Ministério da Cultura Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) Data de elaboração da ficha: Fev 2008 Dados da organização: Nome: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) Endereços: Brasília: SBS Quadra 1/Bl. J - Ed. BNDES - Brasília DF Cep. 70076-900 Rio de Janeiro: Av. Presidente Antônio Carlos, 51 Rio de Janeiro RJ Cep. 20020-010 Site: www.ipea.gov.br/portal Email: faleconosco@ipea.gov.br Tipo de organização: Fundação pública federal Características da organização: Vinculada ao Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão, a fundação realiza estudos e pesquisas que fornecem suporte técnico e institucional às ações governamentais para a formulação de políticas públicas e programas de desenvolvimento. O consumo cultural das famílias brasileiras Nome do programa ou pesquisa: O consumo cultural das famílias brasileiras Referência bibliográfica: BARBOSA, Frederico. O consumo cultural das famílias brasileiras. In: BRASIL. Ministério da Cultura. Instituto de Pesquisas Econômicas. Economia e política cultural: acesso, emprego e financiamento. Brasília: Ministério da Cultura, 2007, p. 17-56. (Cadernos de Políticas Culturais, v. 3). Locais para consulta: Publicação impressa disponível para consulta no Itaú Cultural. Disponível no Portal do IPEA - www.ipea.gov.br/portal/images/stories/pdfs/livros/cadvol3.pdf (A pesquisa é o capítulo 1 da publicação) Palavras-chave: Consumo cultural
Práticas culturais Infra-estrutura <equipamentos culturais><meios de comunicação>
Sinopse: A pesquisa integra um conjunto de análises que vêm sendo empreendidas pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), em parceria com a UNESCO e o Ministério da Cultura, com o intuito de produzir informações sobre o setor cultural no Brasil. O texto aborda o consumo cultural das famílias brasileiras, relacionando-o a variáveis tais como renda, escolaridade, sexo, cor ou raça, localização geográfica, sob o prisma de que políticas públicas podem reverter o quadro no sentido de uma maior democratização cultural. Concepção de cultura: Sob o prisma do consumo das famílias brasileiras, a cultura é vista como eixo organizador que permite a interação social. A dinâmica cultural, por sua vez, exacerba desigualdades e distâncias sociais, o que exige políticas culturais públicas que caminhem no sentido de uma maior democracia cultural. Segundo o autor, a cultura perpassa todas as dimensões da vida em sociedade e se relaciona com processos de sociabilidade e sua reprodução. Por outro, em sentido mais restrito, liga-se aos direitos e à cidadania. O mercado não é simples espaço de trocas de mercadorias, mas também um lugar onde se processam interações sociais e simbólicas. Objetivos: Produzir informações sobre o setor cultural no Brasil. Especificamente, aferir o consumo cultural das famílias brasileiras. Metodologia: Como fonte de pesquisa foi utilizada a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), do IBGE, que faz o levantamento da composição dos dispêndios das famílias por classe de rendimentos e segundo as principais características demográficas e educacionais. A POF impõe uma limitação metodológica, pois os dispêndios não podem ser considerados, pelo menos não diretamente, um indicador de preferência e das estratégias de ordenação de significados. Outro fator que impede que a estrutura de gastos das famílias se refira diretamente às preferências culturais é que parte do consumo cultural não é feito no mercado, mas implica estratégias coletivas ou do próprio poder público. Áreas de cobertura: Consumo cultural das famílias brasileiras
Abrangência geográfica: Nacional. Unidade de investigação: Unidade de consumo (família) Abrangência temporal: o Ano-base: 2002 o Ano de publicação: 2007 Instrumentos de coleta e processamento de informações: o Fontes de dados: Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE (POF) Disseminação das informações: Portal do IPEA - http://www.ipea.gov.br/default.jsp Detalhamento das informações sobre cultura: Em 2002, os dispêndios culturais atingiram R$ 31,9 bilhões, aproximadamente 3% do total de gastos das famílias e 2,4% do PIB. As despesas com bens culturais relacionados a práticas domiciliares foram predominantes. Praticamente 85% dos gastos com cultura se referem às práticas realizadas dentro do domicílio, ou seja, com televisão, vídeo, música e leitura. As despesas com audiovisual ultrapassam aquelas relacionadas à escrita e leitura. As despesas anuais relacionadas com audiovisual são de R$ 13 bilhões e atingem o primeiro lugar entre os gastos culturais ou 41,2%. As despesas relacionadas à leitura (livros e imprensa) representam 15,6% do total, abaixo do consumo audiovisual, mas em segundo lugar em montante e peso no consumo cultural. No grupo da leitura, os dispêndios com periódicos (jornais, revistas etc.) representam 68,8%. As despesas com produtos da indústria fonográfica chegam a 14,6% dos dispêndios culturais totais. No entanto, 73,4% se referem aos gastos com equipamentos e 26,6% a gastos com o suporte dos conteúdos. A microinformática é uma categoria de prática e consumo em processo de consolidação, mas ainda com baixo grau de cobertura. As despesas com microinformática chegam a R$ 4,6 bilhões ou 14,6 % do total cultural.
As despesas fora de casa representam 17,8% e nelas predominam as atividades de lazer relacionadas a atividades artísticas. As despesas fora de casa compreendem desde as práticas mais culturais (teatro, shows, circo, cinema, museus, etc.) àquelas mais de divertimento (lazer, zôo, discoteca, etc.). O formato das famílias tem um impacto importante na composição dos gastos com cultura. As famílias com filhos de mais de 18 anos gastam mais com práticas extra-domiciliares (R$ 2,5 bilhões ou 23%). As famílias que têm filhos de até 18 anos gastam mais com atividades feitas no interior da casa (aproximadamente 87%). Já nas famílias sem filhos, os gastos com práticas fora de casa representam 18%. As características sócio-econômicas das famílias condicionam as práticas e as despesas culturais. Há certa coerência entre as características econômicas e o comportamento de consumo. A escolaridade também determina o montante e composição do consumo, assim como a renda desempenha papel relevante. As características da pessoa de referência, como etnia e gênero, completam o quadro. A cultura é um bem necessário. As famílias em geral consomem bens culturais em montantes diferentes, mas em proporções muito semelhantes relativamente aos seus gastos e renda global. As classes A/B despendem 47% dos montantes gastos com cultura, enquanto as classes D/E realizam 23%. No entanto, a primeira categoria representa apenas 13% dos domicílios e 12% da população, enquanto as classes D/E representam 62% dos domicílios e da população. As estruturas do consumo cultural revelam as heterogeneidades sociais e territoriais. O consumo se relaciona com as identidades que se constroem nas interações com os espaços domésticos, com a ordenação dos equipamentos públicos e sua distribuição no espaço urbano. A cultura e o mercado de bens culturais se desenvolvem em relação com os territórios e com a expansão das cidades.