5ª Jornada Científica e Tecnológica e 2º Simpósio de Pós-Graduação do IFSULDEMINAS 06 a 09 de novembro de 2013, Inconfidentes/MG CARACTERIZAÇÃO CENTESIMAL DAS PARTES COMPONENTES DOS FRUTOS DE LICHIA EM FUNÇÃO DO CLIMA Rafael B. FERREIRA 1, Bianca S.SOUZA 2, Paulo S.SOUZA 3, Bianca de Almeida MACHADO 4, Danilo Elias 5 RESUMO Avaliou-se a composição centesimal das partes: semente, arilo e casca no ponto de colheita comercial. As avaliações foram realizadas em duas propriedades, uma em Casa Branca SP e outra em Monte Belo MG. As partes avaliadas apresentaram características interessantes, sendo que nem sempre a polpa foi o material com os maiores teores dos parâmetros avaliados, o que indica que a casca e a semente são fontes promissoras para a fabricação de alimentos a partir de subprodutos com pouca utilidade. INTRODUÇÃO A lichieira é caracterizada por ser uma planta de grande porte, podendo atingir de 10 a 15 metros de altura, tendo seus ramos crescendo direcionados para o solo (MELETTI; COELHO, 2000). Esta frutífera tem origem chinesa e é pertencente à família Sapindaceae, pelo qual tem representantes relevantes no Brasil, como o guaraná (Paulinia cupana) e a pitomba (Talisia esculenta) (MARTINS, 2005). Seus frutos apresentam-se na forma de cachos, tendo coloração avermelhada quando maduros. Época pelo qual apresentam cerca de 40 milímetros de comprimento (GOMES, 1977). Sua polpa é translúcida, muito suculenta e rica em vitamina C (MELETTI; COELHO, 2000). 1 Graduando em Engenharia Agronômica; Instituto Federal do Sul de Minas Campus Muzambinho, MG- Brasil; aprigio_bibiano@hotmail.com; Bolsista PIBIC 2 Eng Agr. DSc. Professora do Instituto Federal do Sul de Minas Campus Muzambinho, MG-Brasil; bianca.souza@muz.ifsuldeminas.edu.br 3 Eng Agr. DSc. Professor do Instituto Federal do Sul de Minas Campus Muzambinho, MG-Brasil; paulo.souza@muz.ifsuldeminas.edu.br 4 Graduando em Engenharia Agronômica; Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, SP-Brasil; biia_machado@yahoo.com.br 5 Graduando em Engenharia Agronômica; Instituto Federal do Sul de Minas Campus Muzambinho, MG- Brasil; danilo_els@hotmail.com.br
Durante o consumo da poupa da lichia, que é a parte comestível, outros dois constituintes do fruto, a casca e a semente, são descartados. Contudo estas duas partes poderiam ser utilizadas de outras formas na alimentação, o que segundo Queiroz, Abreu e Oliveira (2012) além de agregar valor de mercado também reduz os resíduos que antes não teriam nenhuma utilidade. Objetivou-se com este trabalho caracterizar a composição centesimal das partes componentes do fruto de lichia em duas condições climáticas diferentes. MATERIAL E MÉTODOS Foi avaliada a composição centesimal das partes componentes de frutos de lichia Bengal em duas condições climáticas diferentes. Uma das propriedades localiza-se nas proximidades do município de Monte Belo MG (21º19 S e 46º22 O e 844 metros de altitude), que possui um clima Cwb (tropical de altitude, com temperatura média do mês mais quente abaixo de 22 C) de acordo com a classificação de Köppen. A segunda propriedade próxima ao município de Casa Branca-SP (21 47 S e 47 06 O e 702 metros de altitude), com clima Aw (com inverno seco e chuvas máximas no verão), de acordo com a classificação de Köppen. Para cada região foram colhidos aleatoriamente 50 frutos no ponto de maturação comercial que foram encaminhados ao laboratório de Bromatologia e Água do Instituto Federal de Ciência Educação e Tecnologia do Sul de Minas Câmpus Muzambinho para a realização das análises. Os frutos foram separados em casca, polpa e sementes, e submetidos à secagem em estufa de circulação forçada a 65 C para retirada da sua umidade. As análises foram realizadas da seguinte forma: Umidade: será determinada segundo a técnica gravimétrica, com o emprego do calor em estufa ventilada à temperatura de 105 C, com verificações esporádicas até obtenção de peso constante, segundo a AOAC (2012). proteína bruta: foi através da determinação do teor de nitrogênio por destilação em aparelho de Microkjedahl (AOAC, 2012), usando o fator 6,25 para o cálculo do teor desta proteína. extrato etéreo: (lipídios) e substâncias lipossolúveis foram extraídos nas amostras com solvente orgânico (éter etílico) usando o aparelho de extração
contínua tipo Soxhlet, segundo método da AOAC (2012). resíduo mineral fixo ou fração cinzas: foi determinado gravimetricamente avaliando a perda de peso do material submetido ao aquecimento a 550 0 C em mufla (AOAC, 2012). Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva, onde cada valor representa as médias de todos os valores coletados em cada avaliação. RESULTADOS E DISCUSSÃO A adição de alimentos advindos de fontes alternativas a dieta humana vem se tornando um interessante mecanismo para a obtenção de uma alimentação saudável e de baixo custo, uma vez que estas fontes, que são facilmente descartadas, podem possuir propriedades benéficas e nutritivas (QUEIROZ; ABREU; OLIVEIRA 2012). Dentre os materiais avaliados, a casca dos frutos foi a que obteve maiores valores de resíduos minerais fixos (Tabela 1), sendo a média de Casa Branca igual a 2,72 g 100g e a de Monde Belo 2,35 g 100g. Estes resultados estão próximos aos 2,17 g 100g encontrados por Queiroz, Abreu e Oliveira (2012) para a cultivar Bengal. Independente do local de origem, a polpa dos frutos foi à parte que apresentou os menores valores de resíduos minerais fixos. Tais resultados também foram observados por Souza et al (2012). De acordo com Meletti e Coelho (2000), os principais minerais contidos nos frutos da lichia são: potássio, cálcio, fósforo e ferro. Tabela 1. Composição centesimal dos frutos de lichia de Casa Branca (CB) e Monte Belo (MB). Proteína Bruta Partes Umidade (%) Cinzas (%) Lipídeos (%) (%) do fruto CB MB CB MB CB MB CB MB Casca 4,01 3,72 2,72 2,34 3,67 3,32 0,86 1,57 Polpa 9,01 6,8 1,6 1,89 3,36 3,7 0,62 0,71 Semente 3,7 3,23 1,57 1,55 4,3 4,08 0,24 - Conforme a Tabela 1, a semente dos frutos foi à parte pelo qual foram encontrados os maiores teores de proteína bruta (PB). As médias ficaram em 4,3 % e 4,08 % de PB para Casa Branca e Monte Belo respectivamente.
Resultados próximos foram encontrados por Queiroz, Abreu e Oliveira (2012), onde a semente apresentou 4,83 % de PB. Contudo, ao contrário do presente trabalho, os autores não registraram a semente como sendo a parte dos frutos com o maior teor de PB, sendo a casca, com 10,86 % a parte com resultados mais satisfatórios. Neste, foram encontrados valores de 3,67 % para Casa Branca e 3,32 para Monte Belo. A casca foi o material que apresentou maiores teores de estrato etéreo (EE) (Tabela 1), sendo que os frutos de Casa Branca tiveram valores médios de 0,86 % EE e os de Monte Belo 1,57 % EE. Todavia todas as frações avaliadas obtiveram valores próximos umas das outras, exceto as sementes dos frutos de Casa Branca, que apresentaram valores médios de 0,24 % de EE. A umidade é um tipo de análise com considerável relevância em todos os tipos de alimentos. Isto se da devido ao fato de que quando maior ela estiver mais acelerada será sua deterioração pela ação de microrganismos, reduzindo a vida útil do alimento. A polpa dos frutos já dessecados foi à parte pelo qual foram obtidos os maiores valores de umidade a 105 C (Tabela 1). Em Casa Branca foram obtidos valores médios de 9 % e em Monte Belo de 6,8 %, resultados estes próximos aos de Motta (2009), que encontrou 14,3 % de umidade para frutos de lichia também desidratados. CONCLUSÕES As diferentes partes do fruto apresentaram interessantes concentrações dos parâmetros avaliados, sendo que a polpa nem sempre foi o constituinte que obteve os teores mais elevados nos resultados das análises, o que indica que a casca e a semente da lichia podem se tornar importantes fontes para a fabricação de alimentos advindos de subprodutos que tem pouca relevância comercial. AGRADECIMENTOS A Tadeu Sequaline, proprietário do sítio localizado no município de Monte Belo MG e aos proprietários do Sítio da Vovó, em Casa Branca SP e seu responsável Léo e também ao IFSULDEMINAS pelo financiamento do projeto e pela bolsa de iniciação científica concedida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A.O.A.C. (Association of Official Agricultural Chemists). Official Methods of the Association of the Agricultural Chemists. 15.ed. v.2., Washington, 2012. GOMES, P. Fruticultura Brasileira. 3. ed. São Paulo: Nobel, 1977 MARTINS, A.B.G. Lichia. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 27, n. 3, p.349-520, dez. 2005. MELETTI, L.M.M.; COELHO, S.M.B.M. Lichieira (Litchi chinensis Soon). In: MELETTI, L.M.M. (Coord.). Propagação de frutíferas tropicais. Guaíba: Agropecuária, 2000. MOTTA, E. L. da. Avaliação da composição nutricional e atividade antioxidante de Litchi chinensis Sonn. ( Lichia ) cultivada no Brasil. 2009. 80 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2009. QUEIROZ, E, R; ABREU, C, M, P; OLIVEIRA, K,S. Constituintes Químicos das Frações de Lichia in natura e submetidas à secagem: Potencial Nutricional dos Subprodutos. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v. 34, n. 4, p.1174-1179, dez. 2012. SOUZA, P B et al. Avaliação Físico-Química de Lichias (Litchi chinensis Sonn.) Comercializadas em Terezina - Piauí. In: CONGRESSO NORTE NORDESTE DE PESQUISA E INOVAÇÃO, 7., 2012, Palmas. Anais. Terezina: Anais, 2012. p. 102-107.