ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE



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Transcrição:

ISSN: 1984-2848 ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE Revista da Faculdade Estácio de Sá de Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 01, Dez. 2008 / Jun. 2009

Ficha Catalográfica da Revista LOPES, Edmar Aparecido de Barra e. Revista de Ciências da Saúde. Faculdade Estácio de Sá de Goiás- FESGO. Goiânia, GO, v.01, nº01, dez.2008/jun.2009. Nota:Revista da Faculdade Estácio de Sá de Goiás FESGO. I.Ciências da Saúde. II Título: Revista de Ciências da Saúde. III.Publicações Cientificas. CDD 600 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação ( CPI) Faculdade Estácio de Sá de Goiás Catalogação na Fonte / Biblioteca FESGO Jacqueline R.Yoshida Bibliotecária CRB 1901

ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE GOIÁS FESGO VOLUME 1-1, N. 01, DEZEMBRO DE 2008, PERIODICIDADE: SEMESTRAL. ISSN: 1984-2848 ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE Revista da Faculdade Estácio de Sá de Goiás FESGO Cursos de: GO Administração Enfermagem Farmácia Educação Física Fisioterapia Recursos Humanos Redes de Computadores ESTÁCIO DE SÁ CIÊNCIAS DA SAÚDE Editor Cientifico: Edmar Aparecido de Barra e Lopes Conselho Editorial Executivo: Adriano Luis Fonseca Ana Claudia Camargo Campos Claudio Maranhão Pereira Edson Sidião de Souza Júnior Patrícia de Sá Barros Guilherme Nobre Lima do Nascimento Conselho Editorial Consultivo: Adriano Luís Fonseca Andréia Magalhães de Oliveira Denise Gonçalves Pereira Elder Sales da Silva Jaqueline Gleice Aparecida de Freitas Karolina Kellen Matias Marc Alexandre Duarte Gigonzac

Marco Túlio Antonio Garcia-Zapata Marise Ramos de Souza Marizane Almeida de Oliveira Sandro Marlos Moreira Equipe Técnica: Editoração Eletrônica, Coordenação Gráfica e Capa e Ltda e Revisão de Texto em Inglês: Edclio Consultoria: Editoria, Pesquisa e Comunicação Ltda Revisão Técnica: Josiane dos Santos Lima Projeto Editorial, Projeto Gráfico, Preparação, Revisão Geral e Capa: Edmar Aparecido de Barra e Lopes Endereço para correspondência/address for correspondence: Rua, 67-A, número 216 Setor Norte Ferroviário, Goiânia-GO, CEP: 74.063-331. Coordenação do Núcleo de Pesquisa. Informações: Tel.: (62) 3212-0088 Email: pesquisa@go.estacio.br edmar.lopesgo.estacio.br

FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ DE GOIÁS-FESGO Diretora Geral: Sirle Maria dos Santos Vieira Diretor Acadêmico: Adriano Luís Fonseca Diretor Financeiro: Vicente de Paula Secretária Geral de Cursos: Auricele Siqueira Ferreira Coordenadores de Cursos Administração/RH Ana Cristina Pacheco Veríssimo Enfermagem Cristina Galdino de Alencar Farmácia Edson Sidião Souza Junior Fisioterapia Patrícia de Sá Barros Redes de Computadores Samir Youssif Wehbi Arabi Educação Física Adriano Luis Fonseca COORDENADORES DE NÚCLEOS Coordenação do Núcleo de Pesquisa: Edmar Aparecido de Barra e Lopes Coordenação do Núcleo de EAD: Mara Silvia dos Santos

SUMÁRIO EDITORIAL APRESENTAÇÃO ARTIGOS 11 22 Manifestações clínicas e formas terapêuticas da infecção pelo herpes simples vírus Cláudio Maranhão Pereira 24 54 56 64 Estresse psíquico e (in)satisfação dos valores laborais Helenides Mendonça Margareth Ribeiro Ações educativas no aconselhamento de enfermagem dispensadas aos clientes portadores e ou supostos de DST/HIV/AIDS e seus familiares Christina Souto Cavalcante Costa 65-71 Diagnóstico laboratorial de parasitos emergentes e oportunistas intestinais pelos laboratórios privados conveniados ao Sistema Unico de Saúde (SUS), Goiânia- GO Edson Sidião de Souza Júnior Marco Tulio A. Garcia-Zapata. PESQUISA 72-89 História da fisioterapia na cidade de Goiânia um relato histórico Adriano Luiz Fonseca Leonardo Paes Orvate Orlene Santos Voronkoff 91-102 Técnica de diagnostico molecular (DNA) para microrganismos emergentes em águas fluviais e uso no monitoramento no município de Goiânia-GO Carlos Alberto Soares Santana Júnior Carlos Eduardo Anunciação Cristiane Martins Alves da Silva Adriana Souza Ribeiro Wilma Maria Coelho 104-121 Diversidade dos vertebrados terrestres na Pequena Central Hidrelétrica Mosquitão (Cerrado Goiano) Marcelo Alves da Paixão Júnior 122-130 Avaliação comparativa de três técnicas de concentração coprológica para o diagnóstico laboratorial de oocistos de coccídios intestinais Edson Sidião de Souza Júnior

131-138 Enteroparasitoses e suas correlações com o saneamento básico numa área semirural da grande Goiânia-GO Edson Sidião de Souza Júnior Marco Tulio Antônio Garcia-Zapata 139-153 Estudo das protozooses oportunistas em 100 crianças aparentemente imunocompetentes, em um hospital universitário na capital do Estado de Goiás, Brasil Ana Paula Queiroz De Pádua Edson Sidião De Souza Júnior Ludmila Passos Costa Marco Tulio A. Garcia-Zapata Nívia Abadia Maciel De Melo Matias Renata Cristina De Deus Domingues 154 165 Fatores associados ao desmame precoce em lactentes assistidos no ambulatório de pediatria da santa casa de misericórdia de Goiânia-GO Karla Cristina Naves de Carvalho 166 174 Geração imperceptível de resíduo sólido Sandra Oliveira Santos 175 183 Fisioterapia na cistite intersticial: revisão de literatura Fernanda Pinheiro de Britto Pereira Lara Marins Fernandes Patrícia de Sá Barros 184-193 Incontinência urinária em pacientes histerectomizadas: revisão da literatura Patrícia de Sá Barros Renata Freitas Silva Yara Valadão Carrer NORMAS PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS

EDITORIAL A revista Estácio de Sá - Ciências da Saúde é uma realização coletiva. Está enraizada na necessidade de um periódico científico há muito já colocada pela comunidade acadêmica. Assim a revista não poderia existir sem esta sensibilidade acadêmica pré-existente ao projeto que ora se realiza e que o legitima. Muitos especialistas colaboraram com a árdua, competente e generosa tarefa de fornecer pareceres para o sem-número de artigos que nos foram enviados. Sem a contribuição de tais profissionais não teria sido possível trazer a público o resultado final de nossos esforços; expresso nos artigos publicados. É hora também de ressaltar a indispensável participação dos coordenadores de cursos no projeto, bem como o apoio incondicional que o projeto da revista Estácio de Sá - Ciências da Saúde recebeu desde seu início da direção da instituição. Necessário também ressaltar que a revista Estácio de Sá - Ciências da Saúde seria impensável, caso não estivesse contando com o crescente e cada vez mais intenso envolvimento de professores dos cursos desta Instituição. Os artigos aqui publicados dão visibilidade a participação de novos pesquisadores no meio acadêmico, sem abrir mão da necessária contribuição oferecida por nomes mais experientes no cenário da produção cientifíca nacional. Neste sentido, por exemplo, o número 01 de Estácio de Sá - Ciências da Saúde traz ao público leitor contribuições de: Cláudio Maranhão Pereira, Edson Sidião de Souza Júnior, Patrícia de Sá Barros, Marco Tulio A. Garcia-Zapata, Margareth Ribeiro, Helenides Mendonça, além de um não menos importante conjunto de outras colaborações de professores/pesquisadores da Faculdade Estácio de Sá e de outras IES (públicas e privadas) No mais, cabe ainda ressaltar, que a revista Estácio de Sá - Ciências da Saúde expressa o investimento da Faculdade Estácio de Sá de Goiás na defesa de um projeto de educação há muito conhecido, ou seja, a necessidade da articulação sistêmica entre ensino, pesquisa e extensão. PROF. DR. EDMAR APARECIDO DE BARRA E LOPES Editor-Cientifíco

APRESENTAÇÃO Motivo para celebração e de grande entusiasmo o primeiro número da revista Estácio de Sá - Ciências da Saúde vem à luz, reforçando o compromisso da Faculdade Estácio de Sá de Goiás com a produção do conhecimento. Com periodicidade semestral, a revista Estácio de Sá - Ciências da Saúde, diretamente integrada ao Núcleo de Pesquisa desta instituição, conta com a colaboração dos professores dos cursos de graduação e programas de pós-graduação de nossa Instituição bem como de colaboradores de outras instituições, unidos pela luta incansável implicada no processo de produção científica. Trazer a público o primeiro número da revista Estácio de Sá - Ciências da Saúde é motivo de celebração para a nossa instituição que, apesar de tão nova (4 anos), já conta com: 7 cursos de graduação; 6 cursos de pós-graduação; 1 parceria em projeto de pesquisa financiado pela FAPEG-GO; 01 pós-doutor; 05 doutores; 03 doutorandos; 29 mestres; 03 mestrandos; 14 especialistas e 03 graduados em processo de especialização. Além de iniciativas na área da pesquisa que têm procurado consolidar um programa institucional de bolsas de iniciação cientifica além da formação de grupos de pesquisa visando financiamento externo para novas parcerias em projetos de pesquisa. A relevância social e científica desse periódico destaca-se pela amplitude do leque de temas interligados numa perspectiva educacional. Abordando temas de ordem diversa, as colaborações que compõem esse primeiro número da revista Estácio de Sá - Ciências da Saúde refletem a preocupação da Faculdade Estácio de Sá de Goiás com o ensino, a pesquisa e a extensão, porém, sem perder de vista as fronteiras desse tripé com: a democracia e a ética, a cidadania e o cidadão. A presente revista Estácio de Sá - Ciências da Saúde, soma-se a outras iniciativas da Faculdade Estácio de Sá de Goiás nas áreas do ensino, pesquisa e extensão, visando encontrar respostas paras os novos desafios colocados para as instituições privadas no âmbito das novas medidas de controle, avaliação e regulação implementadas pelo Estado, tais como: aumento das exigências de produção intelectual institucionalizada; aumento qualificação do corpo docente em nível de mestrado e doutorado; adoção de políticas de responsabilidade social Esperamos contar com a contínua colaboração de todos para que o projeto conquiste a devida legitimidade científica. PROF. MS. ADRIANO LUIS FONSECA Diretor Acadêmico da Faculdade Estácio de Sá de Goiás

Estácio de Sá Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO VOL. 01, Nº 01, 11-22, Dez. 2008 / Jun. 2009. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E FORMAS TERAPÊUTICAS DA INFECÇÃO PELO HERPES SIMPLES VÍRUS Cláudio Maranhão Pereira * Resumo: A infecção pelo vírus do herpes simples é a doença viral mais comum que acomete os seres humanos. Caracteriza-se por lesões vesiculo-bolhosas que se desenvolvem preferencialmente na mucosa e pele em região peri-bucal e genital. As formas clínicas mais comuns são a gengivoestomatite herpética aguda primária e a herpes labial recorrente. O tratamento é extremamente variado e baseia-se no combate dos sintomas. Em fases recentes da infecção pode-se utilizar drogas com objetivo de suprimir a reprodução viral. A droga antiviral mais utilizada é o Aciclovir e seus derivados. Formas alternativas de tratamento como a laserterapia vem sendo recentemente utilizada com relativo êxito. Palavras-chaves: Lesões herpéticas; lesões vesículobolhosa; gengivoestomatite herpética aguda primária; herpes simples recorrente; antivirais. Abstract: The simplex herpes virus infection is the viral illness more common in the world population. Vesicule-blister lesions are the more frequent clinical features and appear preferential mucous and skin in peri-buccal and genital region. Primary acute herpetic gengivoestomatite and recurrent labial herpes are the more common clinical forms. The treatment is varied and it is based on the combat of the symptoms. In recent phases of the infection it can be used drugs with aim to suppress the viral reproduction. Acyclovir is the anti-viral drug more used for management. Alternative form of therapy as the lasertherapy has being recently used with relative success. Key words: Herpetics lesions; vesicule-blister lesions; acute primary gengivoestomatite; simplex herpes virus; antiviral. Estudos realizados por Silva 1 et al. (2002), tomando-se por referência outros autores 2, afirmaram que as lesões herpéticas são infecções virais, sendo que estes vírus são entidades microscópicas que se multiplicam somente no interior de células epiteliais vivas. Segundo os mesmos autores, a mucosa bucal pode ser infectada por um dos vários tipos de vírus que compõe a família herpesviridae, cada qual produzindo um quadro clinico-patológico relativamente distinto 1. A infecção manifesta-se no organismo primeiramente por intermédio de vesícula localizada na pele ou na mucosa, podendo ocorrer manifestações concomitantes nas duas regiões 3. * Professor de Patologia e Farmacologia dos cursos de Enfermagem e Fisioterapia da Faculdade Estácio de Sá de Goiás - FAESGO, Goiânia/GO. Doutor e Mestre em Patologia pela Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, Campinas/SP. Email:claudio.maranhao@go.estacio.br.

12 PEREIRA, Cláudio Maranhão. Manifestações clínicas e formas terapêuticas da infecção pelo herpes simples vírus. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES GO. VOL. 01, Nº 01, 11-22, Dez. 2008 / Jun. 2009. Estima-se que mais de 90% da população mundial é infectada por um ou mais vírus da família herpesviridae 4. Infecções virais do tipo herpes simples (HSV), variando de herpes labial a lesões genitais, afetam mais de 40 milhões de pessoas nos Estados Unidos. Atualmente, aproximadamente 600.000 novos casos de infecção do tipo herpes simples são diagnosticados a cada ano neste país 5. A gengivoestomatite herpética aguda primária e o herpes simples recorrente são consideradas como as mais triviais doenças causadas por estes tipos de vírus 3. Mesmo sendo as mais comuns ainda não se tem uma terapêutica eficaz, motivo pelo qual existem na literatura corrente os mais variados esquemas e substâncias que, na realidade, combatem de forma paliativa, somente a sintomatologia e não erradica a doença efetivamente 3. Conforme afirmações de Silva 1 et al. (2002), essas lesões acometem indivíduos de qualquer gênero, idade e raça, porém, as infecções herpéticas primárias são mais comuns em crianças, o herpes simples recorrente em adultos jovens e o herpes zoster mais prevalente em idosos. A transmissão se dá pelo contato direto com secreções de pacientes infectados 6. Pacientes imunocomprometidos, como pacientes leucêmicos, pacientes submetidos a transplante de medula óssea ou que estão recebendo tratamentos oncológicos, podem desenvolver estas infecções de forma atípica e, muitas vezes, com prognóstico sombrio 7. Uma característica do herpes vírus é sua capacidade de progredir de terminações nervosas locais para os gânglios da raiz dorsal, onde permanece latente até que algum fator desencadeie reativação 8. O HSV afeta a pele, as mucosas e, menos freqüentemente, o esôfago, olhos, cérebro e outros órgãos. Dois subtipos distintos do herpes simples foram isolados: o tipo I e II. Dos dois sorotipos, a infecção por HSV-1 é primariamente orofaríngea, e a infecção por HSV-2 é primariamente genital. Contudo, HSV-1 tem sido encontrado em lesões genitais, e HSV-2 em lesões orais. O herpes orofacial afeta o gânglio trigêmeo, enquanto o herpes genital compromete o gânglio sacro-coccígeno 9. A infecção do tipo herpes simples geralmente ocorre em duas fases: uma inicial, infecção primária, seguida por doença secundária, recorrente no mesmo local. Contrariamente à relatos posteriores, o vírus pode ser transmitido por indivíduos sem lesões clínicas, embora o risco de transmissão seja mais alto durante a reativação sintomática. A freqüência da recorrência depende não somente do local anatômico, mas

PEREIRA, Cláudio Maranhão. Manifestações clínicas e formas terapêuticas da infecção pelo herpes simples vírus. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES GO. VOL. 01, Nº 01, 11-22, Dez. 2008 / Jun. 2009 13 também do tipo de vírus. O herpes genital recorre mais freqüentemente do que o herpes labial e a infecção por HSV-2 recorre com maior probabilidade do que aquela por HSV- 110. Neste trabalho, estaremos enfocando o HSV-1, por ser o vírus de maior incidência na população mundial e por ser o maior responsável pelo herpes labial recorrente, infecção viral mais comum que acomete o sistema estomatognático. Gengivoestomatite herpética aguda primária A gengivoestomatite herpética aguda primária (GEHA), segundo Silva 1 et al. (2002), corresponde a primo-infecção do herpes vírus do tipo 1. A doença primária aparece geralmente em crianças com até 5 anos de idade, porém os adultos que não foram expostos previamente ao vírus podem ser infectados e, normalmente, apresentam quadro clínico mais grave 11. Estima-se que apenas 5% das crianças expostas ao vírus desenvolvem a doença com sinais clínicos. A maioria o faz de forma assintomática ou sub-clínica, não tendo, portanto um diagnóstico da infecção 12. Após período de incubação de 1 a 26 dias, sinais e sintomas inespecíficos, como febre, mialgia, cefaléia, irritabilidade e linfoadenopatia, podem ser evidenciados. Dentro de 1 a 3 dias após esta fase prodrômica, vesículas gengivais generalizadas tornam-se evidentes. Estas afetam preferencialmente a mucosa intra-bucal (mucosa jugal, palato, língua, assoalho, tonsilas e orofaringe) e posteriormente se rompem dando lugar a ulceras doloridas e debilitantes que podem impossibilitar o paciente de realizar suas funções bucais 13, 14. Segundo August, Nordlund e Jesinng 15 (1979), o HSV-1 pode ser isolado das lesões herpéticas faciais, labiais e bucais, em um período de dois a seis dias após o aparecimento das lesões. Os autores verificaram, também, que a persistência do vírus nas lesões não parecia diferir entre a infecção primária e a infecção recorrente. Além disso, Turner 16 et al. (1982), afirmaram que o HSV pode sobreviver por uma faixa de tempo variável de duas a quatro horas em tecidos e plásticos. Da mesma forma, o HSV pode continuar a viver, pelo mesmo período, nas peles das mãos contaminadas pelo contato direto com as lesões labiais ou bucais. Silva 1 et al. (2002) afirmaram que não há tratamento especifico para GEHA e, por isso, indicam as manobras mais indicadas que devem ser realizados perante

14 PEREIRA, Cláudio Maranhão. Manifestações clínicas e formas terapêuticas da infecção pelo herpes simples vírus. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES GO. VOL. 01, Nº 01, 11-22, Dez. 2008 / Jun. 2009. sintomas do primo-infecção do HSV tipo 1. Segundo eles, os procedimentos básicos devem ser realizados pelo cirurgião-dentista e se caracterizam pela aplicação de uma higiene bucal adequada, com o uso de gaze e aplicação de soro fisiológico. Deve-se utilizar também anestésico tópico para auxiliar na limpeza e minimizar a sensação dolorosa do paciente. Em caso do aparecimento de febre, o profissional poderá indicar o aumento da ingestão de líquidos, usar analgésicos e antipiréticos e, se infecções secundárias oportunistas forem diagnosticadas, antibióticos poderão ser prescrito. Shafer 2 et al., (1987) ratifica que o tratamento da infecção herpética primária é insatisfatório. Ele é apenas de caráter sintomático, pois o curso da doença parece ser inalterável. Após a manifestação primária, em aproximadamente 80% dos casos, o organismo produz anticorpos circulantes, mas, paradoxalmente, não se obtém imunidade. O vírus, após a crise aguda, entra em estado de latência. Posteriormente pode sofrer reativação desenvolvendo assim o herpes labial recorrente, que afeta de 40 a 60% da população 17. Fatores debilitantes como traumatismos físicos, alterações emocionais, luz solar, fadiga, menstruação, ansiedade, doenças febris, alterações alérgicas, entre outros, podem ser responsáveis por esta reativação 9. Segundo Wood e Goaz 14 (1983) aproximadamente um terço dos pacientes que tiveram uma infecção primária de forma clínica terão infecções herpéticas recidivantes. Herpes Simples Recorrente A Herpes simples recorrente, segundo Silva 1 et al. (2002), é uma doença infecto-contagiosa que se manifesta na forma de lesões vesiculo-bolhosas. De acordo com Regezi e Sciubba 11 (1991), o individuo para desenvolver o herpes simples recorrente precisa ser previamente exposto ao vírus e, a via típica de inoculação é o contato físico com pessoa infectada. O processo de infestação poderá se dar por caminhos distintos, destacando-se: gotículas transportadas pelo ar, água contaminada ou por meio do contato com objetos inanimados. Conforme Shafer 2 et al., (1987) e Regezi e Sciubba 11 (1991), o vírus, depois de instalar-se no organismo, permanece latente nos gânglios regionais. Dessa forma, ele poderá se manifestar mediante a exposição da pessoa ao sol e ao frio, aos traumatismos e à tensão, provocando um processo de infecção recorrente. As partículas

PEREIRA, Cláudio Maranhão. Manifestações clínicas e formas terapêuticas da infecção pelo herpes simples vírus. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES GO. VOL. 01, Nº 01, 11-22, Dez. 2008 / Jun. 2009 15 virais ao se deslocarem pelas ramificações do nervo trigêmio para a superfície epitelial resultam em erupção vesiculo-bolhosas. Dentre as variações do herpes simples, segundo Shafer 2 et al., (1987) e Castro 3 (2000), o tipo 1 aparece com maior freqüência nos lábios, na mucosa bucal, respiratória, gastrointestinal e oftálmica e, de modo geral, na metade superior do corpo; de outra forma, o tipo 2 predomina na genitália e na metade inferior do corpo. A fase prodrômica do herpes simples recorrente tem, segundo Silva 1 et al. (2002), um curto período e é caracterizada pelos seguintes sintomas: irritação local, prurido ou sensação de ardência. Por outro lado, Regezie e Sciubba 11 (1991) apontam a dor, além dos sintomas referidos, no local onde surgirão as lesões. Conforme Silva 1 et al. (2002), comparações feitas por Castro 3 (2000) entre a primo-infecção herpética e o herpes simples recorrente mostraram que a esta última não possui riqueza de sintomas. Porém, podem ocorrer alguns prodrômicos gerais ligeiros como fraqueza, temperatura subfebril, artralgias e cefaléias. De acordo com Silva 1 et al. (2002), Regezi e Sciubba 11 (1991), Neville 5 et al. (1998) e Castro 3 (2000) após a fase prodrômica aparecem múltiplas pápulas pequenas, eritematosas, responsáveis pela formação de grupos de vesículas preenchidas por líquido. As vesículas rompem formando úlceras rasas e crosta amarelada. O processo de cicatrização que dura em torno de sete a quatorze dias não deixa cicatrizes 13. Ainda, conforme os mesmos autores, o número de recorrência do herpes simples é variável de uma por ano até uma por mês e, as recorrências tendem a diminuir assim que avança a idade da pessoa. Por outro lado, destacam que as lesões ocorrem, freqüentemente, no mesmo local, ou, próximo da ocorrência anterior, geralmente não ultrapassando a linha média da face. Para obter-se o diagnóstico do herpes vírus, o quadro clínico é bastante elucidativo, podendo-se lançar mão, se necessário, do exame citopatológico, do histopatológico, de cultura e de sorologia 14. Ainda, segundo Silva 1 et al. (2002) não há tratamento específico, porém o uso de vitaminas, imunoativadores, formol e outros procedimentos, têm sido substituídos pela aplicação de anestésico local sob a lesão, em suas fases prodrômicas ou de vesículas, com resultados satisfatórios na redução dos sintomas, diminuição do curso clínico em dias, maior espaçamento entre as crises e diminuição da recorrência do processo.

16 PEREIRA, Cláudio Maranhão. Manifestações clínicas e formas terapêuticas da infecção pelo herpes simples vírus. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES GO. VOL. 01, Nº 01, 11-22, Dez. 2008 / Jun. 2009. Formas Terapêuticas Nos últimos anos, uma grande variedade de tratamentos tem sido proposta para combater as manifestações do herpes vírus simples, sendo, na sua maioria, tratamentos paliativos para a dor e supressores da reprodução viral e, raramente, como agentes de cura 19. No passado, a forma primária era mais bem tratada sintomaticamente. Entretanto, se a doença for diagnosticada no início, os medicamentos antivirais podem ter um impacto significativo. Os pacientes devem ser instruídos a restringir o contato com as lesões ativas, para prevenir a disseminação para outros locais e pessoas. Também, sabendo que a luz solar (raios ultravioleta) pode desencadear uma recorrência do HSV de cerca de 25% dos indivíduos com infecção recorrente, devemos proteger a pele da ação da luz ultravioleta B 20. O uso de filtro solar em base emoliente na região peri-bucal mostrou-se eficiente na proteção contra o herpes recorrente labial induzido pelo sol podendo, também, ser considerado muito útil na recorrência, com propriedades preventivas quando usado corretamente antes das exposições solares 5 19, 21,, Uma das formas mais antigas de tratamento de Herpes Simples Labial é a fotoinativação através de corantes 19, 21, 22, 23, 24 como o vermelho neutro e a proflavina, além do azul de metileno, luz infravermelha ou fluorescente. Este processo consiste na escarificação das vesículas herpéticas, após o qual usa-se topicamente o corante para finalizar com a exposição do local à luz específica. Embora este mecanismo não seja totalmente elucidado acredita-se que o corante produza alteração no DNA viral inativando-o ou impedindo a sua multiplicação e, portanto, evitando recidivas 19, 21,23,. Sendo o HSV um vírus envelopado, torna-se sensível a ácidos, solventes, detergentes e ao ressecamento. Baseado nessas propriedades do vírus foi preconizado o uso do éter etílico, sendo que o éter funcionaria como anestésico tópico e o álcool como um solvente de lipídeos, dissolvendo o envelope viral. Porém, estudos demonstraram que o éter, tanto na primo-infecção, quanto nos surtos recorrentes, não teve ação satisfatória. Embora, possa aliviar a dor, por ser um anestésico tópico, e diminuir a duração das lesões durante um mesmo episódio 19, 22, 24. A laserterapia, com laser de baixa potência, uma vez que promovem efeitos analgésicos, antiinflamatórios e bioestimulantes, têm sido utilizados para tratamento do herpes recorrente com relativo sucesso. A laserterapia provoca aumento da

PEREIRA, Cláudio Maranhão. Manifestações clínicas e formas terapêuticas da infecção pelo herpes simples vírus. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES GO. VOL. 01, Nº 01, 11-22, Dez. 2008 / Jun. 2009 17 microcirculação local, da drenagem de fluido do sulco gengival e aumento da velocidade de produção de fibroblastos e colágeno, conseqüentemente, induzindo o processo de cicatrização 25. O Interferon, uma glicoproteína produzida pelos linfócitos T que consegue ligar-se às células e impedir a replicação dos vírus que ali chegam, surgiu como um tratamento promissor, principalmente, pela facilidade de seu uso através de pomadas nas lesões. Isso é possível porque a destruição das células infectadas pelo HSV dá-se por mecanismo imunológico pelos linfócitos T, sensibilizados pelo HSV que adquirem propriedades linfotóxicas, responsáveis pela degeneração das células que abrigam o antígeno. Aplicações tópicas de Interferon (IFN-b) parecem reduzir a velocidade das recorrências, aliviando sintomas, severidade e duração das erupções, porém, não proporcionam a cura definitiva 25, 26, 27, 28. Quimicamente, os antivirais, em sua maioria, apresentam estrutura semelhante à da timidina, um dos quatro nucleotídeos formadores do DNA. Como mecanismo básico de ação antiviral substituem a timidina durante o processo de crescimento ou de replicação viral, produzindo DNA com pseudoestrutura, de modo a eliminar a capacidade infecciosa e destrutiva do HSV 5. A Ribavirina é um agente antiviral de largo espectro que tem demonstrado utilidade em várias infecções virais. Devido a sua eficácia, observada por via oral, existem atualmente estudos para verificar a sua eficácia sob uso tópico a Ribavirina a 7,5%. Os resultados obtidos sobre a ação dos antivirais em lesões iniciais mostraram que o tempo de duração das lesões foi menor, com redução do número de novas lesões. A redução está relacionada com o tratamento antiviral, já que a replicação viral diminui o número de partículas virais infectantes evitando, assim, a infecção de novas células 29. O Levamisole, que é uma droga antihelmíntica, possui uma ação favorável na regulação imunológica de pacientes imunodeprimidos. É considerado um modulador da resposta imunológica e não um imunoestimulante, visto que aumenta ou restaura a imunidade celular apenas quando está deprimida. A posologia recomendada do Levamisole seria 150mg/dia, dividida em três doses de 50g, junto às refeições, por dois dias consecutivos, repetindo-se os ciclos a intervalos de duas semanas, por três a quatro meses 21. Outra opção de tratamento para o HSV é a Lizosima, substância encontrada na saliva, leite, lágrima, pulmão, baço, secreção nasal, leucócitos e soro sangüíneo,

18 PEREIRA, Cláudio Maranhão. Manifestações clínicas e formas terapêuticas da infecção pelo herpes simples vírus. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES GO. VOL. 01, Nº 01, 11-22, Dez. 2008 / Jun. 2009. apresentando intensa atividade antibacteriana, antiviral e propriedades antiinflamatórias 30. O mais conhecido dos antivirais é o Aciclovir (ACV-9-2 hidroxiethoximethil guanina, Acicloguanosina), que age inibindo o HSV-DNA polimerase 31. O Aciclovir pode ser usado de maneira tópica ou sistêmica sendo, esta última, na forma de comprimidos ou injetáveis. O Aciclovir é virtualmente não tóxico para as células hospedeiras. A vantagem da terapia com o Aciclovir é que ele é muito benéfico em infecções severas do HSV, especialmente em pessoas imunodeprimidas. O Aciclovir, quando administrado prontamente em pacientes com AIDS e severa infecção por HSV, tem reduzido a morbidade e os riscos de complicações mais sérias. O Aciclovir intravenoso é reservado a pacientes com lesões mucocutâneas severas e extensas de HSV, ou, com disseminação ou complicações neurológicas e, se a terapia for se prolongar, pode-se substituí-lo por Aciclovir oral 21, 25, 32, 33. O tratamento tópico é menos efetivo do que o intravenoso e o oral, mas é eficiente se usado em casos leves de HSV, onde a aplicação deve ser feita cinco vezes ao dia. Resultados favoráveis têm sido obtidos com o Aciclovir, tanto pela eficácia quanto pela toxidade menor, uma vez que para agir, necessita de uma enzima do próprio vírus, o que o torna atuante somente nas células infectadas 21, 25, 32, 33. Neville 5 et al., (1998), ratifica que, independente da forma de administração do aciclovir, este só terá eficácia se introduzido em fases iniciais da doença. Estudo realizado por Bowes 34 (2001) avaliou o Aciclovir como uma medida profilática em mulheres grávidas. O aparecimento das lesões herpéticas foi considerado duas vezes menor em mulheres que fizeram o uso profilático do Aciclovir em relação ao grupo controle. Existem no mercado várias drogas anti-herpéticas, derivadas ou análogas ao Aciclovir, como o Ganciclovir, Penciclovir, Valaciclovir, Fanciclovir, todos com efeitos e resultados eficazes. O Valaciclovir, quando absorvido, é rapidamente e quase completamente convertido em Aciclovir. Penciclovir, por ser um medicamento ainda novo, não foi testado em crianças, devendo ser usado apenas por adultos (maiores de 16 anos); deverá ser aplicado em intervalos de duas horas, durante quatro dias. Famciclovir é a forma oral do Penciclovir e podemos encontrar comprimidos de 125mg a 250mg. A dosagem nos casos de herpes simples seria de 125mg, duas vezes ao dia, durante cinco

PEREIRA, Cláudio Maranhão. Manifestações clínicas e formas terapêuticas da infecção pelo herpes simples vírus. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES GO. VOL. 01, Nº 01, 11-22, Dez. 2008 / Jun. 2009 19 dias, deixando os de 250mg para os casos mais graves. O Ganciclovir só existe na forma injetável, ficando para os casos bem mais graves 25. Outras drogas estão em fase de experimento sem ainda estudos conclusivos quanto sua eficácia. Dentre elas, pode-se destacar a prostaglandina A2 (PGA2). Esta apresenta atividade antiviral in vitro em concentrações que não alteram a viabilidade celular do hospedeiro. O espectro antiviral inclui tanto RNA quanto DNA-vírus, mas seu exato mecanismo de ação não é conhecido. Em recente estudo, PGA2 mostrou ser ativo contra HSV in vitro, mas seus efeitos pró-inflamação parecem ser maiores e deletérios que seu efeito benéfico 35. O Oxetanocina Carbocíclica G 0,1% (C. OXT- G) é um novo componente antiviral, em cuja composição a guanina aparece ligada a um anel ciclobutano. Inibe a DNA-polimerase viral após ser convertida para a forma trifosfato por ação da timidinaquinase viral, entretanto, pode apresentar outro mecanismo de ação já que é efetiva contra CMV, que é timidinaquinase negativo 36. O uso do Oryzacistatina 1 (OC-1) baseia-se no fato de que vários vírus requerem clivagem protéica para se tornar maduros e infectantes. Tal fenômeno pode ser especificamente inibido pela ação dos chamados inibidores de proteinase. OC-1, cistatina obtida da semente do arroz, apresentou atividade antiviral in vivo semelhante ao Aciclovir em recente estudo, porém, in vitro foi necessária dosagem 50 vezes maior que de Aciclovir para obter concentração inibitória contra HSV-137. O 9-(4-hidroxibutil)-N2-fenilguanina ou HBPG é um inibidor da timidinaquinase, que vem sendo testado experimentalmente em macacos infectados com HSV-1, com finalidade de diminuir a recorrência da doença viral 38. O Propanolol, bloqueador dos receptores b-adrenégicos, também tem sido testado em modelo experimental diminuindo a população viral na lágrima, córnea e gânglio trigeminal e, conseqüentemente, a incidência de reativação da doença viral 39. Sem dúvida, as vacinas contra o vírus do Herpes Simples Labial poderão ser uma solução definitiva contra essa doença no futuro. Acredita-se que elas só sejam eficientes para as pessoas ainda não infectadas pelo HSV, ou seja, na grande maioria das crianças 40, 41, 42. A vacina Lupidon H para o HSV-1, e Lupidon G para o HSV-2 são inativadas pelo calor e, apesar de ainda não termos estudos satisfatórios a respeito, há a probabilidade de ser eficaz apenas na infecção primária; em pessoas com infecção recorrente elas não teriam o efeito desejado. O maior risco e o que causa mais

20 PEREIRA, Cláudio Maranhão. Manifestações clínicas e formas terapêuticas da infecção pelo herpes simples vírus. Estácio de Sá Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES GO. VOL. 01, Nº 01, 11-22, Dez. 2008 / Jun. 2009. preocupação quanto ao uso das vacinas, usando o HSV como antígeno, é o seu potencial oncogênico. Também a vacina anti-herpética para o HSV-I não tem poder algum para inibir o HSV-2 e vice-versa. Seja como for, ainda estamos em fase de avaliação e o seu uso, para controle de reativação dos episódios, está sendo discutido 42, 43. Como foi demonstrado, existe no mercado uma variedade de produtos objetivando o tratamento do HSV ou o alívio aos pacientes de surtos consecutivos. Nesse particular, a opção do tipo de tratamento é do profissional, alicerçado na oportunidade e nas condições sistêmicas do paciente. Conclusões 1. A prevenção da contaminação e disseminação do vírus é o mais importante meio de se combater o HSV. 2. Apesar de todos os estudos, até hoje não se chegou ainda a uma terapia completamente eficaz no combate do herpes simples recorrente. 3. As drogas derivadas do Aciclovir, tanto na forma tópica quanto na sistêmica, demonstraram serem as mais eficazes quando comparadas a outros medicamentos quando utilizadas em fases iniciais da infecção. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Silva, F. M.; Paiano, G.; Gonçalves, J. H. P.; Orige, S. R. Lesões herpéticas: uma revisão de literatura. Revista Odontológica de Araçatuba, v. 23, n. 1, p. 09-14, Janeiro/Julho, 2002. 2. Shafer, W. G.; Hine, M. K.; Levy, B. M. Tratado de patologia bucal. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1987. 837p. 3. Castro, A. L. Estomatologia. 3. ed. São Paulo: Editora Santos, 2000. 235p. 4. World Health Organization. Prevention and control of herpesvirus diseases. Part. 1. Clinical and laboratory, diagnosis and chemotherapy. A WHO meeting. Bull World Health Organ, v. 63, p. 185-201, 1985. 5. Neville, B. W., et al. Patologia oral e maxilofacial. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. 705p. 6. Greenberg, M. S. Herpes virus infection. Dent. Clin. North Am. v. 40, p. 359-368, 1996. 7. Whitley Rj, Kimberlin Dw, Roizman B. Herpes simplex viruses. Clin Infect Dis. v. 26, n. 3: p. 541-53, 1999.