A Convenção de Haia de 13 de janeiro de 2000 sobre a Proteção Internacional dos Adultos

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1 DIREÇÃO-GERAL DAS POLÍTICAS INTERNAS DA UNIÃO DEPARTAMENTO TEMÁTICO C: DIREITOS DOS CIDADÃOS E ASSUNTOS CONSTITUCIONAIS ASSUNTOS JURÍDICOS A Convenção de Haia de 13 de janeiro de 2000 sobre a Proteção Internacional dos Adultos NOTA PE EN

2 O presente documento foi solicitado pela Comissão dos Assuntos Jurídicos do Parlamento Europeu. AUTOR Philippe Lortie Conferência de Haia de Direito Internacional Privado 6, Scheveningseweg 2517 KT Haia Países Baixos ADMINISTRADOR RESPONSÁVEL Vesna NAGLIC Departamento Temático C: Direitos dos Cidadãos e Assuntos Constitucionais Parlamento Europeu B-1047 Bruxelas Endereço eletrónico: vesna.naglic@europarl.europa.eu VERSÕES LINGUÍSTICAS Original: EN Tradução: BG/CS/DA/DE/EL/ES/ET/FR/IT/LV/LT/HU/MT/NL/PL//RO/SK/SL/FI/SV SOBRE O EDITOR Para contactar o Departamento Temático ou assinar o seu boletim informativo mensal, queira escrever para: poldep-citizens@europarl.europa.eu Parlamento Europeu, manuscrito concluído em novembro de União Europeia, O presente documento está disponível na Internet em: DECLARAÇÃO DE EXONERAÇÃO DE RESPONSABILIDADE As opiniões expressas no presente documento são da exclusiva responsabilidade do autor e não representam necessariamente a posição oficial do Parlamento Europeu. A reprodução e a tradução para fins não comerciais estão autorizadas, mediante menção da fonte e aviso prévio ao editor, a quem deve ser enviada uma cópia.

3 A Convenção de Haia de 13 de janeiro de 2000 sobre a Proteção Internacional dos Adultos SÍNTESE Objetivo: Convite para aderir à Convenção de Haia de 2000 sobre a Proteção dos Adultos Convidam-se os Estados europeus que ainda não o fizeram a aderir à Convenção de Haia de 13 de janeiro de 2000 sobre a Proteção Internacional dos Adultos. Entre os Estados europeus que já assinaram e/ou ratificaram ou aderiram à Convenção de 2000 sobre a Proteção dos Adultos contam-se: Chipre, a República Checa, a Estónia, a Finlândia, a Alemanha, a Grécia, a Irlanda, a Itália, o Luxemburgo, os Países Baixos, a Polónia, a Suíça e o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda. A Convenção, negociada no final do século passado, foi concebida para satisfazer as necessidades das populações migrantes do século XXI, bem como para dar resposta às alterações demográficas que se verificam na Europa e em vários países por todo o mundo. Contexto Introdução à Convenção O envelhecimento da população mundial, aliado a uma maior mobilidade internacional, criou a necessidade de uma melhor proteção internacional para adultos vulneráveis, através de regulamentação jurídica e de cooperação a nível internacional. Em muitos países, o aumento do tempo de vida é acompanhado de um correspondente aumento da incidência de doenças relacionadas com a velhice. Tendo em conta que é cada vez mais fácil efetuar viagens internacionais, muitas pessoas que atingem a idade da reforma optam por passar os últimos anos da sua vida no estrangeiro. Surgem, com uma frequência cada vez maior, questões de direito internacional privado relacionadas, por exemplo, com a gestão ou com a venda de bens pertencentes a pessoas que sofrem de uma perturbação das suas capacidades pessoais. Sempre que os adultos tenham tomado medidas antecipadas relativamente à sua proteção no momento em que não estejam em condições de defender os seus próprios interesses, tais como a nomeação de um representante, é importante que essas medidas sejam respeitadas no estrangeiro. Colocam-se questões como qual a legislação a aplicar e quem é que pode representar o adulto e com que poderes. Nestas circunstâncias, é importante dispor de regras claras relativas às autoridades competentes para tomar quaisquer medidas necessárias de proteção da pessoa ou dos bens do adulto. A Convenção de Haia de 13 de janeiro de 2000 sobre a Proteção Internacional dos Adultos aborda muitas destas questões, prevendo regras relativas à competência, à lei aplicável e ao reconhecimento e à execução internacional de medidas de proteção. Esta Convenção estabelece igualmente um mecanismo de cooperação entre as autoridades dos Estados Contratantes. A Convenção reforça alguns objetivos importantes da Convenção das Nações Unidas de 13 de dezembro de 2006 relativa aos Direitos das Pessoas com Deficiência (Nova Iorque), que entrou em vigor em 3 de maio de 2008, nomeadamente os objetivos constantes do artigo 12.º, relativo ao reconhecimento da personalidade jurídica em condições de igualdade, e do artigo 32.º, relativo à cooperação internacional. A Convenção de 2000 sobre a Proteção dos Adultos Em termos de estrutura, esta Convenção é semelhante à Convenção de 19 de outubro de 1996 relativa à competência, à lei aplicável, ao reconhecimento, à execução e à cooperação

4 Departamento Temático C: Direitos dos Cidadãos e Assuntos Constitucionais em matéria de responsabilidade parental e de medidas de proteção da criança 1, tendo sido adaptada de modo a dar resposta às necessidades específicas dos adultos vulneráveis. A Convenção aplica-se à «proteção em situações internacionais de adultos que, por motivos de perturbação ou insuficiência das suas faculdades pessoais, não estão em condições de proteger os seus interesses» 2. Por adulto entende-se a pessoa que já atingiu os 18 anos de idade; no entanto, a Convenção aplica-se igualmente a medidas de proteção adotadas em relação a adultos que ainda não tenham atingido os 18 anos de idade no momento da adoção das medidas 3. O artigo 3.º especifica os tipos de medidas de proteção contempladas pela Convenção, não pretendendo ser exaustivo. As medidas incluem, por exemplo, a determinação de uma incapacidade, a instituição de um regime de proteção para o adulto, a designação e as funções da pessoa que representa o adulto ou encarregada de se ocupar dos bens do adulto. A Convenção prevê regras uniformes que determinam quais as autoridades nacionais competentes para tomar as medidas de proteção necessárias. A Convenção atribui competências, em primeiro lugar, às autoridades do Estado da residência habitual do adulto 4, mas reconhece igualmente a competência convergente, embora subsidiária, das autoridades do Estado do qual o adulto é nacional 5. Igualmente aceites são a competência das autoridades do Estado em que se situam os bens do adulto para tomar medidas de proteção relativas a esses bens 6, assim como a competência do Estado em cujo território se encontrem o adulto 7 ou os bens pertencentes ao adulto 8 para tomar medidas de urgência 9 ou medidas temporárias com eficácia territorial restringida relativamente à proteção da pessoa 10. A possibilidade de as autoridades competentes principais solicitarem às autoridades de outros Estados que adotem medidas de proteção, quando tal for do interesse do adulto 11, proporciona uma maior flexibilidade. De um modo geral, no exercício da competência atribuída pela Convenção, as autoridades dos Estados Contratantes aplicam a sua própria lei 12. Uma das exceções à regra geral relativa à lei aplicável diz respeito às competências de representação. Sempre que um adulto tenha tomado medidas antecipadas relativamente aos seus cuidados e/ou à sua representação em caso de incapacidade, é necessário resolver a questão da validade destas medidas no novo país de residência. Nos termos da Convenção, o adulto pode designar a lei aplicável à atribuição, ao âmbito, à alteração e à extinção das competências exercidas pela pessoa que representa o adulto 13. O adulto pode optar por designar a legislação: a) de um Estado de que o adulto possua a nacionalidade; b) do Estado da anterior residência habitual; ou, c) de um Estado em que estejam situados bens do adulto 14. Desta forma, a Convenção permite o reconhecimento de «competências de representação» ou de instituições semelhantes nos Estados Contratantes que não disponham de uma instituição análoga. Tal garante ao adulto que as medidas adotadas anteriormente no que se refere à gestão dos seus bens serão respeitadas em outros Estados Contratantes. 1 A partir de 1 de janeiro de 2013, a Convenção de 1996 entrará em vigor em todos os Estados-Membros da União Europeia, com exceção da Bélgica e da Itália. 2 Artigo 1.º. 3 Artigo 2.º. 4 Artigo 5.º. 5 Ver artigo 7.º e Relatório Explicativo de P. Lagarde. 6 Artigo 9.º e Relatório Explicativo. 7 Artigo 10.º e 11.º e Relatório Explicativo. 8 Artigo 10.º e Relatório Explicativo. 9 Ibidem. 10 Artigo 11.º e Relatório Explicativo. 11 Artigo 8.º. 12 Artigo 13.º. 13 Artigo 15.º. 14 Ibidem.

5 A Convenção de Haia de 13 de janeiro de 2000 sobre a Proteção Internacional dos Adultos Nos termos da Convenção, as medidas de proteção relativas à pessoa ou aos bens de um adulto que sejam adotadas num Estado Contratante serão reconhecidas por força da lei em todos os outros Estados Contratantes. Existem limitações apenas quanto aos motivos pelos quais o reconhecimento pode ser recusado 15. A Convenção prevê igualmente a aplicação de tais medidas. À semelhança de muitas outras Convenções de Haia recentes, a Convenção de 2000 sobre a Proteção dos Adultos contém disposições relativas à cooperação entre Estados destinadas a reforçar a proteção de adultos incapazes. O sistema de cooperação, que é flexível e permite a utilização dos canais existentes, engloba, entre outros aspetos, o intercâmbio de informações, a facilitação de soluções acordadas em processos contenciosos, bem como a localização de adultos desaparecidos. Os Estados Contratantes devem designar uma Autoridade Central que seja responsável pela execução das obrigações impostas pela Convenção 16, as quais se destinam, sobretudo, a facilitar a comunicação eficaz entre Estados Contratantes e a assistência mútua. 15 Artigo 22.º. 16 Artigo 28.º.