RELEVÂNCIA DA IMPLEMENTAÇÃO DE UMA GESTÃO AMBIENTAL EM PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS.



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Transcrição:

ISSN 1984-9354 RELEVÂNCIA DA IMPLEMENTAÇÃO DE UMA GESTÃO AMBIENTAL EM PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS. Katherine Teixeira Brandão (LATEC/UFF) katherinetbrandao@yahoo.com.br Carlos Roberto Coutinho de Souza (LATEC/UFF) crobertocoutinho@yahoo.com.br Resumo: Este artigo tem por objetivo demonstrar a relevância da implementação de uma Gestão Ambiental em pequenas e médias empresas e, também apresentar ferramentas que introduzam a valorização do Meio Ambiente em sua política. Pretende-se também observar a mudança do paradigma social e a crescente exigência da sociedade em prol do Meio Ambiente, refletindo no consumo e fazendo com que as empresas mudem suas visões e estratégias para permanecerem no mercado. Palavras-chaves: Gestão Ambiental, mudança de paradigma, sustentabilidade, ferramentas ambientais.

1. INTRODUÇÃO Diante da problemática ambiental do planeta, devido ao crescimento desenfreado na relação entre a demanda nos processos e serviços produtivos, na utilização dos recursos naturais e no aumento populacional, surge por parte da sociedade uma preocupação crescente com as consequências do uso indevido e inadequado do meio ambiente. As exigências e a procura por alternativas de produção vêm se tornando mais constantes, não só de órgãos públicos de fiscalização e ONGs (Organizações não governamentais) Ambientais como também de toda a parte interessada. Deste modo, observamos que as pequenas e médias empresas devem ser inseridas neste contexto. À medida que a preocupação e a cobrança aumentam, surgem interesses econômicos e sociais que direcionam os processos para a busca de produção que garantem a produção de uma forma mais limpa e ambientalmente correta, ou seja, transparente, trazendo favorecimento não só para a organização como para a sociedade como um todo. São empresas com políticas e programas de antecipação que buscam permanentemente agregar melhorias econômicas e ambientais ao seu negócio. Na gestão atual das empresas inovadoras, outros fatores disseminados são os de produzir degradando menos, de maneira mais limpa. Conforme vão surgindo melhorias e mudanças no processo geral das empresas que se preocupam com o meio ambiente, a organização fica tendenciosa para uma imagem mais transparente e benéfica, facilitando sua entrada no mercado e se tornando mais competitiva em relação à concorrência que não se interessar em se alinhar beneficamente com o Meio Ambiente. Nesse caso, o retorno econômico positivo será consequência de uma gestão que visa a sustentabilidade. Para as pequenas e médias empresas é uma estratégia para o crescimento da organização como um todo, ou seja, é o ponto de partida para elas se tornarem melhores e futuramente um grande empreendimento. O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu como uma maneira de balancear a produção industrial com a manutenção da qualidade de vida, permitindo que gerações futuras não sofram com toda a exploração dos recursos disponíveis. Em um breve retrospecto, observamos que no início da Revolução Industrial não havia por parte das empresas nenhum incentivo ou preocupação com o Meio Ambiente. Era um fator que não 2

tinha relevância, não havia cobranças e as empresas não se preocupavam em procurar ferramentas para uma gestão ambientalmente correta. Com o avanço das tecnologias e o aumento populacional pós-revolução industrial surgiram consequências como os impactos ambientais negativos mais relevantes despertando a atenção de toda a sociedade. O que antes não se discutia a respeito de preservação do meio ambiente, passa a se tornar um fator importante para a sociedade devido à preocupação com a escassez dos recursos naturais não renováveis, o excesso de consumo, com a quantidade de resíduos gerados, dentre outros fatores que contribuem para a degradação do meio ambiente. Embora haja um crescimento populacional e econômico contínuo, atualmente vê-se uma mudança radical perante a problemática ambiental, voltada para o Desenvolvimento Sustentável. Não seria exagero afirmar que a sociedade aceita a produção industrial desde que garanta a manutenção e qualidade do meio ambiente. A implementação de ferramentas administrativas no contexto de uma Gestão Ambiental em empresas de qualquer ramo vem sendo a cada dia mais sobressalente, devido à cobrança e a preocupação com o meio ambiente. No entanto, para as PMEs que se iniciam no mercado é uma vantagem inserir ferramentas ambientais para que haja uma aceitação maior dos consumidores com produtos ou serviços desconhecidos. Dessa forma, Estabelecer modelos de gestão interligando medidas sustentáveis é para as empresas um valor a ser reconhecido como um diferencial de competitividade. O que tem se observado é que as empresas que valorizam o Meio Ambiente têm seus produtos ou serviços tratados com preferência pelos consumidores conscientes ambientalmente. Este fato ocorre grande parte em função do desenvolvimento tecnológico que permite que o acesso às informações se torne mais ágil, claro e fácil, mostrando a situação real das empresas, impactando positiva ou negativamente a sua imagem. Existem diversas maneiras das pequenas e médias empresas se estruturarem para se tornarem mais ambientalmente corretas e não sofrerem com danos à imagem e prejuízos no desenvolvimento da organização. 3

2.0 SITUAÇÃO PROBLEMA Um dos grandes problemas para as empresas, de todos os portes, sejam as grandes, medias ou pequenas, é terem seus processos taxados como poluidores do Meio Ambiente, o que pode ser visto como prejudicial para a sua imagem, trazendo geração de multas, possíveis perdas econômicas e, para a sociedade, um possível impacto ambiental negativo. Em uma pesquisa da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (FIRJAN) sobre Gestão Ambiental (2006), os resultados indicaram que, para 66,1% das empresas entrevistadas, a principal razão que as levou a implantação de iniciativas ambientais foi a necessidade de adequação à Legislação Ambiental (licenciamento e atendimento às demandas dos órgãos ambientais). A segunda razão, correspondente à 37,4% das empresas entrevistadas, foi a melhoria da imagem perante os consumidores e a sociedade, seguida da redução dos custos de produção, apontada por 29,8% das entrevistadas. Para algumas empresas a alternativa de Ferramentas Ambientais pode gerar um custo elevado, o que determina decisões internas pela não execução de um programa para esta área. Para outras organizações, seu retorno é um fator positivo para a melhoria na economia e na imagem da organização. Embora o retorno neste caso seja de longo prazo, é fundamental que não se analise exclusivamente pelo seu custo, mas sim como sendo um investimento que irá gerar benefícios futuros. Sendo assim, este investimento torna-se para a empresa um diferencial e também um esclarecimento para as partes interessadas, evitando futuros problemas relacionados ao descumprimento de fatores Ambientais (Legislação). Diante desta situação, é fundamental uma análise empresarial para a revisão de modelos de gestão voltados para o meio ambiente, agregando a valorização ambiental na política da empresa. As pequenas e médias empresas tem dificuldades financeiras para investirem em ferramentas ambientais. A mudança da política requer custos para essas organizações, gerando um impacto maior, diferentemente das grandes empresas que podem investir mais rápido e nas mais modernas ferramentas. Para isso, é preciso que as PMEs avaliem e tenham ciência da importância de inserir uma Gestão Ambiental em sua organização, e dessa forma gerar uma mudança de paradigma visando o crescimento da empresa como um todo e, consequentemente, colaborando 4

com o Meio Ambiente para que gerações futuras possam usufruir dos bens naturais tendo mais qualidade de vida. 3.0 OBJETIVO O objetivo deste artigo é destacar a importância da implementação de uma Gestão Ambiental para pequenas e médias empresas (PMEs), com requisitos mínimos, considerando a mudança na sua política com a implementação de dois tipos de checklist adaptado, estabelecimento de treinamentos específicos e gestão de resíduos. 4.0 MÉTODO O artigo foi desenvolvido de forma simples e objetiva, demonstrando o problema e sugerindo ferramentas que possam direcionar as pequenas e empresas para um novo mercado, sem impactar o seu resultado financeiro e dentro do contexto da Valorização Ambiental, quebrando paradigmas e abrindo novos conceitos na gestão empresarial. Esta pesquisa selecionou artigos, livros, web sites da área e monografias considerados relevantes diante do tema para o seu desenvolvimento. Foram utilizados os seguintes métodos: a) Pesquisas de artigos e monografias relacionados à relevância ambiental como estratégia de mercado. b) Pesquisas em sites relacionados à legislação e a informativos ambientais. 5.0 REVISÕES DA LITERATURA Segundo KOTLER, Philip; KARTAJAYA, Hermawan; SETIAWAN, Iwan. (Marketing 3.0: As forças que estão definindo o novo marketing centrado no ser humano, 2010), a melhor maneira de fazer a diferença no marketing de uma empresa é resolvendo um dos maiores problemas globais, a Sustentabilidade Ambiental. A evolução na economia, a preocupação com as gerações futuras e o surgimento de fatores negativos ao meio ambiente tem direcionado a sustentabilidade para as empresas como um meio importante e fundamental para que elas possam 5

conciliar a relação Homem x Natureza de maneira a garantir o crescimento econômico e equilibrado com o Meio Ambiente. 5.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL O despertar do conceito de Desenvolvimento Sustentável surgiu como uma maneira de balancear a qualidade de vida permitindo que gerações futuras não sofram com toda a exploração dos recursos disponíveis e que as gerações presentes possam usufruir de maneira consciente todos esses recursos. O conceito de desenvolvimento sustentável surgiu pela primeira vez, com o nome de eco desenvolvimento, no início da década de 70. Foi uma resposta à polarização, exacerbada pela publicação do relatório do Clube de Roma, que opunha partidário de duas visões sobre as relações entre crescimento econômico e meio ambiente: de um lado, aqueles, genericamente classificados de possibilistas culturais (ou tecnocentricos radicais), para os quais os limites ambientais ao crescimento econômico são mais que relativos diante da capacidade inventiva da humanidade, considerando o processo de crescimento econômico como uma força positiva capaz de eliminar por si só as disparidades sociais, com um custo ecológico tão inevitável quão irrelevante diante dos benefícios obtidos; de outro lado, aqueles outros, deterministas geográficos (ou eco-centricos radicais), para os quais o meio ambiente apresenta limites absolutos ao crescimento econômico, sendo que a humanidade estaria próxima da catástrofe. Mantidas as taxas observadas de expansão de recursos naturais (esgotamento) e de utilização da capacidade de assimilação do meio (poluição) (ROMEIRO, 1999, p. 2-3). 6

Segundo O manual do Meio Ambiente da FEEMA ( 1 ) (atual INEA), poluição pode ser feita de diversas maneiras, sendo que são os resultados das ações do ser humano que podem causar danos ao meio ambiente como um todo. Poluição: qualquer alteração das propriedades físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia, resultante das atividades humanas que direta ou indiretamente seja nociva ou ofensiva à saúde, à segurança, e ao bem estar das populações, que crie condições inadequadas de uso do meio ambiente, para fins domésticos, agropecuários, industriais, públicos, comerciais, recreativos e estéticos, que ocasione danos à fauna, à flora, ao equilíbrio ecológico e às propriedades e que não estejam em harmonia com os arredores naturais Manual do Meio Ambiente, FEEMA, 1979. Segundo LOWI (2005), a humanidade tem estabelecido uma atitude mais destruidora com a natureza devido ao seu modelo capitalista, portanto a sociedade vem se aproximando cada vez mais velozmente de um cenário de Desastre Ambiental. 5.2 GESTÃO AMBIENTAL Por experiências vividas, Oliveira e Santos (2007) afirmam que a Gestão Ambiental é a conseqüência natural da evolução do pensamento da humanidade em relação à utilização dos recursos naturais de um modo mais sábio, onde no mínimo com o uso dos mesmos deve-se mitigar a degradação causada ao ambiente. O tipo de gestão aplicada ao ambiente em si resulta da avaliação de um empreendimento sob a questão de seus impactos ao meio. Sanchez (2008) diz ainda que a gestão aplicada a um projeto de empreendimento, além de contribuir para um desenvolvimento sustentável, traz como inovação a minimização dos impactos negativos ao meio. Segundo GUSMÃO e DE MARTINI, 2009, Formular as perguntas certas, orientadas para as soluções, e efetuar as análises apropriadas é o caminho correto para a resolução efetiva dos problemas. Para isto, algumas ferramentas da Gestão Ambiental possuem notável aplicação na identificação e diagnóstico de problemas ambientais e medição das melhorias alcançadas. 1 FEEMA Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente do Estado do Rio de Janeiro que foi incorporado pelo INEA Instituto Estadual do Ambiente instalado em 12 de janeiro de 2009. 7

O eco desenvolvimento pode ser visto como uma perspectiva sistêmica de análise e intervenção, aberta à harmonização dos aspectos simultaneamente ambientais, sociais, econômicos, culturais e políticos da dinâmica dos sistemas sociais (FERREIRA, 2003, p. 35). Além da preocupação com os recursos naturais e a preocupação com a vida humana e animal, há uma notória preocupação das empresas com a sua imagem perante a aceitação da sociedade. Os steakholders estão exigindo serviços que prezam o Meio Ambiente. Para as Pequenas e Médias empresas darem início a mudança de suas políticas em prol do Meio Ambiente com baixo custo existem meios como treinamentos, Educação Ambiental, cartazes. Este fato é um avanço para futuramente investir em certificados e melhorias mais concretas onde o investimento/custo é maior. A série ISO14000 oferece diversas ferramentas que auxiliam para a implementação de um Sistema de Gestão Ambiental. 6.0 ESTUDOS DE CASO Com o passar do tempo, as questões ambientais tem se tornado mais relevantes e lucrativas para empreendimentos que aproveitam a oportunidade de inserir os quesitos ambientalmente corretos em seus serviços e acrescentar a Sustentabilidade nos detalhes da empresa se tornou marketing fundamental para chamar atenção dos consumidores e mostrar interesse com o Meio Ambiente. Efetivamente, o que preocupa organizações, são as perdas econômicas que surgem de diversos fatores, como a imagem negativa, multas Ambientais, despesas com reparos Ambientais devido a falhas humanas. Os gastos com os fatores citados podem chegar a falência da empresa. Por isso, cabe a organização analisar a importância de buscar medidas que evitem danos ao empreendimento e ao Meio Ambiente. Atualmente, a economia e a valorização do Meio Ambiente devem estar alinhadas. Conforme o mundo vai se desenvolvendo surgem mais fatores de impactos negativos ao Meio Ambiente, excesso de resíduos, poluição do ar, dos rios, lagos e mares, são fatores que vêem preocupando a sociedade. Competem as empresas se voltarem para o seu desenvolvimento com 8

foto na qualidade de vida e, as PMEs que estão se iniciando no mercado, utilizarem desta informação como estratégia de mercado. O Impacto Ambiental dependendo da sua gravidade atinge a todos, natureza, animais e seres humanos, o que gera uma rejeição enorme da sociedade para com a empresa poluidora. Dessa forma, a imagem da empresa passa a ser visualizada de maneira negativa pela mídia e, consequentemente, pela população, causando prejuízos. Existem diversos casos de grandes empresas que até hoje tem passivos de poluição pelos oceanos, afetando não só os animais como também a economia local. A organização que não atua de maneira Ambientalmente correta e não toma medidas de reparar os danos causados tem como conseqüência o reflexo negativo dos consumidores que hoje, mais atualizados e com fácil acesso as informações, podem observar a empresa pelos pontos tanto negativos quanto positivos, fazendo com que procurem por outros serviços ou produtos do mesmo padrão econômico que não agridam o Meio Ambiente ou em prol dele. Embora a sociedade caminhe em busca de uma valorização do Meio Ambiente ainda com lentidão, ela vem se mostrando mais interessada e preocupada, tomando ciência da importância de valorizar o meio ambiente, fazendo com que os serviços e produtos se ajustem de forma a competirem entre si com o intuito de preservar o meio ambiente e lucrar economicamente. As empresas estão buscando medidas para atingirem as expectativas de seus clientes, levando em consideração as atualidades, utilizando de ferramentas para transparecer seu interesse pelo bem estar da sociedade, ferramentas estas que podem ser de grande custo como também de baixo para as pequenas e médias empresas que estão entrando no mercado competitivo. Essas ferramentas vão de relatórios de sustentabilidade, Auditoria Ambiental, treinamentos, checklist entre outras que variam de acordo com a disponibilidade da empresa. O que atualmente se discute é a problemática Ambiental do planeta, sendo assim, as empresas tendem a se adequarem às questões Ambientais como meios de estratégia, preservação e inovação. Essas medidas surgem após análise e mudança na política da empresa para que elas possam adicionar as ferramentas da Gestão Ambiental à sua organização de forma com que haja equilíbrio Econômico e Ambiental. 9

6.1 CHECKLIST Elaborar uma lista de verificação de cada setor da pequena e média empresa faz-se necessário para o conhecimento detalhado, a apresentação da importância que cada um pode adquirir para a melhoria do Meio Ambiente e tomar medidas e iniciativas Ambientais de acordo com a exigência de cada setor. A lista de verificação pode ser feita desde o escritório, até o vestiário analisando os aspectos e impactos relacionados podendo assim auxiliar para implementação de outras novas ferramentas de acordo com o resultado do aspecto que cada setor informou. O impacto Ambiental caracteriza-se como qualquer alteração das características do Sistema Ambiental, seja esta física, química, biológica, social ou econômica, causadas pela ação do empreendimento as quais possam afetar direta ou indiretamente o comportamento dos parâmetros citados acima. Toda área de qualquer empreendimento tem fatores ambientais que podem ser melhorados ou até mesmo modificados. O modelo proposto neste artigo tem por objetivo gerar uma forma de auto avaliação em comparação com o atendimento ideal dos itens de importância para a gestão ambiente. Auxiliando as PMEs do manejo correto de ferramentas simples, embora fundamental para iniciar uma Gestão Ambiental. Entendemos que ele pode ser aperfeiçoado em função das características de cada empresa. 6.1.1 MODELOS DE CHECKLIST ADAPTADO O modelo de Checklist 01 é específico e foi baseado no gerenciamento de resíduos, que é existente em qualquer empreendimento, sendo um fator relevante devido ao resíduos recicláveis serem geradores de lucro e benéficos ao Meio Ambiente, evitando a retirada de recursos naturais do Meio. Já o modelo de Checklist 02 refere-se a Gestão Ambiental da PME como um todo, com resultado mais detalhado, gerando porcentagem de acordo com a resposta de cada item analisado, para que haja uma comparação se está ou não adequado aos fatores ambientais. 10

Como cada empresa tem um estereótipo, os modelos de Checklist apresentados são básicos para servir de exemplo para as Pequenas e Médias empresas entenderem com facilidade o fundamento da implementação deste. A empresa deve, para cada ação, citar e caracterizar os efeitos benéficos ou adversos prognosticados para cada área da organização. 11

CHECKLIST MODELO 01 Número Fl. XXX S/A CHECKLIST DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS Data Rev. Unidade Data Responsável xyz 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 ITENS VERIFICADOS Baias de coleta seletivas sinalizadas com cores e placas Baia de resíduo contaminado isolada das baias de resíduos reciclados Empresas de coleta de resíduos licenciadas Controle documentado de saída de resíduos reciclados e não reciclados Lixeiras com cores dos respectivos resíduos Placas indicativas de coleta seletiva Cartazes espalhados com informações de resíduos Recipientes para lixo c/ tampa Utilização de embalagens retornáveis Iluminação adequada para as baias de armazenamento de resíduos Treinamento periódico com setor de limpeza Programa de metas de redução de resíduo Parceria com cooperativas de reciclagem licenciadas Lixeiras seletivas espalhadas em locais estratégicos Nos escritórios lixeiras para papeis e lixeira para orgânicos Comentários ATENDE NÃO ATENDE NA RESPONSÁVEL / PRAZO Inspecionado por Acompanhado por NA - Não Aplicável 12

CHECKLIST MODELO 02 13

6.2 TREINAMENTOS ESPECÍFICOS Outro item proposto neste Artigo é o treinamento com o objetivo de desenvolver nos funcionários a importância do tema e a sensibilização para a mudança de comportamento adotando medidas administrativas Ambientais adequadas na empresa. O método de treinamento pode ser com a utilização de vídeos, fotografias, cartazes, panfletos e noticiários, que seja, entretanto o mais adequado à organização. A prática tem demonstrado que um funcionário não irá adquirir hábitos ambientalmente corretos se não conseguir absorver de fato a importância da Valorização Ambiental, das ações preventivas à organização e os benefícios para ele próprio. Desta forma, treinamentos voltados para a Educação Ambiental são de relevante importância para este processo de conscientização. 6.3 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS Uma das maiores problemáticas ambientais é o excesso de resíduo gerado e a falta de lugar apropriado para destinação destes. Resíduos estes que são despejados indevidamente, sendo eles misturados com resíduos que podem ser reciclados podendo gerar lucro para cooperativas. Implementar e realizar a coleta seletiva na organização é um procedimento simples. As PMEs podem buscar parcerias com cooperativas credenciadas de reciclagem, realizando um projeto ambiental, social e econômico, englobando a sustentabilidade de modo simples e positivo, sem perder o foco na economia da empresa. 7.0 CONCLUSÃO É necessário que todos os órgãos do empreendimento tomem ciência da importância da execução de ferramentas administrativas voltadas para a prática de uma Gestão Ambiental, sendo de fundamental importância exercer a prática de valores ambientais, expondo as idéias e relevância de modo que independem de setores, níveis hierárquicos ou de funções. As pequenas ou médias empresas devem exercer o novo padrão de política da organização, ou seja, em prol do Meio Ambiente sem fugir do foco na economia mantendo a ética. 14

A Educação Ambiental surge para auxiliar no conhecimento, como resposta à preocupação da sociedade com o futuro da vida e, sendo assim, iniciar-se uma mudança de hábito. Pode-se até levar em consideração que tais mudanças de hábitos dos funcionários poderão trazer benefícios inclusive para fora da organização onde trabalham, ou seja, para a rotina na residência de cada um deles. A busca por ferramentas voltadas para uma Gestão Ambiental não só favorece nos quesitos de redução dos riscos ambientais e diminuição da probabilidade de serem multados por órgãos públicos, como também enriquece a imagem da empresa chamando mais atenção pela sua inovação, pró atividade e preocupação com o bem estar social e ambiental, fazendo com que dêem um grande passo para o sucesso. A questão Ambiental atualmente tomou outras proporções para as empresas, tornando-se uma estratégia econômica. Para os ambientalistas é ainda um fator de suma importância para a vida do planeta e a sociedade ainda é dividida: de um lado há um crescimento da preocupação de outro lado muitas pessoas ainda não se sensibilizam com o fator Ambiental, acreditando na infinitude dos recursos da Natureza. Quem almeja qualidade de vida busca soluções, serviços, produtos e atitudes inovadoras em prol de um mundo melhor no quesito Ambiental. Sabemos que para as gerações futuras terem uma qualidade de vida básica e poderem usufruir dos benefícios que a natureza oferece é imprescindível que as empresas ajam no presente valorizando o Meio Ambiente, que os órgãos Ambientais continuem sendo rigorosos com suas leis, exigências e fiscalizações e que haja mais cidadania e Conscientização Ambiental na sociedade. O país precisa investir abundantemente em novas tecnologias voltadas para Gestão Ambiental, em geral, para o crescimento econômico e valorização da fauna e flora que são fundamentais para a nossa existência. É possível produzir mais e adequadamente, melhorando o resultado financeiro com equilíbrio ao Meio Ambiente. Este artigo foi elaborado para apresentar o equilíbrio de dois fatores relevantes da sociedade, o consumo (mundo capitalista) e a valorização do Meio Ambiente, onde ambos podem professar juntos com a apreensão de que o futuro depende das atitudes presentes. 15

Recomenda-se investir em fatores voltados para uma Gestão que preserve o Meio Ambiente, fazer uma análise das tendências e informações para agregar conhecimento e tomar atitudes que tenham impactos ambientais positivos a uma sociedade que ainda estar por vir. A sociedade não vai parar de consumir e pagar pelos serviços, mas está cada vez mais consciente de que para uma vida melhor futuramente, deve se exigir melhorias ambientais. REFERÊNCIAS INSTITUTO ESTADUAL DO AMBIENTE. Disponível em: www.inea.rj.gov.br. BIBLIOTECA DO LATEC. Disponível em: http://www.latec.com.br/biblioteca/ DONAIRE, Denis. Gestão ambiental na empresa. São Paulo: Atlas 1995. D AVIGNON, Alexandre. Normas ambientais ISO 14000: como podem influenciar sua empresa. Rio de Janeiro: CNI, DAMPI, 1996. KOTLER, Philip; KARTAJAYA, Hermawan; SETIAWAN, Iwan. Marketing 3.0: As forças que estão definindo o novo marketing centrado no ser humano, 2010 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/ Acesso em: Junho 2012 INSTITUTO AKATU. Disponível em: http://www.akatu.org.br/ Acesso em: Julho de 2012 ALMEIDA, Fernando. Experiências empresariais em Sustentabilidade: Avanços, dificuldades e motivações de gestores e empresas. Rio de Janeiro: 2009 LOPES, José Ricardo Moraes: Sistema de Gestão Ambiental Integrado-SGAI: um modelo conceitual como fundamento da nova administração empresarial. Niterói: UFF,2004. 184f. Dissertação (Mestrado profissional em Sistema de Gestão) Universidade Federal Fluminense, Niterói 2004. Orientador: Ubirajara Aluízio de Oliveira Mattos, D.Sc. OLIVEIRA e SANTOS. Gestão Ambiental nas empresas do setor de petróleo e gás em Mossoró-RN, ano3. Vol3, 2007 FERREIRA, Luiz Alberto. Formação técnica para o eco desenvolvimento: uma avaliação do ensino técnico agrícola em Santa Catarina no período 1992-2002. 2003. 112 f. Tese (Doutorado em Ciências Humanas - Sociedade e Meio Ambiente). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis - SC, 2003. Sanchéz, Luis Enrique Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos/ Luís Enrique Sanchéz São Paulo: Oficina de textos, 2008. 16