fls. 371 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO COMARCA DE SÃO PAULO FORO CENTRAL - FAZENDA PÚBLICA/ACIDENTES 11ª VARA DE FAZENDA PÚBLICA Viaduto Dona Paulina, 80, 9º andar - sala 909, Centro - CEP 01501-020, Fone: 3242-2333r2035, São Paulo- SP - E-mail: sp11faz@tjsp.jus.br Aos 19 de março de 2018, eu, TERMO DE CONCLUSÃO MM.ª Juíza de Direito Dr.ª Carolina Martins Clemencio Duprat Cardoso Processo nº: Requerente: Requerido: DECISÃO-MANDADO, escrevente técnico, faço estes autos conclusos à 1004481-97.2018.8.26.0053 - Ação Civil de Improbidade Administrativa MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO João Agripino da Costa Doria Junior Viaduto do Cha, 15, Centro - CEP 01002-020, São Paulo-SP Juíza de Direito Dra. Carolina Martins Clemencio Duprat Cardoso Vistos. 1. Trata-se de ação pelo rito ordinário proposta por MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO em face de João Agripino da Costa Doria Junior, ainda em fase de recebimento. O requerido apresentou defesa prévia (fls. 318/335), insurgindo-se contra as razões de mérito da inicial. Postulou a rejeição da ação. reiterando os termos da inicial. Após, o Ministério Público manifestou-se sobre a defesa prévia às fls. 336/350, Em cognição sumária, de acordo com o artigo 17, parágrafo 9º, da Lei nº 8.429/92, recebo a petição inicial, por haver respaldo fático e legal para prosseguimento da presente demanda tal como foi intentada, já que a conduta descrita na inicial se amolda, em tese, ao disposto nos artigos 9º, inciso XII, 10, inciso IX e 11, inciso I, todos da Lei nº 8.429/92. O Ministério Público atendeu ao disposto no 6º do dispositivo legal acima citado, instruindo a ação com documentos que respaldam a narrativa fática da inicial.
fls. 372 Por outro lado, a manifestação apresentada pelo requerido não foi suficiente a comprovar de plano a inexistência de ato de improbidade, a flagrante improcedência da ação ou a inadequação da via eleita ( 8º e 11º). Consoante decidido anteriormente, até o momento não restou delineado o caráter informativo, educacional ou de orientação da forma de publicidade perpetrada pelo requerido, a caracterizar o intuito de sua promoção pessoal, visto que a logomarca estaria atrelada à pessoa e imagem do requerido, em violação ao artigo 37, 1º, da Constituição Federal e à Lei Municipal nº 14.166/2006 que expressamente proíbe a utilização pelos governantes do município de logomarca de sua administração que não seja o brasão oficial da cidade. Ressalto que, em sede de julgamento do pedido de suspensão de liminar requerido pela Municipalidade de São Paulo, o Excelentíssimo Senhor Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo indeferiu o pedido e destacou: "(...) Não há justificativa, assim, em face de tal prazo, para que o Presidente do Tribunal antecipe-se ao verdadeiro Juiz Natural da causa em 2ª instância, para suspender a eficácia da decisão que, correta ou incorreta no mérito, nada tem de teratológica" (destaquei). Outrossim, em sede de julgamento do Agravo de Instrumento interposto pelo requerido, corroborando a decisão prolatada que deferiu a tutela de urgência, destacou o Excelentíssimo Senhor Desembargador Relator que "(...) a decisão está devidamente fundamentada e corresponde, em princípio, ao disposto na Lei Municipal 14.166/06 e ao comando constitucional (art. 37 CF), diante da noticiada utilização de identificação em violação ao princípio da impessoalidade, nos limites delimitados pela mencionada legislação municipal". De todo modo, não houve qualquer alteração fática apta a modificar o entendimento anteriormente deduzido. Assim, como a inicial descreve conduta que, em tese, pode configurar ato de improbidade, a ação deve ser recebida, e todas as demais matérias levantadas pelo requerido serão apreciadas por ocasião do julgamento. Cite-se pessoalmente o Excelentíssimo Prefeito, Senhor João Agripino da Costa Dória Júnior, no endereço acima indicado, para os atos e termos da ação proposta, conforme artigo 17, 9º, da Lei nº 8.429/92. Cumpra-se com urgência, na forma e sob as penas da Lei, servindo esta decisão como mandado.
fls. 373 2. O Ministério Público veio aos autos, em diversas oportunidades (fls. 238/240, 288/293, 336/350, 351/357, 358/368), a noticiar o descumprimento da tutela e requereu, em síntese: i) a extensão da multa para que seja aplicada também ao item "a" da decisão de fls. 219/227; ii) a majoração da multa diária fixada para R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) por cada ato de descumprimento; iii) que a vedação de utilização de qualquer logomarca abranja o requerido ou quem o acompanhe em eventos oficiais; iv) a advertência do requerido pela prática de ato atentatório à dignidade da Justiça, com fundamento no artigo 77, inciso IV, 1º e 2º, do Código de Processo Civil. Seguiu-se manifestação do requerido (fl. 308/317). Fl. 370: Dê-se ciência ao requerido acerca do conteúdo das mídias juntadas, havendo uma via para sua retirada. A probidade administrativa é temática que transcende o ordenamento jurídico, por estar atrelada à conduta moral e ética daquele que, em razão dos mecanismos democráticos, está a exercer cargo ou função pública. Para nortear as atividades daqueles que atuam politicamente, merecem ser lembradas as palavras de V.S. o Papa João Paulo II (in Encíclica Veritatis splendor, cap. III, p. 520, n. 101, citada na obra "Probidade Administrativa", de Wallace Paiva Martins Júnior, 4ª ed., 2009, Ed. Saraiva): "(...) no âmbito político, deve-se assinalar que a veracidade nas relações dos governantes com os governados, a transparência na Administração Pública, a imparcialidade no serviço das instituições públicas, o respeito do direito dos adversários políticos, a tutela dos direitos dos adversários políticos, a tutela dos direitos dos acusados face a processos e condenações sumárias, o uso justo e honesto do dinheiro público, a recusa de meios equívocos ou ilícitos para conquistar, manter e aumentar a todo custo o poder são princípios que encontram a sua raiz primária como também a sua singular urgência no valor transcendente da pessoa e nas exigências morais objetivas de governos dos Estados. Quando aqueles deixam de ser observados, esmorece o próprio fundamento da convivência política e toda a vida social fica progressivamente comprometida, ameaçada e voltada à sua disposição". Assim é que o Ministério Público fartamente demonstrou o descumprimento da liminar de fl. 219/227 pelo requerido. Em variadas ocasiões, o requerido praticou conduta que lhe havia sido vedada pela ordem judicial referida, que fora mantida pelo Excelentíssimo Senhor Relator Des. Luís Francisco Aguilar Cortez, em respeitável decisão de recebimento do agravo de instrumento nº 2021096-13.2018.8.26.0000, que somente aumentou o prazo para
fls. 374 retirada do material contendo a propaganda vedada para noventa dias. O requerido, em sua manifestação de fl. 308/317, bem como a Municipalidade, por meio de nota de esclarecimento feita por sua assessoria de comunicação à imprensa, referida pelo Ministério Público às fl. 367, afirma atender à decisão judicial em questão, porquanto a proibição de uso da marca "SP Cidade Linda" refere-se somente à sua pessoa. De fato, somente o Excelentíssimo Senhor Prefeito é réu na presente ação por ato de improbidade administrativa. No entanto, referida "interpretação" estrita e literal não se sustenta, e consiste em inequívoco descumprimento da liminar. Espera-se do administrador público probo que sua conduta norteie a de toda sua assessoria, para que não haja burla enviesada das ordens judiciais. A decisão liminar determinou ao requerido que se abstivesse de utilizar a logomarca "SP Cidade Linda" ou qualquer outro símbolo, slogan, marca ou logo diferentes do brasão e da bandeira oficiais do Município em qualquer forma de divulgação oficial ou pessoal, bem como em camisetas, placas, bonés etc. Vedou-se a propaganda com intuito de divulgação pessoal, em detrimento da norma constitucional, o que pode se dar pelos mais variados meios, modos e fôrmas, e para tanto a observância pelo requerido deveria ser imediata, desde que notificado (item 'a' de fl. 225, posto que o prazo para retirada da propaganda da frota e demais materiais do patrimônio do Município foi concedido para cumprimento da ordem constante do item 'b' de fl. 225). Não é crível que o requerido acredite que o fato dele se abster de usar uma camiseta com a logomarca em questão corresponda à conduta de quem visa observar a ordem judicial em vigor, quando toda a estrutura administrativa por ele comandada ainda persiste na divulgação da logomarca com intuito de promoção pessoal. Assim é que, ao divulgar em redes sociais ou no site institucional do Município sua imagem ao lado de Secretários e demais funcionários municipais, todos vestindo a camiseta com a logomarca "SP Cidade Linda", bem como ao manter a veiculação de referido slogan no site da Prefeitura, e ainda, como ocorreu em data recente, ao participar da distribuição de centenas de camisetas contendo tal logomarca, são condutas que não se adequam à liminar em vigor até o momento, porque consistem em reiteração dos atos de propaganda com intuito pessoal, e devem cessar, sob pena de incidência da multa diária e prática de ato atentatório à dignidade da Justiça. Segundo dispõe o artigo 77 do Código de Processo Civil, é dever das partes, de seus procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem do processo expor os
fls. 375 fatos em juízo conforme a verdade (inciso I) e cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e não criar embaraços à sua efetivação (inciso IV), sendo que a violação ao disposto no inciso IV consiste em ato atentatório à dignidade da justiça, devendo o juiz aplicar ao responsável multa de até vinte por cento do valor da causa ( 2º). Para tanto, determino ao requerido que cesse e se abstenha de fazer uso da logomarca "SP Cidade Linda" nas atividades institucionais e através da internet na comunicação institucional e pessoal. Para a hipótese de descumprimento da conduta prevista na alínea "a" de fl. 225, fixo multa diária em desfavor do requerido no valor de R$ 50.000,00 por ato. Intimem-se com urgência. São Paulo, 19 de março de 2018. Carolina Martins Clemencio Duprat Cardoso Juíza de Direito Documento Assinado Digitalmente PARA ACESSO, SENHA SEGUE ANEXA COMO PARTE INTEGRANTE. *Para produzir defesa é imprescindível a presença de advogado legalmente habilitado. As audiências deste Juízo realizam-se no Fórum do Viaduto Dona Paulina, nº 80-7º andar - CEP 01501-020. ITENS 4/5 DO CAPÍTULO VI DAS NORMAS DE SERVIÇO DA E.CORREGEDORIA GERAL, TOMO I Nos termos do Prov. 3/2001 da CGJ, fica constando o seguinte: 4. É vedado ao oficial de justiça o recebimento de qualquer numerário diretamente da parte. 4.1. As despesas em caso de transporte e depósito de bens e outras necessárias ao cumprimento de mandados, ressalvadas aquelas relativas à condução, serão adiantadas pela parte mediante depósito do valor indicado pelo oficial de justiça nos autos, em conta corrente à disposição do juízo. 4.2. Vencido o prazo para cumprimento do mandado sem que efetuado o depósito (4.1.), o oficial de justiça o devolverá, certificando a ocorrência. 4.3. Quando o interessado oferecer meios para o cumprimento do mandado (4.1.), deverá desde logo especificá-los, indicando dia, hora e local em que estarão à disposição, não havendo nesta hipótese depósito para tais diligências. 5. A identificação do oficial de justiça, no desempenho de suas funções, será feita mediante apresentação de carteira funcional, obrigatória em todas as diligências. Texto extraído do Cap. VI, das Normas de Serviço da Corregedoria Geral de Justiça. Advertência: Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxilio: Pena funcionário público no exercício da função ou em razão dela: Pena ou multa. Texto extraído do Código Penal, artigos 329 caput e 331. detenção, de 2 (dois) meses a 2 (dois) anos, Desacatar detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos,
fls. 376 DILIGÊNCIA (Órgãos Pagadores):?Fazenda Estadual?Fazenda Municipal OUTRAS DILIGÊNCIAS:? Gratuidade? GRD? do Juízo Oficial: Carga: Data: Baixa: