Brasil e a vigência, em 2014, da Convenção de Viena das Nações Unidas de 1980 sobre Contratos de Compra e Venda Internacional de Mercadorias (CISG)

Documentos relacionados
CISG. Ana Carolina Beneti -30 de setembro de 2015 Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo

COMPRA E VENDA INTERNACIONAL DE MERCADORIAS

PALESTRA CISG. Data: 17 de abril Local: Instituto dos Advogados Brasileiros IAB

Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre Brasil University of New South Wales Sydney Austrália Universidade do Povo Macau - China

CONTRATOS INTERNACIONAIS: NOVOS PARADIGMAS AO JURISTA BRASILEIRO

SEMINÁRIO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS

Contrato de Mediação de Exportação

Prof. Daniel Sica da Cunha

Contratos e Convenções: INCOTERMS 2010

DIREITOS HUMANOS. Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos: Instituições e Mecanismos. Corte Internacional de Justiça. Profª.

SUMÁRIO PARTE I INTRODUÇÃO À OBRA EXERCÍCIO DA JURISDIÇÃO CIVIL COMO ATRIBUTO DA SOBERANIA: O ESTADO- JUIZ... 19

CONVENÇÃO SOBRE A ELIMINAÇÃO DA EXIGÊNCIA DE LEGALIZAÇÃO DE DOCUMENTOS PÚBLICOS ESTRANGEIROS. (Celebrada em 5 de outubro de 1961)

DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO 1º DE FEVEREIRO DE Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

CONHECIMENTOS BANCÁRIOS

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre Brasil University of New South Wales Sydney Austrália Universidade do Povo Macau - China

24. Convenção sobre a Lei Aplicável às Obrigações Alimentares

Proposta de DECISÃO DO CONSELHO

Direito internacional público. Aula 8 Direito dos tratados Convenção de Viena de 1969

VII CONGRESSO NACIONAL DE DIREITO MARÍTIMO, PORTUÁRIO E ADUANEIRO E IV SIMPÓSIO DE DIREITO MARÍTIMO E PORTUÁRIO

PAINEL 5. Nome de Domínio Solução de Conflitos pelo Sistema Administrativo de Conflitos de Internet (SACI), Mediação ou Arbitragem

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO TCC LINHAS DE PESQUISA

Art 2º O presente Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, em 2 de dezembro de 1997; 176º da Independência e 109º da República.

Sumário. Abreviaturas e Siglas Usadas... XIX PARTE I PARTE GERAL

Os Contratos de Consumo

Jornal Oficial da União Europeia L 331/17

DIREITO DO CONSUMIDOR

CARMEN TIBURCIO Professora Adjunta da Universidade, do Estado do Rio de Janeiro UERJ. Consultora de Direito Internacional

ANEXO III. MINUTA DA ATA DE REGISTRO DE PREÇOS Nº. xxxxxx OBJETO: FORNECIMENTO DE MATERIAIS DE CANTINA

CONVENÇÃO SOBRE A REDUÇÃO DOS CASOS DE NACIONALIDADE MÚLTIPLA E SOBRE AS OBRIGAÇÕES MILITARES EM CASOS DE NACIONALIDADE MÚLTIPLA

CADERNO DE ENCARGOS AQUISIÇÃO DE SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO PREVENTIVA E CORRETIVA PARA AS INSTALAÇÕES DA DGSS PARTE I CÁUSULAS JURÍDICAS

GREBLER ADVOGADOS INSTITUTO DOS ADVOGADOS BRASILEIROS COMISSÃO PERMANENTE DE DIREITO INTERNACIONAL

PROJETO DE LEI N.º 438/XIII/2.ª

CONVENÇÃO ARBITRAL TÁCITA? CISG, ART. 9º (2) Eduardo Talamini

EIXO FUNDAMENTAL CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO DO CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO TCC LINHAS DE PESQUISA

Lei nº 19/2011, de 20 de Maio

Sumário. Capítulo I INTRODUÇÃO AO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO... 17

STJ Bcrnard Potsch Moura. das Mercadorias

M3 CAPITAL PARTNERS GESTORA DE RECURSOS LTDA. CÓDIGO DE ÉTICA. São Paulo, Junho de 2016

O ACP Jornal Oficial da União Europeia L 68, Faculdade de Direito de Lisboa-4 de Março de 2016

Clipping Legis. Publicação de legislação e jurisprudência fiscal. Nº 210 Conteúdo - Atos publicados em setembro de Divulgação em outubro/2017

ARBITRAGEM NA BRASIL Arbitragem no Brasil

Parecer Consultoria Tributária Segmentos Informações do ICMS retido de transporte na NF-e

Decreto n.º 23/2000 Protocolo à Convenção Europeia de Segurança Social, aberto à assinatura em Estrasburgo em 11 de Maio de 1994

Condições Gerais de Venda. ZF Services Portugal

PROJEP DIREITO DAS COMUNICAÇÕES. Comércio eletrónico: Pagamentos eletrónicos o e-banking. 1 de outubro de Carla Candeias Ferreira

AULA 07 PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO DO CONSUMIDOR. PROTEÇÃO DA INCOLUMIDADE FÍSICA DO CONSUMIDOR - Direito à Segurança - Artigo 6º, inciso I, do CDC

Arbitragem na Argentina. Uma visão geral _1.docx

Arbitragem Internacional. Renato Leite Monteiro

CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS IDENTIFICAÇÃO DAS PARTES CONTRATANTES

Política de Privacidade do Aplicativo Patrimônio Mobile

NBC TA 550 Partes Relacionadas Definição: Outra entidade sobre a qual a entidade tem controle ou influência significativa, direta ou indiretamente,

DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO

2. Todos os acordos feitos entre nós e o fornecedor, para fins de implementação do presente contrato, estão registrados por escrito neste contrato.

Regulamento de Arbitragem. Centro de Arbitragem de Conflitos de Consumo do Algarve

Fatores para o cálculo do preço de exportação

Wilson Ltda. e Dthoki Investimentos e Participações S/A, que OPTA POR

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Fábio Cáceres. (29/08/2018). Jurisdição.

LOGÍSTICA A Logística no Processo de Exportação

Sumário. Prefácio, xvii. Introdução, Lex mercatoria, 17. IA Evolução histórica do direito internacional privado, 10

Arbitragem no Brasil. Uma visão geral _1.docx

Jornal Oficial das Comunidades Europeias

Aplicação do Marco Civil da Internet no Espaço

Instrução n. o 7/2016 BO n. o 5 Suplemento

Direito Internacional Privado. Tâmara Biolo Soares

RESOLUÇÃO Nº I - constituir um ou mais representantes no País; II - preencher formulário, cujo modelo constitui o Anexo a esta Resolução;

BREVE SÍNTESE SOBRE AS OPERAÇÕES DE CÂMBIO. Não é a moeda forte que faz o país. O país é que faz a moeda forte... Fernando Henrique Cardoso

Arbitragem no México. Uma visão geral

Arbitragem no Chile. Uma visão geral _1.docx

Contrato de Licença de Usuário Final

TERMO DE PARTICIPAÇÃO EM MEDIAÇÃO

CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS (PROMOÇÃO DE VENDAS E DEMONSTRAÇÃO DE PRODUTOS E SERVIÇOS)

Arbitragem no Chile. Uma visão geral _1.docx

O Caso SPMS -Plataforma única de compras na Saúde

Direito Internacional Público Mag. Federal 6ª fase Solução de Litígios Internacionais e Direito Comunitário

APLICAÇÃO DA CISG ÀS COMPRAS GOVERNAMENTAIS

Proposta de Lei nº 309/XII/4.ª (Aprova os Estatutos da Ordem dos Advogados)

CONTRATO DE CRÉDITO PESSOAL UNICRE CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÃO DO CRÉDITO PESSOAL

INTRODUÇÃO 1 ARBITRAGEM E TUTELA JURISDICIONAL

Alteração 1 Anneleen Van Bossuyt em nome da Comissão do Mercado Interno e da Proteção dos Consumidores ALTERAÇÕES DO PARLAMENTO EUROPEU *

Seção II - Da Solicitação de Exclusão de Beneficiários de Contrato Coletivo Empresarial

Professor Albert H. Kritzer

PREGÃO PRESENCIAL SESC/MA Nº 14/0003-PG REGISTRO DE PREÇOS ANEXO III MINUTA DO TERMO DE REGISTRO DE PREÇOS

A Convenção de Haia de 13 de janeiro de 2000 sobre a Proteção Internacional dos Adultos

Aula 5. Direito básico à segurança

Clipping Legis. Publicação de legislação e jurisprudência fiscal. Nº 200 Conteúdo - Atos publicados em novembro de 2016 Divulgação em dezembro/2016

Jornal Oficial da União Europeia L 331/19

Não dispensa a consulta do diploma publicado em Diário da República

ARBITRAGEM EM PORTUGAL. Arbitragem em Portugal. Uma visão geral

CONTRATO DE ADESÃO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

Visão, Missão e Valores. Histórico

CONTRATOS EM MOEDA ESTRANGEIRA

CÓDIGO DE CONDUTA MERCADO IBÉRICO DEL GAS. Alfonso XI, Madrid (España) T (+34)

A INTERNET E OS CONTRATOS ELETRÔNICOS. Artigo sobre as particularidades dos contratos eletrônicos.

Decreto n.º 40/80 de 26 de Junho: Convenção Relativa à Troca de Informações em Matéria de Aquisição de Nacionalidade

TERMO DE ADITAMENTO À CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO FECOMERCIÁRIOS/FECOMERCIO SP

Transcrição:

Anexo Biblioteca Informa nº 2.288 Brasil e a vigência, em 2014, da Convenção de Viena das Nações Unidas de 1980 sobre Contratos de Compra e Venda Internacional de Autora Ana Carolina Beneti Associada Sênior da Área Contenciosa de Pinheiro Neto Advogados 1 I. Introdução 1. Em 1º de abril de 2014, a Convenção de Viena para a Compra e Venda Internacional de Mercadorias CISG/CVIM ( CISG ou Convenção de Viena ) entra em vigor no Brasil 2, após um ano de vacatio legis a contar do depósito da Carta de Adesão do Brasil nas Nações Unidas, em março de 2013. 2. O Brasil passa a ser o 79º Estado-Membro a aderir à CISG e o país tornase parte da comunidade que adota um dos instrumentos internacionais voltados à unificação de leis considerado de maior sucesso na atualidade 3. II. Sobre o que trata a CISG? 3. A Convenção de Viena, em 101 artigos, contém dispositivos relacionados à formação e à interpretação de contratos internacionais de compra e venda de mercadorias, trazendo, também, dispositivos sobre as obrigações das partes e as ações de uma parte contra a outra em caso de violação contratual. 1 Este artigo é parte de pesquisa realizada pela autora no Max-Planck-Institut für Ausländisches und Internationales Privatrecht, Hamburgo, em 2013. 2 3 Decreto Legislativo nº 538, de 18 de outubro de 2012. À exceção de alguns países como o Reino Unido, Portugal, África do Sul e Índia, por exemplo, mas cujas ausências não retiram a importância e o sucesso da CISG como regulamento unificador. Compilado para uso exclusivo dos integrantes do escritório. Cópias dos atos noticiados neste boletim podem ser solicitadas à Biblioteca. Orientação legal será dada exclusivamente pelos advogados 2014. Direitos autorais reservados a Pinheiro Neto Advogados.

4. A CISG tem, em sua estrutura, quatro partes: Parte I - Campo de Aplicação e Disposições Gerais (artigos 1 a 13); Parte II Formação do Contrato (artigos 14 a 24); Parte III Compra e Venda de Mercadorias (artigos 25 a 88); e Parte IV Disposições Finais (artigos 99 a 101). 5. A CISG é claramente fundada no conceito da autonomia da vontade das partes, sendo elas autorizadas pela convenção a regular da forma que quiserem suas obrigações e direitos. Também importante na CISG é o princípio da boa-fé contratual que deve ser mantido durante todo o relacionamento entre vendedor e comprador. Ambos os princípios, basilares da CISG, estão em completa consonância com o ordenamento jurídico brasileiro e são protegidos pela jurisprudência nacional. III. Quais são as vantagens da utilização da CISG? 6. O sucesso da CISG deve-se não só pela quantidade de países que aderiram à CISG, mas, principalmente, ao volume do comércio internacional regulado por seus princípios e dispositivos. Os países participantes da CISG respondem por mais de 90% do comércio mundial. Para o Brasil, a adesão também é importante: 75% do comércio internacional brasileiro é feito com países signatários da CISG e os demais membros do Mercosul fazem parte da CISG 4. 7. A adoção da CISG traz várias vantagens, especialmente: a) a previsibilidade e a segurança jurídica, evitando a diversidade de interpretação judiciária nacional; b) a eliminação de barreiras culturais constantes de rotinas de negócios; c) a diminuição de custos de transações comerciais inerentes à diversidade de jurisdições e de interpretação contratual, entre outras. 8. Trata-se, portanto, de um importante instrumento internacional criado com o objetivo de unificar a legislação para a compra e venda de mercadorias. A CISG é fortemente baseada na noção de lex mercatoria e a sua elaboração contou com a ampla e igualitária contribuição de juristas de países de diferentes culturas jurídicas, mas que buscaram modelos e conceitos únicos para o tipo de contratação, culminando com um instrumento legislativo que conta com 4 Parecer da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional - Mensagem 636/2010, Projeto de Decreto Legislativo 222-A, de 2011, in Revista de Arbitragem e Mediação, RArb 37, pág 286. 2

conceitos, expressões e estruturas jurídicas originais e dissociadas dos sistemas que ajudaram a embasá-la. IV. Quando a CISG é aplicada? 9. A CISG regulamenta contratos internacionais de compra e venda de mercadorias. A característica essencial da CISG, portanto, é a internacionalidade, devendo ser aplicável aos contratos de compra e venda de mercadorias, celebrados entre partes que tenham o seu estabelecimento em Estados diferentes (Art. 1 da CISG). Assim, a CISG é válida para as vendas cujas partes estejam situadas em países distintos. 10. Na definição da internacionalidade do contrato importa o lugar do estabelecimento das partes. Questões relacionadas à nacionalidade das partes, ao local da entrega das mercadorias, ou mesmo se as mercadorias atravessam fronteiras não são significativas para a determinação da internacionalidade exigida pela CISG. 11. Sobre o objeto, a CISG não estabelece o que seja mercadoria, mas traz, no artigo 2, uma lista de exclusões, isto é, quais vendas não são abrangidas pela Convenção. Estão excluídas da aplicação da CISG as vendas de: (a) mercadorias objeto de vendas a consumidores, sendo aquelas mercadorias adquiridas para uso pessoal, familiar e doméstico (salvo se o vendedor, antes ou no momento da conclusão do contrato, não souber, nem devesse saber, que as mercadorias são adquiridas para tal fim); (b) mercadorias vendidas em hasta pública; (c) mercadorias objeto de execução judicial; (d) valores mobiliários, títulos de crédito e moeda; (e) vendas de navios, embarcações e aeronaves; e (f) venda de eletricidade. 12. A ideia foi a de eliminar aqueles tipos de vendas que, pela natureza, poderiam ser abrangidas pela CISG, mas que, por serem, em geral, profundamente reguladas pela legislação doméstica dos vários países, foram excluídas de forma proposital da aplicação da Convenção de Viena. 13. A CISG também não regula (a) contratos em que a parte que encomendar as mercadorias tiver de fornecer parcela substancial dos materiais necessários à fabricação ou à produção da mercadoria (art. 3(1)), e (b) contratos em que a parcela preponderante das obrigações do fornecedor das mercadorias consistir no fornecimento de mão-de-obra ou de outros serviços 3

(art. 3(2)). 14. Por fim, a CISG não trata de: validade do contrato ou de qualquer das suas cláusulas, bem como a validade de qualquer uso ou costume (art. 4 (a)); efeitos que o contrato possa ter sobre a propriedade das mercadorias; responsabilidade do vendedor por morte ou lesões corporais causadas pelas mercadorias a qualquer pessoa (art. 5); e contratos nos quais as partes excluíram expressamente a aplicação da CISG (art. 6). 15. Com relação ao ponto tratado no artigo 6 da CISG mencionado acima, é importante ressaltar que a Convenção, fundada primordialmente no princípio da autonomia da vontade das partes, autoriza a exclusão total ou parcial dos seus dispositivos pelas partes. Contrario sensu, a não ser que o contrato seja expresso com relação à não aplicação da CISG ou especificamente de alguma de suas disposições, a CISG será aplicada nos contratos celebrados por partes brasileiras, quando as características da internacionalidade e do tipo de mercadoria estiverem presentes. 16. Por fim, ressalte-se que o Brasil não excluiu o disposto no art. 1(b), relativo à utilização da CISG, quando regras de conflito de leis levarem à aplicação da lei de um país membro da CISG, embora a exclusão fosse autorizada pelo art. 95. Importante ressaltar, ainda, que as regras de aplicação da CISG estabelecem, com base na interpretação da jurisprudência internacional, que a Convenção regerá o contrato se as partes indicarem de forma genérica a aplicação da lei de um país signatário da CISG, sem menção expressa à CISG. V. Conclusões 17. Apesar do tempo transcorrido entre a instituição da CISG e a adesão do Brasil, o país demonstra, agora, uma postura aberta à implementação do texto da Convenção nos contratos com partes brasileiras, tendo aderido ao texto da CISG sem qualquer das ressalvas ou declarações nela permitidas. 18. Destaque-se novamente que a utilização dos dispositivos da CISG traz primordialmente a previsibilidade e a segurança jurídica aos contratantes 4

internacionais, além da diminuição de custos de transações comerciais, em regra decorrentes dos riscos da diversidade de jurisdições e de interpretação contratual. 19. Reafirme-se, por fim, que a Convenção é fortemente baseada na vontade das partes, razão pela qual as partes conservam também o direto de optar pela não aplicação da CISG. A exclusão, entretanto, refletiria atraso na utilização de relevante mecanismo de direito estabelecido pelo consenso internacional, o que evidenciaria falta de abertura para a utilização de um dos instrumentos internacionais de unificação de maior sucesso na atualidade o qual é ora incorporado à legislação brasileira, como relevante ferramenta de comércio moderno posta à disposição de contratantes brasileiros. São Paulo, 17 de janeiro de 2014. 5