Avaliação longitudinal em pacientes com má oclusão de Classe II Divisão 1 submetidos ao tratamento ortodôntico sem extrações análise de modelos

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268 01647 Avaliação longitudinal em pacientes com má oclusão de Classe II Divisão 1 submetidos ao tratamento ortodôntico sem extrações análise de modelos Long-term evaluation in Class II Division 1 patients after nonextraction orthodontic treatment dental cast analysis Carla D Agostini Derech 1 Carolina Baratieri 2 Gerson Luiz Ulema Ribeiro 3 Arno Locks 4 Eduardo Franzotti Sant anna 5 Ana Maria Bolognese 6 Derech CA, Baratieri C, Ribeiro GLU, Locks A, Sant anna EF, Bolognese AM. Resumo O objetivo deste estudo longitudinal foi avaliar as alterações dentárias pós-tratamento e em longo prazo em pacientes Classe II Divisão 1 de Angle tratados com aparelho extrabucal cervical e aparelho ortodôntico fixo sem extrações dentárias. Os modelos dentários de 33 pacientes foram avaliados no pré-tratamento (T1), pós-tratamento (T2) e pós-contenção (T3). Os pacientes apresentavam em média 10,7 anos em T1, 15,1 anos em T2, e 26,2 anos no T3. As larguras intermolares e intercaninos, comprimento do arco, perímetro do arco, overjet, overbite e irregularidade dos incisivos inferiores foram avaliados nos modelos do arco maxilar e mandibular. Para identificar mudanças estatisticamente significativas em curto prazo (T1-T2) e longo prazo (T2-T3) foi utilizado o teste t de Student. Os resultados mostraram que, durante o tratamento, as larguras do arco maxilar e mandibular foram significativamente aumentadas, tanto nas regiões de molares quanto de caninos, e reduzidas no período pós-contenção. Durante o tratamento apenas o comprimento do arco mandibular reduziu, no entanto, em T3, o perímetro e o comprimento diminuíram em ambos os arcos. Overjet e overbite diminuíram em média 5,5 mm e 2,1 mm, respectivamente, no pós-tratamento e ambos aumentaram (média de 0,5 mm e 0,4 mm) na avaliação pós-contenção. A irregularidade dos incisivos inferiores diminuiu em média de 1,9 mm durante o tratamento e aumentou em média 1,1 mm depois do tratamento. Concluiu-se que a terapia utilizada foi eficaz para a correção da má oclusão de Classe II Divisão 1. Após o período de contenção, mínimas alterações dentárias podem ser esperadas na largura intercanino e intermolar, perímetro e comprimento dos arcos, irregularidade dos incisivos e overjet. Descritores: Má Oclusão de Angle Classe II, aparelhos de tração extrabucal, estudos longitudinais 1 Graduação em Odontologia UFSC, Mestre e Doutora em Ortodontia UFRJ, Professora do Curso de Especialização em Ortodontia UFSC, Diplomada Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial. 2 Professora do Curso de Especialização em Ortodontia ABCD-Florianópolis; Graduação em Odontologia UFSC, Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial UFSC, Mestre e Doutora em Ortodontia UFRJ. 3 Professor dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação UFSC, Mestre e Doutor em Ortodontia UFRJ, Pós-Doutorado em Ortodontia Baylor College of Dentistry, Dallas, TX/EUA, Diplomado Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial. 4 Professor do Curso de Especialização em Ortodontia da ABCD-Florianópolis, Mestre em Ortodontia UFRJ, Doutor em Ortodontia UNESP Araraquara, Pós-Doutorado em Ortodontia Universidade de Aarhus Dinamarca, Diplomado Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial. 5 Professor dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação UFRJ, Mestre e Doutor em Ortodontia UFRJ. 6 Professora dos Cursos de Graduação e Pós-Graduação UFRJ, Mestre e Doutora em Ortodontia UFRJ, Pós-Doutorado em Ortodontia Northwestern University Chicago/EUA. Diplomada Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial. E-mail do autor: eduardo.franzotti@gmail.com Recebido para publicação: 17/08/2015 Aprovado para publicação: 00/00/2015 Como citar este artigo: Derech CA, Baratieri C, Ribeiro GLU, Locks A, Sant anna EF, Bolognese AM. Avaliação longitudinal em pacientes com má oclusão de Classe II Divisão 1 submetidos ao tratamento ortodôntico sem extrações análise de modelos. Orthod. Sci. Pract. 2015; 8(31):.

269 Abstract The aim of this longitudinal study was to evaluate the post-treatment and long-term dental changes in Class II Division 1 malocclusion patients treated with cervical headgear in conjunction with full-fixed appliance in nonextraction therapy. Dental casts of 33 patients were evaluated at pre-treatment (T1), post-treatment (T2), and post-retention (T3). The mean ages were 10.7 years old at T1, 15.1 years old at T2, and 26.2 years old at T3. Molars and canines transversal widths, arch length, arch perimeter, overjet, overbite, and lower incisor irregularity were assessed on maxillary and mandibular dental casts. To identify statistically significant changes in short term (T1-T2) and long-term (T2-T3) was used the Student paired t test. The results showed that, during treatment, maxillary and mandibular widths increased significantly, at both, molar and canine regions and reduced in post-retention period. During treatment only mandibular arch length showed reduction, however, at T3, perimeter and length decreased for maxillary and mandibular arches. Overjet and overbite had a mean decreased, during treatment of 5.5 mm and 2.1 mm, respectively, and both increased (mean of 0.5 mm and 0.4 mm) in post-retention evaluation. Lower incisor irregularity decreased mean was 1.9 mm during treatment and increased mean of 1.1 mm after it. It was concluded that the therapy used was effective for Class II Division 1 malocclusion correction. After the retention period, small dental changes can be expected in intercanine and intermolar width, arch perimeter and length, incisor irregularity and overjet. Descriptors: Malocclusion, Angle Class II, extraoral traction appliances, longitudinal study Introdução Mesmo com todo o avanço científico e tecnológico na Odontologia, a manutenção dos resultados após o tratamento ainda é um desafio aos ortodontistas. Desde que Angle 1 (1899) descreveu a má oclusão de Classe II Divisão 1, vários tratamentos vêm sendo utilizados e os seus efeitos avaliados 4,6,9,15,25. Uma das terapias mais comum durante o período de crescimento inclui o uso do aparelho extrabucal cervical, o qual interfere no crescimento da maxila, no desenvolvimento alveolar e no movimento anterior dos dentes superiores, permitindo que a mandíbula siga seu padrão de crescimento e alcance uma relação esquelética e dentária favorável em relação à maxila 12. Enquanto o problema anteroposterior é corrigido, a discrepância transversa torna-se mais evidente, uma vez que os dentes mandibulares passam a ocluir em posição mais anterior da maxila, sendo essa mais estreita. Esse fato confirma ser essencial intervir na dimensão transversal durante o tratamento da Classe II. Um arco maxilar mais amplo pode ser alcançado através da expansão do arco interno do aparelho extrabucal e/ou dos arcos ortodônticos 10,11, e ainda em casos mais severos, pode-se lançar mão da expansão rápida da maxila 15. Aparelho ortodôntico fixo em ambos os arcos é necessário para alinhar e nivelar os dentes e obter a oclusão ideal quando necessário. Em casos em que o problema de espaço não seja severo, a terapia ortodôntica sem extrações tem sido utilizada com sucesso 13. Alcançar os objetivos do tratamento é tão importante quanto a manutenção dos seus resultados em longo prazo. As mudanças pós-tratamento ortodôntico podem ser causadas, pelo menos em parte, pelas alterações ocorridas durante o tratamento, uma vez que se acredita que o aumento do comprimento e largura do arco dentário tende a recidivar após o período de contenção 3,8,18,23. No entanto, o arco maxilar na má oclusão de Classe II Divisão 1 geralmente tem forma triangular e, inerentemente, durante o tratamento ortodôntico tende a se tornar mais parabólico 3. O desafio e/ou a dúvida é saber o quanto é possível alterar as dimensões dos arcos sem causar recidivas. Sendo assim, conhecer as alterações a longo prazo é essencial para se escolher os objetivos terapêuticos, bem como para determinar quais alterações podem ser esperadas após o tratamento. O objetivo deste estudo clínico longitudinal foi avaliar as alterações no arco dentário imediatas e em longo prazo em pacientes com má oclusão de Classe II Divisão 1 de Angle tratados com aparelho extrabucal cervical e aparelho ortodôntico fixo sem extrações dentárias. Material e métodos Este estudo longitudinal foi composto por 33 indivíduos (10 meninos, 23 meninas) com má oclusão de Cla sse II Divisão 1 submetidos ao tratamento ortodôntico corretivo sem extrações dentárias. Os indivíduos foram selecionados a partir de registros do programa de Pós- -Graduação em Ortodontia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (25 pacientes) e de uma clínica privada (8 pacientes), onde os pacientes foram tratados por ortodontista (A.L) treinado neste mesmo programa.

270 Todos os pacientes apresentavam modelos de gesso ortodônticos no período de pré-tratamento (T1), pós-tratamento (T2) e pós-contenção (T3). Os critérios de inclusão foram: em T1 relação molar de Classe II bilateral completa e relacionamento de Classe II de canino, overjet 5 mm, tratamento ortodôntico sem extrações e uso de extrabucal cervical durante o período de crescimento; em T2 os pacientes deveriam ter estabelecido boa oclusão. Os registros dos pacientes no pós-contenção (T3) deveriam ter pelo menos 4 anos sem qualquer aparelho de contenção. Pacientes com mordidas cruzadas posteriores no pré-tratamento e/ou submetidos à expansão rápida da maxila antes ou durante o tratamento não foram incluídos neste estudo. A média de idade dos pacientes nos diferentes períodos avaliados (T1, T2 e T3) estão apresentados na Tabela 1. Todos os indivíduos usaram aparelho extrabucal cervical de Kloehn (12 a 14 horas por dia - 450 gf) no mínimo por 12 meses. Em conjunto, aparelho ortodôntico fixo (bráquetes edgewise standard - 0,022 x 0,028 polegadas, 3M Unitek) foi utilizado para a oclusão ideal ser estabelecida. Durante o período de contenção, os pacientes foram instruídos a utilizar aparelho de contenção do tipo wrap-around superior por 24 horas durante um ano e apenas à noite por mais um ano. Além disso, foi colada uma barra de contenção lingual 3x3 inferior (fio de 0,032 ) durante pelo menos 5 anos. Para os registros em T3, os pacientes não deveriam ter qualquer aparelho de contenção durante pelo menos 4 anos. Com um paquímetro digital (aproximação de 0,01 milímetros), as seguintes medidas foram realizadas diretamente sobre o modelo de gesso superior e inferior em T1, T2 e T3 (Figuras 1 e 2): Tabela 1 Média da idade (anos e meses) dos pacientes em T1, T2 e T3. n Média Intervalo T1 (pré-tratamento) 33 10a 9m 8a 8m - 14a 8m T2 (pós-tratamento) 33 15a 1m 11a 9m 18a T3 (pós-contenção) 33 26a 3m 20a 5m 39a n= número de pacientes avaliados. Artigo original / Original article Figura 1 Medidas realizadas no arco superior e inferior.

271 Figura 2 Medida da irregularidade dos incisivos inferiores. Largura intercanina foi medida entre as pontas de cúspides dos caninos e entre as superfícies cervicais bucais dos caninos (superior e inferior); Largura intermolar superior foi medida entre as cúspides mésio-bucal (MB), distobucal (DB), mésio- -palatal (MP) e distopalatal (DP) e entre as superfícies bucais cervicais dos primeiros molares superiores direito e esquerdo; Largura intermolar inferior foi medida entre as cúspides mésio-bucal (MB), distolingual (DL) e entre as superfícies bucais cervicais dos primeiros molares inferiores direito e esquerdo; Perímetro do arco foi a soma de seis segmentos entre a mesial do primeiro molar permanente direito e esquerdo; Comprimento do arco foi a soma das distâncias entre ponto de contato mesial dos primeiros molares permanentes (direito e esquerdo) e o ponto de contato entre os incisivos centrais; Irregularidade dos incisivos foi a soma das diferenças entre os pontos de contato dos seis dentes anteriores inferiores 16 ; Overjet: distância da borda incisal do incisivo central superior mais vestibularizado até a face vestibular do incisivo central inferior; Overbite: quantidade de transpasse vertical dos incisivos superiores em relação aos incisivos inferiores (medido perpendicularmente ao plano oclusal). As medições foram realizadas de forma aleatória para todos os pacientes e sem conhecimento quanto à fase de tratamento por um mesmo operador, previamente calibrado. A reprodutibilidade das medidas foi realizada com 12 modelos escolhidos aleatoriamente, e todas as medições foram repetidas com intervalo de 2 semanas. As comparações entre as duas leituras foram avaliadas com o teste t de Student para amostras pareadas (95% de nível de significância); e não foi encontrada diferença estatisticamente significativa. Os valores das médias e desvios padrão foram calculados para cada variável em T1, T2 e T3. Depois de confirmar a distribuição normal dos dados por meio do teste não paramétrico de Shapiro-Wilks, foi utilizado o teste t de Student pareado para identificar mudanças estatisticamente significativas (p 0.01) em curto prazo (T1-T2) e em longo prazo (T2-T3), com base na hipótese nula da igualdade entre os valores médios. O teste t de Student também foi utilizado para amostras independentes comparando os valores médios entre meninos e meninas e não foi encontrada diferença estatisticamente significativa (p < 0,01) entre esses grupos. Para avaliar se as alterações transversais foram diferentes entre as medidas efetuadas na cúspide e na região cervical dos molares ao longo do tempo (T1-T2 e T2-T3), foi utilizada a análise de variância one-way (ANOVA) e o pós-teste Bonferroni para identificar as diferenças entre cada medição. Para identificar diferença entre as larguras intercanino (cervical e cúspides) foi utilizado o teste t de Student. A análise estatística foi realizada utilizando o software SPSS versão 16.0 (SPSS Inc., Chicago, IL, EUA). Resultado Todos os pacientes apresentavam relação molar e canino de Classe I clinicamente estáveis em T3. Os resultados da análise estatística descritiva, média e desvio padrão, estão apresentados na Tabela 2, e da análise estatística nas Tabelas 3, 4 e 5. Os resultados do teste t de Student mostraram que todas as medidas alteraram de forma significativa (p < 0,01) durante o tratamento (T2-T1), exceto o perímetro do arco maxilar e mandibular e o comprimento do arco maxilar. As modificações pós-tratamento também foram estatisticamente significativas (p < 0,01) para todas as medições, exceto o overjet (Tabela 5). A análise multivariada one-way (ANOVA) não mostrou diferença entre as larguras intermolares durante o período de tratamento (T2-T1) e pós-tratamento (T3-T2). O teste t de Student identificou diferença entre as larguras de caninos (cervical e cúspide) apenas para o arco inferior no período pós-tratamento, mostrando que a redução de 1,17 milímetros na largura entre os caninos inferiores medido nas cúspides foi estatisticamente maior do que a redução de 0,72 milímetros na largura cervical dos caninos inferiores (Tabela 4).

272 Tabela 2 Resultado da análise estatística de todas as variáveis avaliadas nos períodos de pré-tratamento (T1), pós-tratamento (T2) e pós-contenção (T3). T1 T2 T3 Média DP Média DP Média DP Largura Intercanino Largura entre ponta de cúspides dos caninos superiores 31.75 2.68 34.53 1.76 33.94 1.85 Largura entre cervical dos caninos superiores 35.80 1.83 37.71 1.56 37.09 1.72 Largura entre ponta de cúspides dos caninos inferiores 25.88 1.73 26.77 1.46 25.60 1.26 Largura entre cervical dos caninos inferiores 29.55 1.30 30.47 1.25 29.75 1.19 Largura intermolar superior Largura entre cúspide MB molar superior 49.13 2.57 52.30 2.40 51.59 2.16 Largura entre cúspide DB molar superior 52.10 2.50 54.86 2.63 54.15 2.35 Largura entre cúspide MP molar superior 39.21 2.46 41.91 2.48 40.77 2.30 Largura entre cúspide DP molar superior 41.48 2.77 44.08 2.99 43.12 2.61 Largura entre cervical do molar superior 53.84 2.64 57.05 2.67 56.61 2.59 Largura intermolar inferior Largura entre cúspide MB molar inferior 43.97 2.59 45.17 2.29 44.50 2.27 Largura entre cúspide DL molar inferior 36.59 2.58 37.58 2.63 37.02 2.61 Largura entre cervical do molar inferior 52.29 2.19 53.75 2.17 53.21 2.29 Perímetro do arco Maxila 78.00 4.38 77.18 3.90 75.74 3.41 Mandíbula 67.71 4.69 67.38 3.05 65.38 2.85 Comprimento do arco Maxila 73.20 3.95 71.77 3.60 69.81 3.07 Mandíbula 63.09 3.62 61.46 2.63 59.76 2.91 Irregularidade dos incisivos 3.60 1.40 1.68 1.17 2.87 1.49 Overjet 8.02 2.78 2.56 0.66 5.50 0.92 Overbite 4.64 1.52 2.57 0.73 2.97 1.04 DP= desvio padrão; MP= mésio-palatina; DP= distopalatina; MB= mésio-bucal; DB= distobucal; DL= distolingual. Tabela 3 Alterações entre pré-tratamento e pós-tratamento (T2 T1) e pós-tratamento e pós-contenção (T3 T2) no arco maxilar. T2 - T1 T3 - T2 Média DP Média DP Largura entre cúspides dos caninos 2.79* a 2.77-0.60* c 1.09 Largura entre cervical dos caninos 1.98* a 1.49-0.62* c 1.07 Largura entre cúspide MB molar 3.17* b 2.19-0.71* d 0.97 Largura entre cúspide DB molar 2.76* b 2.25-0.71* d 1.22 Largura entre cúspide MP molar 2.70* b 2.29-1.13* d 1.09 Largura entre cúspide DP molar 2.60* b 2.57-0.96* d 1.36 Largura entre cervical do molar 3.21* b 1.99-0.44* d 0.78 Perímetro -0.79 2.83-1.49* 1.96 Comprimento -1.43 3.32-1.96* 1.75 DP= desvio padrão. Nível de significância= * p < 0.01. Letras similares na mesma linha significam similaridade entre as medidas. Artigo original / Original article Tabela 4 Alterações entre pré-tratamento e pós-tratamento (T2 T1) e pós-tratamento e pós-contenção (T3 T2) no arco mandibular. T2 - T1 T3 - T2 Média DP Média DP Largura entre cúspides dos caninos 0.89* a 1.91-1.17* c 0.79 Largura entre cervical dos caninos 0.88* a 1.49-0.72* d 0.53 Largura entre cúspide MB molar 1.20* b 2.15-0.67* e 1.02 Largura entre cúspide DL molar 0.99* b 1.92-0.56* e 1.03 Largura entre cervical do molar 1.46* b 1.71-0.54* e 0.66 Perímetro do arco mandibular -0.34 4.58-2.00* 1.78 Comprimento do arco mandibular -1.63* 3.49-1.70* 1.82 Irregularidades dos incisivos -1.92* 2.27 1.14* 1.33 DP= desvio padrão. Nível de significância= * p < 0.01. Letras similares na mesma linha significam similaridade entre as medidas.

273 Tabela 5 Alterações no overjet e overbite entre pré-tratamento e pós-tratamento (T2 T1) pós-tratamento e pós-contenção (T3 T2). T2 - T1 T3 - T2 Média DP Média DP Overjet -5.46* 2.75 0.47* 0.95 Overbite -2.07* 1.74 0.39 1.05 DP= desvio padrão. Nível de significância= * p < 0.01. Discussão A má oclusão de Classe II é relatada como a desarmonia esquelética mais frequentemente encontrada em pacientes ortodônticos 20. Este estudo foi realizado para determinar as alterações dentárias ocorridas em longo prazo em pacientes com má oclusão de Classe II Divisão 1, tratados com aparelho extrabucal cervical, em conjunto com o aparelho ortodôntico fixo, sem extrações dentárias. Todos os pacientes tinham a relação de Classe II corrigida ao final do tratamento e esta foi mantida após o período de contenção. Alterações dentárias clinicamente aceitáveis, mesmo sendo estatisticamente significantes, foram encontradas nas larguras intermolares, intercaninas, comprimento do arco, perímetro do arco, overjet, overbite e na irregularidade dos incisivos inferiores após quatro anos sem nenhum aparelho de contenção. É importante conhecer essas mudanças provocadas, seja pela maturação da oclusão e/ou instabilidade do caso, para que seja possível aprimorar o planejamento ortodôntico. No primeiro período de avaliação, as alterações encontradas mostraram que o tratamento foi bem finalizado, com transpasse horizontal e vertical corrigidos e melhora no alinhamento dos incisivos, como demonstrado pela redução da irregularidade. Nenhuma alteração foi encontrada no perímetro e no comprimento do arco maxilar, mostrando que a correção da Classe II e do overjet não foram obtidas pelo movimento distal dos molares e retroinclinação dos incisivos superiores, mas, provavelmente, por posicionamento anterior da mandíbula 12,14. O comprimento do arco inferior diminuiu significativamente. Em alguns pacientes, o deslocamento mesial dos molares inferiores para o leeway space depois da esfoliação dos molares decíduos pode ter contribuído para essa redução no comprimento 21. Acredita-se que quando a largura do arco dentário é alterada durante o tratamento ortodôntico, existe uma tendência de recidiva aos valores iniciais durante o período de pós-contenção 11. No entanto, em pacientes com Classe II Divisão 1, geralmente é necessário expandir o arco maxilar 10,11, causando alterações na forma do arco durante o tratamento. Neste estudo, aumento significativo na largura do arco maxilar foi conseguido durante a correção da Classe II, sendo esse aumento menor no arco mandibular (Tabelas 3 e 4). O aumento médio foi semelhante nas larguras medidas na ponta de cúspide e na cervical dos molares e caninos, mostrando que o aumento nas distâncias intercaninos e intermolares não se deu apenas por inclinação dentária. Outro aspecto importante é que não foram encontradas rotações nos molares após medições, constatado por similar alteração mediana realizada nas cúspides mesiais e distais. Após o período de pós-contenção, todas as larguras na região de molares e de caninos tenderam a reduzir, porém permaneceram maiores que os valores iniciais. O canino inferior teve a maior alteração quando comparado ao canino superior (Tabelas 4 e 5), sendo que a largura nas cúspides sofreu a maior redução. Isto demonstrou que as coroas dos caninos inclinaram para lingual, mesmo as mudanças sendo mínimas e evitando- -se inclinações durante o tratamento. Ciger et al. 2 (2005) avaliaram pacientes com má oclusão de Classe II submetidos ao tratamento semelhante e não encontraram nenhuma alteração na largura intercanino inferior durante o tratamento, no entanto, apresentaram redução significativa (média de 0,47 mm) durante o período pós- -contenção. Essas alterações podem ser atribuídas ao crescimento residual mandibular de cada indivíduo. De La Cruz et al. 3 (1995) avaliaram os modelos de gesso de pacientes Classe I e Classe II tratados 10 anos após a contenção e encontraram que a maior alteração na forma de arco durante o tratamento foi observado no grupo de Classe II. No entanto, não houve diferença na magnitude das alterações pós-contenção entre Classe I e Classe II. Estudos anteriores com pacientes com má oclusão de Classe II Divisão 1, tratados sem extrações, mostraram que a expansão na região de molares é consideravelmente mais estável do que a expansão na região de caninos 7,26. Sadowsky et al. 22 (1994) encontraram aumento significativo na largura dos segundos pré-molares superiores durante o tratamento sem extrações. A expansão encontrada 5 anos após contenção mostrou- -se estável e consistente com as alterações observadas. Em nosso estudo, tanto perímetro quanto o comprimento do arco diminuíram ao longo do período de pós-tratamento. Por conseguinte, o índice de irregularidade dos incisivos aumentou (1,14 mm). Little et al. 17 (1981) declararam, em relação à diminuição da distância intercanino, independentemente da expansão ou constrição do arco inferior, que o apinhamento anterior parece continuar por anos após a terapia ortodôntica. Moussa et al. 19 (1995) avaliaram a estabilidade a longo

274 Artigo original / Original article prazo do tratamento com expansão rápida da maxila e aparelho fixo e encontraram aumento da irregularidade dos incisivos semelhante (inferior a 1,5 mm), porém, o índice pré-tratamento era maior comparado ao nosso estudo. A correção da discrepância transversal entre os arcos durante o tratamento parece ser um importante aspecto a ser considerado na estabilidade. Um estudo prévio demonstrou que durante o período de pós-contenção, enquanto a dimensão transversa da maxila na região cervical é reduzida, na região basal do palato esta é mantida e os processos alveolares tornam-se mais paralelos 4. Esses resultados mostram que o aumento transverso na região cervical, particularmente na região posterior durante o tratamento em período de crescimento, são benéficos e estáveis a longo prazo se acompanhado de aumento na largura da base do palato. Portanto, o crescimento e a remodelação óssea na base palatina são essenciais para compensar o aumento da altura e da perda transversa em longo prazo. No que diz respeito à terapia ortodôntica aplicada, procedimentos mecânicos para expandir a maxila são benéficos para o tratamento e estabilidade da má oclusão de Classe II 4,5,9,15,24. A grande variabilidade individual requer cautela na interpretação dos resultados do presente estudo. A maioria das alterações dentárias que ocorreu em longo prazo era clinicamente insignificante e não interferiu na estabilidade da Classe II. Além disso, a ausência de um grupo controle com características semelhantes ao estudado não permite que os resultados encontrados sejam atribuídos exclusivamente como efeito do tratamento. Essas mudanças podem ser reflexo das próprias modificações fisiológicas sofridas durante esse período 8,17. Isto sugere que após o período de contenção, o clínico deve esperar algum grau de recidiva, ou melhor, esperar alterações do próprio envelhecimento da oclusão. Neste estudo, os pacientes estavam sem qualquer contenção durante pelo menos 4 anos. Sugere-se ainda a manutenção da contenção anteroinferior para se evitar alterações dentárias nesta região. Conclusão Dentro dos limites deste estudo, concluiu-se que o uso do extrabucal cervical, em conjunto ao tratamento com aparelho ortodôntico fixo sem extrações dentárias é eficaz para a má oclusão de Classe II Divisão 1. No período pós-contenção, nenhuma alteração clínica significativa deve ser esperada na largura intermolar, largura intercanina, perímetro e comprimento de arco, irregularidade no incisivo e no overjet. Referências 1. Angle EH. Treatment of malocclusion of the teeth. Philadelphia: SS White Manufactoring Company, 1899. 2. Ciger S, Aksu M, Germeç D. 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