O que são Patentes de Software?

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Transcrição:

O que são Patentes de Software? Trabalho de Investigação integrado no plano de estudos da unidade curricular Projeto FEUP Grupo: GI_406 OUTUBRO DE 2011

OUTUBRO DE 2011 O que são Patentes de Software? Trabalho de Investigação integrado no plano de estudos da unidade curricular Projecto FEUP Grupo: GI_406 Supervisor: J. Magalhães Cruz Monitor: Pedro Simeão Pinho Carvalho Bruno Filipe Loureiro Batista - gei11087 Fábio Filipe Jesus Silva ei11107 João Manuel Mesquita Cardoso - ei11100 João Pedro Pinheiro ei11064 José Paulo Soares Ferreira - ei11060 Pedro Miguel Sousa Santos ei11125 Grupo GI_406 Página 2 de 20

Resumo O principal objectivo do trabalho do Projeto Feup que nos foi proposto era responder à questão: O que é uma patente de software? Iniciamos este documento com a noção de patente, clarificando as normas e apresentando as características fundamentais. Apresentamos as vantagens e desvantagens da utilização deste mecanismo. Apresentamos, ainda, a controvérsiaem forma das patentes relativas a algoritmos, programas de computador ou métodos. O desenvolvimento tecnológico, científico e económico dos países está relacionado com o incremento ou a inexistência deste tipo de patentes, alterando grande parte das vezes a competitividade e monopolização das grandes empresas, apresentando diversos prós e contras em diferentes factores presentes numa sociedade. A guerra das patentes, bastante noticiada nos últimos tempos, faz parte desta enorme discussão em torno destes títulos que controlam a evolução tecnológica e muitas vezes impedem a proliferação dos novos produtos. Grupo GI_406 Página 3 de 20

Agradecimentos Gostaríamos de agradecer ao nosso supervisor, J. Magalhães Cruz, pelo apoio e informação disponibilizada, e ao monitor, Pedro Simeão, pelo tempo disponibilizado e pelos conselhos e acompanhamento prestado para a realização do nosso trabalho. Grupo GI_406 Página 4 de 20

Índice Introdução..6 Noção de Patente 7 Onde apresentar o pedido de patente... 10 Manutenção da patente 10 Vantagens e Desvantagens 11 Desenvolvimento dos países através de patentes de software 12 Impacto das patentes de software na economia. 14 Controvérsia em relação às patentes de software.. 15 Guerra das patentes..16 Sensibilidade da Comunidade 17 Conclusão,..18 Bibliografia..19 Anexos....20 Grupo GI_406 Página 5 de 20

Introdução No âmbito do estudo das Patentes de Software, desenvolvemos um trabalho que abordará todos os aspectos na sociedade actual que este tipo de patentes influência para além do que é uma patente de software. Uma patente é um mecanismo de protecção de uma ideia ou invenção, logo uma patente de software protege um software que foi criado por uma pessoa ou empresa. Mas este mecanismo levanta muitas questões, que abordaremos a maioria delas ao longo do nosso trabalho, tais como, se são ou não benéficas para o mundo do software ou se beneficiam a criação de novas empresas de desenvolvimento de software, por exemplo. Outro dos problemas é que ao patentear um software vamos faze-lo para todo o código que escrevemos ao longo da sua criação que levantará a maioria dos problemas deste tipo de patentes. Concluindo, neste trabalho, tentamos abordar, ao máximo, toda a problemática deste tipo de patentes ao mesmo tempo aprendendo sobre este tema pois era do nosso total desconhecimento. Grupo GI_406 Página 6 de 20

Noção de Patente Patente é um mecanismo de protecção de uma invenção. O inventor apresenta a invenção, requer e obtém a patente da sua criação. Em troca recebe um monopólio limitado no tempo para a exploração comercial da sua invenção. Este direito é concedido aos requerentes de patentes, em troca da divulgação das invenções. Uma patente é concedida num dado país e nenhuma pessoa pode fazer, usar, vender ou importar / exportar a invenção reivindicada no país sem a permissão do detentor da patente. A permissão, quando concedido, é tipicamente na forma de uma licença onde são definidas condições pelo titular da patente: pode ser grátis ou em troca de um pagamento/taxa. A lei de patentes dá aos inventores o direito exclusivo à nova tecnologia em troca da publicação da tecnologia. Isto não é o mais adequado para indústrias como as de desenvolvimento de software onde as inovações ocorrem de forma acelerada, podem ser realizadas sem grande investimento de capital, e tendem a ser combinações criativas de técnicas já conhecidas. Politica de patentes da empresa Oracle As patentes são territoriais por natureza.para obter uma patente, os inventores devem apresentar os pedidos de patente em cada país em que querem obter tal direito; em órgãos supranacionais, com o poder de conceder patentes que podem ser colocadas em prática nos Estados membros desse órgão, como é caso do Instituto Europeu de Patentes (EPO); ou através de um pedido internacional ao abrigo do Tratado de Cooperação de Patentes (PCT), que pode dar origem a proteção de patentes na maioria dos países. Diferentes países apresentam padrões diferentes para a concessão de patentes; nomeadamente, nas invenções de software ou programas de computador, a legislação varia de país para país. Grupo GI_406 Página 7 de 20

Elementos do pedido de patente 1. Título: identificar o objecto da patente 2. Resumo: síntese concisa do que é exposto na descrição, reivindicações e desenhos 3. Descrição:exposição detalhada da invenção a patentear(incluindo vantagens, desvantagens e antecedentes da invenção) 4. Reivindicações: objecto de protecção requerido, em termos de características técnicas da invenção 5. Desenhos: esquema pormenorizado da invenção Patentes de software Não existe uma definição universal de patente de software, contudo é possível reunir pontos de vista e alcançar uma noção de patente de software. Por exemplo, não é possível patentear ideias matemáticas ou fórmulas de cálculo. Se alguém definir um novoconjunto de números que possuem uma característica especial (por exemplo, conjunto de números dão resto 3 quando divididos por 400), não é possível patentear e exigir que paguem uma quantia para a utilização desses números. Mas, é aceite como patente uma inovação de caráter técnico, que se obtêm com o contacto com a natureza e possivelmente explicável segundo as leis da física. Uma patente de software é uma patente que visa proibir a execução de programas de computador, algoritmos, sequências ou processos sem que antes seja obtida a devida licença junto do proprietário da patente. A patente de software visa proteger o seu proprietário, dando-lhe o direito de bloquear outras pessoas de distribuir ou executar os seus próprios programas ou programas de base similar. Assim, as patentes de software,apresentam uma relação de competição com direitos de autor de software. Grupo GI_406 Página 8 de 20

Requisitos de patenteabilidade: Novidade: Neste âmbito, a expressão Novidade significa não fazer parte do estado da técnica. O estado da técnica inclui tudo o que, dentro ou fora do país, foi divulgado ou tornado acessível ao público por qualquer meio, antes da data do pedido ou da sua data de prioridade. Estado da Técnica: é o conjunto de todas as informações tornadas públicas, independentemente do meio, em qualquer parte do mundo, de modo a poderem ser conhecidas e exploradas. Considera-se a não divulgação ao público nas exposições internacionais reconhecidas, mediante as seguintes condições: - Exposição realizada pelo próprio requerente/inventor; - Tem que ser realizada no prazo impreterível de 6 meses que antecede o pedido; - Tem que ser declarada no requerimento do pedido de patente e comprovada através da junção de documento que ateste essa divulgação. A prova da divulgação deve constar num Certificado emitido pela entidade responsável pela exposição. Actividade inventiva: Uma invenção possui actividade inventiva e de descoberta tendo em conta o estado da técnica e terá de ser não óbvia para uma pessoa especializada na matéria. Aplicação industrial: Uma invenção é considerada como susceptível de aplicação industrial, quando o objecto da invenção pode ser fabricado ou utilizado em qualquer tipo de indústria, incluindo a agricultura Grupo GI_406 Página 9 de 20

O que não se pode patentear Segundo dados recolhidos no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial)o software não pode ser patenteado. Mais informação sobre o tema está presente no anexo 1. Onde apresentar o pedido de Patente Em Portugal, o pedido de patente pode ser registado de duas formas. Poderá ser enviado por correio, em carta registada com aviso de receção. A morada a que deve ser enviado o pedido é: Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), Campo das Cebolas, 1149-035 Lisboa. Outra opção será dirigir-se pessoalmente ao Serviço de Atendimento de Público também na morada anteriormente referida. Manutenção da Patente Depois de a patente ser aceite terá obrigatoriamente de ser paga uma taxa denominada taxa de título. O título é emitido no prazo de um mês, depois da conclusão do prazo de recurso. Após estar efetuado o pagamento e contra recibo, o título é entregue ao seu titular. Se houver necessidade de adiar ou antecipar a publicação há, também, uma taxa respetiva a pagar. Existe um limite de tempo em que a Patente é válida. Normalmente são vinte anos, contados desde a data do pedido. A manutenção durante os vinte anos é feita através de pagamentos de taxas anuais. Nos dias de hoje, o mínimo a pagar é de 310, mas este preço não é fixo, depende das características da patente. Pode ainda haver outros gastos como os de ilustrações das descrições ou, então, caso exista necessidade de toda a patente ser preparada por um Agente Oficial de Propriedade Industrial. Grupo GI_406 Página 10 de 20

Se não houver possibilidades económicas para cobrir todas as despesas, após ser provado tal facto no Conselho de Administração do INPI, o requerente fica com a possibilidade de pagar apenas 20% das taxas até ao sétimo ano. Vantagens e Desvantagens A questão da existência ou não das patentes de software é bastante polémica, o que nos traz para este novo tópico. Mas porque é que as patentes de software são tão polémicas? São polémicas devido a uma série de desvantagens que elas trazem ao mundo dos negócios de software. Uma delas é que, ao patentear um software, todo o código, raciocínio e ideias que utilizamos durante a sua construção fica patenteado, o que implica que durante os próximos 20 anos ninguém pode utilizar esse código sem ter que pagar um certo valor monetário. Este é o maior problema que podem causar, porque à medida que se vai patenteando software, muitos códigos ficam inutilizáveis e este negócio começa a estagnar. Mesmo sendo possível pagar para os utilizar, muitas das empresas ou programadores em fase de ascensão não têm dinheiro para tal. Uma outra desvantagem é o preço de registo de uma patente. Tal como foi dito anteriormente, muitas das empresas que estão em ascensão no mundo da informática não têm dinheiro para registar uma patente, ficando os seus trabalhos sem protecção alguma, podendo ser roubados ou copiados por outras empresas. Mesmo que consigam dinheiro para registar a patente, não poderão investir esse dinheiro noutras áreas das empresas. Dado isto, esta medida não ajuda, nem potencia, o desenvolvimento de pequenas empresas. Mas as patentes de software não são só desvantagens.podem trazer, também, grandes benefícios para o seu proprietário. O exemplo mais óbvio é que a nossa invenção fica protegida de cópia durante alguns anos, o que promove a que a empresa ou programador ganhe notoriedade, podendo assim combater o monopólio que algumas grandes empresas têm sobre certas áreas. Para além disso, o tempo e dinheiro investido na sua produção é recompensado pois temos alguma certeza de Grupo GI_406 Página 11 de 20

que ninguém poderá plagiar o nosso trabalho. Como mais ninguém pode utilizar o código patenteado sem obter devida licença, quem quiser desenvolver um software com a mesma finalidade tem que escrever um código original. Desenvolvimento dos países através de patentes de software Na atualidade, o software é um elemento importante no desenvolvimento económico e tecnológico dos países, em todas as empresas, administrações públicas e lares. A nossa sociedade tem vindo a ser mais tecno-dependente ao longo dos anos, isto é, dependente nas tecnologias. Ao patentearmos cada software, se alguém lançar qualquer software que contenha alguma informação que esteja patenteada, o criador desse software tem que despender muito dinheiro para o legalizar. Por exemplo, se uma empresa desenvolvesse um programa e o patenteasse, outras empresas que desenvolvessem softwares com o mesmo fim seriam obrigados a pagar uma quantia de dinheiro ao detentor da patente. Este paradigma é bastante prejudicial, colocando as pequenas e médias empresas que não têm muito capital disponível e que são os maiores criadores de software na Europa - em desvantagem em relação a grandes companhias, não as incentivando a desenvolver software. Diminui a competitividade no mercado pois é preciso um investimento muito maior, devido à obtenção de patentes -, favorecendo novamente as grandes empresas. Assim, é despendido dinheiro em indemnizações e tribunais relacionados com a infração de patentes que deveria ser aplicado na criação de software de qualidade. Isto é agravado nos países menos desenvolvidos, como a Europa de Leste, onde o capital existente para a aplicação no desenvolvimento de software é muito menor, atrasando ainda mais o desenvolvimento dos países e aumentando a assimetria entre os países. Grupo GI_406 Página 12 de 20

As PMEs são fornecedores cruciais de inovações revolucionárias, mas seriam as mais adversamente afectadas por patenteabilidade. A maioria delas desiste apenas pelos custos das próprias patentes, contudo teriam de contornar os portfolios de patentes de software de grandes corporações." Deutsche Bank Research Além de as patentes de software apresentarem vários problemas às pequenas e médias empresas, são também nocivos para os consumidores ao aumentarem o preço do software. Podem também aumentar o desemprego, pois mesmo criando novos postos de trabalho em firmas de leis de patentes e de burocracia, cria desemprego no ramo do software, aumentando efectivamente a taxa de desemprego. Por outro lado, companhias que têm um leque vasto de patentes, como a Microsoft, enriquecem devido a fazerem cumprir os direitos das suas patentes, através de um imposto de patentes, isto é, oferecendo um acordo de licenciamento caro de todas as patentes que detêm. "Interessa-nos que protocolos de comunicação em rede, softwares, ícones e as linguagens de programação sejam patenteáveis? Linguagens básicas da sociedade em rede e das cidades virtuais devem ser propriedade de um grupo económico? Qual a vantagem para a humanidade, em geral, e para o mundo pobre e em desenvolvimento, em particular, de tornar as rotinas matemáticas submetidas a legislação de propriedade intelectual forte"? Sérgio Silveira, autor do livro Software Livre: a luta pela liberdade do conhecimento. (2004) O leve regime de protecção de Propriedades Intelectuais usado no passado levou a uma indústria de software muito competitivo e inovador com poucas barreiras de entrada no mercado. As patentes de software, que protegem invenções de natureza não técnica, poderiam diminuir o ritmo de inovação PricewaterhouseCoopers Grupo GI_406 Página 13 de 20

Impacto das patentes de software na economia Alguns defendem que a cedência de patentes de software é benéfica para a economia visto que, ao proteger os direitos de exploração, está a promover a concorrência entre empresas e consequentemente o investimento e inovação. Por outro lado, e na maior parte, outros assumem que as patentes de software impedem a concorrência, pois retiram dinheiro à investigação para ser gasto em processos legais contra inovadores e dificultam a entrada de novos produtos no mercado, havendo pois uma monopolização por parte das grandes empresas. Não havendo concorrência, há uma tendência das empresas para obterem lucros à custa das suas patentes, não investindo em investigação. Inclusivamente há empresas que ganham milhões fáceis, pois esperam que alguma outra empresa em fase inicial ganhe dinheiro com uma ideia ou produto que não sabem estar patenteada, e nessa altura a primeira recorre a processos judiciais para exigir indemnizações. "Se as pessoas tivessem percebido como é que as patentes iriam ser concedidas quando a maior parte das ideias de hoje foi inventada, e tivessem conseguido obter patentes, hoje a indústria estaria completamente parada." Bill Gates (1991) Como tal, é de prever que a concessão destas patentes leve ao enforcamento económico das pequenas empresas e favoreça o parasitismo por parte das grandes detentoras de patentes em grande número, sendo que impede o desenvolvimento do sector e prejudica a economia. Grupo GI_406 Página 14 de 20

Controvérsia nas Patentes de Software Em Julho de 2005, o Parlamento Europeu rejeitou uma proposta de lei que visava a implementação de um sistema de patentes de software em território europeu. O resultado da votação foi 648 contra 14. Nos últimos anos, as patentes de software têm estado no centro de vários debates e discussões, que têm como objectivo encontrar uma solução para o problema da protecção da propriedade intelectual no mundo do software. Para além das óbvias vantagens e desvantagens, um dos principais motivos para a existência de controvérsia em torno deste tema e a falta de uma definição universalmente aceite de patente de software. Outro motivo e a falta de clareza na distinção entre patentes de software e direitos de autor. Desta forma, enquanto há quem defenda que os direitos de autor são suficientes e que as patentes de software trazem malefícios para o mercado, há quem afirme que implementar um sistema de patentes de software é necessário para a evolução do mercado de software Grupo GI_406 Página 15 de 20

Guerra das Patentes A guerra das patentes de software é um tema atual e com grande destaque nos meios de comunicação mundiais. As patentes fornecem aos seus proprietários o direito de impedir que outros utilizem uma invenção idêntica à que tenha sido desenvolvida. "As patentes são bombas inteligentes." Harvard Business Review Um dos debates mais recentes da União Europeia centra-se na diretiva sobre a patenteabilidade de invenções implementadas por computador, também conhecido como o "CII directiva" ou "a directiva de Patentes de Software", que acabou por ser rejeitado pelo Parlamento da UE em Julho de 2005. Grandes empresas detentoras de bastantes patentes ofereceram patentes de direitos Livres. Empresas como: Apple, IBM, Microsoft, Nokia, Novell, RedHat, SunMicrosystems e Unisys. Tais ações raramentetêm apaziguado as comunidades de software livre e código-aberto por motivos como oreceio do detentor da patente mudar de ideias ou problemas com alguns dos termos da licença. Contudo como podemos verificar nos exemplos abaixo, oferecer patentes livres de direitos não é um hábito frequente e todas pretendem assegurar o seu monopólio comercial e inventivo. Microsoft announced today that it has signed a definitive agreement with Samsung Electronics Co. Ltd., to cross-license the patent portfolios of both companies, providing broad coverage for each company s products. Under the terms of the agreement, Microsoft will receive royalties for Samsung s mobile phones and tablets running the Android mobile platform. In addition, the companies agreed to cooperate in the development and marketing of Windows Phone. Microsoft news center, Setembro de 2011 Ainda o iphone 5 não foi sequer oficialmente anunciado e a Samsung já lhe abriu guerra: a empresa sul-coreana espera só pela apresentação do novo telefone da Grupo GI_406 Página 16 de 20

Apple para avançar em tribunal com o pedido de proibição da sua venda na Coreia do Sul. Diário de Notícias, Setembro de 2011 As pequenas e médias empresas rendem-se ao depararem com dezenas de milhares de patentes de software existentes, e sabendo que nunca será possível pesquisá-las todas e cumprir com a legalidade, desistem, impedindo a sua evolução e inovação. "Um iniciante sem patentes será obrigado a pagar o preço que os gigantes escolham impor. Tal preço pode ser alto: as empresas estabelecidas têm interesse em excluir os futuros concorrentes." Bill Gates (1991) Sensibilidade da Comunidade Não consideramos que a sensibilidade da comunidade fosse relevante ou acrescentasse mais-valias ao projecto, desta forma, optamos por não efectuar o estudo da opinião e do conhecimento da comunidade em relação a este tema. Grupo GI_406 Página 17 de 20

Conclusão Falar em patente de software significa referir-se, a maior parte das vezes, auma protecção com o intuito de monopolizar o mercado consumista. Perante os factos expostos, pode-se afirmar que estas patentes são, na maior parte das vezes, mais uma maneira de favorecer grandes grupos económicos e de centralizar o poder nestes. No entanto, se estas patentes forem rigorosamente analisadas e cedidas pelas entidades responsáveis, poderão servir de estímulo ao mercado e à economia, mas para isso é preciso que as ditas entidades sejam competentes nas suas tarefas, o que não se tem verificado. Em suma, o direito de explorar software é algo que pode trazer benefícios para a sociedade, mas para isso há que mudar as ideologias capitalistas - onde as empresas líderes do sector não têm interesse nenhum na formação de novas empresas e na competição com elas, e só se focalizam em obter o máximo de lucros - da sociedade actual. Grupo GI_406 Página 18 de 20

Bibliografia SILVEIRA, Sérgio Amadeu. Software Livre: a luta pela liberdade do conhecimento. São Paulo, ed. Perseu Abramo, 2004 Netgrafia: o http://ansol.org o http://www.softwarepatente.org o http://kwiki.ffii.org o http://www.uspto.gov o http://www.gnu.org o http://www.law.duke.edu o http://www.nosoftwarepatents.com Grupo GI_406 Página 19 de 20

Anexos Anexo 1: O que não pode ser patenteado As descobertas, assim como as teorias científicas e os métodos matemáticos; Os materiais ou as substâncias já existentes na natureza e as matérias nucleares; As criações estéticas; Os projectos, os princípios e os métodos do exercício de actividades intelectuais em matéria de jogo ou no domínio das actividades económicas, assim como os programas de computadores, como tais, sem qualquer contributo; As apresentações de informação; Os métodos de tratamento cirúrgico ou terapêutico do corpo humano ou animal e os métodos de diagnóstico aplicados ao corpo humano ou animal, podendo contudo ser protegidos os produtos, substâncias ou composições utilizados em qualquer desses métodos. As invenções cuja exploração comercial seja contrária à lei, à ordem pública, à saúde pública e aos bons costumes, nomeadamente: Os processos de clonagem de seres humanos; Os processos de modificação da identidade genética germinal do ser humano; As utilizações de embriões humanos para fins industriais ou comerciais; Os processos de modificação de identidade genética dos animais que lhes possam causar sofrimentos sem utilidade médica substancial para o homem ou para o animal, bem como os animais obtidos por esses processos; O corpo humano, nos vários estádios da sua constituição e do seu desenvolvimento, bem como a simples descoberta de um dos seus elementos, incluindo a sequência ou a sequência parcial de um gene, sem prejuízo dos casos especiais de patenteabilidade; As variedades vegetais ou as raças animais, assim como os processos essencialmente biológicos de obtenção de vegetais ou animais. Grupo GI_406 Página 20 de 20