Reforço das economias nacionais e tentativas de controlo do comércio. Jorge Penim de Freitas

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Transcrição:

Reforço das economias nacionais e tentativas de controlo do comércio Jorge Penim de Freitas

Nos séculos XVII e XVIII, apenas Portugal, Espanha, Holanda, França e Inglaterra faziam as ligações oceânicas. Gerar capital, investi-lo e aumentá-lo através do grande comércio: a economia europeia entrou na era do capitalismo comercial.

Esta nova rota veio juntar-se à já existente rota do Cabo. Impulsionou a colonização da América. Das colónias americanas, os colonos enviam para as metrópoles açúcar, café, tabaco, algodão e ouro. Recebem em troca, da Europa, produtos agrícolas, industriais e, de África, mão de obra escrava.

O tráfico negreiro não parou de crescer. Entre 1710 e 1810 desembarcaram na América cerca de 6 milhões de escravos (mais de 60% dos negros transacionados nos 350 anos desta desumana atividade).

Teoria económica (séculos XVII e XVIII) que defendia que a riqueza de um Estado se media pela quantidade de metais preciosos (ouro e prata) que possuísse. Assim, a balança comercial devia ser favorável (o valor das exportações devia superar o das importações).

Fomento da produção manufatureira (promovendo a autossuficiência e a exportação de manufaturas)

Revisão das taxas alfandegárias (aumentando as taxas sobre os produtos importados e aliviando as taxas dos produtos exportados)

Incremento e reorganização do comércio externo (proporcionando mercados de abastecimento de matérias-primas e de colocação dos produtos manufaturados)

Estas medidas revestiam-se de um protecionismo económico muito apertado: Fomentavam a produção interna; Salvaguardavam os produtos e as áreas de comércio nacionais da concorrência estrangeira.

Foi o ministro de Luís XIV, Colbert, quem o impôs. Desenvolveu as manufaturas, introduzindo novas indústrias (ou artes, como então se dizia), contratando técnicos e experientes artesãos estrangeiros.

As manufaturas reais podiam pertencer ao Estado ou a particulares. Dedicavam-se ao fabrico de artigos de luxo para abastecer a Corte e para exportação. Em qualquer dos casos, era o Estado quem regulamentava e controlava rigorosamente a atividade industrial.

Colbert também desenvolveu o comércio. Criou companhias monopolistas, à imitação da Holanda e da Inglaterra, mas dirigidas pelo Estado. Os direitos de comércio para determinadas zonas eram exclusivos e abrangiam também a administração e defesa dos territórios coloniais.

Distinguiu-se do colbertismo pelo seu carácter mais flexível. Valorizou a marinha e o comércio. Baniu a concorrência holandesa das áreas de comércio inglesas através de uma série de Atos de Navegação, publicados entre 1651 e 1663.

Os Atos de Navegação foram complementados por uma política de expansão (América do Norte, Antilhas, Índia, principalmente). Criaram-se grandes companhias de comércio, como a Companhia das Índias Orientais (1661), com plenos poderes de justiça, organização militar e direção da guerra no Oriente.

Nos séculos XVII e XVIII, o equilíbrio entre as nações europeias foi particularmente frágil e mantido à custa de numerosos conflitos. Na sua origem estiveram questões dinásticas, pretensões territoriais ou interesses económicos.

A partir da segunda metade do século XVII, as motivações económicas estiveram na origem da maior parte dos conflitos. Devido à generalização das medidas protecionistas (mercantilistas) e ao entrave da circulação de mercadorias na Europa, as áreas coloniais tornaram-se centro de grandes rivalidades entre as principais potências europeias.

Cada metrópole explorava as respetivas colónias em sistema de exclusivo colonial. Com a decadência dos Estados ibéricos, a Holanda, a Inglaterra e a França lançaram-se numa disputa pela supremacia do grande comércio marítimo, tentando aumentar os seus impérios coloniais.

A primeira fase (1651-1689) opôs a Inglaterra à Holanda. Após três guerras, a Holanda perdeu para a Inglaterra as suas colónias na América e parte das possessões no Oriente. Foi o fim da hegemonia comercial holandesa.

A segunda fase (1689-1763) foi marcada pela rivalidade entre a Inglaterra e a França. Após uma série de conflitos, com destaque para a Guerra dos Sete Anos (1756-1763), o Tratado de Paris de 1763 consagrou a vitória inglesa.

Pelo Tratado de Paris, a França perdeu as possessões na Índia; na América, cedeu o Canadá, o vale do Oaio e a margem esquerda do Mississipi à Inglaterra e a Luisiana foi entregue à Espanha; em África, perdeu as feitorias do Senegal. A Inglaterra tornou-se a maior potência colonial e marítima da Europa.