TÍTULO: NOVA ESPÉCIE DE MOENKHAUSIA EIGENMANN, 1903 (CHARACIFORMES, CHARACIDAE) DA BACIA DO RIO AMAZONAS.

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Transcrição:

TÍTULO: NOVA ESPÉCIE DE MOENKHAUSIA EIGENMANN, 1903 (CHARACIFORMES, CHARACIDAE) DA BACIA DO RIO AMAZONAS. CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE SANTA CECÍLIA AUTOR(ES): GUSTAVO DARLIM DE OLIVEIRA ORIENTADOR(ES): MANOELA MARIA FERREIRA MARINHO

Resumo Uma nova espécie do gênero Moenkhausia é descrita, proveniente das terras baixas da bacia do rio Amazonas. A nova espécie se difere das congêneres por apresentar a seguinte combinação de caracteres: lobo superior da nadadeira caudal escuro e lobo inferior hialino, 25 29 raios ramificados na nadadeira anal, mancha umeral retangular, fina, localizada anteriormente no corpo, cinco series de escamas longitudinais acima da linha lateral, escamas pré-dorsais arranjadas em uma série única e contínua e por possuir 30 34 escamas perfuradas na linha lateral. Um breve comentário sobre Moenkhausia megalops é fornecido. Introdução Moenkhausia é um dos gêneros mais especiosos em Characidae, sendo composto por mais de 70 espécies válidas (Lima et al. 2003; Bertaco et al. 2011a, 2011b; Mariguela et al. 2013) amplamente distribuídas pelas drenagens Sul Americanas (Lima et al. 2003, 2007; Pastana & Dagosta, 2014). O gênero foi proposto por Eigenmann (1903) e é tradicionalmente diagnosticado por uma combinação de caracteres: duas séries de dentes no pré-maxilar, sendo a série interna do pré-maxilar com cinco dentes, linha lateral completa e pequenas escamas cobrindo parcialmente a nadadeira caudal (Eigenmann, 1917). Estudos filogenéticos recentes de Characidae confirmaram uma suspeita quanto à natureza polifilética de Moenkhausia (Mirande, 2010; Mariguela et al. 2013). Contudo, ainda há carência de estudos filogenéticos exclusivos para o gênero. A grande diversidade de espécies de Moenkhausia e dos demais gêneros da família Characidae é um dos obstáculos para a realização de trabalhos relacionados à filogenia. Baseado no formato do corpo e no número de séries horizontais de escamas, Géry (1977) subdividiu o gênero Moenkhausia em três grupos: grupo Moenkhausia lepidura, grupo M. chrysargyrea e grupo M. grandisquamis. Géry (1992) restringiu o grupo M. lepidura as espécies que apresentassem uma mancha escura no lobo superior da nadadeira caudal e o lobo inferior hialino. Durante uma pesquisa taxonômica em coleções ictiológicas o exame de espécies de Moenkhausia com a característica da coloração da nadadeira caudal, uma espécie não descrita do gênero proveniente de diversas localidades nas terras baixas da bacia Amazônica foi encontrada e é descrita no presente trabalho. Objetivos O presente estudo visou descrever, por meio de análises de morfologia externa e interna, uma nova espécie do gênero Moenkhausia a partir da combinação de caraterísticas únicas encontradas durante a realização do estudo. Metodologia e Desenvolvimento Foram realizadas contagens e medidas corporais de acordo com os métodos propostos por Fink & Weitzman (1974) e Menezes & Weitzman (1990) com auxílio de estereomicroscópios e paquímetros digitais. As contagens e medidas de cada exemplar foram registradas em

tabelas com seus respectivos números de lote. O comprimento padrão (CP) é dado em milímetros e os demais dados morfométricos são dados como porcentagem do comprimento padrão, ou do comprimento da cabeça para suas submedidas. A contagem e análise de vértebras, ossos supraneurais, complexos ósseos localizados na região da cabeça, cúspides dos dentes e dentes pequenos no osso dentário, raios não ramificados da nadadeira anal e raios procurrentes da nadadeira caudal foram obtidas a partir da diafanização de alguns exemplares, segundo o método de Taylor e Van Dyke (1985). Os exemplares analisados estão depositados no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, São Paulo (MZUSP), Museu de Ciências e Tecnologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alerge (MCP) e Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura, Universidade Estadual de Maringá (NUP). Resultados Tabela 1. Dados morfométricos do holótipo e 35 parátipos de Moenkhausia sp. n. DP= desvio padrão. Holótipo Parátipos Média DP Standard length (mm) 38,8 33,0 49,8 39,5 4,5 Depth at dorsal-fin origin 35,8 33,7 41,1 37,8 1,9 Snout to dorsal-fin origin 49,3 47,2 54,5 50,4 1,5 Snout to pectoral-fin origin 28,5 25,1 30,5 27,1 1,1 Snout to pelvic-fin origin 48,3 45,4 51,3 47,5 1,4 Snout to anal-fin origin 64,9 61,4 68,2 64,1 1,6 Caudal-peduncle depth 10,2 7,1 10,3 9,1 0,8 Caudal-peduncle length 9,3 5,6 9,5 7,9 1,1 Pectoral-fin length 20,7 18,5 23,3 21,3 1,2 Pelvic-fin length 16,6 12,7 18,4 16,9 1,2 Pelvic-fin origin to anal-fin origin 17,2 14.7 22,3 17,2 1,7 Dorsal-fin length 31,6 22,9 33,3 30,7 2,0 Dorsal-fin base length 13,5 11,3 16,3 13,8 1,2 Anal-fin length 18,5 16,6 23,0 19,7 1,6 Anal-fin base length 30,7 27,4 34,9 31,5 1,6 Eye to dorsal-fin origin 34,9 33,2 36,5 35,1 0,9 Dorsal-fin origin to caudal-fin base 51,3 52,0 56,4 54,0 1,1 Head length 27,6 23,5 27,7 26,1 1,0 Horizontal eye diameter 47,9 41,3 50,5 47,1 2,1 Snout length 27,0 22,5 29,7 26,2 1,9 Interorbital width 32,1 30,9 39,1 33,8 1,7 Upper jaw length 39,4 33,0 40,8 37,8 2,2 Moenkhausia sp. n. (Fig. 1 2) pode ser diferenciada de todos os congêneres, com exceção de M. celibela, M. gracilima, M. hasemani, M. hysterosticta, M. icae, M. inrai, M. lata, M. lepidura, M. loweae, M. megalops e M. mikia, por apresentar uma mancha escura no lobo superior da nadadeira caudal e o lobo inferior cinza claro ou hialino (vs. ambos os lobos hialinos ou com manchas escuras). Moenkhausia sp.n. se diferencia das espécies acima

mencionadas, exceto M. hysterosticta, M. inrai, M. lata, M. lepidura, M. loweae e M. megalops por apresentar 25 29 raios ramificados na nadadeira anal (vs. 18 23). A nova espécie pode ser diferenciada de M. hysterosticta por apresentar a mancha umeral localizada a partir da terceira à quinta escama da linha lateral (vs. mancha umeral localizada posteriormente a partir da quinta à nona escama da linha lateral), de M. inrai por ter cinco séries de escamas longitudinais acima da linha lateral (vs. seis), de M. lata e M megalops por apresentar a mancha umeral não conspícua, fina, com as extremidades superior e inferior alinhadas verticalmente (vs. mancha umeral conspícua, com maior dimensão horizontal, com as extremidade superior e inferior voltadas para frente em M. lata e a extremidade inferior voltada para frente, sobre a linha lateral, em M. megalops), de M. lepidura pelas escamas prédorsais estarem arranjadas em um série única estendendo-se da extremidade do espinho supra occipital até a origem da nadadeira dorsal (vs. escamas da porção anterior da área pré-dorsal arranjadas em pares, seguida de uma série única de escamas estendendo-se até a origem da nadadeira dorsal), e de M. loweae por possuir 30 34 escamas perfuradas na linha lateral (vs. 36 38). Figura 1. Moenkhausia sp. n., holótipo, MZUSP 117077, 38,8 mm CP, Praia no Porto de Moz, Porto de Moz, bacia do rio Xingu, Pará, Brasil. Figura 2. Vista medial da maxila superior e inferior de Moenkhausia sp. n., parátipo, MZUSP 18047, 49,4 mm CP. Barra de escala de 1mm.

Considerações Finais O gênero Moenkhausia foi dividido em três subgrupos de acordo com o formato do corpo e número de séries longitudinais de escamas acima e abaixo da linha lateral: grupo M. lepidura (espécies de corpo baixo), grupo M. grandisquamis (espécies de corpo alto com nove ou dez séries longitudinais de escamas) e grupo M. chrysargyrea (espécies de corpo alto com 12 ou mais séries longitudinais de escamas) (Géry, 1977). Posteriormente, o grupo M. lepidura foi restrito às espécies com uma mancha escura no lobo superior da nadadeira caudal: M. gracilima, M. hasemani, M. icae, M. inrai, M. lata, M. lepidura, e M. loweae (Géry, 1992). Recentemente, outras espécies de Moenkhausia apresentando o padrão de coloração similar foram descritas: M. hysterosticta Lucinda et al., (2007), M. celibela e M. mikia Marinho & Langeani (2010 a,b). Moenkhausia sp. n. também apresenta o lobo superior da nadadeira caudal escuro e o lobo inferior hialino, similar às espécies do gênero acima citadas. Lima et al. (2013) listou Moenkhausia sp. n. da bacia do rio Madeira, referindo-se a esta espécie como Moenkhausia cf. megalops. Moenkhausia megalops é uma espécie de corpo alto descrita do rio Tapajós, em Itaituba, PA, também com ocorrência nas drenagens do rio Branco e rio Jari. A análise dos exemplares de Moenkhausia megalops depositados no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, revelaram que essa espécie também apresentam o lobo superior mais escuro que o lobo inferior, assim como as espécies do grupo M. lepidura (sensu Géry, 1992), com uma coloração difusa, sem um claro padrão de distribuição. Além das características relacionadas à mancha umeral apresentado na Diagnose, Moenkhausia sp. n. pode ser diferenciado de M. megalops por apresentar uma linha fina longitudinal no corpo, formada por uma pigmentação mais interna no septo horizontal, a partir do início da vertical que passa pelo primeiro raio não ramificado da nadadeira dorsal até o pedúnculo caudal, não coberta por guanina (vs. faixa larga formada por pigmentação mais superficial, frequentemente coberta por guanina) (Fig. 3). Moenkhausia megalops frequentemente apresenta uma segunda mancha umeral, nunca presente em Moenkhausia sp. n. Figura 3. Moenkhausia megalops, exemplar em vida, não preservado, rio Tapajós. Dentre as espécies do grupo Moenkhausia lepidura, M. lata é a mais morfologicamente similar à Moenkhausia sp. n. Ambas espécies foram coletadas no rio Jari, rio Negro, rio Tapajós e rio Xingu (Fig. 4). Porém, Moenkhausia sp. n. pode ser rapidamente diferenciada de M. lata pelo formato e intensidade da mancha umeral e pela pigmentação geral do corpo mais escura em M. lata (Fig 5).

Figura 4. Mapa da bacia Amazônica mostrando a distribuição de Moenkhausia sp. n. (localidade tipo representada pela estrela vermelha). Figura 5. Mancha umeral de Moenkhausia sp. n. (a), parátipo, NUP 7993, 40,9 mm CP, bacia do rio Tocantins (imagem invertida) e Moenkhausia lata (b), MZUSP 93187, 51,9 mm CP, bacia do rio Tapajós. O único estudo filogenético incluindo as espécies de Moenkhausia do grupo M. lepidura foi o de Mariguela et al. (2013), que realizou uma análise filogenética do gênero baseado em dados moleculares. Segundo esse estudo, as espécies do grupo M. lepidura examinadas (M. celibela, M. gracilima, M. inrai, M. lata e M. lepidura) não formam um grupo monofilético. Por exemplo, Moenkhausia lata foi relatada como mais próxima filogeneticamente de M. jamesi do que outra espécie do grupo. Também, Mariguela et al. (2013) relatou uma relação próxima entre Moenkhausia collettii, M. copei e M. lepidura declarando similaridade à proposta feita

por Géry (1977, 1992) o qual inclui essas três espécies em seu grupo M. lepidura de acordo com a presença de uma mancha escura no lobo superior da nadadeira caudal. Porém, o grupo M. lepidura de Géry (1977) e Géry (1992) não agrupam as mesmas espécies. Géry (1977) compreende todas as espécies de Moenkhausia com corpo baixo, incluindo aquelas com a nadadeira caudal hialina, como M. collettii e M. copei, enquanto que o grupo M. lepidura de Géry (1992) refere-se apenas às espécies com o lobo superior da nadadeira caudal escuro. Grupos monofiléticos em Moenkhausia, principalmente baseados no padrão de coloração, têm sido propostos e alguns confirmados por estudos cladísticos. Por exemplo, as espécies do complexo Moenkhausia oligolepis/m. sanctaefilomenae (Costa, 1994; Lima & Toledo-Piza, 2001; Lima et al. 2007), que se provou monofilético em certa altura segundo o estudo morfológico de Benine (2004) e o estudo molecular de Mariguela et al. (2013). Com relação ao grupo Moenkhausia lepidura, um estudo mais exaustivo incluindo dados moleculares e morfológicos é necessário para avaliar se esse é uma assembleia monofilética ou não. Fontes consultadas Benine, R.C. (2004) Análise filogenética do gênero Moenkhausia Eigenmann, 1903, (Characiformes: Characidae), com uma revisão dos táxons do alto rio Paraná. Unpublished Ph. D. Dissertation, Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências, Botucatu, São Paulo, 317 pp. Bertaco, V.A., Jerep, F.C. & Carvalho, F.R. (2011a) New species of Moenkhausia Eigenmann (Ostariophysi: Characidae) from the upper Rio Tocantins basin in central Brazil. Neotropical Ichthyology, 9, 57 63. Bertaco, V.A., Jerep, F.C. & Carvalho, F.R. (2011b) A new characid fish, Moenkhausia aurantia (Ostariophysi: Characiformes: Characidae), from the upper rio Tocantins basin in central Brazil. Zootaxa, 2934, 29 38. Costa, W.J.E.M. (1994) Description of two new species of the genus Moenkhausia (Characiformes: Characidae) from the central Brazil. Zoologischer Anzeiger, 232, 21 29. Eigenmann, C.H. (1903) New genera of South American fresh-water fishes and new names for some old genera. Smithsonian Miscellaneous Collections, 45, 144 148. Eigenmann, C.H. (1917) The American Characidae I. Memoirs of the Museum of Comparative Zoology, 43, 1 102. Fink, W.L. & Weitzman, S.H. (1974) The so-called Cheirodontin fishes of Central America with descriptions of two new species (Pisces: Characidae). Smithsonian Contributions to Zoology, 172, 1 46. Géry, J. (1977) Characoids of the world. TFH Publications, Neptune City, New Jersey, 672 pp. Géry, J. (1992) Description de deux nouvelles espèces proches de Moenkhausia lepidura (Kner) (Poissons, Characiformes, Tetragonopterinae), avec une revue du groupe. Revue Française d Aquariologie and Herpètologie 19, 69 78.

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