CURSO DE SERVIÇO SOCIAL PROJETO PEDAGÓGICO



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Transcrição:

CURSO DE SERVIÇO SOCIAL PROJETO PEDAGÓGICO OUTUBRO/2009 1

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA REITOR Prof. MSc. Pe. José Romualdo Degasperi PRÓ-REITOR DE GRADUAÇÃO Prof. MSc.Ricardo Spindola Mariz PRÓ-REITOR DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA Profa. Adelaide dos Santos Figueiredo PRÓ-REITOR DE EXTENSÃO Prof. Dr. Luís Síveres DIRETORIA DE ADMINISTRAÇÃO Prof. MSc. Leonardo Nunes Ferreira 2

DIRETORA DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL Profa. MSc. Cilene Sebastiana Braga Lins ASSESSORES PEDAGÓGICOS Profa. Dra. Ozanira Ferreira da Costa Profa. Msc Karina Aparecida Figueiredo Prof. Msc Thiago Bazi Brandão SECRETARIA Renata Nunes da Silva 3

SUMÁRIO 1. HISTÓRICO...06 1.1 HISTÓ..ICO INSTITUCIONAL...06 1.2 - HISTÓRICO DO CURSO...12 1.3 PROJEÇÃO DA MISSÃO NA ÁREA E NO CURSO...14 2. CONTEXTUALIZAÇÃO...18 2.1 - CENÁRIO PROFISSSIONAL...18 2. 2 - MERCADO DE TRABALHO...21 2.3 - DIFERENCIAIS DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL DA UCB...22 2.4 - FORMAS DE ACESSO...26 3. ORIENTAÇÃO E AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM...27 3.1 CONCEPÇÃO DE APRENDIZAGEM...;...27 3.2 PRINCÍPIOS DA ÁREA DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS...30 3.3 INDISSOCIABILIDADE ENTRE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃ...33 3.4 AVALIAÇÃO DE APRENDIZAGEM...34 3.5 PAPEL DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA...36 4 ATORES E FUNÇÕES...38 4.1 CORPO DISCENTE...38 4.2 CORPO DOCENTE E FORMAÇÃO CONTINUADA...41 4.3 - NUCLEO DOCENTE ESTRUTURANTE E COLEGIADOS...43 4.3.1 NÚCLEO DOCENTE ESTRUTURANTE NDE...43 4.3.2 COLEGIADOS DE CURSO...43 4.4 PERFIL TÉCNICA ADMINISTRATIVO E FORMAÇÃO CONTINUAD...44 4.5 PERFIL E CAPACITAÇÃO DE GESTORES...45 4.6 PROCESSO DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL...46 5 RECURSOS...49 4

5.1 RECURSOS INSTITUCIONAIS...49 5.2 RECURSOS ESPECIFICOS DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL...52 6 MATRIZ CURRICULAR...53 6.1 - FLUXO DAS DISCIPLINAS E ESTRUTURA DA MATRIZ CURRICULAR...53 6.2. EMENTAS E BIBLIOGRAFIA...60 6.3. ESTRUTURAÇÃO DAS PRÁTICAS...99 6.4. ATIVIDADES COMPLEMENTARES...100 6.5 DINAMICA DO TCC E /OU ESTAGIO...101 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS...107 ANEXOS...109 MATRIZ CURRICULAR PADRÃO AS...109 5

1- HISTÓRICO 1.1 HISTÓRICO INSTITUCIONAL A história traz, em si, a presença da memória individual e coletiva dos sujeitos e fatos que a constituem. O registro e a sistematização factual induzem a análises que necessitam do contexto particular e geral onde os fenômenos se manifestam. Esse é o princípio que norteia a história da UCB quanto às suas opções metodológicas e pedagógicas. A decisão política de Juscelino Kubitschek em construir Brasília nos anos de 1955/56, inaugurada em 21 de abril de 1960, promoveu a expansão econômica e a interiorização regional do país na direção do Centro-Oeste, Norte e Nordeste brasileiros. As conjunturas históricas do Brasil, nas décadas de 1960/70, possibilitaram um franco desenvolvimento urbano de Brasília e do entorno o que foi determinante para criação da Universidade Católica na nova capital. Essa criação deve-se a um grupo de diretores de colégios religiosos da Capital. Os idealizadores dessa futura Universidade Católica de Brasília tomaram iniciativas no sentido de unir propósitos de dez entidades educativas católicas que se desdobraram em atividades e fundaram, em primeiro lugar, a Mantenedora e, a curto prazo, uma instituição que seria a primeira unidade de ensino. A fundação da União Brasiliense de Educação e Cultura UBEC se deu no dia 12 de agosto de 1972, como uma sociedade civil de direito privado e objetivos educacionais, assistenciais, filantrópicos e sem fins lucrativos. Instituída a UBEC, iniciou-se o processo de criar a primeira unidade, a Faculdade Católica de Ciências Humanas FCCH. Os jornais realçavam a importância de Taguatinga quanto ao desenvolvimento e crescimento populacional e da dificuldade que os jovens possuíam para fazerem seus cursos superiores em razão da distância do Plano Piloto, onde se encontravam a Universidade de Brasília -UnB e outras 6

Faculdades Particulares: a AEUDF, o CEUB e a UPIS. Esclareciam que até à implantação do campus universitário as aulas aconteceriam no Colégio Marista. Sediada no Plano Piloto de Brasília, a nova Faculdade teve inicio, em 12 de março de 1974, com os cursos de Economia, de Administração de Empresas e com o curso de Pedagogia (habilitações em Magistério do 2º grau, em Administração Escolar do 1º e 2º graus e Orientação Educacional 1º e 2º graus), ministrado na Cidade Satélite de Taguatinga por razões de espaço físico. Os cursos criados deveriam, então, serem ministrados de maneira a atrair os interesses da população e as aulas, no horário noturno, com um modelo de ensino específico, foi desenvolvido para os discentes que, em sua maioria, trabalhavam durante o dia e estudavam a noite. A Metodologia de Ensino da Faculdade foi definida a partir do Curso de Introdução aos Estudos Universitários IEU, onde os estudantes recebiam as informações sobre o ensino superior e o funcionamento da Instituição. Havia uma exigência de que a organização de conteúdos e as aulas fossem feitas por trabalho em equipes de professores, para cada disciplina, no início dos semestres; um material instrucional era distribuído aos estudantes, o que acabou resultando no Banco do Livro e no IEU para os matriculados no básico. Todas as equipes de professores atuavam de acordo com as propostas metodológicas definidas para a FCCH, reforçados por um trabalho de formação dirigido aos professores, instituindo-se o Curso de Formação de Professor Universitário. Em 8 de agosto de 1980 foi realizada uma alteração nos Estatutos e Regimentos da UBEC e FCCH, em razão de novas realidades conjunturais, permitindo que a instituição se organizasse numa estrutura de ensino mais coerente e adequada à sua própria expansão. Ocorreu, então, a instalação das Faculdades Integradas da Católica de Brasília FICB, reunindo a Faculdade Católica de Ciências Humanas, a Faculdade Católica de Tecnologia e a Faculdade (Centro) de Educação. Os cursos de licenciatura que foram autorizados pelo CFE eram fruto de uma longa etapa de escutar a sociedade brasiliense, demonstrada no interesse 7

despertado no mercado, na atenção constante da Direção, avaliando as necessidades dessa comunidade de Brasília, e do seu entorno e, principalmente, de Taguatinga reforçou a opção pelas licenciaturas. A Católica priorizou as iniciativas de cursos na área de educação, capacitação docente da Fundação Educacional do DF e graduação na área de ciência e tecnologia, levando-se em conta o conhecimento, experiências históricas e proposições das FICB nessa área. A criação da Faculdade Católica de Tecnologia, que reunia os cursos de Ciências (Matemática, Física, Química e Biologia) e o Curso Superior de Tecnologia em Processamento de Dados, evidenciava a expansão do processo de informatização em todos os setores empresariais, inclusive a própria implantação do sistema de controle acadêmico por computação, na Católica. A Faculdade Católica de Ciências Humanas continuava oferecendo os cursos de Administração de Empresas e de Economia, compatibilizando a grade curricular com proposta do MEC/SESU e do Conselho Federal de Técnicos de Administração CFTA. Os cursos deveriam estar alinhados em conhecimentos, habilidades em relação à oferta de empregos nas áreas de atuação do administrador e atitudes profissionais sustentadas pela ética. A disposição pedagógica das FICB organizou-se em Departamentos Acadêmicos, racionalizando os trabalhos dos professores e oportunizando a integração professor/estudante. Programas foram desenvolvidos para melhorar o convívio entre as pessoas e de trabalhos que reunissem conjuntos de estudantes de diferentes cursos, diferentes ocupações profissionais e diferentes professores. O objetivo era melhorar as condições para que a Instituição se desenvolvesse de maneira global, em lugar de enfatizar o desenvolvimento parcial e unitário Em 12 de março de 1985, o Campus I da Católica de Brasília foi inaugurado, em Taguatinga, com o primeiro prédio, hoje denominado de Prédio São João Batista de La Salle. A expansão das FICB era inquestionável, confirmando as possibilidades de trabalhos cujos objetivos, diretrizes de ação e metas a serem alcançadas visavam à elaboração do Projeto para o reconhecimento das FICB em Universidade Católica de Brasília. A cidade de 8

Taguatinga, um local estratégico, foi inaugurada em 05 de junho de 1958. Essa cidade cresceu, a 25 km do Plano Piloto, e tornou-se um pólo econômico, com avenidas que se tornaram referência na cidade, altos prédios e uma população que, hoje tem, aproximadamente, 300.000 habitantes. Sua expansão liga-se à própria condição de Brasília ser um espaço geopolítico que atraiu a gente brasileira com todos os seus conflitos sociais. O espaço geográfico do Campus I da Católica, com suas edificações, acabou se transformando num ponto de convergência populacional, com pessoas do Plano Piloto, Núcleo Bandeirante, Candangolândia, Taguatinga, Guará, Gama, Ceilândia, Samambaia, Brazlândia, Santa Maria, Recanto das Emas e Riacho Fundo. Os vários cursos criados, atendiam à demanda de uma população que buscava a formação acadêmica como forma de ascensão social, pessoal e profissional. A partir de 1988/89, a Direção Geral das FICB, com dinâmica administração, renovando atitudes, acelerou as condições para o futuro reconhecimento em Universidade. Um dos principais objetivos dessa direção foi, exatamente, o desenrolar do processo para o reconhecimento, junto ao Conselho Federal de Educação. Os 17 cursos oferecidos estavam reunidos na Faculdade de Educação, Faculdade de Tecnologia, Faculdade de Ciências Sociais, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, mais os cursos de especialização e mestrado da Pós-Graduação. Depois de intenso trabalho, ao longo de dois anos, o Ministro de Estado da Educação e do Desporto assinou a Portaria de Reconhecimento das FICB como Universidade Católica de Brasília UCB, em 28 de dezembro de 1994, com sede na Cidade de Taguatinga (DF). No dia 23 de março de 1995 ela foi oficialmente instalada em seu Campus I. Iniciava-se a primeira gestão universitária UCB de acordo com o que estava sendo definido nos Planos de Ação e no Plano de Desenvolvimento Institucional PDI. Nesse mesmo ano foi desenvolvida uma metodologia específica para elaboração de Planos de Ação, os PA s Anuais. O objetivo geral dessa metodologia era permitir a elaboração, o acompanhamento e a avaliação dos Planos Anuais - planejamento setorial/operacional - da Universidade, devidamente vinculado ao PDI. Os PA s passaram a ser planejados, 9

executados e avaliados, anualmente, considerando a acelerada expansão dos núcleos urbanos próximos à posição geográfica da UCB. Os Projetos Pedagógicos de todos os Cursos da UCB, agora, diversificados nas áreas de humanas, sociais, tecnológicas e ciências da vida, totalizando até o final da década, mais de 40 cursos, acontecendo na Graduação, na Pós- Graduação e no Ensino a Distância, sem falar nos projetos e programas da Pró- Reitoria de Extensão. A segunda Gestão Universitária iniciou-se em 23 de março de 1999 e confirmou as atitudes tomadas anteriormente, ampliando e expandindo os cursos de graduação e pós-graduação para as áreas mais demandadas pela sociedade e entidades de classe da época. Preocupou-se, sobremaneira, com a Pós- Graduação, com a Pesquisa e a Extensão e redefiniu o corpo docente, contratando mestres e doutores em tempo integral. Programas e projetos de extensão marcaram a presença da Universidade na comunidade de Brasília, Águas Claras e Taguatinga e o avanço do Ensino a Distância teve agregado à sua projeção, o Curso de Aprendizagem Cooperativa e Tecnologia Educacional na Universidade em Estilo Salesiano, que ajudou a divulgar o excelente trabalho desenvolvido pela Católica Virtual. Até o ano de 2000, a Coordenação de Planejamento criou e implantou, prioritariamente, o Plano Estratégico, envolvendo os horizontes de 2002 e o de 2010. Nesse plano está estabelecida a Missão, a Visão de Futuro, os objetivos e as estratégias da UCB para o período. Implantou o Sistema de Planejamento- SISPLAN que permitiu a elaboração, o acompanhamento e a avaliação dos PA s, de forma on-line, totalmente automatizado. A orientação básica desse sistema era de acompanhar e avaliar tanto os PA s quanto o Plano Estratégico. Em 23 de março de 2003, um novo grupo de pessoas assumiu a terceira Gestão Universitária, com vistas à sustentação do patrimônio universitário e com uma proposta de trabalhar, cooperativamente, visando manter alguns projetos já delimitados pelas gestões anteriores e implementar o Projeto de Realinhamento Organizacional, o Projeto de Gestão Acadêmica e o Projeto Identidade. Os rumos 10

tomados visavam satisfazer às necessidades dos cursos relacionados à estrutura de Centro de Educação e Humanidades, Centro de Ciências da Vida, Centro de Ciência e Tecnologia e Centro de Ciências Sociais Aplicadas; totalizando 92 Cursos oferecidos pela Graduação, Ensino à Distância, Pós-Graduação, além dos programas e projetos de pesquisas da Extensão, as avaliações institucionais e de curso, realizadas durante esse período, atestaram a excelência da educação superior realizada na UCB, bem como a indissociabilidade do Ensino, Pesquisa e Extensão. Em continuidade às avaliações positivas da UCB, a quarta Gestão Universitária assumiu em 31 de Janeiro de 2007 com o propósito de fazer conhecer em âmbito nacional a qualidade do Ensino, da Pesquisa e da Extensão desenvolvidos pela instituição. Uma reorganização estrutural interna da Universidade visa, hoje, revisar todo o processo de ensino oferecido pela UCB, comparando com as Diretrizes para o Ensino Superior definidas pelo Conselho Nacional de Educação, além de analisar o mercado e as ofertas de curso nas diversas instituições da região. Há uma tendência de integração, em função do fortalecimento do trabalho em equipe e da idéia de que a formação dos s vai além de um determinado curso, perpassando áreas e diversas estratégias. Desta forma, a característica de um perfil de e egresso, não é integrada somente pelo curso, mas pela área em que ele está inserido e pelas características que compõem os valores institucionais. No entanto, a UCB enfrenta o desafio de não mascarar a percepção das diferenças, esvaziando o processo de formação com atividades de treinamento, mas de criar um cidadão capaz de análise e crítica, sobre a realidade de vida cotidiana. O desafio das Universidades Particulares é grande em função da expansão do setor privado demonstrada quando as matrículas nas IES são muito maiores que nas instituições públicas.um dado importante, informado pelo Cadastro Nacional das IES, em 2007, é a predominância de IES não-universitárias instituições que não precisam realizar pesquisas, somente transferir conhecimentos - das 2.398 IES, 92,6% são instituições não universitárias 11

(faculdades e centros universitários). As universidades representam muito pouco nesse universo geral: somente 7,4% do total de IES. Estas devem, por obrigação legal realizar atividades de ensino, pesquisa e extensão, contar com 1/3 de doutores e mestres em seu quadro docente e com 1/3 de seus professores contratados em regime de tempo integral, segundo o artigo 52 da LDB (Brasil, 1996). Neste sentido, a classe estudantil que precisa buscar sua formação acadêmica nas IES que o mercado oferece vai ter que escolher entre suas necessidades prementes de sobrevivência e a qualidade dos conhecimentos que as faculdades e universidades oferecem. Terão que avaliar que tipo de profissional quer ser para competir nas ofertas de empregos oferecidos e que formação pessoal quer para si enquanto sujeito que vai muito além de uma questão de mercado. Sem falar no ideal de educação que os docentes pretendem realizar. O Projeto Pedagógico da UCB não perde de vista as contradições dos sistemas políticos e econômicos da atualidade e luta com as próprias dificuldades internas, na ânsia de vencer as crises e sustentar seu espaço físico e de produção científica, cultural e de intervenção social no quadro da realidade nacional e regional do Brasil. 1.2 HISTÓRICO DO CURSO A implantação do Curso de Serviço Social na UCB ocorreu no segundo semestre de 2005. Ele foi idealizado pela UCB como forma de ampliar o leque de cursos que já oferece grandes contribuições na área social, destacando-se os cursos da área de Ciências Sociais Aplicadas: Direito, Ciências Contábeis, Administração, Relações Sociais, Ciências Econômicas, Comunicação Social e Relações Internacionais, além de sua interface com cursos da área de Ciências da Vida como: Medicina, Enfermagem, Farmácia e Psicologia. Cabe destacar também os Mestrados em Psicologia e Gerontologia. Na época da implantação do curso de Serviço Social na UCB não existiam propostas desta natureza em outras Instituições privadas de Brasília. O mesmo 12

existia apenas na Universidade de Brasília - UnB, que na época completava 30 anos de existência. Neste sentido, o curso foi implantando para suprir uma necessidade de trabalhadores que não tinham disponibilidade de estudar no período diurno, ofertado na UnB. O CONSEPE, em reunião realizada em 2005, aprovou a criação do Curso de Serviço Social, nos termos da Resolução nº 17, de junho de 2005. Durante o primeiro semestre de 2006, especificamente em abril, foram realizadas 03 oficinas para discussão e produção do projeto pedagógico. Participaram das Oficinas: representantes de estudantes, professores e representantes do Conselho Regional de Serviço Social - CRESS 8ª Região (membros da Comissão de Formação profissional). O projeto foi aprovado após um amplo debate acerca dos desafios da formação profissional do Assistente Social na sociedade contemporânea, especificamente no DF. Naquele momento existia cerca de 800 profissionais registrados no CRESS 8ª Região. A criação do curso na Universidade Católica de Brasília vem ao encontro das perspectivas institucionais, principalmente no que tange a sua relevância institucional para a comunidade de Taguatinga, com a responsabilidade social de garantir a construção do protagonismo da Comunidade por meio dos serviços oferecidos pela Instituição. O curso adotou um referencial tendo como base a perspectiva crítica dialética, onde o homem é visto como sujeito histórico, social e transformador de sua realidade. A linha pedagógica adotada parte do principio da aprendizagem voltada para a produção e construção do conhecimento articulado por uma visão integral do homem nas suas várias dimensões. Não se restringe desse modo a pensar um profissional para servir ao mercado exclusivamente, mas para olhar o mundo de forma crítica e propositiva. Desta forma, a linha pedagógica fundamenta-se na aprendizagem do estudante e não na sua reprovação. 13

O curso de Graduação em Serviço Social, objeto deste Projeto Pedagógico, foi concebido de acordo com as determinações da Lei nº 8662, de 7 de junho de 1993, que regulamenta a profissão de Assistente Social e as Diretrizes Curriculares aprovadas pelo Parecer CNE/CES 492, de 03 de abril de 2001. Durante o ano de 2008 a Universidade Católica de Brasília recebeu a Comissão de Especialistas do Ministério da Educação e Cultura para avaliação do Curso de Serviço Social. O Curso foi avaliado como bom e reconhecido conforme Portaria n. 286, de 06 de março de 2009. 1.3 - PROJEÇÃO DA MISSÃO NA ÁREA E NO CURSO O compromisso da UCB em elevar o nível humanístico e técnico dos profissionais brasileiros está presente em sua Missão: atuar solidária e efetivamente para o desenvolvimento integral da pessoa humana e da sociedade, por meio da geração e comunhão do saber, comprometida com a qualidade e os valores éticos e cristãos, na busca da verdade. Nesse sentido, a Instituição não quer formar apenas profissionais, mas cidadãos que contribuam para o desenvolvimento do país em todos os níveis, conforme expresso na Carta de Princípios, de 1998, marco referencial para diversos outros documentos elaborados posteriormente: os Projetos Pedagógicos dos Cursos, os Planos Estratégicos, o Projeto Pedagógico Institucional e a elaboração de sua Missão e Visão de Futuro. A Carta de Princípios afirma que a UCB lê a realidade do contexto em que se encontra e orienta a sua existência à luz da prática educativa dos fundadores das congregações religiosas integrantes da UBEC, privilegiando: a catolicidade como abertura ao diálogo; a cidadania como compromisso de integração social; a competência em todo o seu agir. A área de Ciências Sociais Aplicadas (CSA), à qual se vinculam os programas (graduação e pós-graduação lato e stricto sensu) em Administração, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Comunicação Social, Direito, Relações 14

Internacionais e Serviço Social, caracteriza-se pela formação de profissionais que lidarão com a complexidade de uma sociedade em transformação e dinâmica. Exige agilidade, habilidade para lidar com crises e solucionar problemas, competência de negociação, percepção de vários públicos e ausência de respostas prontas e fechadas. Regida pelos princípios e valores da missão da UCB, busca, para além da formação profissional voltada ao mercado de trabalho, atender a demandas e necessidades da sociedade, que cada vez mais exige cidadãos bem informados, éticos, atualizados e abertos à educação continuada. Neste sentido, o curso de Serviço Social da UCB em consonância com os objetivos da UCB tem como fundamento a perspectiva integradora, onde se trabalha a formação da pessoa nas diversas dimensões. Para isso, busca proporcionar elementos reflexivos quanto aos problemas da sociedade incorporando a indissociabilidade como elemento articulador do processo de aprendizagem onde o ensino, a pesquisa e a extensão caminham juntos, ou seja, indissociáveis. De acordo com o Projeto Pedagógico Institucional a UCB pretende que a formação dos estudantes e egressos da Universidade tenha como elemento principal a integração, ou seja, complementaridade dos campos de saber. Para isso é necessário: Garantir uma abordagem universitária baseada no caráter crítico e propositivo. O perfil do gestor da UCB deve passar por uma atuação crítica e consciente e de uma intervenção propositiva. O conhecimento já construído pelos estudantes é central no processo pedagógico onde a aprendizagem é o elemento mais importante da formação, pois significa compromisso com o futuro. 15

O Projeto Pedagógico do Curso de Serviço Social compartilha intensamente dos objetivos Institucionais, ciente da complexidade do ser humano e da necessidade de contemplar todas as suas dimensões em sua formação integrada e seu compromisso social. A integração com a Área de Ciências Sociais Aplicadas se dará por meio da interação dos diversos cursos na socialização de disciplinas comuns oferecidas pela área,alem de realização de atividades acadêmicas conjuntas como eventos, pesquisas e atividades extensionistas. O curso de Serviço Social e Comunicação Social desenvolvem juntos disciplinas que viabilizam a articulação dos dois cursos na construção da interdisciplinaridade. As disciplinas Sociologia, Agência Experimental em Comunicação Comunitária e Realidade Brasileira e Regional fazem parte da grade curricular dos cursos. A disciplina Agência Experimental e Comunitária favorece ao estudante contato com elementos da realidade social que podem estimular sua visão e ação críticas no mundo. Essa relação é construída na medida em que a realidade vivenciada em Associações, movimentos sociais, cooperativas e comunidade em geral apresenta elementos desafiadores para a Universidade favorecendo um processo de aprendizagem voltada para o atendimento de necessidades reais vivenciadas fora da Universidade. A troca de saberes apresenta-se como um elemento principal de construção de conhecimentos capazes de transformar a sociedade em uma realidade mais justa e menos desigual. Todavia, cabe destacar que as disciplinas: Sociologia Geral e Realidade Brasileira e Regional também são essenciais para o fortalecimento da interdisciplinaridade. Este referencial metodológico apresentados por elas contribuirá para que os estudantes dos cursos tenham fundamentos para analisar a realidade social dentro de uma visão mais profunda dos problemas sociais apresentados tanto dentro do âmbito local como regional. Outro elemento importante da área diz respeito NEAFRO Núcleo de Estudo e Pesquisa Afro Brasileiro. O NEAFRO surgiu por iniciativa e demanda dos estudantes do curso de Serviço Social, em conjunto com os 16

estudantes dos cursos de Comunicação, Pedagogia e Direito. As discussões em torno de criação de um núcleo de estudos contribuiu para a ampliação de mais um espaço multidisciplinar e interdisciplinar necessário à qualificação dos futuros profissionais das várias áreas de formação acadêmica, congregando professores, estudantes e pesquisadores de diferentes áreas. A integração com outras áreas do saber ocorre também por meio da disciplina Diversidade e Inclusão que é uma disciplina também trabalhada em outros cursos da UCB. Desta forma a missão institucional estaria sendo avaliada pelos estudantes do curso de Serviço Social desde o ingresso do estudante na UCB até a sua saída. 17

2 CONTEXTUALIZAÇÃO 2.1 CENÁRIO PROFISSIONAL O surgimento do Serviço Social ocorreu na sociedade no bojo das transformações da sociedade capitalista, momento em que a pobreza mais se intensificou. Sua criação ocorreu inicialmente nos Estados Unidos e Europa. Os Estados Unidos adotaram como linha de análise a psicologização da questão social e relação social, tendo como referência de análise o estudo de caso e os fundamentos de Freud. A perspectiva Européia adotou como direção a visão da ajuda e caridade da Igreja Católica, momento em que a mesma mais perdia adeptos no mundo. Na América Latina, a criação do curso ocorreu primeiramente no Chile, por meio da Escola Madre Elvira. No Brasil o mesmo foi implantado como profissão pela primeira vez em São Paulo e depois no Rio de Janeiro, especialmente entre as décadas de 30 e 40. A trajetória da formação profissional em Serviço Social se situa em diferentes contextos, e cada estrutura curricular reflete uma determinada conjuntura econômica, social, política e ideológica. Faleiros (2000) destaca seis momentos nesse processo. A sistematização elaborada por Jeanete L. Martins de Sá (1995) considera três momentos na formação curricular. A autora, de acordo com o esquema teórico de Adam Schaff, distinguiu esse três períodos: o período idealista-ativista, de 1936 a 1954; o mecanicista, de 1955 a 1975 e o objetivoativista de 1976 em diante. No primeiro projeto curricular, organizado por matérias isoladas, o sujeito tem papel preponderante como criador da realidade; no segundo, também organizado por matérias isoladas, o objeto tem preponderância sobre o sujeito; no terceiro, o sujeito e objeto interatuam, e o currículo é modular - integrativo. Na síntese seguinte, Faleiros (2000) toma como referência da estruturação curricular o eixo central da sua organização, o contexto, o objeto profissional e os valores predominantes. 18

Anos 30 Currículo fragmentado, centrado no disciplinamento da força de trabalho por meio dos valores cristãos e controle paramédico e parajurídico. Prática social paramédica, parajurídica, em obras sociais e de acordo com a doutrina social da igreja. Pós Guerra Currículo centrado na integração com o meio com ênfase na família e nas instituições para a adaptação social ou bem estar social. Visões com base na teoria funcionalista. A Associação Brasileira de Escolas de Serviço Social é fundada em 1946, e em 1952 elabora um currículo que tem traços da visão anterior, mas estrutura os três enfoques de caso, grupo e comunidade, introduzindo as disciplinas de pesquisa, administração e campos de ação. Prática institucional, principalmente no SESI, SENAI, SESC (Sistema S), LBA, IAPs, Hospitais e com crianças e adolescentes. Visão clínica e moral. Anos 60 - Currículo centrado na solução (tratamento) de problemas individuais, no desenvolvimento e no planejamento social, com ênfase na comunidade e nos valores cristãos por parte das escolas católicas; há o contraponto crítico da visão social, da influência dos setores progressistas cristãos socialmente engajados. Prática junto a comunidades, habitação, centros urbanos, centros de saúde, Sistema S, previdência, municípios, LBA, empresas. Visão desenvolvimentista predominante. Anos 70- Currículos centrados por um lado, no planejamento social com ênfase na marginalização/integração, e por outro lado, na luta de classes. Práticas em órgãos estaduais, Sistema S, previdência, LBA, centros urbanos, empresas. Visão tecnocrática /integradora predominante, com o contraponto do trabalho comunitário e pesquisa crítica. Anos 80 Reforma curricular centrada na crítica ao sistema capitalista, nas políticas sociais e nos movimentos sociais. Teoria dialética. Prática em centros de saúde, LBA, previdência, empresas, movimentos sociais, educação popular. Segundo pesquisa da CENEAS (1982) 62 % dos assistentes sociais trabalham no setor público (14,4% em nível municipal), 30,6% no setor privado e 19

6,8% em empresas de economia mista com visão de integração social e contraponto da visão de participação social, de cidadania e de luta de classes. Anos 90 Reforma curricular centrada na análise da questão social e nos fundamentos teóricos e históricos da profissão enquanto processo de trabalho em implementação. Teoria critica da reprodução social. Aumenta a prática em nível municipal e no judiciário e se intensifica a prática em ONGs. Visão pautada na mudança/transformação social. Segundo dados de Rose Mary S. Serra (1998) no Estado do Rio de Janeiro dentre 1.119 empregadores de assistentes sociais pode-se observar que 23,9% estão em órgãos municipais, 15% estaduais, 15% federais, 19,5% empresas privadas, 11,7% entidades filantrópicas, 6,8% empresas estatais, 1,7% fundações privadas, 0,5% ONGs e 5,6% - outras. Essa síntese, baseada nos textos citados de história do serviço social, mostra que há um movimento de mudança curricular que se vincula às mudanças sociais, econômicas, políticas e culturais, como aconteceu no pós-guerra, nos anos 60 (desenvolvimentismo), na crise dos anos 70, no final dos anos 90 (globalização). A articulação de atores e exigência das condições externas são fundamentais para se entender esse processo. Não sendo, pois, um ato isolado, o currículo é, fundamentalmente, relacional, refletindo a correlação de forças sociais que se enfrentam na sociedade e no âmbito universitário. O currículo aqui proposto está inserido no novo contexto de discussão da profissão no processo de mundialização financeira, e na busca de formular respostas profissionais para o enfrentamento da questão social, numa teoria social crítica. Ele é voltado para a articulação teoria-prática-pesquisa, conforme o projeto profissional hoje definido no âmago das discussões da ABEPSS (Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social) e definido nas Diretrizes Curriculares. 20

2.2 - MERCADO DE TRABALHO A procura por cursos de graduação em Serviço Social é conseqüência da necessidade de contratação de profissionais dessa área nos mais diversificados campos de atuação. Regulamentada pela Lei nº 8662/93, a profissão de assistente social tem sido uma das que mais ampliaram seu espaço de atuação nos últimos dez anos. Atualmente, o profissional de Serviço Social vem se firmando na sociedade por seu conhecimento e capacidade de atuação nas seguintes áreas: Seguridade Social (Saúde, Previdência e Assistência Social), Educação, Habitação, Política Agrária, Direitos Humanos, Instituições Públicas, Empresas Privadas e Organizações Não Governamentais, desenvolvendo atividades de planejamento, gestão e execução de políticas e serviços sociais. No momento está tramitando em caráter conclusivo o substitutivo ao Projeto de Lei 3524/004 que prevê a inclusão de assistentes sociais nas equipes do programa Saúde da Família, do Ministério da Saúde. O mesmo foi aprovado na Câmara Federal pela Comissão de Seguridade Social e Família e, segue para as Comissões de Finanças e Tributação; de Constituição e Justiça e de Cidadania. Cabe também salientar que a Comissão de Educação e Cultura aprovou o substitutivo ao Projeto de Lei 3688/00, que inclui as funções de psicólogo e de assistente social no quadro de profissionais de educação nas escolas. Este substitutivo incluiu o atendimento psicológico que não constava do projeto inicial. O serviço será prestado por psicólogos do SUS e por assistentes sociais dos serviços públicos de assistência social. A proposta tramita em caráter conclusivo e deverá ser analisada ainda pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Estes Projetos de Lei são de fundamental importância porque abrem a perspectiva de novas áreas de atuação para o profissional de Serviço Social e respondem em parte aos anseios e lutas históricas dos assistentes sociais por qualificação e valorização profissional. Diante da expansão verificada na profissão de assistente social, não causa surpresa o aumento da procura por cursos de Serviço Social. 21

O aumento dessa procura por cursos assume uma característica peculiar, em se tratando da Região Centro-Oeste, em função de muitos Assistentes Sociais comporem os quadros técnicos das Autarquias. Além disso, destaca-se também pelo grande número de profissionais atuando na área de Saúde, Judiciário e Assistência Social. 2.3- DIFERENCIAIS DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL DA UCB. O curso de Serviço Social da Universidade Católica de Brasília apresenta a peculiaridade de contribuir com uma formação generalista, pautada na formação de um profissional crítico e ao mesmo tempo capaz de articulação com diversas áreas do saber. Para alcançar esse propósito a Instituição oferece aos estudantes de Serviço Social a oportunidade de compartilhar conhecimentos com outras áreas, por meio da inserção em atividades de pesquisa, ensino e extensão. O Curso de Serviço Social da UCB é o único do Distrito Federal a ter um espaço voltado para o compartilhamento de Saberes na área de Serviço Social. Espaço esse denominado de Laboratório de Estratégias em Serviço Social. Esse tem como objetivo ser um instrumento voltado para o compartilhamento de experiências profissionais, assim como, de trocas de saberes entre estudantes, docentes e profissionais. Nesse sentido, tenciona-se articular a dimensão do ensino, da pesquisa e da extensão em atividades que venham incrementar a formação dos estudantes em Serviço Social. Ganha relevo também esta proposta na medida em que se constitui como um canal, no qual os Assistentes Sociais tem condições de discutir os desafios do exercício profissional e de refletir teoricamente sobre as estratégias que tem construído para efetivar o seu trabalho profissional. 22

O corpo discente e docente deve favorecer a interlocução com os profissionais e as instituições no sentido de criar redes de socialização de textos, experiências e reflexões sobre estratégias Serviço Social. Importa ainda destacar que o laboratório pretende contribuir com o fortalecimento do discurso profissional no âmbito institucional, alavancando a produção de conhecimento e a formação de alianças entre os atores profissionais. O mesmo apresenta como objetivos: 1 Contribuir com a formação profissional dos estudantes por meio da materialização das vivências profissionais. 2 Articular-se com os profissionais no sentido de fortalecer, pela via do saber e da mobilização de atores externos, a sua intervenção no espaço institucional. 3 Contribuir com a construção de conhecimento em Serviço Social, incentivando a produção de textos científicos e a articulação com as redes de pesquisa. 4 Contribuir com a formação de um grupo de pesquisa sobre Estratégias em Serviço Social vinculado ao CNPq. Sua dinâmica de operacionalização ocorre por meio da formação de Formação de grupo de trabalho composto por docentes e discentes das disciplinas: Serviço Social e Processo de Trabalho, Poder, Mediações e Estratégias em Serviço Social, Instituições e Prática do Serviço Social, Saúde, Previdência e Assistência Social e Serviço Social, Oficina de Entrevista e Trabalho Social com Grupos e Estágio Supervisionado I e II. Nele também são trabalhados a Integração das atividades do Fórum de supervisores de estágio. O Laboratório também é responsável pela realização da Semana de Estratégias em Serviço Social, evento que congrega Relatos de experiências de Assistentes Sociais e a realização de Oficinas Temáticas e Instrumentais. Além disso, também é responsável pela articulação de cursos e Núcleos da UCB com o fulcro de desenvolver atividades extensionistas. 23

No que tange a integração do curso de Serviço Social com a Pós- Graduação ressaltamos que os estudantes da disciplina Introdução a Gerontologia terão oportunidade de conhecer a realidade dos idosos que ficam asilados, assim como, compartilhar essas experiências com os estudantes do Mestrado em Gerontologia. Além disso, deverão produzir ao final da disciplina um projeto voltado para a Instituição e/ou pesquisa que servirá para atender às necessidades daquele segmento. Durante a disciplina os estudantes terão oportunidade de conhecer pesquisas realizadas pelos estudantes da pós contribuindo dessa forma para a articulação mais efetiva da graduação com a pós - graduação. Outra peculiaridade do curso de Serviço Social diz respeito NEAFRO Núcleo de Estudo e Pesquisa Afro Brasileiro. O NEAFRO procura responder o interesse crescente que esse tema vem tomando no debate nacional, bem como na formulação acadêmica dos estudos centrais da realidade social da população negra no Brasil. Por iniciativa e demanda dos estudantes do curso de Serviço Social, em conjunto com os estudantes dos cursos de Comunicação, Pedagogia e Direito, o debate em torno de criação de um núcleo de estudos surgiu como contribuição e resposta a lacuna existente na UCB, de um espaço multidisciplinar e interdisciplinar necessário à qualificação dos futuros profissionais das várias áreas de formação acadêmica, congregando professores, estudantes e pesquisadores de diferentes áreas. Tomando como eixo central os estudos e pesquisas aplicadas à formação do estudante o NEAFRO deve articular a dimensão da pesquisa, do ensino e da extensão. Sua atuação deve promover o envolvimento de pessoas e entidades públicas e privadas para debater e desenvolver novas formas de aprendizagem e aprofundar a pesquisa sobre as relações raciais no Brasil, contribuindo com o pluralismo e consolidação dos direitos humanos, a fim de que se estabeleçam relações recíprocas, neste campo propiciando a interação necessária entre a sociedade e a universidade. A integração com outras áreas do saber ocorrerá também por meio da disciplina Diversidade e Inclusão que também faz parte do currículo de psicologia e Pedagogia. 24

No que diz respeito à área das Ciências Aplicadas, o Serviço Social também trabalhará no compartilhamento de disciplinas que busquem garantir olhares interdisciplinares no que diz respeito à garantia de direitos sociais e gestão e execução de projetos, planos e programas. A integração dar-se-á a partir da realização de eventos, pesquisas, publicações e ações junto a esses segmentos por meio da indissociabilidade entre Pesquisa, Ensino e Extensão. A área já possui experiência com essas ações na medida em que isso foi legitimado em um Projeto Extensionista aprovado pela Pró-Reitoria de Extensão em 2006, e implementado em 2007, onde os cursos de Serviço Social, Economia, Comunicação Social e Administração contribuíram por meio de suas disciplinas, para o Fortalecimento de uma Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis do Distrito Federal. Nesta experiência, os cursos de Serviço Social e de Ciências Econômicas coordenaram as seguintes ações junto aos outros cursos: construção de plano de negócio, realização de oficinas de fotografias e textos, realização de um Projeto de Sustentabilidade Econômica, articulação com redes de serviços comunitários, construção de um vídeo, folder e campanha de marketing, uma pesquisa sobre o perfil dos Trabalhadores da Cooperativa e Familiares realizada pelos estudantes dos cursos de Serviço Social e Economia e produção de artigos já consolidados nas duas publicações da Carta Econômica coordenada pelo curso de Ciências Econômicas e uma publicação na revista Diálogos da UCB. Essas ações apresentadas pela UCB mostram que o diferencial da formação do egresso de Serviço Social da UCB resulta de uma condução do curso que prioriza a indissociabilidade, ensino-pesquisa-extensão, por meio da oportunidade de trocas de saberes que não se restringem a sala de aula, mas como construção coletiva do conhecimento voltada para a transformação da realidade. Desta forma, o diferencial do curso com relação às outras IES está ligado à construção pedagógica de promover a inserção dos estudantes nos espaços 25

institucionais e com contatos com profissionais desde o início do curso, tendo como referência principal a capacidade técnica, crítica e política de gestão de políticas públicas nos mais diversos espaços. O contato com as demandas Institucionais durante as disciplinas dará subsídios para que os estudantes consigam articular a capacidade técnica, política e crítica de condução de políticas sociais, sendo estas sistematizadas nas disciplinas: Planejamento Social Estratégico e Avaliação e Gestão Participativa e Serviço Social. O conjunto de ações trabalhadas dentro do enfoque da indissociabilidade será articulado também em parceria com a Pró-Reitoria de Extensão - PROEX por meio das atividades extensionistas desenvolvidas por ela junto ao coletivo de Taguatinga. Nesse contexto, deve-se destacar a necessidade da existência do curso da UCB no sentido de construir uma rede capaz de articular e fortalecer atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão com os diversos cursos das áreas de Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas e da Saúde, no atendimento das demandas sociais das classes populares. 2.4 FORMAS DE ACESSO O estudante ingressa no Curso de sua escolha, por meio de processo seletivo, denominado vestibular, que é realizado em data e horário estabelecidos em edital, amplamente divulgado. A execução técnico-administrativa do concurso vestibular fica a cargo da Fundação Universa Funiversa, conforme o Oitavo Termo Aditivo ao Acordo de Mútua Cooperação No 80.019/2005, celebrado entre a União Brasiliense de Educação e Cultura UBEC (Mantenedora da UCB) e a Fundação Universa Funiversa. Os cursos de Graduação funcionam sob o regime de créditos, com pré-requisitos estabelecidos na Matriz Curricular. Tal regime possibilita ao estudante cursar, a cada semestre, disciplinas que totalizem 26

diferentes quantidades de créditos, a partir do mínimo de 12 créditos. Poderão se inscrever no processo seletivo os candidatos que já tenham concluído ou estejam em fase de conclusão do ensino médio ou equivalente, devendo apresentar obrigatoriamente o documento de conclusão do Ensino Médio no ato da matrícula. O Processo Seletivo consta de dois cadernos de provas sobre os conteúdos dos programas dos ensinos fundamental e médio, sendo 1 (uma) prova de Redação e 4 (quatro) provas objetivas, comuns a todos os candidatos. As provas objetivas constarão de questões de Língua Portuguesa, de Conhecimentos Gerais (Geografia, História e Atualidades), de Matemática e de Ciências (Biologia, Física e Química) para todos os cursos. Será eliminado do Processo Seletivo o candidato que obtiver resultado 0 (zero) ponto em uma ou mais das provas objetivas, e/ou nota menor que 20 (vinte) em Redação (de um total de 100). Na possibilidade de ter vagas ociosas a UCB recebe estudantes advindos de outras IES, desde que estas estejam regularizadas em consonância com a legislação brasileira. Há, na hipótese de vagas ociosas, possibilidade de aceitar candidatos que apresentam desempenho em outros processos seletivos realizados em outras IES, desde que tragam declaração de desempenho com aproveitamento mínimo de 70%, nesse caso, também é possível o ingresso de candidatos que tenham realizados avaliações oficiais, tais como o Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM. A UCB como participante do Programa de Governo Universidade para Todos possui vagas reservadas para os candidatos encaminhados pelo MEC habilitados para receberem bolsa PROUNI. 3 ORIENTAÇÃO E AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM 3.1 - CONCEPÇÃO DE APREENDIZAGEM A UCB tem consciência do vasto campo no qual se insere a educação e seus desafios, seja na formação dos estudantes, seja na formação científica e pedagógica de seus professores. Por essa razão, entende que nem só de ciência vive um professor. Um professor se faz de ciência e pedagogia. E mesmo essa 27

constatação já encerra um universo amplo para o entendimento. Nesse sentido, opta por focar a aprendizagem, sua orientação e sua avaliação. E o faz com a perspectiva de aproximar os professores e os estudantes dos resultados mais recentes e relevantes das pesquisas sobre como as pessoas aprendem, traduzindo-as para um processo de interação, no qual o professor se coloca como orientador do ato de aprender e avaliador do desempenho e dos resultados em andamento. Compreende-se que as pessoas aprendem de diversas maneiras, a partir do que já sabem e, de certa forma, contra o que já sabem. Em uma perspectiva de integração, o sabido é acolhido e problematizado, nunca negado. A atividade de criação precisa intermediar o encontro do senso comum com o senso crítico, construindo, em diversos movimentos, um conhecimento crítico e com sentido. Tornar o já sabido e aceito algo incômodo e questionável é papel do processo formativo. Isso não se faz por uma única via, ou seja, ao problematizar o senso comum a universidade deve problematizar-se também, percorrendo criticamente o caminho da crítica, como advertiu Boaventura de Sousa Santos. O conhecimento que os estudantes detêm é central para o processo pedagógico. É ponto de partida: O que eles já sabem? O que fundamenta esse saber? Que trajetos resultaram no saber atual? Essas questões apontam para um processo a ser percorrido pelo diálogo e pela cooperação entre todos os envolvidos. Compreendendo a aprendizagem como elemento central de sua proposta pedagógica, a UCB se coloca uma questão política: a centralidade na aprendizagem significa compromisso com o futuro. Complexidade, problematização e estruturação tomam conta do discurso como perspectiva de releitura da realidade, tendo-a como objeto de análise, ao mesmo tempo em que se compõe como espaço do fazer. Nesse sentido a condição crítica é constitutiva da universidade e espera-se dela posicionamento que aponte para um futuro mais promissor e ético se comparado com a nossa experiência presente. 28

Todos estes fatores relacionados à aprendizagem exigem um cuidado rigoroso com os saberes já existentes, criticidade e compromisso ético e estético com os estudantes e com a sociedade, além de exigir, também, uma revisão do lugar da aula dentro da universidade. A centralidade da aula é resultado de uma perspectiva instrucional que não favorece a autoria. Por vezes, a organização do trabalho pedagógico prende e isola os estudantes em salas, assistindo aulas, ouvindo explicações e fazendo provas. Desse modo, priva-os do que uma universidade tem de melhor: a experiência do debate, da crítica, da argumentação e da elaboração própria. A aprendizagem centrada na pesquisa e na autoria do estudante e do professor aponta para uma redefinição do papel da avaliação no processo de aprendizagem. Geralmente, em especial na perspectiva instrucional, a avaliação é reduzida a momentos especiais de aplicação de provas ou testes, onde se verifica o resultado das aulas. Nesse sentido, infelizmente, algumas vezes as avaliações são utilizadas como momentos de acertos de contas na relação entre professores e estudantes, com prejuízo para os últimos. É preciso considerar que o processo de avaliação é um momento de exercício de poder e como tal, também precisa ser avaliado. A UCB aceita a avaliação como tendo, antes de tudo, um caráter formativo, ou seja, avalia-se para ampliar o processo de aprendizagem, para apreender o que se está aprendendo, o que ainda não está compreendido e seus motivos. O processo de avaliação é um instrumento para revisão da intervenção dos professores. Avaliando a aprendizagem dos estudantes se avalia o itinerário tomado pelo professor. Portanto, a avaliação, mais do que seu caráter formativo, possui sua dimensão de diagnóstico e subsídio para o plano de ensino. Além disso, a avaliação precisa tornar-se prática de retorno, de revisão de conteúdos, de visualização do erro no processo, momento especial de retomada do aprendizado e de redirecionamento da atuação de professores e estudantes. 29

3.2 PRINCÍPIOS DA ÁREA DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS Os Cursos de CSA oferecem ao seu corpo discente possibilidades de vivenciar a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e na busca e desenvolvimento do conhecimento, promovendo a participação em projetos tais como: núcleos de estudos, núcleos de simulação, empresas juniores, núcleos de prática jurídica, projetos sociais, disciplinas comunitárias, atividades de iniciação científica e monitoria, dentre outros, que permitem ao interagir com a comunidade, ajudando a transformá-la e sendo por ela transformado. Essa indissociabilidade, além de ter implicações diretas sobre a vida dos educandos, tem também repercussões no planejamento e nas atividades dos educadores. Dada a abrangência da interação entre ensino, pesquisa e extensão na UCB, a universidade necessita constituir-se em um elo efetivo entre sociedade e ação acadêmica propiciando o desenvolvimento de competências e habilidades necessárias para a formação integral. Formando profissionais tecnicamente preparados e, ao mesmo tempo, cidadãos éticos, os Cursos da área de Ciências Sociais Aplicadas alinham-se perfeitamente com um dos objetivos estratégicos mais relevantes da UCB: aprimorar a excelência em todas as áreas. Os Projetos Pedagógicos dos Cursos da área de CSA trazem em seu bojo processo dialógico, permitindo aos estudantes de todos os Cursos da área optar por disciplinas de seu interesse acadêmico. Assim, é comum, em diversas disciplinas oferecidas encontrar estudantes não somente do curso responsável por aquele conteúdo, mas também estudantes de outros cursos de CSA. Ademais, tal interação também pode ser vista, através da lista de disciplinas optativas dos Cursos de CSA, aberta a todos os cursos da UCB. Finalmente, ao propor uma formação integral da pessoa humana, a UCB poderá aportar uma contribuição concreta e diferencial ao desenvolvimento da nova realidade brasileira e das relações do País no âmbito externo, com particular impacto para o DF e sua projeção no cenário nacional e internacional. Essa interação acadêmica com a comunidade, baseada na criação, sistematização e 30