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Transcrição:

FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS Nº 359 Agosto / 2010 issn 1234-5678 índices Preços dos Alimentos Seguram a Inflação de Julho Antonio E. Comune p. I-3 No artigo de, o Prof. Comune analisa o comportamento da inflação de janeiro a julho e conclui que o grupo de Alimentação pode ser a chave para explicar as oscilações observadas. Já se Notam Alguns Indícios da Pressão de Demanda Sobre os Custos das Obras Pesadas Denise C. Cyrillo p. I-7 Denise Cyrillo comenta os resultados dos índices de inflação no setor de obras públicas em julho, observando as variações positivas dos custos de obras pesadas, importantes para os investimentos em infraestrutura no País. séries estatísticas Índice de Preços ao Consumidor Índice de Preços de Obras Públicas p. I-10 Nesta seção, são apresentadas as séries estatísticas Fipe (IPC e IPOP) de agosto de 2009 a julho de 2010. As ideias e opiniões expostas nos artigos são de responsabilidade exclusiva dos autores, não refletindo a opinião da Fipe

Conheça o ICV Fipe O índice de Preços ao Consumidor do Município de São Paulo é o mais tradicional indicador da evolução do custo de vida das famílias paulistanas e um dos mais antigos do Brasil. Começou a ser calculado em janeiro de 1939 pela Divisão de Estatística e Documentação da Prefeitura do Município de São Paulo. Em 1968, a responsabilidade do cálculo foi transferida para o Instituto de Pesquisas Econômicas da USP e, posteriormente em 1973, com a criação da FIPE, para esta instituição. Informações sobre assinaturas: : (011) 3284-0612 : msoares@fipe.org.br INFORMAÇÕES FIPE É UMA PUBLICAÇÃO MENSAL DE CONJUNTURA ECONÔMICA DA FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS ECONÔMICAS issn 1234-5678 Conselho Curador Juarez A. Baldini Rizzieri (Presidente) Andrea Sandro Calabi Denisard Cnéio de Oliveira Alves Elizabeth M. M. Querido Farina Miguel Colassuono Simão Davi Silber Vera Lucia Fava Diretoria Diretor Presidente Carlos Antonio Luque Diretor de Pesquisa Eduardo Haddad Diretor de Cursos Cicely M. Amaral Pós-Graduação Dante Mendes Aldrighi Secretaria Executiva Domingos Pimentel Bortoletto Conselho Editorial Heron Carlos E. do Carmo Lenina Pomeranz Luiz Martins Lopes José Paulo Z. Chahad Maria Cristina Cacciamali Maria Helena Pallares Zockun Simão Davi Silber Editora Chefe Fabiana F. Rocha Preparação de Originais e Revisão Alina Gasparello de Araujo Assistente Maria de Jesus Soares Programação Visual e Composição Sandra Vilas Boas

índices I - 3 Preços dos Alimentos Seguram a Inflação de Julho Antonio Evaldo Comune (*) Apesar de terem sofrido leve aceleração no mês de julho, os preços do grupo de Alimentação continuaram registrando variações negativas e ajudaram a segurar a inflação: o IPC-FIPE fechou o mês com somente 0,17% de variação em relação a junho. Computando esse valor, até julho de 2010 o índice atingiu o acumulado de 3,27% (conforme Tabela 1 e Gráfico 1). Dentre os demais grupos, o de Habitação foi o que mais contribuiu para os aumentos com uma variação de 0,37% no mês. Os grupos de Transportes, Despesas Pessoais e Educação também tiveram variações positivas, embora tenham contribuído de maneira mais modesta para os aumentos. O grupo de Vestuário, como era de se esperar nessa época do ano em que tradicionalmente ocorrem as liquidações de inverno, apresentou uma variação negativa de -0,25%. Tabela 1 IPC-FIPE, por Grupos, no Período Janeiro a Julho de 2010 IPC/GRUPOS jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10 jul/10 jan a jul/2010 IPC-FIPE 1,34 0,74 0,34 0,39 0,22 0,04 0,17 3,27 Habitação 0,15 0,77 0,09 0,03 0,21 0,27 0,37 1,90 Alimentação 1,52 1,00 1,43 1,36 0,11-1,05-0,40 4,00 Transportes 4,58 1,14-0,50-0,48-0,07 0,06 0,25 4,98 Despesas Pessoais 0,59 0,34 0,21 0,31 0,25 0,78 0,62 3,14 Saúde 0,26 0,51 0,14 0,98 1,15 0,71 0,47 4,30 Vestuário -0,68-0,13 0,44 0,74 0,45 0,65-0,25 1,21 Educação 4,42 0,21 0,09 0,12 0,08 0,07 0,15 5,17 Fonte: Banco de dados do IPC-FIPE.

I - 4 índices 6,00 Gráfico 1 IPC-FIPE, por Grupos, no Período Janeiro a Julho de 2010 5,00 4,00 3,00 2,00 1,00 0,00-1,00 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10 jul/10 jan a jul/2010-2,00 IPC-FIPE Habitação Alimentação Transportes Despesas Pessoais Saúde Vestuário Educação Fonte: Banco de dados do IPC-FIPE. A trajetória percorrida pelas variações mensais do grupo de Alimentação no presente ano mostra um comportamento dual: no primeiro quadrimestre as variações foram fortes e positivas, situando-se entre 1% e 1,50%; a partir do quinto mês, as variações caíram e tornaram- -se negativas durante o sexto e o sétimo meses. Assim, o registro de altos índices inflacionários no início do ano pode ser explicado, ao menos em parte, pelos altos preços dos alimentos, principalmente os da categoria de Produtos in Natura, como se verá mais adiante. No momento, observam-se baixos índices inflacionários que sofrem a pressão contrária desse mesmo grupo. O Gráfico 2 ilustra o comportamento do IPC-FIPE e o do grupo de Alimentação desde janeiro de 2010 até o mês de julho. As duas linhas só se aproximaram no quinto mês do ano e a linha de Alimentação ficou abaixo da linha da inflação geral nos meses de junho e julho. No entanto, essa tendência pode não prosseguir durante os próximos meses. Já para o mês de agosto espera-se que o grupo de Alimentação fique neutro com respeito às pressões negativas ou positivas para o IPC-FIPE, isto é, a variação desse grupo deverá ser em torno de 0%.

índices I - 5 Gráfico 2 IPC-FIPE x Grupo Alimentação, Período Janeiro a Julho de 2010 3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 0,00-0,50-1,00-1,50 1,52 1,00 1,43 1,36 1,34 0,74 0,34 0,39 0,22 0,11 0,04 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10 mai/10 jun/10 jul/10 IPC-FIPE Alimentação -1,05 0,17-0,40 Fonte: Banco de dados do IPC-FIPE. O Gráfico 3 permite detalhar o que ocorreu com o grupo de Alimentação nesse ano. Todos os seus subgrupos componentes tiveram variações positivas nos três primeiros meses do ano. Destaque-se que as variações do subgrupo de Produtos in Natura permaneceram bem altas até março (entre 4,4% e 3,3%), tornaram-se negativas durante o mês de abril, assim permanecendo até o presente mês. Nesse caso, o fator que mais influenciou o subgrupo foi o fator climático: de fato as chuvas foram muito abundantes nos meses iniciais do ano, o que afetou a oferta e os preços dos Produtos in Natura. Dois outros subgrupos também tiveram variações negativas, embora em período mais recente, nos meses de junho e julho: os subgrupos de Industrializados e de Semielaborados. O Subgrupo de Alimentação Fora do Domicílio permaneceu positivo em todos os meses do presente ano, variando entre 0,59% e 0,96%. Nesse caso, há que se considerar que os preços desse subgrupo são afetados não só pela matéria-prima básica, isto é, os alimentos, mas também, e principalmente, pelo custo da mão de obra utilizada no preparo e comercialização. Como se sabe, em 2010 aconteceu uma recuperação dos salários das classes menos favorecidas, em particular, do salário mínimo. Esses preços influenciaram positivamente as variações do subgrupo Alimentação Fora do Domicílio.

I - 6 índices Gráfico 3 IPC-FIPE, por Subgrupos do Grupo de Alimentação, Janeiro a Julho de 2010 6,00 5,00 4,00 3,00 2,00 1,00 0,00-1,00-2,00-3,00-4,00-5,00 4,44 4,40 4,68 3,31 1,56 1,79 1,53 0,85 0,42 0,46 0,62 0,54 0,75 0,78 0,82 0,96 0,57 0,07 0,21 jan/10 fev/10 mar/10-0,55 abr/10 mai/10 jun/10-1,25-1,15-3,75-3,33 Industrializados Produtos in Natura Semielaborados Alimentação Fora Domicílio Fonte: Banco de dados do IPC-FIPE. Os preços do grupo de Alimentação provavelmente vão reagir, assumindo variações positivas nos meses restantes do ano, embora não se vislumbrem oscilações de grande monta. Duas fontes de pressões já se delinearam no horizonte: a entressafra da carne, que tradicionalmente ocorre durante o segundo semestre do ano; e os problemas com a produção mundial de trigo, com diminuição da produção, sobretudo da Rússia, e a consequente elevação de preço dessa commodity, que teria consequências nefastas para os preços de muitos produtos consumidos internamente no País. Entretanto, mesmo considerando essas fontes, não há maiores motivos para se rever a previsão de que a inflação de 2010 ficará dentro da expectativa de cumprimento da meta, até mesmo um pouco abaixo do valor de 5%. (*) Pesquisador da FIPE e Professor da FEA/USP. (E-mail: aecomune@usp.br).

índices I - 7 Já se Notam Alguns Indícios da Pressão de Demanda Sobre os Custos das Obras Pesadas Denise Cavallini Cyrillo (*) No mês de julho, os custos das obras do setor de obras públicas mantiveram-se praticamente estáveis. As variações computadas pela FIPE ficaram abaixo de meio por cento, com destaque para as obras de terraplenagem que voltaram a enfrentar deflação, registrando no mês de referência queda de 0,46% (Tabela 1). Tabela 1 Índices de Preços de Obras Públicas Variação Mensal (%) Julho/2010 Índices Geral Materiais Equipam. Serviços Mão de Obra IGE 0,17 0,24 0,52 0,22 0,08 TER -0,46 0,02-0,95-0,08 PAV 0,28 0,26 0,61-0,04 SGPMO 0,16 0,28-0,20 0,08 Fonte: Banco de dados SIPOP/FIPE. Obs.: IGE - Índice Geral de Edificações, TER - Índice de Obras de Terraplenagem, PAV - Índice de Obras de Pavimentação, SGPMO - Índice de Serviços Gerais com Predominância de Mão de Obra. Segundo categorias de insumo, a estabilidade está evidenciada em quase todos os segmentos. No que diz respeito à mão de obra, as variações calculadas ficaram abaixo de 0,1 ponto percentual, verificando-se no mês poucos movimentos relacionados à rotatividade. No caso dos equipamentos, o movimento de queda do preço médio desses insumos específicos para obras de terraplenagem, de quase 1%, explica o comportamento observado para o índice TER. Os preços dos materiais também ficaram próximos da estabilidade, com aumentos médios entre 0,02% e 0,28%. Examinando-se, contudo, o movimento de preços segundo setores de atividade, verificaram-se algumas variações mais significativas, ainda que não tenham impactado a média geral. Com reajuste divergente do que ocorreu nos demais setores, a indústria de extração de minerais registrou um aumento de 10%, tanto para o IGE como para o PAV (Tabela 2). Entre os setores que mais sofreram deflação destaca- -se a indústria de materiais elétricos e de comunicação (-1,6%), no caso do IGE. Para as obras de terraplenagem, os insumos da borracha também pressionaram a queda do índice, registrando uma variação negativa de 0,11%, além dos equipamentos já mencionados. Tabela 2 Índices de Preços de Obras Públicas por Setor: Variação Mensal e Acumulada no Ano de 2010 e em 2009 (%) IGE TER PAV SETORES DE ATIVIDADES jul/10 jun/10 Acum 10 Acum 09 jul/10 jul/10 01- Extração Mineral 10,31 0,00 17,17 1,59 10,07 02- Indústria de Minerais Não Metálicos 0,00 1,24 6,27 1,04 0,00 1,01 03- Indústria Metalúrgica -0,43 1,89 1,60-6,42 04- Indústria Mecânica 0,11 1,44 0,50-1,62-1,25 0,01 05- Indústria Material Elétrico/Comunic. -1,60-1,57 6,37-5,69 06- Material de Transporte 1,14-0,66 4,63-4,15 0,01 1,05 07- Indústria de Madeira 0,27 0,01 1,70 2,16 08- Indústria da Borracha -0,35 0,38-1,78 4,79-0,11 0,50 09- Indústria Química -0,39 0,53 2,22 1,61 0,03-0,08 10- Indústria de Produtos Plásticos -0,02 0,43-0,56 6,42 11- Serviços da Construção 0,25 0,09 3,30-0,11 Fonte: idem Tabela 1.

I - 8 índices Com esse cenário, o quadro dos números-índices que reflete o comportamento dos preços do segmento de obras públicas no longo, médio e curto prazos não apresenta grandes alterações em relação ao ocorrido em junho. Esses acumulados são apresentados na Tabela 3. Comparando com o ocorrido até junho passado, observa-se que os acumulados no ano, de 12 meses ou desde março de 2004 sofreram variações inferiores a um ponto percentual. Em relação ao início do Plano real, as variações foram mais significativas: uma queda de 1,60% no caso do índice de terraplenagem e um aumento de 1,65% no índice de pavimentação. Verifica-se também que apenas o índice de terraplenagem apresentou comportamento diferenciado no acumulado de 12 meses em relação aos demais períodos. Esse índice projeta uma deflação anual de 0,17%, ao passo que nos sete meses decorridos acumula 2% de aumento. Este fato pode ser visualizado no Gráfico 1. Como se pode visualizar nesse gráfico, a projeção da inflação anual para os índices de Edificações Gerais e Serviços Gerais com Predominância de Mão de obra (acumulado de 12 meses, base agosto de 2009) já foi superada pelo aumento dos preços nos primeiros sete meses do ano. O mesmo ainda não se verificou para o PAV. A projeção da inflação anual ainda está 0,7 ponto percentual acima da variação positiva computada no acumulado do ano, muito embora esta já seja expressiva (2,58%). Tabela 3 Índices de Preços de Obras Públicas Variações Acumuladas (%) Meses IGE TER PAV SGPMO Abr/1994 Jul /2010 335,57 244,57 481,80 374,68 Abr/2004 Jul /2010 61,45 24,50 60,42 63,84 Ago/2009 Jul /2010 5,75-0,17 3,21 6,46 Jan/2010 Jul /2010 5,86 1,99 2,58 6,52 Fonte: idem Tabela 1. Gráfico 1 - Números-Índices Obras Públicas (Várias Bases)

índices I - 9 Como já enfatizado, a relativa estabilidade dos preços do setor de obras públicas é extremamente favorável no atual contexto de crescimento econômico do Brasil e das perspectivas de intensificação desse processo perante as necessidades de investimento em infraestrutura para os eventos esportivos internacionais que o País sediará. Contudo, já se podem perceber alguns indícios da pressão de demanda sobre o limite da capacidade de produção no caso das obras pesadas. Como vimos, esses segmentos terraplenagem (1,99%) e pavimentação (2,58%) já registram aumentos significativos em 2010! (*) Pesquisadora da FIPE (E-mail: dccyrill@usp.br).

I - 10 séries estatísticas Índices de Preços ao Consumidor no Município de São Paulo Julho de 1994 = 100 Alimentação Habitação Transportes Índice Geral Geral Industr. Semi elaborado In Natura Geral Aluguel Geral Veículo Próprio Transp. Coletivo Despesas Pessoais Vestuário Saúde Educação Ago/09 3100349 264.0664 208.0658 289.9330 286.9306 399.7320 736.9952 437.7677 362.2207 536.8485 264.0454 119.4769 433.0568 453.0549 Set 310.5369 262.4125 208.6238 282.4913 286.5599 401.5967 739.4443 438.8612 363.6453 536.8485 264.5312 120.3764 435.8873 453.4812 Out 311.3247 261.2193 209.1735 278.4164 283.1673 403.7256 742.0323 442.5121 368.8335 536.8485 264.1513 120.3976 437.1160 453.6172 Nov 312.2145 261.9983 209.4829 275.5398 290.5999 404.5722 742.7365 444.0808 370.7068 536.8485 266.3277 120.8134 438.1092 454.0368 Dez 312.7615 261.3661 208.7041 272.9927 291.6179 405.0176 744.3958 445.9757 372.7927 536.8485 267.7363 121.7919 438.9880 454.5104 Jan/10 316.9384 265.3287 209.5865 277.2432 304.5564 405.6203 745.5808 466.3907 378.0823 596.1896 269.3224 120.9582 440.1241 474.6198 Fev 319.2882 267.9878 209.7239 278.5171 317.9587 408.7562 746.6500 471.6865 380.7746 607.3663 270.2343 120.8013 442.3529 475.6297 Mar 320.3588 271.8141 210.8565 283.5017 328.4838 409.1281 747.2660 469.3484 377.1443 608.7688 270.7945 121.3342 442.9828 476.0664 Abr 321.6120 275.5075 211.3060 296.7682 324.3643 409.2541 749.3143 467.1054 374.0717 608.7688 271.6283 122.2285 447.3347 476.6315 Maio 322.3173 275.8208 212.5085 301.2969 312.2068 410.0984 751.1388 466.7574 372.9895 608.7688 272.2976 122.7838 452.4866 476.9213 Jun 3224495 272.9304 211.3457 297.8320 301.8200 411.2012 753.0550 467.0234 372.4330 608.7688 274.4321 123.5771 455.7119 477.2775 Jul 323.0021 271.8270 211.4059 296.1046 296.5698 412.7267 755.8752 468.1807 374.3712 608.7688 276.1419 123.2666 457.8656 478.0101 Índices de Preços de Obras Públicas Março de 1994 = 100 Geral Edificações Pavimentação Terraplenagem Serv. Gerais Mat. Mão de Equip. Geral Mat. Mão de Equip. Geral Mat. Mão de Equip. Predom. Constr. Obra Constr. Obra Constr. Obra M. O. Ago/09 410.731 376.896 479.286 315.199 564.286 644.791 470.502 306.941 341.961 527.083 481.560 243.242 444.854 Set 411.476 378.330 479.327 312.935 564.793 645.622 470.567 306.449 341.381 526.365 482.104 242.603 445.337 Out 411.493 378.331 479.396 312.564 565.745 647.052 470.760 305.975 338.027 527.364 482.460 237.514 445.317 Nov 411.073 377.320 479.518 312.544 565.656 646.958 471.953 305.387 336.775 525.732 484.199 236.094 445.284 Dez 411.448 377.688 479.777 312.722 567.153 649.052 472.004 305.315 337.845 526.226 483.986 237.454 445.633 Jan/10 413.028 380.502 480.093 315.588 572.370 654.819 471.766 310.680 339.122 526.471 483.908 239.169 446.921 Fev 414.402 382.005 480.095 318.151 573.697 655.972 474.239 312.148 343.343 528.242 485.706 244.248 448.042 Mar 415.263 383.519 479.947 315.748 573.885 655.862 474.664 313.297 341.339 529.366 486.207 241.020 448.664 Abr 416.650 385.755 480.171 316.282 576.091 658.598 475.310 314.209 340.949 529.656 486.634 240.333 449.766 Maio 432.671 389.049 517.569 315.961 580.222 659.714 513.935 315.469 345.823 530.943 527.019 241.966 472.070 Jun 434.835 393.336 517.342 317.692 580.154 660.706 515.295 311.124 346.174 529.920 529.875 242.457 473.948 Jul 435.569 394.297 517.750 319.346 581.801 662.438 515.475 313.015 344.569 530.033 530.275 240.146 474.685