Para acesso ao vídeo explicativo clique AQUI. TUTELA PROVISÓRIA Comentários aos artigos 294 a 299 Art. 294. A tutela provisória pode fundamentar-se em urgência ou evidência. Parágrafo único. A tutela provisória de urgência, cautelar ou antecipada, pode ser concedida em caráter antecedente ou incidental. Já neste primeiro dispositivo relativo ao tema, o Código de Processo Civil definiu de forma clara e inquestionável a estrutura da Tutela Provisória. Restou estabelecido que Tutela Provisória é gênero o qual divide-se em duas espécies, a Tutela da Evidência e a Tutela de Urgência, sendo que está última também se divide em duas subespécies, a Tutela Cautelar e a Tutela Antecipada, as quais podem ser concedidas em caráter incidental ou antecedente. Para melhor compreensão, estas classificações podem ser representadas pela imagem abaixo:
Art. 295. A tutela provisória requerida em caráter incidental independe do pagamento de custas. Para compreender o porquê deste artigo, deve-se entender a diferença entre a tutela antecedente e a incidental e o momento em que cada uma é apresentada. O atual código processual não trouxe regramento específico à tutela incidental, mas tão somente à tutela antecedente. E a razão é
clara: tutela incidental é toda tutela provisória requerida juntamente com a pretensão principal ou durante o transcurso do processo, ou seja, é uma questão paralela que acompanha o objeto da ação. É, pois, a regra geral. A tutela antecedente, por seu turno, como o próprio nome sugere, tal como se depreende da leitura dos artigos 303 a 310 do CPC, é a exceção, sendo, pois, uma providência de urgência requerida antes mesmo da apresentação do pedido principal. Nesta hipótese, diferentemente da anterior, nenhuma ação ainda foi proposta e, por isso, por evidente, as custas e despesas de ingresso serão exigidas quando da distribuição do requerimento de tutela antecedente ora apresentada no juízo competente para conhecer do pedido principal (art. 299, CPC), pois é neste momento que a lide está sendo inaugurada. A tutela incidental, em lado oposto, é requerida juntamente com o pedido principal (ou no transcurso deste), sendo este o fato gerador das custas e despesas de ingresso, não a tutela. Em suma, quando da apresentação da tutela antecedente as custas de ingresso são exigidas porque nesta ocasião é que ação está sendo proposta. Em lado oposto, nenhum valor pode ser exigido pela formulação da tutela incidental, mas sim pela apresentação do pedido principal que pode ou não ser acompanhado de tutela incidental.
Art. 296. A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do processo, mas pode, a qualquer tempo, ser revogada ou modificada. Parágrafo único. Salvo decisão judicial em contrário, a tutela provisória conservará a eficácia durante o período de suspensão do processo. Este artigo justifica a denominação deste instituto ao reger que a tutela provisória pode ser revogada ou modificada a qualquer tempo. Ora, se a tutela não é definitiva, podendo ser transmudada a qualquer momento somente pode ser então provisória. Outro trecho quase imperceptível do caput, mas que merece destaque, é a conservação da eficácia na pendência do processo. Isto quer dizer que a tutela provisória se justifica na existência do pedido principal e somente na admissão deste é que se pode manter a vigência da tutela provisória. Caso ocorra o seu indeferimento ou qualquer outra causa de extinção do processo em desfavor ao requerente, a tutela provisória necessariamente perde sua eficácia. O parágrafo único deste dispositivo certamente foi criado por cautela, para evitar discussões desnecessárias sobre o tema, trazendo em si uma lógica inquestionável, qual seja, a tutela provisória permanece hígida mesmo com a suspensão do processo, exceto se houver decisão em contrário.
Art. 297. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela provisória. Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória observará as normas referentes ao cumprimento provisório da sentença, no que couber. Apesar de sucinto, a norma trazida com este dispositivo é de relevante importância, pois trata do cumprimento coercitivo da tutela provisória. Muito se debate sobre a concessão ou não da tutela provisória, sobre os seus requisitos e suas espécies. Porém, pouco se tem falado sobre o depois: concedida a tutela provisória, não havendo o cumprimento voluntário, como proceder? A resposta está no parágrafo único deste art. 297, ou seja, através do procedimento previsto pelo art. 520 e seguintes do CPC. Referido artigo dispõe que o cumprimento provisório da sentença impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo será realizado da mesma forma que o cumprimento definitivo (...). Isso quer dizer que toda tutela provisória concedida e não cumprida deve observar não só o art. 520, mas também todos aqueles que tratam do cumprimento definitivo da sentença, seja de obrigação de (não) fazer, de (não) entregar ou de pagar quantia certa. Nesse sentido, as medidas consideradas adequadas à efetivação da tutela provisória mencionadas no caput do art. 297, podem ser, inclusive, aquelas previstas pelo art. 536, 1º do CPC,
quais sejam, entre outras medidas, a imposição de multa, a busca e apreensão, a remoção de pessoas e coisas, o desfazimento de obras e o impedimento de atividade nociva, podendo, caso necessário, requisitar o auxílio de força policial. Ainda, tratando-se de eventual tutela provisória que determine o pagamento de quantia certa, conjugando o art. 520 com o art. 523, conclui-se que o requerente deve observar os requisitos do art. 524 ao elaborar seu pedido de cumprimento desta tutela provisória, com clara instrução do crédito atualizado perseguido. Art. 298. Na decisão que conceder, negar, modificar ou revogar a tutela provisória, o juiz motivará seu convencimento de modo claro e preciso. A presente norma vem por corroborar aquela geral estatuída pelo art. 11 do CPC, que assim dispõe: Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. O art. 489, 1º do CPC veio por contribuir na especificação da decisão que se considera não fundamentada, sendo aquela, pois, que: I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar
seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. Neste sentido, tal como toda e qualquer decisão judicial, a tutela provisória, em qualquer de suas espécies, deve ser claramente fundamentada, seja para conceder ou indeferir, como para modificar ou revogar. Art. 299. A tutela provisória será requerida ao juízo da causa e, quando antecedente, ao juízo competente para conhecer do pedido principal. Parágrafo único. Ressalvada disposição especial, na ação de competência originária de tribunal e nos recursos a tutela provisória será requerida ao órgão jurisdicional competente para apreciar o mérito. O presente artigo trata da competência à análise da tutela provisória. De forma simples e clara o dispositivo seguiu a lógica de que esta deve ser apreciada pelo mesmo juízo que deve julgar a tutela definitiva (pedido principal), inclusive quando se tratando de competência originária de tribunal superior, como por exemplo no caso das ações rescisórias (art. 966 e seguintes do CPC). RICALE FRANCISCO MARCUCCI KINCHESKI