amor A essencialidade do Patch Adams, o médico que revolucionou a área de saúde, fala como sentimentos são indispensáveis na relação médico-paciente



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Revista da Unimed Federação Minas Ano 3 - Edição 14 Julho / Agosto / Setembro de 2014 Suplemento Saúde Recomendado pela OMS, o Plano de parto melhora o nível de atendimento a mães e recém-nascidos no mundo Atomic Adams/Gesundheit Institute Universo Saúde Tratamento em casa e próximo à família se mostra uma alternativa viável para hospitais e pacientes amor A essencialidade do Patch Adams, o médico que revolucionou a área de saúde, fala como sentimentos são indispensáveis na relação médico-paciente

EDITORIAL Carta ao Médico Em 1948, a Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu saúde como um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças. Assim, nas décadas seguintes, o foco central de profissionais, especialistas e instituições da área passou a ser a promoção do bem-estar físico da população. A saúde mental também ganhou destaque na sociedade, em função de estudos que corroboraram a sua importância e influência na busca de uma vida mais equilibrada. Agora, vivemos um novo momento quando falamos em saúde. As complexidades e variáveis que permeiam as diferentes relações sociais, tão em ênfase nos dias de hoje, impactam diretamente os aspectos físico e mental do indivíduo, principalmente no momento mais frágil de sua existência: na doença. Entender a amplitude dessas relações requer reflexões e questionamentos do papel do médico como agente transformador do bem-estar, o que não é uma tarefa fácil. Passamos por uma significativa ruptura do conhecimento, trazida, sobretudo, pelos meios virtuais: a acessibilidade da informação faz com que as pessoas se sintam especialistas naquilo que nem sempre são. A consequência provocada por esse cenário, certamente, não é percebida apenas pelos profissionais de saúde. Em função da natureza do trabalho, que envolve a vida humana, e de outras mudanças na sociedade e contemporaneidade, a relação entre médico e paciente vive um momento de questionamentos. Para lidarmos melhor com esse novo cenário, temos que nos perguntar incessantemente: Qual o verdadeiro papel do profissional da medicina? Até que ponto o médico interfere na saúde integral do paciente? Diante de todo esse contexto e nuances, gestão humanizada da saúde, cuidado próximo com o paciente e sua família e diálogo constante durante o tratamento são apenas algumas das mudanças crescentes que testemunhamos na área médica nas últimas décadas. A Unimed Federação Minas, em virtude de estudos e análises de especialistas, acredita em um atendimento pautado pelo cuidado, pela atenção próxima e pelo resgate de valores e atitudes que reforçam o papel do médico como catalisador do bem-estar físico, mental e social. É apenas conversando, olhando nos olhos e tocando o paciente que estabelecemos uma relação de confiança vital, para que o diagnóstico seja certeiro, e o tratamento, bem-sucedido. Por entender a importância desses pequenos gestos, trazemos, nesta edição da Revista Conexão, três matérias que retratam a humanização da Medicina. Além de uma entrevista com Patch Adams, médico americano que revolucionou a área de saúde em todo o mundo, ao incluir sentimentos como amor, gratidão e esperança na cura de doenças e na redução do sofrimento de pacientes crônicos. Posturas como essa nos levam a presenciar mudanças em relação aos serviços oferecidos, como o caso do atendimento domiciliar, prática cada vez mais frequente nos grandes centros e que também oferece conforto e qualidade de tratamento. Para esclarecer desafios e características, apresentamos uma reportagem especial que contextualiza esse novo modelo de cuidado, conduzido no lar do próprio paciente e próximo à sua família. A proposta tem avançado em Minas Gerais e se mostra cada vez mais assertiva, reforçando o nosso comprometimento com a população e com a construção de uma gestão humanizada da saúde. Boa leitura! Marcelo Mergh Monteiro Presidente Executivo Unimed Federação Minas 3

6 8 10 Universo Unimed Suplemento Saúde Carreira Atendimento domiciliar: um novo modelo de serviço que oferece mais tranquilidade ao paciente e proximidade com a família Especialistas defendem a prática do plano de parto, um procedimento que auxilia a gestante e o médico no momento do nascimento do bebê Pioneira na implantação do Programa de Residência Médica, Unimed-BH aprimora e desenvolve jovens médicos para o mercado de trabalho Capa 18 O médico americano Patch Adams veio ao Brasil e concedeu uma entrevista à Revista Conexão. Amor, humor e solidariedade são alguns dos pontos defendidos por ele no tratamento de pacientes Expediente: Revista Conexão - Publicação da Unimed Federação Minas Diretoria Executiva: Marcelo Mergh Monteiro - Presidente Executivo / Cláudio Laudares Moreira - Diretor de Integração e Mercado / Paulo César de Araújo Rangel - Diretor de Controle Conselho Federativo: Helton Freitas - Intrafederativa Inconfidência Mineira / Antônio de Pádua Brandão Raposo - Norte de Minas / Alberto Fuad Bichara - Intrafederativa Triângulo Mineiro/ Hugo Campos Borges - Intrafederativa Zona da Mata / Dilson Lamaita Miranda - Intrafederativa Sul de Minas / Gulivert Hudson Melo de Oliveira - Intrafederativa Leste Nordeste Conselho Fiscal: João Luiz Coutinho Crespo Unimed Barbacena / Miguel José de Vito Unimed João Monlevade / Jorge Henrique Moreira Agostinho Unimed Araguari / André Luiz Botrel Ferreira Unimed Lavras / Luiz Antônio Hooper de Souza Unimed Vale do Aço / Cássio Costa Unimed Montes Claros Junta Eleitoral: Délio Pereira dos Santos, da Unimed Três Vales / Neli Nunes Coelho Torres, da Unimed Sete Lagoas/ Luiz Gonzaga de Rezende Júnior, da Unimed Monte Carmelo Conselho Editorial: Luiz Otávio Andrade - Assessor de Regulação e Saúde Integral / Sheyla Bertholasce Leite Superintendente de Desenvolvimento e Relacionamento / Cristiano Silva Rocha - Superintendente de Negócios / Rony Hudson Flôres - Gerente de Comunicação e Marketing / Ana Cristina de Azevedo Analista de Comunicação e Marketing Edição: Rony Hudson Flôres e Ana Cristina de Azevedo Jornalista Responsável: Flávia Rios MT 06013 Produção Editorial: Rede Comunicação de Resultado - Tel. (31) 2555-5050 Coordenação de produção: Jeane Mesquita e Licia Linhares Redação: Bárbara Fonseca, Beatriz Debien, Juliana Soares, Laura Conrado, Mariana Menezes, Pamella Berzoini, Viviane Miranda Revisão: Liza Ayub Foto de capa: Atomic Adams/Gesundheit Institute Identidade visual e editoração: Arte Grafia Comunicação - Tel.: (31) 2515-1888 - E-mail: artgrafia@uol.com.br" artgrafia@uol.com.br Pré-impressão e impressão: Gráfica Formato Tiragem: 16.800 exemplares Fale conosco: (31) 3277-2584 E-mail: comunicacao@unimedmg.coop.br Endereço: Av. Brasil, 491, Santa Efigênia, CEP: 30140-001 - Belo Horizonte - MG www.unimedmg.coop.br É permitida a reprodução de qualquer matéria desde que citada a fonte. As opiniões dos artigos assinados são de responsabilidade dos autores. 4 Revista Conexão - Julho / Agosto / Setembro de 2014 - Edição 14

12 24 28 Comportamento Aqui tem Unimed Vida de Qualidade Relação mais próxima com o paciente é defendida por médicos e especialistas como uma forma de minimizar o sofrimento e estabelecer um vínculo afetivo e de confiança Serra da Canastra conquista os visitantes pela beleza natural, esportes radicais e gastronomia diferenciados Angústias e obstáculos da profissão fazem muitos médicos serem alvos da depressão e alcoolismo, por isso a importância de buscarem ajuda e fazerem atividades que tragam mais bem-estar Estetoscópio - Pesquisadores europeus estão conduzindo um estudo para a criação de um mecanismo que identifica as causas do derrame cerebral Inovação e Tecnologia - Iniciativas da área da saúde viram destaque ao ser impulsionadas por meio de projetos financiados colaborativamente no ambiente online Artigo - O advogado Frederico Ferri de Resende aborda a atualização do Código de Processo Ético-Profissional publicada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) ano passado Tempo livre - Os novos ares trazidos pelas viagens e pelo aconchego do campo e os prazeres da prática de esportes são alguns dos hobbies dos médicos desta edição Credenciado Unimed Federação Minas 5

UNIVERSO UNIMED Divulgação Sinesad O atendimento domiciliar vem crescendo no Brasil e se apresenta como uma boa opção para a população, que ganhou mais longevidade, para a valorização do trabalho médico e para as operadoras, que contabilizam vantagens, como a ampliação da rede de atendimento. A humanização do atendimento e a redução no tempo de recuperação também contam a favor desta prática. Muitas vezes, o atendimento prolongado no hospital causa depressão nos pacientes, o que impacta seu tratamento. O fator psicológico influencia muito neste caso, destaca Ari Bolonhezi, Para Ari Bolonhezi, o atendimento domiciliar contribui para a boa recuperação do paciente presidente do Sindicato Nacional das Empresas Prestadoras de Serviço à Atenção Domiciliar à Saúde (Sinesad). No país, o modelo de atenção domiciliar passou a ser adotado nos anos 1990 e se multiplicou por meio da parceria entre operadoras de saúde e prestadoras de serviços, especialmente na região Sudeste. Mas, diferentemente do que acontece em outros países, esse crescimento se deu por uma demanda específica. De acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em 2012, as internações hospitalares somaram 7,4 milhões, e, segundo a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), serão necessários mais de 13,7 mil leitos até 2016, caso o número de planos de saúde aumente em 2,1%. As carências estruturais levam à desospitalização do paciente como uma alternativa de gestão e otimização de recursos, explica Ari Bolonhezi. Implantado no Sistema Unimed desde 1999, esse modelo é praticado, hoje, em 70 Unimeds brasileiras, por meio dos programas Atendimento Domiciliar e Internação Domiciliar. Os Programas de Atendimento Domiciliar do Sistema Unimed estão focados na determinação dos cuidados com o paciente, em sintonia com as suas necessidades, de forma a contribuir, efetivamente, para a sua recuperação, a partir da proximidade com o ambiente familiar. Para isso, um plano de atenção domiciliar é elaborado de acordo com as demandas do assistido, no qual é definido um conjunto de atividades que serão prestadas na residência do beneficiado. Esse atendimento personalizado é feito por uma equipe multiprofissional, que monitora o quadro clínico dos assistidos e orienta os cuidadores e parentes sobre as medidas a serem tomadas. Para os pacientes, o benefício é o atendimento seguro, de qualidade e humanizado, na companhia dos familiares, dentro da comodidade do próprio lar. Benefícios em cadeia Para a coordenadora de Saúde Integral da Unimed Federação Minas, Manuelly Ansia Dopazo, os benefícios deste modelo se estendem às operadoras de saúde, médicos cooperados e hospitais. O atendimento domiciliar reduz o tempo de internação e a taxa de retorno de pacientes aos hospitais, melhorando a gestão dos leitos. Por estimular a prevenção e a promoção à saúde, aumenta a capacidade de atendimento do sistema aos usuários, desafogando hospitais e ambulatórios, explica. Na opinião do presidente do Sinesad, com o suporte e o trabalho integrado à equipe multidisciplinar, o médico ganha em produtividade. A melhor recuperação dos pacientes, a redução nos riscos de infecção hospitalar, tudo isso contribui para o sucesso nos tratamentos e do trabalho do médico. Além disso, a prática gera valorização e satisfação profissional, resga- 6 Revista Conexão - Julho / Agosto / Setembro de 2014 - Edição 14

A atenção domiciliar permite o tratamento seguro, humanizado e próximo à família e valoriza a profissão médica. O Sistema Unimed contabiliza resultados importantes na prestação desse serviço Ana Borges cita os idosos, portadores de doenças crônicas e com restrições de mobilidade como público prioritário da atenção domiciliar Valkeley Lopes tando o relacionamento entre médicos, pacientes e famílias, enfatiza. Considerando todos esses benefícios, a Unimed do Brasil desenvolveu um subcomitê para padronizar critérios de atendimento domiciliar e ampliar a sua adoção pelas cooperativas. Os pacientes são indicados pelos médicos e identificados de acordo com as linhas de cuidado: estabilidade clínica, pacientes acamados ou com dificuldade clínica para acesso à rede hospitalar (cuidados paliativos, doenças crônicas degenerativas e neurológicas), pacientes em terapia injetável de uso exclusivo hospitalar e/ou que necessitem de curativos complexos e em uso de oxigenoterapia. É necessário que os assistidos possuam cuidadores e tenham livre adesão da família. O serviço apresenta avanços significativos, com bons indicadores de adesão ao modelo. Um levantamento da Unimed do Brasil, realizado em janeiro de 2014, mostra que 79% das Unimeds que oferecem Atendimento Domiciliar absorvem, em média, cerca de 250 pacientes por mês cada. No entanto, esse número não traduz a capacidade real do Sistema. A mesma pesquisa mostra que, reunidas, as cooperativas podem atender até 24 mil pacientes em suas casas. Já na Internação Domiciliar, 68% das Unimeds adotam este serviço e atendem, em média, 20 pacientes mensalmente cada, tendo capacidade para até 4,4 mil assistidos no total. Avanço em Minas Atualmente, 30 cooperativas mineiras prestam esse serviço. Para reforçá-lo dentro do Sistema Unimed no Estado, Manuelly Dopazo esclarece que é feito um trabalho de consultoria junto às gestões. Por meio de uma avaliação criteriosa, verificamos se os programas seguem as exigências da Resolução RDC11 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e identificamos pontos de melhorias. São requisitos mínimos de segurança para o funcionamento desse projeto, nas modalidades de Assistência e Internação Domiciliar. Para garantir a eficiência do trabalho, uma normatização estabelece a pontuação mínima na avaliação das atividades desenvolvidas. A busca contínua pelo padrão de atendimento sistematizado e qualificado, norteado por regras bem-definidas, permitiu que a Federação fosse pioneira na criação de um sistema de códigos para que o intercâmbio dos serviços de atenção domiciliar ocorra entre as Unimeds mineiras, facilitando o atendimento dos usuários em qualquer região. As cooperativas aptas podem oferecer esse atendimento mútuo, garantindo uma melhor assistência aos clientes, pontua Manuelly Dopazo. No Estado, a Unimed-BH foi a primeira a oferecer o Programa de Atenção Domiciliar. Atualmente, cerca de 5 mil pacientes são atendidos, sendo 54% pela rede própria e 46% por prestadores credenciados. O Programa de Atenção Domiciliar dos Serviços Próprios, iniciado em 2002, conta com mais de 2.700 clientes e uma equipe multidisciplinar composta por mais de 150 profissionais. Em sua maioria, os pacientes são idosos ou com elevada dependência para a realização das atividades diárias, portadores de doenças crônicas e com restrições de mobilidade e acesso a tratamentos ambulatoriais, relata Ana Adalgisa Borges, gestora da Atenção Domiciliar - Serviços Próprios. Desde dezembro de 2013, um projetopiloto integra as equipes de Atenção Domiciliar e Atendimento Móvel, para aprimoramento da abordagem dos clientes acompanhados em casa. Os profissionais são capacitados com a definição de novos protocolos e fluxos de assistência às intercorrências, para que as situações de menor complexidade sejam solucionadas sem a necessidade de remoção do paciente ao pronto-socorro, acrescenta Ana Adalgisa Borges. A equipe do cuidado domiciliar também conta com o sistema smart question, que utiliza a tecnologia GPS em smartphones para o georreferenciamento das equipes, proporcionando o atendimento mais eficaz. Para 2014, o Programa de Atenção Domiciliar da Unimed-BH se preparou para receber, por meio de estágios, os profissionais do Programa de Residência Médica de Pediatria, implantado na Maternidade Unimed Unidade Grajaú. Já o Hospital Unimed - Unidade Contorno, em parceria com a Gestão de Atendimento Domiciliar, obteve o credenciamento do programa de Residência Médica em Medicina Paliativa, aprovado pelo Ministério da Educação, com 70% da carga horária voltada à Atenção Domiciliar. Soma de resultados A aplicação do modelo de atendimento domiciliar no Estado se desdobra em outras Unimeds. No Triângulo Mineiro, desde 2001, a Unimed Uberaba Saúde Integral oferece três modalidades de assistência no seu programa Unimed Domiciliar. Na Intervenção Específica, os pacientes recebem atendimentos pontuais de antibioticoterapia, hidratação e analgesia, enquanto os pacientes de UTI (home care) possuem assistência de enfermagem 24 horas. Já o Oxigenoterapia Domiciliar Prolongada consiste no monitoramento dos dependentes de oxigênio a domicílio. O Gerenciamento de Casos Especiais visa à prevenção dos agravos de pacientes crônicos, detalha a enfermeira responsável técnica Rozimere Rodrigues. A Unimed Guaxupé é outro exemplo bem-sucedido. Desde que começou a prestar esse serviço, em 2012, a cooperativa diminuiu o número de internações e intervenções desnecessárias, reduzindo custos com manutenção da qualidade na assistência à saúde, conforme a cobertura contratada e os regimentos da ANS. Desta forma, amplia-se a disponibilidade de leitos nos hospitais, há uma diminuição considerável do índice de infecção hospitalar e garante-se a evolução do estado de saúde após a alta, contabiliza Amanda Bueno Cândido Mosca, enfermeira responsável técnica pelo Núcleo de Promoção à Saúde. Unimed Federação Minas 7

Pela Arquivo pessoal Quando a estudante de farmácia Gabriela Fonseca ficou grávida do primeiro filho, Pedro Ivo, antes mesmo de procurar um obstetra para fazer o prénatal, se informou sobre as opções de parto. Conversou com uma amiga que é doula (assistente de parto sem formação médica) e procurou fóruns de internet que reúnem mães. Assim, quando chegou ao consultório da obstetra Ângela Campos, da Unimed de Poços de Caldas, já estava decidida a fazer o parto natural com o mínimo de intervenções. Gabriela construiu um plano de parto junto à obstetra e ganhou mais segurança em suas decisões Mediante a demanda da paciente, a médica procurou explicar que, caso tudo ocorresse dentro da normalidade esperada, ela poderia, sim, ter o seu desejo atendido. Na primeira consulta de pré-natal, senti confiança na especialista. Isso contribuiu muito para que a minha gestação fosse tranquila, relata Gabriela Fonseca. No decorrer do pré-natal, ela construiu um plano de parto verbal junto com a obstetra, no qual explicitava sua opção de não ser submetida à epsiotomia, ao toque, ao atendimento por acadêmicos e à administração de ocitocina. Além disso, desejava fazer o parto de cócoras. A Dra. Ângela Campos esteve comigo durante boa parte do meu trabalho de parto. A presença dela foi importante, pois me deu segurança de que tudo aconteceria de acordo com as minhas decisões, recorda. Histórias como a de Gabriela Fonseca têm sido cada vez mais frequentes nos consultórios obstétricos. Essa demanda reflete uma mudança global que alinha diversos fatores, como o empoderamento da mulher sobre o próprio corpo, as práticas da medicina cada vez mais humanizadas e as recomendações de órgãos importantes, como a Organização Mundial da Saúde. Plano de parto Tomar decisões sobre o próprio parto não é uma tarefa simples. Nesse momento singular na vida da mulher, que envolve mudanças físicas e emoções afloradas, nem sempre as expectativas dela estão alinhadas com as práticas do médico ou com as possibilidades clínicas. Nesse contexto, surge o plano de parto como um planejamento feito entre a gestante e o obstetra. No decorrer do pré-natal, ela poderá expressar suas preferências, ao mesmo tempo em que o médico irá desmitificar questões e ajustar as reais possibilidades do que vem pela frente. O planejamento consiste em um acordo verbal entre as partes. Porém, documentá-lo pode ser positivo, já que diminui a margem de malentendido e interpretação equivocada, fortalecendo a relação entre médico e paciente, orienta Ângela Campos. O plano de parto não é uma novidade. Apesar de não ser muito utilizado nos consultórios brasileiros, a prática dele é uma recomendação da Organização Mundial da Saúde desde 1986. Em diversos países, a sua execução é uma realidade consolidada para número expressivo de gestantes, especialmente pelos benefícios mútuos gerados. No caso da mãe, além de promover maior conhecimen- 8 Revista Conexão - Julho / Agosto / Setembro de 2014 - Edição 14

melhor DECISÃO Divulgação Bem Nascer to sobre as etapas do parto, proporcionalhe o poder de permissão sobre as ações executadas no seu corpo e em seu bebê. Já o médico tem a oportunidade de esclarecer os procedimentos do ponto de vista clínico, pontuando as probabilidades viáveis para a condição específica de cada paciente. O uso deste procedimento tem sido frequentemente aliado à escolha pelo parto natural, que é mais benéfico por se tratar de um processo orgânico, sem os riscos de uma intervenção cirúrgica. Mas, em diversas condições, ele pode não ser a melhor indicação. Para o obstetra Marco Aurélio Tavares, um dos fundadores do núcleo Bem Nascer, que incentiva o parto natural na Maternidade Santa Fé, em Belo Horizonte, a cesárea é um excelente recurso, capaz de salvar vidas, em situações de indicações médicas, como posição anômala Para o médico Marco Aurélio, o planejamento do parto é um momento que deve ser vivido inteiramente pela mãe do bebê ou prematuridade extrema. O que recomendamos é que essa prática seja feita de maneira equilibrada, e não indiscriminadamente, como tem ocorrido no Brasil, alerta. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aponta que as taxas de partos cesáreos realizados em mulheres atendidas por planos de saúde no país estão entre as maiores do mundo, cerca de 80%, número superior ao recomendado pela Organização Mundial da Saúde, que é de 15%. Contudo, o plano de parto não consiste em uma imposição dos desejos da mãe sobre as práticas médicas. Pelo contrário. Ao longo das consultas, médico e gestante entram em acordo sobre os procedimentos do parto, sendo ele natural ou cesáreo. O plano consiste, assim, em um momento de esclarecimento pleno, seguido de um acordo bilateral que leva em conta o conhecimento médico aliado à responsabilidade desse profissional sobre a sua paciente, esclarece Ângela Fonseca. Maternidade Unimed Unidade Grajaú investe na melhoria da infraestrutura para atendimento ao parto humanizado Na vanguarda Em consonância com o movimento de humanização dos procedimentos de parto, a Maternidade Unimed Unidade Grajaú, em Belo Horizonte, tem investido em ações de qualificação e adaptação de infraestrutura para o atendimento a essa demanda. A maternidade oferece uma li - nha de atuação perinatal que segue as orientações da Organização Mundial da Saúde, com o objetivo de acompanhar a gestante desde a entrada no hospital até a alta médica. Sua equipe assistencial conta com enfermeiras obstetrizes e doulas, que se reúnem, permanentemente, para a discussão de casos e atualização de protocolos assistenciais. Agora, o hospital passa por obras de reforma para a construção de dois quartos PPP (Pré-parto/parto/ puerpério) com banheira e dois leitos de pré-parto em ambiente privativo, proporcionando mais conforto às pacientes favoráveis ao parto normal. Os investimentos já somam resultados: da média de 440 partos realizados mensalmente, 44% são naturais. Com esse índice, a maternidade apresenta a maior proporção de partos normais entre os hospitais privados da capital mineira. Agência Nitro Unimed Federação Minas 9

CARREIRA ESPAÇO PARA O APRENDIZADO Drika Vianna Aos 29 anos, Arthur Chagas de Castro corre atrás do sonho de ser médico oncologista. Formado em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais em 2011, o jovem profissional está a alguns passos de atingir o seu objetivo. Há um ano, ele é um dos residentes da primeira turma do Programa de Residência Médica da Unimed do Brasil, que abrange oito especialidades. Com participação pioneira da Unimed-BH, o programa está presente também na Unimed Vitória (ES) e na Unimed Catanduva (SP). Na opinião de Antônio Lages (à esq.) e Luis Rolim, o Programa de Residência Médica contribui para a formação humanizada e valorização profissional do médico Residente em Clínica Médica, Arthur de Castro conta que a especialidade é pré-requisito para a residência em oncologia. Segundo ele, o programa da Unimed do Brasil tem atendido suas expectativas, principalmente no que diz respeito à infraestrutura do Hospital da Contorno, uma das unidades em que a residência é promovida em Belo Horizonte. O hospital é bem-moderno e não nos falta nada, destaca. Este ensinamento me proporcionará uma formação adequada, sobretudo quanto ao contato com o paciente. Hoje tenho mais segurança para lidar com o paciente, por isso, acho que a residência é importante para qualquer profissional. Outro participante do programa em Clínica Médica, Andrei Augusto Assis Campos Cordeiro, destaca a diversidade do ambiente hospitalar como um dos diferenciais de sua preparação. Temos contato com pacientes de diversos perfis e há muito conhecimento para se aprender. Gosto do contato com as pessoas, por isso, escolhi essa especialidade. Pretendo terminar o programa e fazer parte do corpo clínico do hospital, pois me identifico com o trabalho que é realizado, vislumbra. Com duração de média de dois a três anos, de acordo com a especialidade, a residência tem carga horária de 60 horas semanais, divididas entre estudos teóricos e prática. A parte teórica é desenvolvida em parceria com a Universidade Corporativa da Unimed, enquanto o dia a dia da medicina é vivenciado pelos alunos nos hospitais do Sistema. No início, tínhamos receio de que os pacientes fossem ter resistência com os estudantes, mas acredito que eles entendem que há, ali, uma equipe integrada. Os residentes estão sempre acompanhados por um preceptor, responsável em orientar e coordenar o aluno de cada especialidade, explica o coordenador Geral do programa na Unimed-BH, Antônio Lages. Ele ressalta, ainda, que a adoção desta prática surge com o importante papel de reduzir o déficit de vagas para residentes que há no 10 Revista Conexão - Julho / Agosto / Setembro de 2014 - Edição 14

Programa de Residência Médica da Unimed do Brasil busca a formação de profissionais de excelência Unimed-BH recebe visita de representantes da Unimed Fortaleza para conhecer o Programa de Residência Médica Drika Vianna Brasil. Cresceu o número de escolas de medicina, mas as vagas para residência não acompanharam essa evolução. Cabe a nós prestar o nosso papel social para suprir parte dessa demanda, explica. Promovida em março deste ano, a última seleção da Unimed-BH recebeu 1.244 inscritos para as 60 vagas oferecidas, número quase duas vezes maior do que na seleção anterior, quando foram abertas 25 vagas. Todos ganham Na visão do superintendente de Serviços Próprios da Unimed-BH, Luis Fernando Rolim, o Programa de Residência Médica contribui para a construção de um ambiente de maior valorização profissional. Quando o aprendizado é aliado à assistência médica, as pessoas são incentivadas a se atualizar frequentemente, afirma. Entre os aspectos positivos do programa para o Sistema Unimed, ele destaca a formação de futuros profissionais engajados com os valores da instituição, o que inclui o cooperativismo. O Sistema Unimed tem como marca a busca da excelência de seus serviços, por isso, o residente sabe que está cercado por uma equipe experiente e qualificada. Nossa proposta é promover uma formação que combine o olhar técnico com o humanista. Aliado a isto, estão também as ideias cooperativistas, acrescenta. Em Belo Horizonte, o Programa de Residência Médica é promovido no Hospital da Contorno e na Maternidade Unidade Grajaú. São oferecidas vagas em Cirurgia Geral, Clínica Médica, Ginecologia e Obstetrícia, Neurologia, Neonatologia, Pediatria, Ortopedia e Traumatologia e Medicina Paliativa, esta pioneira em Minas Gerais. Cirurgia do Aparelho Digestivo, Neurocirurgia e Anestesiologia são as três especialidades que já estão com pedido de cadastramento junto ao MEC. Orientação às cooperativas Como forma de difundir o Programa de Residência Médica no país, a Fundação Unimed oferece orientação e apoio às cooperativas médicas interessadas em aderir à iniciativa. No site da entidade, estão disponibilizadas as informações que os gestores precisam saber para credenciar o hospital no Programa da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM MEC). Também é ofertado o Estudo de Viabilidade de Implantação da Residência Médica, que conta, entre outros, com visita técnica e acompanhamento de um consultor. Segundo diretor de Desenvolvimento e Responsabilidade Social da Fundação Unimed, Ary Celio de Oliveira, um dos desafios para que o Programa de Residência Médica cresça é a consolidação de parcerias com o governo, o que possibilita a ampliação de vagas. Sabemos que não há vagas suficientes para residentes em hospitais públicos, por isso, vemos como uma obrigação social prestar este serviço à sociedade. Temos 107 hospitais com capacidade para receber até 1.300 alunos, afirma. FORMAÇÃO MÉDICA Instituída pelo Ministério da Educação (MEC), em 1997, como modalidade de pós-graduação, a residência médica é regulada pelo Conselho Nacional de Residência Médica (CNRM), órgão que credencia as instituições de saúde que queiram oferecer o programa. Para participar, o profissional deve ser graduado em medicina ou ter a graduação marcada para o mês em que a avaliação irá ocorrer. O processo seletivo inclui verificação do currículo e prova de conhecimentos técnicos. RESIDÊNCIA MÉDICA NA UNIMED-BH Mais de 40 preceptores envolvidos com as atividades dos programas. 25 residentes ingressaram no 1º ano do Programa de Residência Médica Unimed-BH, em 2013. 60 vagas disponibilizadas em 2014. 1.244 candidatos inscritos. Especialidades: Cirurgia Geral, Clínica Médica, Ginecologia e Obstetrícia, Medicina Paliativa, Neurologia, Neonatologia, Pediatria e Ortopedia e Traumatologia. VAGAS OFERECIDAS NO BRASIL Unimed-BH 60 Unimed Vitória 38 Unimed Catanduva 2 Unimed Federação Minas 11

COMPORTAMENTO MÉDICO E PACIENTE: uma relação de cumplicidade 12 Revista Conexão - Julho / Agosto / Setembro de 2014 - Edição 14

Além de cumprir seu papel como profissional, especialistas constroem elos de amizades que serão sempre lembrados Arquivo pessoal Arquivo pessoal Mais do que o diagnóstico, ele quer uma palavra amiga, alguém para escutálo e apoiá-lo. É dessa forma que um paciente espera ser recebido quando vai a uma consulta. Afinal, a possibilidade de receber uma notícia não positiva sobre a saúde causa desconforto, sendo necessário um suporte para enfrentar o momento. É quando o médico entra em ação para cumprir seu papel como profissional e como uma pessoa próxima. O especialista deve perceber que o paciente é alguém fragilizado, que vive um momento de instabilidade e dúvida, explica o nefrologista e psiquiatra Carlos Dumas Gomes, da Unimed de Três Corações. Por isso, esse é o momento ideal para construir uma relação baseada não apenas na capacidade médica, mas também no relacionamento interpessoal entre o paciente e o profissional. A geriatra e especialista em cuidados paliativos da Associação Médica de Minas Gerais, Ana Paula Abranches, aponta a comunicação como fator determinante na construção dessa relação. O momento da consulta deve ser dedicado exclusivamente ao paciente. Temos que demonstrar a importância que ele tem e que estamos lá para escutá-lo, comenta. Em sala de aula, a médica Maria das Graças reforça com os alunos a importância do cuidado, do acolhimento e da compreensão das especificidades do paciente A empatia é outro fator importante. É preciso ver o mundo por meio dos olhos do paciente, entender o seu sofrimento, dor e fragilidade. Reconhecer esses aspectos demonstra a nossa consciência em entender o problema que ele está vivendo, acrescenta Carlos Gomes. Uma atenção mais especial Pacientes que sofrem de doenças crônicas ou que estão em fase terminal necessitam mais ainda desse relacionamento próximo. Nessas situações, não só o médico deve estar presente, mas também uma equipe multidisciplinar, formada por enfermeiro, assistente social e psicólogo. Juntos, eles são responsáveis pela especialidade conhecida como Cuidados Paliativos. Além do atendimento ao paciente, a família recebe suporte e apoio durante o tratamento. A psiquiatra e especialista em Cuidados Paliativos da Unimed de Juatuba, Maria das Graças Mota Cruz de Assis Figueiredo, afirma que essa forma de tratamento começa a ser construída no consultório, quando o especialista dá retorno negativo sobre uma doença. Mostramos que estamos ao lado do enfermo, que ele pode contar com o nosso apoio. Com isso, Para Carlos Dumas, de Três Corações, o médico precisa saber lidar também com as emoções e frustrações do paciente durante o tratamento fazemos com que ele e seus familiares se sintam acolhidos e confiantes de que terão a ajuda necessária, ensina. Após esse primeiro estágio, é preciso entender com maior profundidade o histórico de vida do paciente: os seus medos, as ideias prévias a respeito do tratamento, os itens de conforto para diminuir os receios do período de tratamento, o que fazer para que a estadia dele no hospital seja menos desgastante, entre outros pontos relevantes. Muitas vezes, as necessidades são bem simples e não atrapalham a rotina da equipe. É importante que assumamos um papel mais do que profissional, que leve, por exemplo, até ao desenvolvimento de uma amizade, observa a psiquiatra. Para isso, ela defende a humanização da saúde e afirma que a falta de tempo não pode ser um obstáculo para que essa prática seja exercida. Seja em dois minutos, seja em duas horas, nós consegui mos estreitar a relação com o paciente olhan - do nos olhos dele, chamando-o pelo nome, perguntando se tem alguma dúvida. Isso é muito importante para o alcance de bons resultados, acrescenta. Unimed Federação Minas 13

COMPORTAMENTO Um pouco de música No Núcleo de Atenção Integral de Saúde, em Sete Lagoas, aparelhos de aferição de pressão, estetoscópio e exames médicos são substituídos, por alguns instantes, pela percussão, pandeiro e violão. Os instrumentos musicais são tocados por médicos e enfermeiros, que têm, na plateia, os pacientes. Essa foi uma forma que encontramos para acolhê-los com carinho. Queremos proporcionarlhes momentos agradáveis, minimizando os problemas com a sua saúde, enfatiza Denise Lembi Ferreira, nefrologista e idealizadora do projeto, que teve início em 2008. A ação é realizada pela médica, com o apoio de dois enfermeiros e um técnico de enfermagem. Devido aos bons resultados, a Unimed de Sete Lagoas oferece à equipe aulas com uma percussionista, que também os auxilia no preparo da apresentação. Além de se conscientizarem sobre a importância de se cuidar da saúde, os pacientes se envolvem com o show, cantam e fazem do próprio corpo um instrumento musical. Eles iniciam uma experiência nova, sentem a música, participam com o grupo e se divertem, comenta a nefrologista. O projeto também é realizado dentro de empresas, com pacientes hipertensos, diabéticos e obesos. No Núcleo de Atenção Integral de Saúde, em Sete Lagoas, os pacientes são envolvidos com música e arte, o que contribui para a sua recuperação e qualidade de vida Unimed Sete Lagoas ELO FORTALECIDO PARA EXPANDIR O CONHECIMENTO SOBRE O TEMA, SEGUEM ALGUMAS SUGESTÕES: O AMOR É CONTAGIOSO PATCH ADAMS O livro é uma autobiografia do médico Patch Adams, que defende um atendimento e tratamento baseados no amor, na alegria e na amizade. Sua metodologia é exemplo para muitos profissionais em todo o mundo. O PODER DA GRATIDÃO, DE M.J. RYAN. Para ajudar os leitores a transformar suas vidas utilizando o sentimento da gratidão como algo capaz de possibilitar novas descobertas, M.J. Ryan escreveu um livro que reúne histórias encantadoras e dicas práticas de como desenvolver e manter a gratidão no cotidiano. MÉDICOS O seriado da GNT mostra o dia a dia de um grupo de médicos do hospital Albert Einstein, de São Paulo, e sua gestão humanizada. Veja mais: gnt.globo.com/programas/médicos 14 Revista Conexão - Julho / Agosto / Setembro de 2014 - Edição 14

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ESTETOSCÓPIO Cientistas suecos da Universidade de Tecnologia Chalmers, da Academia Sahlgrenska e do Hospital Universitário Sahlgrenska estão à frente de um projeto que prevê a criação de um capacete capaz de ajudar a detectar as causas de derrames (AVC), informando se o paciente sofreu hemorragia ou desenvolveu um coágulo cerebral. O acessório envia minúsculas ondas diretamente ao cérebro do paciente, detectando as áreas atingidas. Com isso, o médico e sua equipe conseguem desenvolver um plano de atuação mais eficaz, iniciando o tratamento imediato e permitindo a recuperação em curto prazo. O capacete já foi testado com sucesso em 45 pacientes, e a expectativa é que o seu estudo seja finalizado em breve. A Ology, rede online especializada e exclusiva para os profissionais da área de saúde, está com uma novidade: uma ferramenta de recrutamento. Os médicos interessados podem acessar o site e acompanhar, gratuitamente, oportunidades de vagas em hospitais, centros médicos, laboratórios, clínicas e consultórios em todo o país. A pesquisa é feita por meio de um filtro, no qual o profissional insere sua especialidade e cidade de interesse. O espaço virtual também oferece outras funcionalidades sociais e ferramentas que auxiliam o médico em seu dia a dia e no desenvolvimento de sua carreira. Acesse o site http://www.ology.com.br e inscreva-se. Controle universal Para se ter uma visão real do número de casos de Aids ocorridos no Brasil, foi determinado, em uma publicação recente, no Diário Oficial da União, que todos os profissionais de serviços de saúde públicos ou privados deverão notificar, regularmente, às autoridades responsáveis os diagnósticos positivos de infecção pelo vírus HIV. Anteriormente, era necessário registrar somente os casos de infecção em gestante, parturiente, puérpera e criança exposta ao risco de transmissão do vírus, além daqueles em que a doença já havia se manifestado, o que poderia ocorrer em um período longo após a infecção do paciente. As infecções pelo HIV foram inseridas na Lista Nacional de Notificação Compulsória de Doenças, Agravos e Eventos de Saúde Pública. Nela, também foram incluídas outras 46 categorias de doenças e agravos, como acidentes de trabalho grave e com exposição a material biológico e varicela em casos graves e óbitos, o que torna o controle dessas enfermidades universal. A notificação dos casos segue os critérios de sigilo da Lei de Acesso à Informação (12.527/2011). 16 Revista Conexão - Julho / Agosto / Setembro de 2014 - Edição 14

Descobrir um grupo totalmente novo de associações genéticas abre uma janela para experimentos mais bem informados com o objetivo de decifrar a biologia desta doença. Michael O Donovan, AP Photo/Cardiff University School of Medicine Temos evoluído no diagnóstico do Alzheimer. Então, estamos entendendo como a doença funciona e evolui. Buscamos agora antecipar o diagnóstico com segurança para começar o tratamento o quanto antes. E a solução talvez não seja medicamentosa, mas de mudança de hábito. Paulo Caramelli, A introdução do HPV no calendário de vacinação é um grande avanço na prevenção de condilomas. Outro ponto seria incluir meninos, já que a doença também atinge homens e pode desenvolver câncer. Sabíamos que as mamografias salvavam vidas, e este estudo nos dá dados sólidos que mostram que a mamografia em 3D dá um melhor diagnóstico para o câncer de mama, suficientemente precoce, quando ainda é tratável. Arquivo CREMERJ Nelson Nahon, Donna Plecha, Arquivo Case Medical Center Unimed Federação Minas 17

CAPA / ENTREVISTA Qual a sua estra Fotos: Atomic Adams/Gesundheit Institute Há 40 anos revolucionando a medicina, o médico Patch Adams ensina que tratar com sentimento é muito importante para a recuperação do paciente. Para isso, é necessária uma gestão de saúde mais humanizada 18 Revista Conexão - Julho / Agosto / Setembro de 2014 - Edição 14

tégia de amor? Nada de jaleco branco e sisudez na face. Ao ver o médico americano Hunter Doherty Adams vestido com roupas coloridas e um nariz de palhaço, a primeira sensação é a de que ele acabou de sair de um circo. E essa percepção tem fundamento. Há mais de quatro décadas, Patch Adams, como é mundialmente conhecido, vem transformando hospitais e instituições de saúde em verdadeiros anfiteatros, onde ensina (e defende) uma abordagem mais humana no trato com os pacientes. Por meio de brincadeiras e da crença de que o amor, o humor e a alegria podem ajudar a reduzir o sofrimento durante o tratamento, ele tem revolucionado a medicina em diferentes países. Símbolo de como cuidar das outras pessoas com respeito e dignidade, o médico viaja o mundo realizando trabalhos sociais, levando toda sua equipe de médicos e palhaços para ajudar pessoas nos lugares mais pobres e sofridos, como em campos de refugiados e cidades atingidas por desastres naturais. Sua atuação ganhou maior conhecimento em 1998, após sua vida ser retratada no filme O Amor É Contagioso, estrelado pelo ator Robin Williams, que bateu recordes de bilheteria e influenciou toda uma geração. A grande divulgação serviu de inspiração para grupos como o Doutores da Alegria e outros semelhantes que estão presentes em 120 países. Patch Adams também é autor de três livros, nos quais defende um relacionamento mais próximo entre médico e paciente. Aos 69 anos, ele também ministra palestras e cursos em vários países e dirige o Instituto Gesundheit (saúde, em alemão), nos Estados Unidos, onde recebe pacientes de graça. Recentemente, esteve no Brasil para um seminário e workshop internacional, promovido pelo Elsever Institute, sobre como a humanização pode revolucionar o processo de gestão de pessoas em recursos humanos. Durante sua visita, ele concedeu esta entrevista à revista Conexão Unimed, revelando como sentimentos aparentemente simples podem ser a cura para muitos pacientes. O trabalho do médico é cuidar das pessoas. Você pode sempre cuidar, todo dia, o dia todo. Nunca, jamais, antes de saber a consequência exata de um tratamento, pode-se garantir a cura. Unimed Federação Minas 19

CAPA / ENTREVISTA Patch Adams defende o amor como o grande solucionador de problemas do mundo e a gratidão e solidariedade como sentimentos essenciais para a vida em sociedade De que maneira o amor pode mudar o mundo? Acredito que todos os problemas do mundo são gerados pelo não amor. Na minha visão, um truque da área de negócios é fazer com que as pessoas acreditem que o dinheiro é a riqueza, enquanto, na verdade, a amizade é a riqueza. Eu já ministrei palestras em 76 países e, ao perguntar para mais de 40 milhões pessoas se havia algo mais importante que o amor, apenas 10 delas responderam que esse sentimento não era relevante. Por isso, busco promover que esta habilidade seja ensinada na escola, desde o jardim de infância até o ensino médio, uma hora por dia. Falo sobre a inteligência do amar e não do sentimento. A pessoa decide, a cada momento de sua vida, ser amável, expressar o amor. E, ao praticar esse desempenho, continuamente, conquista coisas maravilhosas. Se eu perguntar qual a sua estratégia de amor?, quase ninguém tem uma resposta. E sei disso pois entrevistei milhares de pessoas, desafiei o mundo a me trazer uma que respondesse e nunca trouxeram. Como o senhor, sendo homem e médico, conseguiu ser essa pessoa doce e amável? A base, o alicerce, tudo o que eu gosto em mim veio da minha mãe. Então, aos 18 anos, eu decidi me tornar um instrumento dessa revolução do amor. A minha mãe fez de mim alguém que foi capaz de tomar essa decisão muito facilmente. Como deve ser o relacionamento entre médicos e pacientes? Eu sei que qualquer pessoa pode decidir: "eu serei amorosa". Exatamente como a pessoa sabe decidir se vai parar ou avançar quando chega num cruzamento de uma cidade movimentada. Do momento em que acorda ao momento em que vai dormir, continuamente, ela está decidindo quem ela será. E é necessária muita humildade e sinceridade nesta convivência. O médico não cura, trata. É arrogância e um perigo entrar na medicina ou em qualquer curso voltado para saúde pensando na cura, porque você aprenderá a ser mais humilde na primeira semana. O trabalho do médico é cuidar das pessoas. Você pode sempre cuidar, todo dia, o dia todo. Nunca, jamais, antes de saber a consequência exata de um tratamento, pode-se garantir a cura. Não importa a prática que se tenha com a doença. Por que as faculdades de medicina não ensinam a humanização entre médico e paciente? Isso acontece porque a medicina começou como uma profissão masculina e acredita-se que ser amoroso e suave diminui as características de ser homem. Eu me correspondo com estudantes de medicina de 120 países e parte deles fala que os professores têm um senso de hierarquia, e isso é muito doloroso para quem está aprendendo. Acho que muitos estudantes de medicina entram na faculdade com um idealismo. Os homens precisam resistir à sua fome de ter poder sobre outras pessoas, ou eles se tornarão alguém que gosta de ter esse poder. Para mim, é muito claro que cada pessoa, principalmente os homens, pode aprender a ser amorosa, gentil e suave. Qual foi sua maior vitória, nesses 40 anos de carreira, desde que decidiu abrir o Instituto Gesundheit? Eu nunca penso nessas coisas. Se você me forçasse, diria que tenho sido uma boa pessoa, um bom amigo. Tenho dado a minha vida para a paz, a justiça e o cuidado com as pessoas, de várias formas. A profissão de médico, nos Estados Unidos, é um negócio que representa 19% do nosso Produto Interno Bruto (PIB). Eu projetei, há 40 anos, um hospital que eliminaria 90% das despesas, mas que ainda não foi construído. Os pacientes deveriam morar dentro do hospital, em uma ecovila comunitária, onde o profissional encarregado pela limpeza e o cirurgião receberiam o mesmo salário, cerca de US$300 por mês. Em nosso hospital, a entrevista inicial, que normalmente dura 10 minutos, levaria quatro horas, e a consulta seria de graça. Quando eu comecei, em 1971, tinha certeza que 20 Revista Conexão - Julho / Agosto / Setembro de 2014 - Edição 14

ele seria concluído em quatro anos. No 44º ano, ele ainda não está de pé. De que forma o Instituto Gesundheit beneficia tanto os pacientes quanto os profissionais da área de saúde? Levamos alunos de medicina, pessoas de diversos países e ofertamos cursos, palestras e workshops. E, desde então, como resposta, recebo cartas de muitos países onde está escrito "por causa do seu trabalho eu iniciei a minha clínica" ou "fazemos um trabalho nesse orfanato por causa do seu trabalho". Eu já recebi cerca de 50 mil cartas que contam que algo mudou por causa do meu trabalho. E, por isso, enquanto houver crianças sendo violentadas, eu não vou parar. Uma das formas de ensinarmos é pelas viagens com palhaços por vários países do mundo, onde todos são convidados. Você pode ser a pessoa mais chata e entediante do Brasil, que numa clowntrip será ótimo. Aceitamos participantes de 8 a 88 anos. Visitamos zonas de guerra, de refugiados, áreas de muita pobreza. Quando você está com uma pessoa, não há diferenças de estar com ela em um campo de refugiados ou em um hospital. O encontro humano de brincadeiras, de amor, é o mesmo. As zonas de guerra fazem com que eu trabalhe com muito afinco como ativista da paz. Mas posso estar em um elevador, em algum lugar dos Estados Unidos, junto com um executivo de terno e gravata, e ver tanta dor quanto vejo em pessoas nos locais de conflito. A dor faz parte da humanidade? A dor e os machucados físicos fazem parte da humanidade. Agora, se fôssemos seres humanos mais amáveis, a dor psíquica não faria parte de nossa vida. Um fato muito interessante é que nenhuma escola de medicina ensina compaixão. Então, o que é necessário para se implementar uma gestão humanizada na área da saúde? Cada país é diferente, e cada pessoa que trabalha na área de recursos humanos é diferente. É difícil fazer uma afirmação genérica para abordar uma área tão ampla. Eu, particularmente, acredito que a área de prestação de serviços em saúde deveria ser totalmente tirada da área de negócios, da área comercial, e ser oferecida como um presente para as pessoas. O atendimento de saúde para o brasileiro mais pobre deveria ser o mesmo dado ao mais rico. Quais são as vantagens de manter este modelo? Um ambiente amoroso, brincalhão, criativo e leve é um lugar divertido para se trabalhar. Isso acarreta redução das faltas no trabalho e maior desempenho da equipe. No sistema capitalista, tudo tem relação com a lucratividade, são tabelas e gráficos que mostram números. A cobiça é exacerbada. Por isso, um empresário bem-sucedido, que tenha alguma humanidade dentro de si, precisa perguntar o que o amor pode trazer de benéfico para a sua empresa. As empresas estão formatadas de uma forma errada? Elas excluíram o amor? Sim, pois para elas o amor é um negócio ruim. Você tem uma boa funcionária que é mãe solteira, tem três filhos. Mas a filha está doente, e ela precisa ficar em casa, então a demite, isso é um negócio. Quando o foco é o dinheiro e o lucro, sabe que as pessoas serão feridas. São 7 bilhões de pessoas que você precisa atingir em todo o mundo. O que acha disso? Vamos ao trabalho! O médico americano visita instituições e comunidades pelo mundo levando a sua mensagem de humor e humanidade Unimed Federação Minas 21

INOVAÇÃO E TECNOLOGIA Investimento COLETIVO Projetos de pesquisa, tecnologia e tratamentos médicos ganham nova dimensão ao serem financiados colaborativamente Manchetes como Garoto recebe ajuda da população para conseguir fazer cirurgia de doença rara e Cientistas aguardam financiamento coletivo de um exame que vai agilizar o diagnóstico têm se tornado cada vez mais frequentes na imprensa internacional e nas revistas especializadas. Essas notícias são alguns exemplos de iniciativas voltadas para a área da saúde que ganharam relevância, nos sites de crowdfunding, a chamada vaquinha virtual. Por meio de plataformas onlines, instituições e profissionais inscrevem projetos com o objetivo de arrecadar verba e recursos para a sua viabilização de forma colaborativa. No passado, empreendedores utilizavam recursos próprios, cartões de crédito e amigos para financiar a tecnologia dos sonhos. Hoje, eles podem misturar diferentes abordagens. O médico Charles Rocamboli, fundador da startup CureCrowd, um banco de dados de saúde construído coletivamente, contou durante uma entrevista à revista americana especializada em saúde, Information Week Healthcare, que até agora o projeto foi financiado por diversas pessoas. Recentemente, começamos com crowdfunding no IndieGogo (uma das plataformas disponíveis) e acreditamos que será duplamente favorável. Ajuda a espalhar a ideia e nos auxilia a levantar dinheiro para o desenvolvimento contínuo, diz. Além deste, sites como MedStartr e HealthTechHatch oferecem acesso a recursos econômicos e um termômetro instantâneo de comercialização, além de financiar inovações para pacientes, médicos e instituições na área da saúde. Um projeto bem-sucedido no MedStartr, de acordo com a própria empresa, arrecada US$ 13 mil imediatamente e cerca de US$ 450 mil em seis meses. O Indiegogo não compartilha dados publicamente, mas relatórios sugerem que cerca de 9% de todos os projetos inscritos arrecadaram 100% ou mais de fundos, e os outros 90% conseguem coletar mais de 50% do previsto. Por isso, a procura está cada vez maior. Os profissionais que entendem de tecnologia para serviços de saúde querem entrar para um mercado que deve gerar US$ 57 bilhões até 2017, ejá é comumente utilizado para projetos culturais, sociais e focados no empreendedorismo. Somente em 2013, o crowdfunding movimentou US$ 5 bilhões no mundo. Para a analista do Sebrae Minas, Regina Vieira, essa solução é inovadora e, com isso, há um incentivo maior para que os projetos sejam implantados. A economia criativa é a mais beneficiada, já que as atividades, mesmo não tendo recursos do governo, recebem o apoio da sociedade, que julga e analisa as propostas, enfatiza. Salvando vidas Iniciativas focadas em saúde são variadas. Dentre as possibilidades, as que realmente objetivam salvar vidas em um curto prazo são as que mais chamam atenção. O Watsi, primeira plataforma dedicada ao financiamento de tratamentos 22 Revista Conexão - Julho / Agosto / Setembro de 2014 - Edição 14

NA SAÚDE para pessoas necessitadas, é um deles. Criado por quatro jovens americanos, o site inovou ao criar uma triagem rigorosa de profissionais de saúde parceiros. A inspiração para o serviço surgiu em dezembro de 2010, quando um dos cofundadores, em trabalho na Costa Rica, viu uma mãe pedindo dinheiro em um ônibus para tratar a doença do filho. A história comoveu grande parte dos passageiros, que fizeram doações. Com isso, surgiu a ideia de buscar um mecanismo que pudesse conectar pessoas distantes para resolver problemas similares. Outro exemplo interessante foi quan - do um grupo de jogadores de Dungeons & Dragons, um jogo virtual, se uniu para ajudar o americano Daniel Somerville, que precisava fazer uma cirurgia cerebral para retirar um tumor maligno ao custo de US$ 45 mil, mas não possuía plano de saúde. Os amigos publicaram a campanha no site Indiegogo e conseguiram arrecadar quase US$ 10 mil, muito mais que a expectativa inicial de juntar US$ 5 mil. Ciência e saúde Há também projetos relacionados à tecnologia, como o Rufus Cuff, que consiste em um relógio que funciona como um smartphone e possui os registros de pacientes, facilitando a comunicação das equipes de saúde. O projeto busca US$ 250 mil no Indiegogo. Outro exemplo é o HealBe GoBe, um dispositivo de monitoramento corporal que mede, automaticamente e pela pele do usuário, a ingestão de caloria, hidratação, sono, níveis de estresse e outras métricas. O bracelete à prova d água precisa de um investimento de US$ 100 mil. As iniciativas focadas em pesquisa ganham adeptos, como é o caso do financiamento coletivo para criação da vacina contra o HIV. A ideia veio de um grupo de cientistas e empreendedores de Harvard, do MIT, da Stanford University e outras renomadas instituições de ensino dos Estados Unidos. O nome do projeto é Immunity, e a organização, por meio de um site de crowdfunding, já arrecadou mais de US$ 190 mil. No Brasil, a atuação na área médica e de pesquisa ainda é tímida e não existem plataformas exclusivas para inserção de projetos de saúde. No entanto, alguns sites mundialmente conhecidos aceitam iniciativas voltadas para tecnologia e pesquisa, sendo a análise feita caso a caso. Tendo em vista esse cenário, a analista do Sebrae Minas afirma que é importante ter cuidado ao inserir o projeto e também ao financiá-lo. A mudança cultural passa por situações de risco, como possíveis golpes ou não execução da ideia, mas, com o tempo, vamos adaptando e conhecendo cada vez mais o novo formato. O crowdfunding simboliza um avanço em termos de produção de conhecimento e inovação para a sociedade e economia criativa, superando os percalços e riscos previstos. Mesmo assim, ela acredita que o modelo não deve ser controlado ou monitorado por meio de normas, leis ou ações que possam influenciar o processo de colaboração coletiva. Unimed Federação Minas 23

AQUI TEM UNIMED Arosoft / Shutterstock O Parque Nacional da Serra da Canastra é reconhecido pela sua beleza natural, que inclui inúmeras cachoeiras, com quedas d'água de mais de 100 metros de altura 24 Revista Conexão - Julho / Agosto / Setembro de 2014 - Edição 14

A biodiversidade reúne seis mil espécies - 540 apenas de plantas A Serra da Canastra é a opção ideal para a prática de esportes radicais Região da Serra da Canastra oferece paisagem privilegiada e diversas opções de lazer e turismo Paisagens de cartão-postal. É o que pode esperar quem visita a Serra da Canastra, no Sudoeste Mineiro. A 320 quilômetros de Belo Horizonte, a região ecoturística abrange os municípios de São Roque de Minas, Vargem Bonita, Sacramento, Delfinópolis, São João Batista do Glória e Capitólio. Com 200 mil hectares, o local tem como maior atração o Parque Nacional da Serra da Canastra, fundado, em 1972, pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), com a finalidade de resguardar as nascentes do rio São Francisco, conhecido como Velho Chico. A Serra da Canastra, que ganhou este nome por lembrar o formato de um baú ou de uma arca, apresenta uma vegetação diversificada, com florestas e campos rupestres, características da zona de transição entre Cerrado e Mata Atlântica. A vegetação rasteira e o relevo acidentado formam uma linda vista panorâmica e cachoeiras com mais de 100 metros de altura. A biodiversidade reúne seis mil espécies, das quais 540 são de plantas, de acordo com um grupo de especialistas da Universidade Federal de Uberlândia. É possível encontrar variedades de orquídea, bromélia, fruta-delobo e canela-de-ema. Anel de Souza é proprietário de uma agência de turismo na região. Segundo ele, além de uma rica vegetação, a fauna atrai visitantes que valorizam o contato com a natureza. A observação de animais selvagens, como o veado-campeiro, tamanduá-bandeira e lobo-guará, que es - tão ameaçados de extinção, é comum. Com um pouco de sorte, é possível, ao caminhar pelo Parque Nacional, encontrar macaco-sauá, lontra, tatu-canastra e, até mesmo, onça-parda, afirma o empresário sobre o local, que abriga mais de 800 tipos de aves e 200 de mamíferos. Esportes radicais Além da proximidade com a natureza, a Serra da Canastra também é procurada para a prática de esportes. As belas paisagens são ideais para quem gosta de fazer trekking. Existem muitas trilhas, como a que começa na parte baixa da cachoeira Casca d Anta e segue até o topo da Serra, onde o rio São Francisco deságua. Embora não seja muito longa são três quilômetros de extensão, ela exige um bom preparo físico, por ser íngreme e ter quase 300 metros de altura, diz Anel de Souza. A região também é conhecida por suas quedas d água: são mais de 30 cachoeiras, que formam piscinas naturais e duchas. A maior delas é a Casca d Anta, com cerca de 186 metros de altura. Essa característica natural atrai muitos visitantes interessados em ecoturismo. Segundo registros do Parque Nacional, quase 30 mil turistas visitam a região por ano. Há opções para a prática de esportes aquáticos, como rapel e canyoning, feitos nas cachoeiras do Capão Forro e do Nego, e de boia-cross. Com uma câmara de pneu de caminhão ou grandes boias, as pessoas descem parte do rio São Francisco em uma pequena competição. A diversão é garantida, destaca o empresário. Para oferecer uma melhor infraestrutura e conforto aos turistas, o local oferece centros de aventuras, com uma programação de lazer diversificada, que inclui arvorismo. O esporte surgiu a partir da necessidade de pesquisadores em escalar árvores de grande porte. Inspirados nessa situação, os visitantes podem andar entre o arvoredo, usando cordas e outros equipamentos específicos. Unimed Federação Minas 25