DOENÇAS AUTO-IMUNES MUCOCUTÂNEAS

Documentos relacionados
AUTO-IMUNES MUCOCUTÂNEAS

Etiologia. Infecciosa Auto-imune Traumática. DCP / APN Dulce Cabelho Passarelli / André Passarelli Neto. Tratamento. Depende: Origem Diagnóstico

CLASSIFICAÇÃO E EPIDEMIOLOGIA DAS DOENÇAS PERIODONTAIS

PÊNFIGO VULGAR: REVISÃO DE LITERATURA E RELATO DE CASO CLÍNICO Penphigus vulgaris: literature review and a case report

Lesões Cancerizáveis da Cavidade Bucal

LESÕES E CONDIÇÕES CANCERIZÁVEIS DA BOCA

Odontologia Regular. Patologia. MCA concursos - PAIXÃO PELO SEU FUTURO! Patologia Dermatomucosa

PENFIGÓIDE BENIGNO DE MUCOSA

Doenças Infecciosas que Acometem a Cavidade Oral

Rejeição de Transplantes Doenças Auto-Imunes

Líquen plano reticular e erosivo:

Patologias periodontais pouco frequentes O que fazer?

LESÕES ORAIS DO PÊNFIGO VULGAR: A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE

PENFIGÓIDE CICATRICIAL: LEVANTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO E RELATO DE CASO CLÍNICO

Ordem dos Médicos Dentistas Lisboa - Programa de intervenção precoce no cancro oral Avaliação de candidatos

PROGRAMA DE PREVENÇÃO AO CÂNCER BUCAL

Hermann Blumenau- Complexo Educacional Curso Técnico em Saúde Bucal. Patologia Bucal. Prof. Patrícia Cé

Câncer de Pele. Os sinais de aviso de Câncer de Pele. Lesões pré câncerigenas. Melanoma. Melanoma. Carcinoma Basocelular. PEC SOGAB Júlia Käfer

UNA-SUS Universidade Aberta do SUS SAUDE. da FAMILIA. CASO COMPLEXO 4 Maria do Socorro. Fundamentação Teórica: HIV e saúde bucal

PROF.DR.JOÃO ROBERTO ANTONIO

PROVA ESPECÍFICA Cargo 48. Na reação de hipersensibilidade imediata do tipo I, qual dos seguintes mediadores é neoformado nos tecidos?

Linfomas gastrointestinais

Dermatoses Pre-cancerosas

Patologia Buco Dental Prof. Dr. Renato Rossi Jr.

Trabalho de Conclusão de Curso

ESCLERODERMIA LOCALIZADA LOCALIZED SCLERODERMA

DOENÇAS DO SISTEMA MUSCULAR ESQUELÉTICO. Claudia de Lima Witzel

TUMORES DOS TECIDOS MOLES: FIBROMATOSE GENGIVAL SOFT TISSUE TUMORS: GINGIVAL FIBROMATOSIS

Estomatites LESÕES BRANCAS DA MUCOSA ORAL

CÂNCER DE BOCA. Disciplina: Proteção Radiológica. Docente: Karla Alves Discentes: André Luiz Silva de Jesus Paloma Oliveira Carvalho

Manifestações Orais em Pacientes com AIDS

SEMIOLOGIA Prof. Dr. Ophir Ribeiro Jr

DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL. Profª. Thais de A. Almeida Aula 21/05/13

DIAGNÓSTICO COLETA DE DADOS RACIOCÍNIO E DEDICAÇÃO

Considerações sobre Lesões Teciduais Buco Maxilo Faciais

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CIRURGIA DE CABEÇA E PESCOÇO LESÕES CANCERIZÁVEIS DA BOCA

Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde Bucal CID 10


UNA-SUS Universidade Aberta do SUS SAUDE. da FAMILIA. CASO COMPLEXO 6 Dona Margarida. Fundamentação Teórica: Odontologia geriátrica

Lesões e Condições Pré-neoplásicas da Cavidade Oral

ÁREA TÉCNICA DE SAÚDE BUCAL

LUBIANCA ORTIZ MORAN ASPECTOS CLÍNICOS DO LÍQUEN PLANO BUCAL

Descobrindo o valor da

MELANOMA EM CABEÇA E PESCOÇO

LINFOMAS. Maria Otávia da Costa Negro Xavier. Maio -2013

PATOLOGIA GERAL - DB-301, FOP/UNICAMP ÁREAS DE SEMIOLOGIA E PATOLOGIA LESÕES AVERMELHADAS

[DERMATOFITOSE]

RASPAGEM E ALISAMENTO RADICULAR E TRATAMENTO PERIODONTAL DE SUPORTE

Estudo retrospectivo de Líquen Plano Bucal em um Centro de Especialidades Odontológicas

CONTROLE MECÂNICO DO BIOFILME DENTAL

Câncer de Pele. Faculdade de Medicina UFC. Catharine Louise Melo Araújo

Hermann Blumenau- Complexo Educacional Curso Técnico em Saúde Bucal. Patologia Bucal. Prof. Patrícia Cé

Especialização em SAÚDE DA FAMÍLIA. Caso complexo Ilha das Flores. Fundamentação Teórica Câncer bucal

Assinale a alternativa CORRETA.

Papilomavirus Humano (HPV)

Papilomavírus Humano HPV

Trabalho de Conclusão de Curso

ANATOMIA E FISIOLOGIA. Renata Loretti Ribeiro Enfermeira Coren/SP 42883

CORRIMENTO VAGINAL (VULVOVAGINITES) UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ Setor de Genitoscopia Prof André Luis F. Santos 2010

Organismo. Sistemas. Órgãos. Tecidos. Células

Forum de Debates INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA EM. Rui Toledo Barros Nefrologia - HCFMUSP rbarros@usp.br

Doenças gengivais induzidas por placa

SOBRE AS INSCRIÇÕES DA XIV JOF REGULAMENTO

O que é câncer de mama?

O CONCEITO, A HISTÓRIA E A IMPORTÂNCIA DA PERIODONTIA

GRANULOMA PIOGÊNICO: RELATO DE CASO CLÍNICO PYOGENIC GRANULOMA: CASE REPORT

Bioestatística. Organização Pesquisa Médica. Variabilidade. Porque existe variabilidades nos fenômenos naturais? Fontes de variação:

ANNELISE LENZI CAPELLA CARLA ELOISA MINOZZO LÍQUEN PLANO ORAL E A HEPATITE C - UMA CONTROVERSA RELAÇÃO

CAPÍTULO 2 CÂNCER DE MAMA: AVALIAÇÃO INICIAL E ACOMPANHAMENTO. Ana Flavia Damasceno Luiz Gonzaga Porto. Introdução

Patologia Geral AIDS

COMPROMETIMENTO COM OS ANIMAIS, RESPEITO POR QUEM OS AMA.

CLASSIFICAÇÃO 20/08/2010. Doenças das Glândulas Salivares AGUDA CRÔNICA EPIDÊMICA. Alterações de origem infecciosa. Alterações obstrutivas

Atividade Prática como Componente Curricular)

PROVA DE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS Cód. 13. No pênfigo foliáceo, há a presença de anticorpos da classe IgG dirigidos contra a seguinte estrutura:

MAYANDRA MOREIRA BOMBASSARO

TABELA DE EQUIVALÊNCIA Curso de Odontologia

Urgência x Emergência

1ª. PARTE CONHECIMENTOS GERAIS

Palavras-chave: Carcinoma de células escamosas; Neoplasias bucais; Leucoplasia bucal; Eritroplasia; Queilite; Líquen plano Abstract

[COMPLEXO RESPIRATÓRIO VIRAL FELINO]

Leucemias e Linfomas LEUCEMIAS

Corticóides na Reumatologia

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA DEPARTAMENTO DE SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA HYRLANA LEAL BARBOSA

DOENÇA CELÍACA. Universidade Federal de Pernambuco UFPE Processos Patológicos Gerais - PPG Nutrição

ESTUDO DO PADRÃO DE PROLIFERAÇÃO CELULAR ENTRE OS CARCINOMAS ESPINOCELULAR E VERRUCOSO DE BOCA: UTILIZANDO COMO PARÂMETROS A

FARINGE. Rinofaringe. Orofaringe. Hipofaringe. Esôfago. Laringe. Traquéia

Sinonímia Alterações Herdadas e Congênitas Defeitos de Desenvolvimento da Região Maxilofacial e Oral

Transcrição:

Curso: Graduação em Odontologia 4º e 5º Períodos Disciplina: Patologia Oral DOENÇAS AUTO-IMUNES MUCOCUTÂNEAS http://lucinei.wikispaces.com Prof.Dr. Lucinei Roberto de Oliveira 2012

DOENÇAS AUTO-IMUNES MUCOCUTÂNEAS VESÍCULO-BOLHOSAS - Pênfigo - Penfigóide - Do grego pemphix = bolha

Tecido Epitelial

PÊNFIGO - Grupo de doenças crônicas caracterizadas pela acantólise e consequente formação de bolhas intra-epidérmicas. - Acometem pele e/ou mucosas.

Pênfigo Quatro tipos principais: 1. Pênfigo Vulgar 2. Pênfigo Vegetante 3. Pênfigo Foliáceo 4. Pênfigo Eritematoso

Pênfigo Etiopatogenia - Auto-Ac (IgG) contra desmogleína.

Pênfigo Vulgar - Tipo mais comum - Ocorrência: 5 a e 6 a décadas, Masc., Mediterrâneos e judeus. - Casos raros em crianças e adolescentes

PÊNFIGO VULGAR - Erupções bolhosas frágeis que ao romperem deixam áreas com erosão. - Principais locais: Face, axilas, tronco. - Mucosas (15%): mucosa bucal e ocular, trato resp., trato GI, mucosa nasal, genital e anal. - Sinal de Nikolsky +

PÊNFIGO VULGAR Mucosas = 15% dos casos

Pênfigo Vulgar Lesões bucais - Lesões superficiais com fácil rompimento, deixando úlceras dolorosas e coalescentes. - Presentes em 25 a 90% casos - Precedem lesões cutâneas em 60-75% casos - Principais locais: mucosa jugal, lábios, língua, gengiva

Pênfigo Vulgar Lesões bucais

Pênfigo Vulgar Lesões cutâneas

Pênfigo Vulgar Histológico - Bolha intra-epitelial com membrana basal aderida ao tecido conjuntivo. - Células epiteliais isoladas: Células de Tzanck. - Infiltrado inflamatório crônico discreto.

Pênfigo Vulgar Histológico

Pênfigo Vegetante - Variante crônica do P.Vulgar, prognóstico melhor. - Locais: Axila, virilha e margem lábios (vermelhão). - Histologicamente semelhante ao P.Vulgar.

PÊNFIGO Diagnóstico, Tratamento, Prognóstico - Diagnóstico: Manifestações clínicas, exames complementares e histológico - Nikolsky + - Tratamento: Corticosteróides sistêmicos/tópicos Drogas imunossupressoras (casos + graves). - Prognóstico: bom (antes da terapia efetiva mortalidade = 90%, hoje 10%)

PENFIGÓIDE - Doenças bolhosas crônicas que acometem pele e mucosas. - Tipos: - Penfigóide Bolhoso - Penfigóide Cicatricial (Penfigóide das Membranas Mucosas)

Penfigóide Etiopatogenia Desmossomo Membrana basal Hemidesmossomo

Penfigóide das Membranas Mucosas - Lesões vesículo-bolhosas, ulcerações, lesões com crostas e cicatrizes. - Lesões bucais presentes na maioria dos pacientes (80-95%)

Penfigóide das Membranas Mucosas - Acometem inicialmente mucosas (boca, orofaringe, laringe, esôfago, conjuntiva, nariz e genitália) - Locais intra-orais: gengiva, língua, palato, assoalho, mucosa jugal e lábio sup.

Penfigóide das Membranas Mucosas LESÕES BUCAIS

Penfigóide das Membranas Mucosas

Penfigóide das Membranas Mucosas Penfigóide Cicatricial Aspectos clínicos SIMBLÉFAROS

Penfigóide das Membranas Mucosas Aspecto clínico

Penfigóide das Membranas Mucosas Sinal de Nikolsky

Penfigóide Histopatologia - Bolha sub-epitelial, separação ao nível da membrana basal - Infiltrado inflamatório crônico: Eosinófilos

Penfigóide Histopatologia

Penfigóide Histopatologia

Penfigóide cicatricial Diagnóstico - Achados clínicos associados aos aspectos microscópicos - Sinal de Nikolsky +

PENFIGÓIDE CICATRICIAL Diagnóstico EXAMES DE IMUNOFLUORESCÊNCIA Exames de Imunofluorescência Direta (IgG em padrão linear regular na membrana basal) Imunofluorescência IND (cicatricial é negativo: poucos Ac circulantes)

Penfigóide Tratamento Corticosteróides sistêmicos Agentes imunossupressores em casos mais graves.

Doenças auto-imunes mucocutâneas Pênfigo e Penfigóide Exames diagnósticos PENFIGÓIDE PÊNFIGO

Diagnóstico diferencial - PÊNFIGO E PENFIGÓIDES

PENFIGÓIDE CICATRICIAL (das membranas mucosas) Diagnóstico EXAMES DE IMUNOFLUORESCÊNCIA Exames de Imunofluorescência Direta (IgG em padrão linear regular na membrana basal) Imunofluorescência IND (cicatricial é negativo: poucos Ac circulantes)

Líquen Plano - Erasmus Wilson, 1869. - Doença mucocutânea inflamatória crônica. - 0,1-4% população geral - 25-60 anos. - Lesões fundamentais: placas reticulares leucoplásicas, lesões erosivas eritroplásicas,

Líquen Plano - Lesões cutâneas isoladas ou agregadas. - Braços, pernas e costas. - 20% assintomáticos. - Involução dentro de um a dois anos. - Tipos: - Clássico (reticular) - Eritematoso - Erosivo - Placa - Ungueal - Vesículo-bolhoso

Líquen Plano Vesículo-bolhoso Eritematoso Vesículo-bolhoso

Líquen Plano Cutâneo - 0,1 a 4% população (Scully et al., 1998). - 2:1 M /H, adultos meia-idade. - Ocasionalmente: Lesões descamativas e pruriginosas, quando na pele

Líquen Plano Oral 20 a 60 % pacientes com LPO apresentam LP cutâneo (Regezi et al., 2008). - Locais: - Mucosa jugal posterior (90%) - Língua (30%) - Rebordo alveolar/gengiva (13%)

Líquen Plano Oral Etiologia Fatores genéticos Materiais restauradores Reações a drogas Agentes infecciosos Imunodeficiências Stress AUTO-IMUNIDADE

Líquen Plano Oral Etiopatogenia 1 Y Y 2 Y 3 4 5 1. Queratinócitos expressam (Y) antígenos líquen plano-específicos 2. LT CD8 são ativados nos sítios com expressão do antígeno (Y). 3. LT ativados induzem queratinócitos à apoptose. 4. LT secretam MMP-9, que causa destruição membrana basal. 5. Infiltração epitelial

Líquen Plano Oral PADRÃO RETICULAR - Tipo mais comum. - Numerosas estrias e linhas ceratóticas que se entrelaçam. - Mucosa jugal, língua, gengiva e lábios. - Geralmente assintomático.

Líquen Plano Oral Padrão Reticular

Líquen Plano Oral Placa - Placas ligeiramente elevadas e lisas a levemente irregulares - Dorso da língua e mucosa jugal. - Assemelha-se à leucoplasia.

Líquen Plano Oral Placa

Líquen Plano Oral Eritematoso ou Atrófico - Máculas eritematosas - Pode ocorrer em conjunto com outros LP - Gengiva inserida, nos quatro quadrantes. - Possível queimação e desconforto.

Líquen Plano Oral Atrófico

Líquen Plano Oral EROSIVO - Área central ulcerada (sintomatologia dolorosa) - estrias finas na periferia. - Pseudomembrana em ulcerações mais profundas. - Em mucosa gengival, produzem gengivite descamativa.

Líquen Plano Oral Erosivo

Líquen Plano Oral Histopatologia

Líquen Plano Oral Diagnóstico e tratamento Diagnóstico: achados clínicos e histológicos TRATAMENTO - Anti-histamínicos, tranquilizantes ou sedativos - Corticosteróides tópicos intra-lesionais ou via sistêmico quando intenso. Ex. Elixir de betametasona, Omcilon-A em Orabase.

FIM