionais, enfatizam essas novas concepções de educação, educador e educando, balizando nos PCN s, incluem o estudo da interdisciplinaridade e metodologias de projetos. Para Antunes (1995), as demandas urgentes que surgem no âmbito do dia-a-dia não encontram repostas digeríveis na produção acadêmica (lócus acadêmico). Então, para esse autor, existem fortes evidencias de que a dificuldade observada nos campos acadêmicos e profissionais tem na sua base uma formação acadêmica ainda centrada nas contribuições individuais das disciplinas. A epistemologia da educação na transição de paradigmas vem se construindo sobre a polêmica de organização disciplinar e organização transdisciplinar, do sujeito (individual e coletivo) e da consciência, da opressão e da libertação, da igualdade e da diversidade, sob a polêmica da razão e da emoção. As teorias educacionais, em geral, com escolhas diferentes, têm em comum a idéia de que conhecimentos são instrumentos de libertação- ou repressão-, de desenvolvimento e de autonomia- ou da alienação. O desenvolvimento humano, preocupação fundamental da educação, na perspectiva nacionalista, é universal, abstratamente definida e generalizada. A construção de novos paradigmas educacionais exige a redefinição dessa questão resgatando o caráter contextual e histórico do sujeito. A crise e a emergência de paradigmas obrigam o repensar da educação ambiental para além da racionalidade instrumental e do desenvolvimento do capitalismo. Se a educação pós-
moderna coloca necessidade de reconhecer as diferenças, a educação ambiental coloca a necessidade de ampliar o dialogo entre o homem e a natureza e entre os homens entre si. As promessas de bem estar econômico e social não se concretizam, a relação equilibrada entre homem e a natureza se quer foi posta pela modernidade, a não ser nos momentos em que esse modelo entra em crise, as alternativas socialistas que conhecemos estão se desmanchando, pois o antropocentrismo e o utilitarismo não foram por elas ultrapassados. Para compreender e solucionar os problemas ambientais, temos que enfrentar o desconforto de pensar cientifica e socialmente sem o instrumental filosófico-metodológico da ciência moderna. Assim, as concepções otimistas e tradicionais da ciência, carregadas de desesperanças pelo modo equivocado, onde as teorias da educação são interpretadas, usadas de modo equivocado ou politicamente, tanto por sua superficialidade quanto pela sua objetividade obsessiva, a história nos oferece a relação entre conhecimento e a dimensão sócio-cultural das relações sociais para a construção do novo paradigma da responsabilidade da ação humana na natureza e na sociedade. Resultados Esperados Nas escolas públicas de ensino básico, então, como os novos Parâmetros Curriculares Nacionais podem ser utilizados para produzirem nos alunos, ou nos futuros cidadãos, a percepção de que ambiente é uma totalidade (social,física,biológica,estética, econômica,etc.)? Esse documento, o PCN, ainda apresenta uma valorização nas áreas tradicionais do saber, apoiando a segmentação da construção do conhecimento, valorizando as disciplinas clássicas, então como a Educação Ambiental poderá fazer a mediação entre o sujeito e os documentos oficiais? Em Educação Ambiental, o que significa educar para a cidadania? Pois, é através dele (PCN) que se propõe que as escolas permitam aos jovens acessar um conjunto de conhecimentos socialmente elaborados e reconhecidos como necessários ao exercício da cidadania. BIBLIOGRAFIA Brasil, Constituição Federal. Edição Especial, Serviço de Biblioteca no Lar, Encyclopedia Britannica do Brasil. Brasília, 1988 FREIRE,P.Pedagogia da autonomia:saberes necessários á pratica educativo.6º Ed. Rio de Janeiro; Paz e Terra, 1997
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