UMA LEITURA SOBRE O PROJETO EDUCAÇÃO E CIDADANIA E A INCLUSÃO ESCOLAR DO ADOLESCENTE AUTOR DE ATO INFRACIONAL



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Transcrição:

UMA LEITURA SOBRE O PROJETO EDUCAÇÃO E CIDADANIA E A INCLUSÃO ESCOLAR DO ADOLESCENTE AUTOR DE ATO INFRACIONAL Ivani Ruela de Oliveira Silva* Leila Maria Ferreira Salles** *Mestranda do Programa de Pós Graduação em Educação da UNESP/RIO CLARO/SP **Docente do Programa de Pós Graduação em Educação da UNESP/RIO CLARO/SP Resumo: Esta comunicação tem por objetivo caracterizar o Projeto Educação e Cidadania no que se refere à inclusão do adolescente autor de ato infracional na escola. O projeto, que privilegia a leitura, a escrita e outras linguagens, foi implementado no Núcleo de Atendimento Integral de Americana (NAIA) e tem por finalidade garantir o direito à escolarização de adolescentes em conflito com a lei privados temporariamente de liberdade, tal como definido no ECA e será analisado no bojo das políticas públicas de atendimento à criança e ao adolescente no Brasil. A partir dessa análise pretende-se fazer uma leitura da inclusão do adolescente autor de ato infracional na escola, contribuindo para o aprofundamento deste debate. Palavras-chaves: políticas públicas; Projeto Educação e Cidadania; adolescente autor de ato infracional; educação. Introdução A Constituição Federal preconiza a educação básica como direito público e subjetivo e, para tanto, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional LDB (Lei nº. 9394/96), dentre outros princípios, a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola 1. O Estatuto da Criança e do Adolescente ECA (Lei nº. 8069/90) por sua vez, estabelece o direito de escolarização dos adolescentes autores de ato infracional privados de liberdade. De acordo com o Artigo 103 do ECA considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal. O de nº. 104 prevê que os menores de l8 anos são considerados penalmente inimputáveis. O Artigo 106, por sua vez, dispõe que o adolescente somente será privado de sua liberdade devido à flagrante de ato infracional ou por ordem escrita e fundamente da autoridade judiciária competente, sendo que o de nº. 108 preconiza que a internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de 45 (quarenta e cinco) dias. Verificada a prática de ato infracional, o Artigo 112 prevê que a autoridade competente poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: I advertência; II obrigação de reparar o dano; III prestação de serviços à comunidade; IV liberdade assistida; V inserção em regime de semi-liberdade; VI internação em estabelecimento educacional; VII qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. 1 Artigo 3º., Inciso I. 1

A fim de assegurar os direitos consubstanciados na legislação pertinente, representantes de alguns segmentos da sociedade americanense desencadearam um processo de lutas visando à criação de uma instituição nos moldes do pioneiro e até então, único no Estado de São Paulo: o Núcleo de Atendimento Integrado da cidade de São Carlos, Estado de São Paulo, instalado em 2000. No ano de 2002, através da Lei Municipal nº. 3.759, foi criado pela Prefeitura Municipal de Americana o Núcleo de Atendimento Integrado de Americana - NAIA, cuja proposta de trabalho envolvia também o atendimento ao adolescente autor de ato infracional. Contudo, a garantia dessa abrangente política pública criada através de norma legal não foi suficiente para a sua concretização. Durante um longo período, pressões políticas e posicionamento contrário de uma parcela da população impediram a instalação daquela instituição. Somente três anos depois, em 2005, foi instalado o NAIA. Nesse mesmo ano, a Fundação CASA (Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente), instalou ali uma Unidade de Internação Provisória UIP, que é a instituição responsável pelo cumprimento do previsto no artigo 108 daquele diploma legal. Esta Unidade atende somente adolescentes do sexo masculino. Tendo em vista a necessidade de se implementar uma ação educativa apropriada às características e necessidades dos adolescentes privados de liberdade que viabilize um adequado atendimento escolar a essa parcela da população sob a responsabilidade da Fundação CASA, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo publicou a Resolução SE 109/2003, a qual prevê que o trabalho pedagógico a ser desenvolvido nas UIPs deverá ter características próprias e que para tanto, a escolarização dar-se-á por meio do Projeto Educação e Cidadania. O trabalho que ora elaboro resulta da minha participação no Projeto Educação e Cidadania desenvolvido na UIP da Fundação CASA. Referido projeto, que privilegia a leitura, a escrita e outras linguagens, foi implementado no NAIA e tem por finalidade garantir o direito à escolarização de adolescentes autores de ato infracional privados temporariamente de liberdade, tal como definido no ECA. Objetivo O estudo que ora desenvolvo se propõe a investigar como ocorre na escola a inclusão do adolescente infrator em cumprimento de medida sócio-educativa que freqüentou o NAIA e as contribuições do Projeto Educação e Cidadania nesta inserção. Embora esse seja o objetivo geral deste projeto, o que pretendo com este texto neste momento é realizar uma caracterização do Projeto Educação e Cidadania no bojo das políticas de atendimento ao adolescente infrator. 2

Caracterização do Projeto Educação e Cidadania Conforme afirmado nos documentos oficiais, o Projeto Educação e Cidadania, destinado aos adolescentes em situação de internação provisória é uma proposta que garante organização curricular diferenciada para atender o caráter de transitoriedade do aluno. O foco do trabalho é a reflexão dos adolescentes sobre assuntos que lhes dizem respeito no mundo contemporâneo. Assim, a leitura, a escrita e as outras linguagens dão sustentação à reflexão. Desenvolve temas de cunho reflexivo e tem como eixos norteadores a Cidadania, a Ética e a Identidade que permeiam diversos temas organizados em módulos escolares: Educação, uma Ponte para o Mundo; Família e Relações Sociais; Justiça e Cidadania; Saúde: Uma Questão de Cidadania: O Trabalho em Nossas Vidas. Estes temas desdobram-se em sub-temas e atividades que tem finitude diária que são desenvolvidos a partir de situações desafiadoras, dilemas, que emergem da realidade dos próprios jovens, para levá-los a refletir, desenvolver conhecimentos e habilidades e ampliar seus horizontes. Além disso, dez oficinas abordam os seguintes temas: Artes Visuais e Cênicas; Conto; Jogos da Vida; Correspondência; Educação Ambiental; Educação Física; Jornal; Música e Movimento; Poesia e Ponto de Encontro. Os conteúdos curriculares são propostos em módulos de cerca de uma semana de duração para se adequar ao tempo de permanência dos adolescentes na Unidade de Internação Provisória. A proposta inclui também um portfólio individual no qual o aluno registra ou guarda todas as suas produções e reflexões. Implantação do Projeto No mês de maio de 2005, no desempenho de minhas funções como Supervisora de Ensino da Diretoria de Ensino da Região de Americana recebi a incumbência de implementar o Projeto Educação e Cidadania nos termos do previsto na citada Resolução e demais normas pertinentes da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo. No mês de junho foi criada a classe para atendimento dos adolescentes infratores na UIP do NAIA, a qual foi vinculada a uma Escola de Ensino Fundamental Ciclo II - e Médio, da Rede Estadual de Ensino, em Americana. Tão logo recebi a referida incumbência, percebi tratar-se de um grande desafio, dada a complexidade do problema: acompanhar e dar sustentação a um trabalho a ser realizado com adolescentes, aos quais foram atribuídas autorias de ato infracional, em conseqüência dos quais, perderam provisoriamente sua liberdade. Referido trabalho dar-se-ia através de um projeto de atendimento escolar diferente dos habituais. Primeiramente, entrei em contato com os adolescentes e nesses encontros constatei que a maioria deles estava evadida da escola e outros, apesar de matriculados, tinham freqüência bastante irregular. Diante desse quadro, muitas perguntas passaram a intrigar-me. Uma delas era tentar descobrir porque a maioria 3

daqueles alunos não freqüentava a escola. Outra era procurar saber se a proposta de reflexão e desenvolvimento de atividades objeto do Projeto Educação e Cidadania, com o objetivo de fazer com que o adolescente pudesse perceber a possibilidade de construir para si um outro projeto de vida, mostrava-se viável ou não. Embora hoje o acesso à escola esteja praticamente universalizado, isso por si só, não basta para caracterizar uma sociedade democrática, uma vez que, de maneira sutil pode-se negar o direito à educação, quando se garante o acesso, mas ignorase ou não se age diante do que ocorre dentro dela. É preciso que seja assegurada a permanência do aluno na escola através de um ensino de boa qualidade, isto é, alinhado com a formação integral do ser humano. Por outro lado é inegável que as condições de trabalho nas escolas da rede estadual de ensino paulista, para a qual, via de regra, os adolescentes são encaminhados, estão muito comprometidas Existem problemas com infra-estrutura, baixos salários, salas lotadas de alunos, falta de material didático-pedagógico, política inadequada de repasse de recursos, déficit no quadro do pessoal de apoio escolar, política de trabalho com projetos sem que sejam dadas as condições necessárias para o acompanhamento e avaliação, além da violência que nelas adentram. Também não ignoro as dificuldades em se trabalhar com adolescentes e isso é provavelmente acirrado com os adolescentes em cumprimento de medida socioeducativa nas práticas pedagógicas e no cotidiano escolar a partir da relação professor-aluno. Sem desconsiderar a complexidade da organização escolar e as limitações impostas pelas políticas públicas sociais vigentes, passei a me inquietar com muitas questões, especialmente aquelas relacionadas ao adolescente infrator egresso da Unidade de Internação Provisória da Fundação CASA. Políticas de atendimento à criança e ao adolescente: breve análise Segundo Marcílio (1998), no período colonial, nem o Estado nem a Igreja assumiram a assistência das crianças e adolescentes. Sua atuação era indireta e feita através do controle legal e de apoios financeiros não permanentes. Nessa época, quem se ocupou dos cuidados da criança desvalida e sem família, foi a sociedade civil. Essa fase vigorou até o século XIX e teve como principal característica o assistencialismo sem que houvesse nenhuma participação de cunho social. Relativamente ao poder público, somente as Câmaras Municipais tinham a responsabilidade de assistir os pequenos enjeitados. Assim, foram firmados convênios, principalmente com as confrarias das Santas Casas de Misericórdia que 4

implantaram as Rodas e Casas dos Expostos para o recolhimento de crianças pobres e expostas 2. Conforme Arantes (1995, p. 191), a Roda foi um mecanismo criado para acolher crianças abandonadas, sendo que diversas denominações passaram a ser empregadas de forma corrente para designá-las: enjeitados, deserdados da sorte, ou da fortuna, infância desditosa ou infeliz, expostos e desvalidos. Relata Rizzini (1995, p. 104) que, logo após a independência do Brasil, o interesse jurídico relativo aos indivíduos menores de idade aparece atrelado às discussões em torno da primeira lei penal do Império o Código Criminal de 1830. Este diploma legal definiu com respeito à responsabilidade penal e às penas, três períodos de idade: O primeiro referente aos menores de 14 anos, considerados como não responsáveis penalmente, sendo que para os escravos, só terá validade a partir de 1885; o segundo, relativo aos maiores de 14 e menores de 17 anos aos quais poderá o juiz parecendo-lhe justo, impor-lhe as penas de cumplicidade e o terceiro período que fixou o limite de 21 anos para a imposição de penas severas. Contudo, se fosse estabelecido que os menores de 14 anos atuavam com discernimento, o diploma legal admitia que, a critério do juiz, fossem eles recolhidos a casas de correção até os l7 anos. Como as casas de correção para menores só surgiram no final do século XIX, as crianças na época condenadas eram encaminhadas para a prisão comum. Em 1890, no período Republicano, foi promulgado o Código Penal Brasileiro. Este, segundo Londoño (1992), em quase nada contribuiu para melhorar a situação da criança. Enfatiza este estudioso que a principal mudança em relação ao Código do Império era que a recuperação dos chamados menores não se daria mais pelo simples encerramento numa instituição, mas sim numa instituição de caráter industrial, deixando transparecer a pedagogia do trabalho coato como o principal recurso para a regeneração daquele que não se enquadrava no regime produtivo vigente. Em 1902 é promulgada a Lei Nº. 844 3 que autorizava o governo fundar um Instituto Disciplinar e uma Colônia Correcional. Afirma Santos (1999) que, embora o 2 A infância reconhecida como necessitada de assistência era comumente designada de orphã e exposta. O termo órfão abrangia também crianças que tivessem perdido apenas um dos pais, segundo o dicionário de Antonio Maria Couto, de 1842. Lê-se no Aviso N. 312, de 1859 que,...a menor, filha de pai incógnito, e que tem mãi viva, he orphã em face das Leis do Paiz A criança exposta ou engeitada era aquela que não a quizerão receber, e sustentar, ou criar, (ibid). Mais para o final do século usava-se com freqüência o termo desvalido, cujo significado seria aquelle que não tem valimento desgraçado, miserável; e parte de desvalêr (Dicionário de Candido de Figueiredo, 1899). (Rizzini, In: PILOTTI e RIZZINI, 1995, p. 104). 3 Fonte: Coleção de Leis do Estado de São Paulo. 5

Instituto tivesse um Projeto, pode-se afirmar que não cumpriu sua tarefa, uma vez que muitos dos que ali permaneceram por longos períodos saíram semi-analfabetos. De acordo com Del Priore (1999), no século XX, o trabalho continuou a ser visto como a melhor alternativa para a formação das crianças em detrimento da educação escolar. No início deste século, com o extraordinário crescimento urbano, parte dessa população de crianças e adolescentes passou a viver pelas ruas sendo denominados vagabundos. Registra Santos (1999) que, a repentina expansão urbano-industrial ocorrida na República recém instaurada resultou em inúmeros problemas sociais. Enfatiza que as medidas adotadas pelas autoridades tratavam de reprimir tudo o que não fazia parte da dinâmica estabelecida pela lógica da produção capitalista. Assim, a vadiagem, a mendicância, a prostituição, a embriaguez eram fortemente combatidos com essas medidas que tinham como finalidade o controle social. Em 5 de janeiro de 1921 é promulgada a Lei nº. 4242, cujo artigo terceiro autorizava o Governo a organizar o serviço de assistência e proteção à infância abandonada e delinqüente. Foi considerada uma vitória pelos que por ela lutaram, principalmente porque ampliou a inimputabilidade para até 14 anos, previu processo especial para aqueles com idades entre 14 e 18 anos e manteve atenuantes para os de 18 a 21 anos. Em 1927 surge finalmente o Código de Menores que consolidava as leis relativas à assistência e proteção dos menores. Foi por força desse Código conhecido como Mello Mattos que o Estado passou, pela primeira vez, a responsabilizar-se pelo atendimento de internação destinado a crianças e adolescentes abandonados, bem como a aplicar os corretivos considerados necessários para corrigir os comportamentos delinqüentes. De acordo com Londoño (1992) a palavra menor a partir do final do século XIX e início do XX começou a aparecer no vocabulário jurídico brasileiro. Na passagem do século XX a palavra menor foi ressignificada, deixando de ser utilizada associada à idade quando se tratava de definir a responsabilidade de uma pessoa perante a lei, passando a designar criança e adolescente pobre ou que pratica delitos. Segundo Passetti (1999), o Estado Novo instituiu o paternalismo assistencial. O governo paulista organizou o Serviço Social de Menores Abandonados e Delinqüentes através do Decreto nº. 9744, de 19 de novembro de 1938 e no Rio de Janeiro foi criado o Serviço de Assistência a Menores SAM. Em 1964, a Lei nº. 4513 extinguiu o SAM por serem consideradas obsoletas as técnicas ali empregadas para a reeducação do menor e palco de constantes rebeliões e introduziu a Política Nacional do Bem-Estar do Menor PNBEM. O órgão responsável por essa política chama-se Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor- FUNABEM, sendo as Fundações Estaduais do Bem-Estar do Menor Febem(s) os órgãos executores no âmbito estadual. Para esse mesmo autor, essa nova Política 6

de atendimento pretendia mudar comportamentos, não mais pela reclusão do infrator, mas pela educação em reclusão. O foco dessa política era formar um indivíduo para a vida em sociedade. Aqueles que, por sua faixa etária eram considerados menores de idade juridicamente, independentemente de classe social, passam a ser menores quando procedentes das camadas mais baixas da hierarquia socioeconômica. Em 10 de outubro de 1979 a Lei nº. 6.697 instituiu o Código de Menores baseado na doutrina da situação irregular. Salientam Mendes e Costa (1994, p. 127-128) que, tanto esse Código quanto a Lei que estabeleceu a PNBEM foram duas normas jurídicas que não se dirigiam ao conjunto da população infanto-juvenil brasileira. Seus destinatários eram apenas as crianças e jovens considerados em situação irregular. Entre as situações tipificadas como situação irregular encontrava-se a dos menores em estado de necessidade em razão da manifesta incapacidade dos pais para mantê-los. Desta forma, as crianças e adolescentes pobres passavam a ser objeto potencial de intervenção do sistema de administração da Justiça de Menores. Além do mais, havia um único conjunto de medidas aplicáveis o qual se destinava, indiferentemente, ao menor carente, ao abandonado e ao infrator. De acordo com Volpi (1998), o início da década de 1980 marca o ressurgimento dos movimentos sociais que se organizaram e muito contribuíram para o processo de redemocratização do Brasil. Entidades e profissionais que atuavam com crianças e adolescentes mobilizaram-se para combater o arbítrio processo necessário para a instauração de um Estado democrático de direito. Assim, como resultado de mobilizações ocorridas no período da Assembléia Nacional Constituinte de 1985 a 1988 em 5 de outubro de 1988, é promulgada a Carta Constitucional que traz em seu bojo a garantia do direito de ter direitos. Nessa conjuntura, tem início o processo de regulamentação e, através de Legislação Complementar, revoga-se o Código de Menores de 1979 e promulga-se o Estatuto da Criança e do Adolescente ECA, Lei nº. 8069 de 13 de julho de 1990. A molamestra dessa normal legal foi o artigo 227 da Constituição Brasileira, o qual prevê que crianças e adolescentes deixam de ser objeto e passam a ser sujeitos de direitos. (RIZZINI, 1995; CENPEC; FEBEM; SEE/SP, 2003). Este Estatuto passa a conceber a criança e o adolescente como sujeitos de direitos na perspectiva da Doutrina da Proteção Integral. Algumas considerações relativas às políticas de atendimento à criança e ao adolescente no Brasil Analisando-se a história do atendimento aos direitos da criança e do adolescente, é inegável a constatação de que o ECA representa um verdadeiro divisor de águas. É ele quem faz a passagem da Doutrina da Situação Irregular para a Doutrina da Proteção Integral fundada na garantia dos direitos individuais e 7

coletivos da criança e do adolescente, consideradas pessoas em condição peculiar de desenvolvimento e prioridade absoluta das políticas públicas. Não obstante todos esses avanços, tanto os documentos quanto a literatura referentes ao atendimento à criança e ao adolescente no Brasil mostram que, principalmente em relação à parcela empobrecida desse segmento da população, o atendimento oferecido desde o Brasil Colônia até os dias de hoje tem sido feito de forma repressiva e discriminatória Para Marcílio (1998), o Governo não estabeleceu uma política consistente para os assuntos desse segmento da população e continuou a tratá-los de forma pontual e descontínua. O Brasil detém vergonhosos títulos de campeão em várias situações de exclusão e de exploração referentes à infância e adolescência, tais como: exploração do trabalho infantil; exploração sexual; turismo internacional pornográfico; prostituição infanto-juvenil; massacres (como o ocorrido na Candelária, na cidade do Rio de Janeiro); pior distribuição e concentração de rendas, o que repercute, sobremaneira, na vida e no desenvolvimento desse segmento populacional; violência policial, principalmente contra crianças e adolescentes negros. Resultados preliminares A coleta de dados foi realizada em 17 escolas situadas nos Municípios de Americana e Santa Bárbara d Oeste, Estado de São Paulo, sendo 15 pertencentes à Rede Estadual de Ensino, 1 à Rede Municipal de Americana e 1 à rede privada de ensino, também no município de Americana. Tais dados indicam uma grande evasão dos adolescentes que freqüentaram o NAIA, o qual dentre outros assume como objetivo, contribuir para a sua permanência na escola. Do total dos 120 adolescentes internados desde a instalação do NAIA, apenas 51 encontram-se matriculados em 2007. Destes, 18 estão internados em estabelecimentos educacionais (Fundação CASA). Dos 33 que estão cumprindo medida socioeducativa em liberdade, 2 estão internados em clínicas para tratamento de dependência química, 2 apresentam freqüência irregular e somente 5 freqüentam regularmente as aulas. Referências Bibliográficas AMERICANA. Lei nº. 3759 de 24 de dezembro de 2002. Núcleo de Atendimento Integrado de Americana NAIA. Americana: Prefeitura Municipal, 2002. ARANTES, E. M. de M. Rostos de crianças no Brasil. In: PILOTTI. F e RIZZINI, I. (Org.). A arte de governar crianças: a história das políticas sociais, da legislação e da assistência à infância no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Interamericano Del Nino, Editora Santa Úrsula, Amais Livraria e Editora, 1995. 8

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