Construção pessoal do conhecimento em enfermagem: perspe7va de estudantes de formação inicial

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Transcrição:

Construção pessoal do conhecimento em enfermagem: perspe7va de estudantes de formação inicial Ana Fonseca (afonseca@uevora.pt) Professor Coordenador, Universidade Évora ESESJD Manuel José Lopes Professor Coordenador, Universidade Évora ESESJD Luís SebasFão Professor Auxiliar, Universidade Évora ESC

Nota introdutória Conhecer é ir em busca do conhecimento, pelo que o conhecimento é a aspiração do ato, o processo de conhecer, o resultado dessa procura. Trata- se de um processo que pressupõe tempo, plural e complexo, enfdade una, mas que envolve uma mulfplicidade de dados (Patrício & SebasFão, 2004). A construção do conhecimento em enfermagem é indispensável para o exercício da profissão, mas também o é para a compreensão da disciplina. Na formação inicial, os estudantes aprendem Enfermagem, enquanto disciplina e profissão, o que se inscreve num processo onde a construção pessoal do conhecimento é um desafio permanente.

Obje7vo IdenFficar, em experiências paradigmáfcas da formação inicial, fatores determinantes na construção pessoal do conhecimento em Enfermagem.

Metodologia Estudo exploratório; 33 parfcipantes de diferentes etapas da formação inicial em Enfermagem; Narra$va escrita na qual descrevesse uma experiência paradigmáfca que Fvesse contribuído para o seu processo pessoal de construção do conhecimento em enfermagem; Procedimentos éfco- legais; Microanálise para exame e interpretação dos dados, com recurso à So^ware Nvivo8.

Resultados A grande maioria das situações narradas pelos estudantes (30) reportam a situações ocorridas em contextos de cuidados, nomeadamente, experiências clínicas, nas quais foram parfcipantes afvos, meros espetadores ou até ouvintes de relatos. A construção pessoal do conhecimento, em interação com diversos atores, ocorreu em três fases disfntas: *O ponto de par7da; * Em busca do conhecimento; * O desenvolvimento percebido.

* O ponto de par7da Fascínio Querer ser bom profissional Predisposição para aprender Contexto propício Tornar- se independente Pressão dos pares Insucesso Confronto com deficit conhecimento InsaFsfação com a experiência As relações estabelecidas Relação supervisiva Relação com o doente Face à evolução Face ao desempenho AFtude autocrífca

Em busca do conhecimento Emoções Conexão a outras experiências GraFficação pela descoberta Envolvimento na situação Colmatar dificuldades e lacunas QuesFonamento Pedido de ajuda Pesquisa Uso de informações Uso de meios Mobilização de aquisições prévias

* O desenvolvimento percebido Saberes clínicos Reflexão Conhecimento de si Construção do Eu

Conclusões Há valorização dos contextos clínicos como palco para construção pessoal do conhecimento. A aprendizagem clínica, operacionalizada nos ensinos clínicos, revesfda de diversos fatores, foi a promotora por excelência dessa construção, consftuindo- se como uma oportunidade para o desenvolvimento pessoal e profissional do estudante (Benner, 2001). A construção pessoal do conhecimento fez- se pela mobilização de conhecimentos prévios, ques$onamento e envolvimento na situação, culminando num processo de desenvolvimento global, no qual a reflexão, o conhecimento de si e a construção do Eu, foram elementos determinantes.

Referências bibliográficas: Basto, M. L. (org.). (2012). Cuidar em enfermagem: saberes da prá$ca. Coimbra: Formasau. Benner, P. (2001). De iniciado a perito. Coimbra: Quarteto. Chinn, P. L. & Kramer, M. K. (2004). Integrated knowledge and development in nursing (6th Ed). St Louis: Mosby. Lopes, M. J. (2006). A relação enfermeiro- doente como intervenção terapêu$ca. Coimbra: Formasau. Patrício, M. & SebasFão, L. M. (2004) Conhecimento do mundo social e da vida: passos para uma pedagogia da sageza. Lisboa: Universidade Aberta.