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Transcrição:

Blucher Chemical Engineering Proceedings Dezembro de 2014, Volume 1, Número 1 X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica Influência da pesquisa em Engenharia Química no desenvolvimento tecnológico e industrial brasileiro Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Universidade Severino Sombra Vassouras RJ Brasil ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DA VELOCIDADE E DA TEMPERATURA DO AR NA SECAGEM DE FOLHAS DE EUCALIPTO ATRAVÉS DA TÉCNICA DE PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL RICARDO* 1, L. P.; ROSA², G. S. 1 Aluna da Engenharia Química; 2 Docente da Engenharia Química Universidade Federal do Pampa Endereço UNIPAMPA, Travessa 45, n 1650, Bagé, CEP. 96413-170, RS, email: gabrielarosa@unipampa.edu.br RESUMO - A folha de eucalipto possui pouquíssimo aproveitamento industrial, sendo considerada muitas vezes como um resíduo. Para que haja melhor conservação de suas características originais e melhor rendimento em processos que a utilizem como matéria prima, a secagem torna-se necessária. O presente trabalho teve como objetivo utilizar a técnica de planejamento experimental para avaliar a influência das variáveis de operação da secagem da folha de eucalipto (temperatura e velocidade do ar) no tempo de processo. A secagem ocorreu em um secador de leito fixo com fluxo paralelo de ar. Os experimentos foram realizados nas temperaturas de 50, 60 e 70 C, com velocidades do ar de 1, 1,5 e 2 m/s. Colocou-se aproximadamente 90 g de folhas em uma cesta suspensa no interior do secador, monitorando a variação desta massa no decorrer do experimento. A umidade das folhas in natura foi 51 ± 2,6 % (b.u.), e a umidade póssecagem variou entre 5 e 11 % (b.u.). A cinética de secagem apresentou um período de taxa constante, seguido de um período de taxa decrescente. Após a análise estatística dos resultados do planejamento experimental observou-se que tanto a temperatura quanto a velocidade do ar influenciaram no tempo de processo, com confiança de 90 %. Palavras chave: convecção, umidade, estatística. INTRODUÇÃO O gênero da família Myrtaceae e subfamília Leptospermoideae mais valorizado comercialmente é o Eucalyptus, o qual foi introduzido em praticamente todos os continentes (Stape et al., 2004). É cultivado em larga escala por suas características favoráveis como rápido crescimento, facilidade de manejo, diversidade de espécies e atendimento a vários propósitos industriais (Santos et al., 2003). Sabe-se que a madeira do eucalipto é muito utilizada industrialmente, enquanto a sua folha tem pouca expressão no mercado, sendo considerada por muitos um resíduo. Porém, sabendo que esta contém óleo essencial, importante composto e com diversas aplicações. De acordo com Rocha e Dos Santos (2007) o óleo essencial do eucalipto é eficaz contra infecções viróticas e bacterianas, *Bolsista PBDA-UNIPAMPA

refrescante para o corpo, repelente para insetos, antisséptico e descongestionante, revigorante, entre outros. Para melhor rendimento durante o processo de extração do óleo essencial, ou melhores condições para armazenamento da folha de eucalipto, é necessário que essa seja submetida a procedimentos de secagem. Na secagem ocorrem dois processos fundamentais e simultâneos: transferência de calor para evaporar o líquido e transferência de massa na forma de líquido ou de vapor dentro do sólido para a superfície. Os fatores que governam a velocidade dos fenômenos de transferência determinam a taxa de secagem, tais como pressão de vapor d água no material e no ar de secagem, temperatura e velocidade do ar, velocidade de difusão da água no material, espessura e superfície exposta à secagem (Mochi, 2005). A secagem minimiza a deterioração do material, por meio da redução no teor de água, atuando regressivamente na ação das enzimas, possibilitando a conservação das plantas por maior tempo. Com a redução da quantidade de água, aumenta-se, também, a quantidade de princípios ativos em relação à massa seca (Silva e Casali, 2000). O efeito da secagem sobre a composição de substâncias voláteis tem sido pesquisado, no sentido de demonstrar que as variações nas concentrações de seus constituintes, durante a secagem, dependem de vários fatores como o método de secagem, temperatura do ar empregada, características fisiológicas, além de conteúdo e tipo de componentes químicos presentes nas plantas submetidas à secagem (Venskutonis, 1997 apud Melo et al., 2004). A fim de avaliar as variáveis que influenciam o processo de secagem pode-se utilizar a técnica de planejamento experimental. Oliveira et al. (2006) afirmaram que os níveis das variáveis utilizadas nos ensaios devem ser determinados a partir de um planejamento experimental, sendo esse baseado na metodologia de superfície de resposta, com níveis para cada variável independente sendo o expoente da base 2 (para duas variáveis). O autor também cita que esses pontos fatoriais são apenas para avaliar os efeitos das variáveis e suas interações, não sendo possível, nesse estágio, otimizar o processo. Deve-se ainda avaliar o erro puro, incluindo no mínimo três repetições dos pontos centrais. Em face do exposto, este trabalho objetivou utilizar a técnica de planejamento experimental para avaliar a influência das variáveis de operação da secagem da folha de eucalipto (temperatura e velocidade do ar) no tempo de processo. MATERIAS E MÉTODOS Matéria-prima A matéria-prima utilizada foi as folhas de eucalipto retiradas de uma árvore na região da Campanha Gaúcha-RS. O conteúdo de umidade das amostras foi determinado pelo método da estufa em 105 o C por 24 h. Procedimento experimental Utilizou-se um secador de leito fixo com fluxo paralelo de ar, mostrado na Figura 1, para realização da secagem das folhas de eucalipto. Figura 1 Foto do secador utilizado no experimento. Na Figura 1 observa-se o compartimento onde tem-se o soprador (1), um psicrômetro (2), o painel de controle (3), um anemômetro (4) e uma balança digital (5). Colocou-se aproximadamente 90 g de folhas de eucalipto em uma cesta suspensa no interior do secador, conforme a Figura 2, sendo monitorada a variação desta massa no decorrer do experimento, até peso constante (umidade considerada como de equilíbrio). Figura 2 Cesta suspensa no interior do secador.

As variáveis estudadas no planejamento foram a temperatura e a velocidade do ar de secagem; e como resposta avaliou-se o tempo de secagem para atingir a umidade de equilíbrio. As faixas experimentais foram determinadas após a realização de testes preliminares. O número de experimentos foi estabelecido através da técnica de planejamento experimental com fatorial 2², adicionando 3 réplicas ao ponto central. As temperaturas analisadas principais foram 50 e 70 ºC, sendo 60 ºC o ponto central, e as velocidades 1 e 2 m/s, sendo 1,5 m/s o ponto central. Para a obtenção das curvas de taxa de secagem fez-se o tratamento dos dados experimentais. Esse tratamento consistiu em obter as derivadas numéricas de ajustes linear e exponencial dos dados referentes a variação do conteúdo de umidade (b.s.) no decorrer dos experimentos de secagem. Para estes cálculos a área da amostra exposta as transferências de calor e de massa foi considerada constante. RESULTADOS E DISCUSSÃO A Tabela 1 mostra os valores de umidade das folhas de eucalitpo in natura e após a secagem nas diversas temperaturas. Tabela 1 Valores de umidade para as folhas in natura e após a secagem. Temp. do ar (ºC) Velocidade do ar (m/s) Umidade in natura (% b.u.) Umidade Final (% b.u.) 50 1 50,31 ± 0,86 11,15 ± 0,90 50 2 53,20 ± 0,33 7,28 ± 0,44 70 1 53,72 ± 1,33 9,20 ± 0,90 70 2 50,31 ± 0,86 5,62 ± 0,12 60 1,5 53,20 ± 0,33 5,38 ± 0,11 60 1,5 45,12 ± 0,90 9,55 ± 0,33 60 1,5 52,49 ± 1,20 9,23 ± 1,90 A partir dos valores mostrados na Tabela 1, observa-se que a umidade das folhas in natura foi 51 ± 0,026 % (b.u.), e a umidade final variou entre 5 e 11 % (b.u.). Alves (2007) encontrou 45,67 ± 6,28 % para o conteúdo de umidade da folha de eucalipto in natura, valor semelhante ao obtido nesse trabalho. A Figura 3 mostra as folhas de eucalipto in natura (a) e após da secagem (b). Figura 3 Folhas de eucalipto in natura (a) e após da secagem (b). Na Figura 4 são mostradas as curvas do adimensional de umidade em função do tempo para algumas condições experimentais. X-X e /X o -X e 1,0 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 t (min) 50 o C, 1 m/s 50 o C, 2 m/s 70 o C, 1 m/s 70 o C, 2 m/s Figura 4 Adimensional de umidade em função do tempo, para diferentes condições de secagem. Nas Figuras 5 e 6 apresentam-se as curvas de densidade de fluxo de umidade para os experimentos realizados nas temperaturas de 50 e 70 o C, respectivamente. W (g água /cm².min) 0,0020 0,0018 0,0016 0,0014 0,0012 0,0010 0,0008 0,0006 0,0004 0,0002 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 X (g água/g s.s.) 50 o C, 1 m/s 50 o C, 2 m/s Figura 5 Densidade de fluxo de umidade na temperatura de 50 o C.

W (g água /cm².min) 0,006 0,005 0,004 0,003 0,002 0,001 0,000 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 X (g água /g s.s. ) 70 o C, 1 m/s 70 o C, 2 m/s Figura 6 Densidade do fluxo de umidade na temperatura de 70 o C. A partir da Figura 4 e até a Figura 6 observa-se que a secagem em leito fixo ocorre inicialmente em período de taxa constante, seguido do período de taxa decrescente. No primeiro período, é retirada a umidade superficial, sendo que este encerrou-se em 75 e 69 min, para a temperatura de 50 o C e velocidade do ar de 1 e 2 m/s, respectivamente. Para as secagens em 70 o C, esta transição ocorreu em 30 e 24 min, para 1 e 2 m/s, respectivamente. Após estes determinados tempos é atingida a umidade crítica do material e inicia-se a taxa decrescente, em que ocorre a retirada da umidade interna do material. Ao final da secagem, a umidade atinge o equilíbrio e a massa do material não varia mais, pois atingiu o conteúdo de umidade de equilíbrio com a atmosfera correspondente. Radünz et al. (2010) e Sousa et al. (2011) apresentaram em suas pesquisas curvas para a cinética de secagem das folhas de sálvia e nabo forrageiro, respectivamente, com comportamento semelhante ao obtido nesse trabalho, no que diz respeito a presença de taxa constante e taxa decrescente. Por meio da análise estatística dos resultados, verificou-se a influência das condições operacionais do processo (temperatura e velocidade do ar) no tempo de secagem. A Tabela 2 apresenta a influência dos efeitos principais e de suas interações para um limite de confiança de 90 % (p 0,1). Tabela 2 - Estimativa dos efeitos para a resposta tempo de secagem. Fatores Efeito estimado p Média 128 Temperatura -37,5 0,0717 Velocidade -39,0 0,0690 A x B 3,0 0,6082 A Tabela 2 mostra que temperatura e a velocidade do ar de secagem exerceram efeito significativo no tempo de secagem da folha de eucalipto, com um limite de confiança de 90 %. Pela análise do valor de p observa-se que a interação entre as variáveis independentes não apresentaram influência significativa na resposta. Quando os valores de p são inferiores a 0,1 os efeitos são considerados estatisticamente significativos. Também foi observada a relação do sinal negativo existente nas variáveis independentes (temperatura e velocidade do ar de secagem) que provocaram, como esperado, a diminuição no tempo total do processo. Segundo El-Aouar (2001) o sinal negativo indica que a passagem de um nível inferior (50 C) para um superior (70 C) da variável independente acarretará uma diminuição no valor da resposta (no caso deste estudo, o tempo de secagem). A Figura 7 apresenta o diagrama de Pareto: Figura 7 Diagrama de Pareto. Com base na Figura 7, confirma-se a significância dos efeitos principais, em que os efeitos estatisticamente significativos localizam-se à direita do limiar de significância (p 0,1). Assim sendo, a velocidade tem influência pouco maior que a temperatura no tempo da secagem.

CONCLUSÃO A umidade das folhas in natura foi 51 ± 2,6 % (b.u.), e a umidade final variou entre 5 e 11 % (b.u.). Os resultados para a cinética de secagem de todas as temperaturas apresentaram um período de taxa constante, seguido de um período de taxa decrescente, o que significa que inicialmente retira-se a umidade superficial do material, e após, a umidade interna. No planejamento experimental a temperatura e a velocidade do ar tiveram efeito significativo no tempo de processo, para uma confiança de 90 %. REFERÊNCIAS ALVES, A. M. C. (2007) Quantificação da produção de biomassa e do teor de carbono fixado por clones de eucalipto, no polo gesseiro do Araripe PE. Universidade Federal Rural de Pernambuco. Recife PE. (dissertação de mestrado). EL-AOUAR, Â. A. (2001) Avaliação do processo combinado de desidratação osmótica e secagem na qualidade de cubos de mamão formosa (Carica Papaya L.). Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia de Alimentos. Campinas SP. MELO, E. C., RADÜNZ, L. L., DE ALVARENGA E MELO, R. C. (2004), Influência do processo de secagem na qualidade de plantas medicinais Engenharia na Agricultura, Viçosa MG, v.12, n.4, 307-315. MOCHI, V. T. (2005), Efeito da temperatura de secagem no rendimento do óleo essencial e teor de 1,8-cineol presentes nas folhas de Eucalyptus camaldulensis, UNICAMP SP (dissertação de mestrado), 91p. OLIVEIRA, R. A., OLIVEIRA, W. P., PARK, K. J. (2006), Determinação da difusividade efetiva de raiz de chicória, Engenharia Agrícola, v.26, n.1, Jaboticabal - SP. RADÜNZ, L. L., MOSSI, A. J., ZAKRZEVSKI, C. A., AMARAL, A. S. & GRASSMANN, L. (2010) Análise da cinética de secagem de folhas de sálvia Rev. Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, PB, UAEA/UFCG. ROCHA, M. E. N., DOS SANTOS, C. L. (2007), O uso comercial e popular do eucalipto Eucalyptus globulus labill Myrtaceae Saúde & Ambiente em Revista, Duque de Caxias - RJ, v.2, n.2, 23-24. SANTOS, P. E. T.; GERALDI, I. O.; GARCIA, J. N. (2003) Estimativas de parâmetros genéticos de propriedades físicas e mecânicas da madeira de Eucalyptus grandis, Scientia Forestalis, Piracicaba SP, v.63, p.54-64. SILVA, F.; CASALI, V. W. D. (2000) Plantas medicinais e aromáticas: póscolheita e óleos essenciais, Viçosa: Arte e Livros, Viçosa MG, 135p. SILVA, A. S. (2008), Avaliação da secagem do bagaço de cajá usando planejamento fatorial composto central, UFRN RN (dissertação de mestrado), 69p. SOUSA, K. A., RESENDE, O., CHAVES, T. H., COSTA, L. M. (2011) Cinética do nabo forrageiro (Raphanus sativus L.) Revista Ciência Agronômica v.42, n.4, p 883-892, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza - CE. STAPE, J. L.; BINKLEY, D.; RYAN, M. G. (2004) Eucalyptus production and the supply, use and efficiency of use of water, light and nitrogen across a geographic gradient in Brazil, Forest Ecology and Management, Philadelphia - PA USA, v.193, p.17-31. AGRADECIMENTOS Ao programa de bolsas de desenvolvimento acadêmico (PBDA) e ao programa de apoio à participação discente em eventos (PAPE), ambos da Universidade Federal do Pampa.