RESUMO. R Periodontia 2012; 22: INTRODUÇÃO

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Braz J Periodontol - September 2012 - volume 22 - issue 03 ASSOCIAÇÃO ENTRE ESTRESSE, PARÂMETROS MICROBIOLÓGICOS E CONDIÇÃO CLÍNICA PERIODONTAL - ESTUDO TRANSVERSAL COM ALUNOS DA ESCOLA DE ESPECIALISTAS DA AERONÁUTICA Association between stress, microbiological parameters and periodontal clinical conditions - A crosssectional study with arm students Maria Valéria Costa de Campos 1, Alexandre Prado Scherma 3, José Roberto Cortelli 2, Gilson Cesar Nobre Franco 2, Fernando Oliveira Costa 4, Maurício Dias P. da Silva 5, Mateus Pazini Souza Chagas 6, Sheila Cavalca Cortelli 2 1 Especialista em Periodontia / Unitau 2 Departamento Periodontia / Unitau 3 Departamento de Biologia Odontológica / Unitau 4 Departamento Periodontia / UFMG 5 Graduando Odontologia, bolsista PIBIC, Unitau 6 Graduando Odontologia / Unitau Recebimento: 28/06/12 - Correção: 16/07/12 - Aceite: 22/08/12 RESUMO O objetivo do presente estudo foi comparar parâmetros clínicos e microbiológicos periodontais entre estudantes da Escola de Especialistas da Aeronáutica com diferentes níveis de estresse. Para tanto, o estudo incluiu 78 indivíduos não fumantes (22,60 ± 3,30), sendo 37 homens e 41 mulheres previamente diagnosticados quanto ao nível de estresse e alocados em 2 grupos: sem estresse (n = 31) e com estresse (n = 47). Os valores de índice de placa, índice gengival, profundidade de sondagem e nível clínico de inserção foram obtidos pelo mesmo examinador previamente treinado e calibrado. Amostras de biofilme foram obtidas do sulco/bolsa periodontal equivalente a pior situação do quadrante, da mucosa jugal e do dorso da língua, e a presença de A. actinomycetemcomitans, P. gingivalis e E. corrodens determinada por PCR. Observou-se que os parâmetros clínicos não diferiram entre os grupos (p < 0,05) e que E. corrodens, foi mais prevalente, seguido de A. actinomycetemcomitas e P. gingivalis (p < 0,05). Apenas E. corrodens foi mais frequente nos indivíduos alocados no grupo com estresse em comparação ao grupo sem estresse (p < 0,05). Nessa população jovem, o fator estresse não apresentou interferência nos parâmetros clínicos periodontais, porém, esteve relacionado a um significativo aumento na prevalência de E. corrodens. UNITERMOS: estresse; condição periodontal; militares; bactérias; saliva; proteínas salivares; fatores de risco. R Periodontia 2012; 22:62-69. INTRODUÇÃO A partir dos anos 90, iniciou-se um novo horizonte na Periodontia com o surgimento do paradigma denominado Medicina Periodontial (Willans & Offenbacher, 2001). O estresse é considerado um indicador de risco da doença periodontal, isto é, um possível fator associado a doença identificado em estudos caso-controle e em estudos transversais. Segundo Dorland (2000) o estresse corresponde ao estado de tensão fisiológica ou psicológica causada por estímulos físicos, mentais, ou emocionais, internos ou externos, que tendem a perturbar o funcionamento de um organismo. O estresse pode ser definido como a soma das respostas físicas e mentais causadas por determinados estímulos externos (estressores) a qual permitirá ao indivíduo superar determinadas exigências do meio ambiente além de superar ainda o próprio desgaste físico e mental causado pelo processo (Seyle, 1936). Estudos clínicos experimentais têm demonstrado que o estresse está associado com alteração da função imunológica, aumentando a suscetibilidade a infecção, câncer, doenças autoimunes e alergia (Breivik & Thrane, 2000). Quando o cérebro, mesmo que de modo involuntário, interpreta alguma situação como estressante, o organismo 62 An official publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393

passa a desenvolver uma série de alterações denominadas em seu conjunto de Síndrome Geral da Adaptação ao Estresse (Selye, 1976) que consiste em três fases sucessivas (Reação de Alarme, Fase de Adaptação ou Resistência e Estado de Esgotamento ou Fase de Exaustão). O hipotálamo é considerado o principal sítio cerebral responsável pelas respostas orgânicas aos agentes estressores. E a hipófise, por sua vez, tem como uma das principais ações estimular as glândulas supra-renais na liberação de corticóides e catecolaminas. O aumento na produção destes hormônios pelas suprarrenais são os principais indicadores biológicos da resposta ao estresse. A relação entre a condição periodontal e fatores psicossociais (como por exemplo, estresse, depressão e ansiedade) tem sido estudada (Monteiro da Silva et al., 1995). O estresse tem sido relacionado não apenas com a maior ocorrência como também com a gravidade da doença periodontal (Hugo et al., 2006). Tem sido sugerida uma relação entre eventos estressantes e periodontite embasados, sobretudo pelo fato de que o aumento na produção de corticóides possa ter efeitos deletérios sobre os tecidos periodontais. Entretanto, pode ser que os fatores psicossociais participem da etiologia da doença periodontal apenas quando associados a outros fatores como pobre higiene bucal e tabagismo. LeResche & Dworkin (2002) demonstraram como os mecanismos do estresse podem contribuir para o início, exacerbação e manutenção da doença periodontal, e, paradoxalmente, também para sua prevenção ou controle. Genco et al. (1998) evidenciaram que o potencial de ação de estressores psicossociais pode desencadear a cascata de eventos para liberação do hormônio corticotrófico no eixo hipotálamo-ptuitária-adrenal, tendo consequências fisiológicas, as quais deprimem o sistema imune e que associadas a pobre higiene bucal e tabagismo, influenciam diretamente a condição periodontal. Kinane (1999) demonstrou que a incidência de gengivite ulcerativa necrosante aumentava em períodos de estresse fisiológico e emocional enquanto Green et al. (1986) constataram que a prevalência de doença periodontal aumentava em períodos de estresse. Genco et al. (1998) avaliaram a associação do estresse, angústia e comportamentos depressivos com doença periodontal e encontraram que a magnitude do estresse fisiológico ou decorrente de problemas financeiros são significativos indicadores para a doença periodontal em adultos. Deinzer et al. (2001) estudaram o potencial da ligação estresse-acúmulo de placa bacteriana em acadêmicos em época de exames. Foram realizados exames periodontais no início e durante as provas, apenas 10,5 + 9,3% dos examinados em época de provas, estavam livres de placa. An official publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393 Firestone (2004) ao analisar ex-participantes da Segunda Guerra Mundial concluiu que fatores psicossomáticos podiam induzir reabsorção óssea alveolar. E, Klages et al. (2005) relataram que eventos adversos, somatização e sintomas de depressão podem desempenhar um papel importante na inflamação gengival. Moos et al. (1996) realizaram um estudo caso-controle no qual aplicaram questionário psicológico associado a avaliações periodontal, bioquímica e microbiológica. Os seus achados apontaram um risco de desenvolver a doença periodontal associada a problemas no trabalho e tensões no geral. Em relação às análises microbiológicas, existiram fortes correlações entre T. Forsythia e depressão. Assim, fica demonstrado que os mecanismos subjacentes a determinadas condições ou doenças, como estresse e periodontite, exibem pontos semelhantes e por vezes sobreposição de fatores. Sendo assim, o objetivo do presente estudo foi comparar os parâmetros clínicos e microbiológicos periodontais entre estudantes da Escola de Especialistas da Aeronáutica (EEA) exibindo diferentes níveis de estresse, para verificar a possível associação entre estresse e doença periodontal. MATERIAIS E MÉTODOS População Dos matriculados nas diferentes especialidades da EEA, foram selecionados 90 por meio de sorteio aleatório, baseado no número de matrículas e utilizando uma tabela de números equiprováveis. Dos alunos selecionados 78 participaram ativamente do estudo. Alunos matriculados na 1ª, 2ª e 3ª séries dos 28 cursos oferecidos na EEA, localizada em Guaratinguetá - SP foram submetidos ao exame psicotécnico aplicado por um profissional da área de Psicologia para determinação de sua condição emocional. Os objetivos do presente estudo foram explicitados de forma oral e escrita aos possíveis participantes e os que aceitaram foram incluídos no estudo após assinarem o Termo de Consentimento Livre Esclarecido, desde que obedecessem aos critérios de inclusão. O presente estudo foi avaliado e aprovado pelo CEP da Instituição (protocolo nº 412/06). Para participar do estudo os indivíduos deveriam ter entre 20 e 25 anos de idade; não ser tabagista ou etilista, e se exfumante ter deixado de fumar há pelo menos 3 anos; não ser diabético; não ter sido submetido ao uso local ou sistêmico de antibióticos nos últimos 6 meses e de antiinflamatórios nos últimos 3 meses; apresentar os dentes primários (16, 14, 11, 22, 24, 26, 36, 32, 41, 44 e 46) ou secundários (17, 63

15, 12, 21, 25, 27, 37, 35, 31, 42, 45 e 47) preconizados por Ramfjörd (1974). EXAME CLÍNICO Para a calibração intraexaminador, quando da obtenção das variáveis contínuas, foi realizado o cálculo do Erro Padrão da Medida - EPM (Araujo et al., 2003). Inicialmente, foram selecionados 12 voluntários (os quais não fizeram parte deste estudo) e utilizados cinco dentes (preferencialmente molares e incisivos) e seis faces por dente (mesio-vestibular, médio-vestibular, disto-vestibular, mesio-lingual, médiolingual e disto-lingual). As medidas de Profundidade de Sondagem e Nível Clínico de Inserção foram registradas. Após aproximadamente 60 minutos, os mesmos sítios foram reexaminados. O operador foi considerado calibrado quando EPM 85. Os dados referentes ao índice gengival foram analisados pelo teste estatístico Kappa. O operador foi considerado calibrado quando K = 0,8. Para o exame intrabucal foi utilizado espelho clínico número 5 (Duflex), pinça para algodão (Duflex), explorador de ponta romba (Duflex), sonda periodontal milimetrada (PCPUNC156, Hu-Friedy - USA). Avaliação dental e periodontal foram realizadas na Clínica Odontológica da EEA, por um único examinador previamente treinado e calibrado e anotadas em fichas próprias da seguinte forma: Índice de placa bacteriana (IP) (Silness & Löe, 1964): 4 pontos por dente utilizando-se os dentes de Ramfjörd e classificado em escores 0, 1, 2 ou 3. Índice gengival (IG) (Löe & Silness, 1963): 4 pontos por dente utilizando-se os dentes de Ramfjörd e classificado em escores 0, 1, 2 ou 3. Profundidade de sondagem (PS): medida linear (mm) em 4 pontos por dente utilizando-se os dentes do índice de Ramfjörd (1974). Nível clínico de inserção (NCI): medida linear (mm) em 4 pontos por dente utilizando-se os dentes de Ramfjörd (1974). AVALIAÇÃO DO ESTRESSE Cada voluntário recebeu o caderno de aplicação do Inventário de Sintomas de Stress para Adultos de Lipp (ISLL), sua respectiva folha de respostas e uma caneta esferográfica azul ou preta. O ISSL foi aplicado pela psicóloga Major Débora Coelho Duarte e um psicólogo auxiliar por ela selecionado, e teve a duração aproximada de 10 minutos/grupo. A correção e a interpretação dos dados foram executadas manualmente pela Psicóloga responsável de acordo com os critérios estabelecidos pelo próprio manual (Lipp, 2000). Todos os interessados após o preenchimento dos questionários receberam palestras sobre estresse e qualidade de vida. EXAME MICROBIOLÓGICO Para a realização da análise microbiológica uma amostra microbiológica representativa (Cortelli et al., 2005a.) foi obtida com cones de papel esterilizados (número 30, Dentsply) a partir de quatro sítios por indivíduo correspondentes ao maior comprometimento periodontal/quadrante. Amostras da língua foram coletadas com swab de algodão tamponado esterilizado, sendo cada swab previamente umedecido em solução de Ringer e rotacionado seis vezes em seu próprio eixo numa área central do dorso da língua com aproximadamente 1cm². De forma similar foram ainda obtidas amostras da mucosa jugal do lado esquerdo. Todas as amostras foram acondicionadas em minitubos contendo solução de Ringer reduzida e estocadas a -80 o C. Posteriormente, o material foi homogeneizado em agitador mecânico (Vortex, Phoenix, AP56) por sessenta segundos e 300µL da amostra foram centrifugadas por 10 minutos a uma velocidade de 4690Xg sendo colocado sobre o material sedimentado 200µL de Instagene (Bio-Rad ), matriz de extração e purificação de DNA. Após procedimento de homogeneização (15seg), o material foi colocado em banho-maria (Quimis ) por 30 minutos a temperatura de 56 o C. Em seguida, o material foi novamente homogeneizado (30seg) e então mantido por oito minutos em banho-maria à temperatura de 100ºC. O material foi então novamente homogeneizado (15seg) e centrifugado por mais quatro minutos. O processo de extração do DNA foi confirmado pela técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR), utilizandose o primer para a proteína b-actina humana com auxílio do termociclador Mastercycler Gradient (Eppendorf ). A PCR se baseou num ciclo repetitivo de três reações que ocorreram em diferentes temperaturas de incubação, em um mesmo minitubo e na presença de reagentes termoestáveis. Com a confirmação do processo de extração as amostras foram amplificadas para identificação de cepas de Aggregatibacter actinomycetemcomitans, Porphyromonas gingivalis, Eikenella corrodens conforme previamente descrito (Cortelli et al., 2005b). Os produtos amplificados foram analisados por meio de eletroforese (Horizon 11-14) em gel de agarose a 2%, contendo 40ml de solução tamponada e 0,40g de agarose, visualizado sob luz ultravioleta pela adição de brometo de etídio (30µL) como corante fluorescente. Para a obtenção do gel este foi corrido a 10V/cm2 por uma hora em solução 64 An official publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393

tamponada constituída de tampão TBE (TBE buffer, Sigma ), 400mL de água destilada e brometo de etídio. A separação eletroforética permitiu a determinação da presença e o tamanho dos produtos amplificados, pela variação de migração quando comparado ao marcador de peso molecular Ladder 100bp DNA (Invitrogen ). Os géis obtidos foram fotografados e analisados em comparação aos produtos amplificados de cepas padrão. ANÁLISE ESTATÍSTICA Após tabulação dos dados clínicos e microbiológicos, os mesmos foram submetidos a um tratamento estatístico específico com auxilio do software Bio Estat 5.0 e confiabilidade estatística de 95% (p < 0,05). Para a análise do fator estresse, Tabela 1 os indivíduos foram agrupados em 2 grupos: sem estresse (sem estresse e fase de alerta) e com estresse (fases de resistência, quase exaustão e exaustão). Após o agrupamento e, em cada situação de análise, a característica de distribuição amostral foi analisada através dos seguintes testes estatísticos: ANOVA, t de Student e Wilcoxon. RESULTADOS Parâmetros clínicos Dos 78 indivíduos que participaram do estudo 27 alunos se apresentaram sem estresse, 4 na fase de alerta, 27 na fase de resistência, 5 na fase de quase exaustão e 15 na fase de exaustão. Após análises exploratórias devido à ausência de diferenças significativas entre os grupos, os mesmos foram reagrupados em estresse positivo (+) ou negativo (-) (Tabela 1). Distribuição da população estudada de acordo com o gênero e a condição de estresse Sem estresse Com estresse Masculino 26 11 Feminino 5 36 Total (MI±DP) 37 (23,54±4,26) 41 (21,78±1,86) Total (MI±DP) 31 (22,70±4,38) 47 (22,00±2,24) 78 (22,60±3,33) MI: média de idade; DP: Desvio padrão Tabela 2 Valores médios de Profundidade de Sondagem (PS), Nível Clínico de Inserção (NCI), Índice de Placa (IP) e Índice Gengival (IG) de acordo a condição de estresse dos indivíduos Sem estresse (média±dp) Com estresse (média±dp) Total (média±dp) PS 1,71±0,29 1,66±0,48 1,68±0,41 NCI 1,34±0,48 1,14±0,32 1,21±0,40 IP 0,76±0,57 0,86±0,40 0,81±0,48 IG 0,89±0,62 0,90±0,54 0,90±0,60 DP: Desvio padrão Os valores médios de índice de placa e índice gengival apresentaram-se elevados em ambos os grupos (Tabela 2). Entretanto, a condição clínica periodontal não diferiu entre os grupos. Parâmetros microbiológicos Inicialmente determinou-se a prevalência bacteriana, independente de estresse, considerando como positivo o An official publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393 65

Figura 1 Frequência de A.actinomycetemcomitans, P. gingivalis e E. corrodens nos indivíduos estudados, independente da avaliação de estresse * - Diferença estatisticamente significativa (p<0,05) Maior valor - Diferença estatisticamente significativa (p<0,05) Valor intermediário - Diferença estatisticamente significativa (p<0,05) Menor valor Aa: A.actinomycetemcomitans, Pg: P. gingivalis e Ec: E.corrodens * indivíduo que apresentasse a bactéria em pelo menos um dos três sítios avaliados. Nessas condições a maior frequência foi encontrada para E.corrodens e a menor frequência para P. gingivalis (Figura 1). A Tabela 4 mostra a distribuição bacteriana de acordo com o sítio de coleta, isto é, sulco, língua e mucosa, e a condição de estresse. Para A actinomycetencomitans e P. gingivalis não foram encontradas diferenças significativas entre os grupos para nenhum dos sítios pesquisados. Entretanto, E. corrodens foi mais frequente, no sulco, língua e mucosa, nos indivíduos com estresse quando comparados com o grupo sem estresse (p< 0,05). Tabela 4 Frequência de A.actinomycetemcomitans, P. gingivalis e E. corrodens de acordo com a condição de estresse e sítio coletado Sem estresse Com estresse Total A. actinomycetemcomitans P. gingivalis E. corrodens S 5 3 8 L 1 0 1 M 1 2 3 S 0 1 1 L 0 0 0 M 0 0 0 S 2 10 12 L 0 9 9 M 1 10 11 S: Sulco; L: Língua; M: Mucosa, * - Diferença estatisticamente significativa; p<0,05 Ao se agrupar os sítios pesquisados, confirmou-se a maior frequência de E. corrodens entre os indivíduos estressados (Figura 2). Figura 2 Frequência de A.actinomycetemcomitans, P. gingivalis e E. corrodens de acordo com a condição de estresse dos indivíduos * - Diferença estatisticamente significativa; p<0,05 SE= estresse - CE= estresse + Aa: A.actinomycetemcomitans, Pg: P. gingivalis e Ec: E.corrodens * DISCUSSÃO No presente estudo foram analisados alunos da Escola de Especialistas de Aeronáutica, os quais estão constantemente sob estresse devido às suas responsabilidades militares e intenso programa de aulas e provas. A profissão militar pode estar incluída, muitas vezes, no contexto de estresse ocupacional por ter revelado, ao longo da história, aspectos marcantes de singularidade. Recursos humanos altamente qualificados, treinados, motivados, bem equipados e integralmente dedicados à atividade militar são o fundamento da capacitação de qualquer Força Armada, refletindo o desejo da própria sociedade. Daí decorrem as especificidades da vida militar como, risco de vida, rigor disciplinar e hierárquico, dedicação exclusiva, disponibilidade permanente, mobilidade geográfica, vigor físico e vínculo permanente. Segundo Genco et al. (1999) indivíduos estressados 66 An official publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393

apresentaram mais problemas peridodontais do que os emocionamente equilibrados, os autores ainda sugeriram que os efeitos do estresse psicossocial na doença peridontal pode ser modulado por fatores comportamentais. Esse estilo de vida levado por esses alunos poderia fazer com que eles tivessem menos tempo para cuidar da higiene bucal e o estresse contribuiria para esse fato. No presente estudo, a condição clínica periodontal não sofreu interferência direta do fator estresse. Os valores médios de profundidade de sondagem e nível de inserção clínica foram compatíveis com os observados em populações periodontalmente saudáveis. Em contrapartida, Vettore et al. (2003) fizeram um estudo caso-controle sobre estresse e ansiedade com as características clínicas periodontais. Os 79 participantes foram divididos em três grupos de acordo com os valores de PS: grupo controle, (PS < a 3mm), grupo teste 1 (mínimo 4 sítios com PS > 4mm e < 6mm) e grupo teste 2 (mínimo 4 sítios com PS > 6mm). Perda de inserção clínica moderada (4-6mm) e profundidade de sondagem moderada (4-6mm) estiveram significativamente associadas com ansiedade. Assim, indivíduos com ansiedade pareceram mais propensos à doença periodontal. Os valores elevados do índice de placa neste estudo apontaram para uma população com pobre higiene bucal. Logo, os valores médios do índice gengival demonstraram alto grau de inflamação gengival em ambos os grupos. Resultados semelhantes, foram obtidos por Deinzer et al. (2001),os quais estudaram o potencial da ligação estresse-acúmulo de placa bacteriana em acadêmicos durante a época de exames. Os exames peridodontais foram realizados no início e durante as provas, sendo assim, verificou-se que apenas 10,5% dos examinados, estavam livres de placa. Klages et al. (2005) também relataram que eventos adversos, somatização e sintomas de depressão podem desempenhar um papel importante na inflamação gengival. Deinzer et al. (2004) relataram que o estresse induziu aumento de cortisol na saliva e aumento nos níveis de IL- 1B todavia, esse fato foi apenas observado quando houve simultaneamente acúmulo de placa. Alekasejuñiené et al. (2002) propuseram um estudo sobre estresse psicossocial, estilo de vida e estado periodontal. As informações sobre higiene bucal e remanescente periodontal não exibiram relação com a condição emocional. Similarmente, Mengel et al. (2002) não encontraram correlação entre níveis sanguíneos de mediadores imunológicos (IL-1B,IL-6) e cortisol com estresse em pacientes com doença periodotnal. Solis et al. (2004) realizaram um estudo transversal para investigar se ansiedade, depressão e sintomas de angústia estão relacionados com doença periodontal. Foram realizados An official publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393 exames de profundidade de sondagem e nível de inserção clínica em 160 indivíduos que também responderam a questionários para mensuração de depressão e ansiedade. Nessa amostra, não foi encontrada evidência para a associação entre depressão, angústia, sintomas psiquiátricos e estado periodontal. Por outro lado, Susin & Rösing (2003) em modelo animal relataram efeito benéfico do estresse crônico moderado sobre a perda óssea alveolar de ratos submetidos a imobilização maxilar associada ou não a flash de luz. A prevalência de P. gingivalis no presente estudo foi baixa (1,28%). Num estudo realizado por Tamura et al. (2005) P. gingivalis foi analisada em crianças e adolescentes japoneses por PCR, e também foi encontrado um baixo número de indivíduos com amostras positivas (3,23%). Binstein et al., (2004) propuseram um estudo sobre a prevalência de P. gingivalis em crianças onde foram examinadas 34 crianças utilizando as técnicas de hibridização de DNA e ensaio imunoluzimático. Os autores observaram que a prevalência de P. gingivalis tende a aumentar com o avanço da idade. A. actinomycetemcomitans é um patógeno frequentemente associado a indivíduos com doença periodontal. Porém, a reduzida idade dos participantes do presente estudo pode justificar a baixa frequência do patógeno encontrado neste estudo. Já a alta frequência de E. corrodens para a população estudada pode estar relacionada, por exemplo, com a progressão da doença em pacientes jovens como citado por Suda et al. em 2002. CONCLUSÃO Diante dos resultados obtidos, pode-se concluir que, na população estudada, o fator estresse não apresentou interferência nos parâmetros clínicos periodontais analisados, porém, esteve relacionado a um significativo aumento na frequência de E. corrodens. ABSTRACT The aim of the present study was to compare clinical and microbiological parameters among students in the Escola de Especialistas da Aeronáutica (Brazililian Airforce School of Specialists) showing different levels of stress. The study population was composed of 78 non-smoking (22,60±3,30) individuals, 37 men and 41 women previously diagnosed for their level of stress, and separated in two groups: unstressed (n=31) and stressed (47). Plaque index, gingival index, probing depth and clinical attachment level on index teeth (Ranfjörd, 1974) were obtained by the same previously trained and 67

calibrated examiner. Biofilm samples were collected from the sulcus/periodontal pocket showing the worst situation in the quadrant, in the jugum mucosa and in the back of the tongue, and were tested (by PCR) to determine the presence of A. actinomycetemcomitans, P. gingivalis e E. corrodens. It was observed that clinical parameters did not differ between groups (p<0,05). Prevalence levels were higher for E. corrodens, followed by A. actinomycetemcomitas and P. gingivalis (p<0,05). Only E. corrodens suffered interference from the stress factor, since subjects allocated in the stressed group showed greater frequency of the pathogen than the unstressed group (p<0,05). The study concluded that in this young population, stress did not seem to interfere in periodontal clinical parameters, however, it was related to a significant increase in the prevalence of E. corrodens. UNITERMS: stress; periodontal condition; military; bacteria; saliva; salivary protein; risk factors. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1- Willians RC, Offenbacher S. Periodontal medicine: The emergence of a new branch of priodontology. Periodontol 2000 2001; 23: 9-12. 2- Dorland. Dorland s Ilustrated medical Dictionary. Oxford, UK:WB Saunders, 2000. 3- Seyle H. Thymus and adrenals in the response of the organism to injuries and intoxication. Br J Exp Pathol 1936; 17:234-248. 4- Breivik T, Thrane OS. Psychoneuroimmune interactions in periodontal disease. In: Alder R, Felten DL, Cohen N. Psychoneuroimmunlogy. 3 rd Ed. San Diego: Academic Press; 2000. P.627-644. 5- Selye H. Stress in health and disease. Boston: Butter-worths, 1976. 6- Monteiro da Silva AM, Newman NH, Oakley DA. Psychosocial factors in inflammatory periodontal diseases. A review. J Clin Periodontol 1995; 22: 516-526. 7- Hugo FN, Hilgert JB, Bozzetti MC, Bandeira DR, Tonantzin RG, Pawlowski J et al. Chronic stress, depression, and cortisol levels as risk indicators of elevated plaque and gingivitis levels in individuals aged 50 years and older. J. Periodontol 2006; 77:1008-1014. 8- LeResche L., Dworkin SF. The role of stress in inflamatory disease, including periodontal disease: review of concepts and current findings. Periodontal 2000. 2002; 30: 91-103. 9- Genco R.J. et al.models evaluate the role of stress in periodontal disease.ann Periodontol. 1998 Jul; 3(1):288-302. 10- Kinane DF.Periodontitis Modified by Systemic Factors.Ann Periodontal 1999 Dec;4 (1): 54-64. 11- Green LW, Tryon WW, Marks B, Huryn J. Periodontal disease as a function of live events stress. J Human Stress 1986; 12:32-36. 12- Deinzer R. et al.effects of academic stress on oral hygiene- a potential link between stress and plaque-associated disease?j Clin periodontal 2001 May; 28 (5): 459-64 13- Firestone JM.Stress end periodontitis.j Am. Dent. Assoc.2004 Apr;135 (4):406, 408,410. 14- Klages U, Weber AG, Wehrbein H. Approximal plaque and gengival sulcus bleeding in routine dental care patients: relations to estress, somatization and depression.j Clin Periodontal 2005; 32 (6):575-82. 15- Moos ME, Beck JD, Kaplan BH, Offenbacher S, Weintraub JA, Koch GG, et al. Exploratory case-control analysis of psychosocial facvtors and adult periodontitis. J Periodontol 1996; 76:1060-1069. 16- Ramfjord, S. P. Design of studies or clinical trials to evaluate the effectiveness of agents or procedures for the prevention, or treatment, of loss of the periodontum. J. Periodontal Res, v.9, suppl. 14, p. 78-93, 1974. 17- Araujo, M. W. B. et al. Reproducibility of Probing Depth Measurements using a constant force electronic probe: analysis of inter- and intraexaminer variability. J Periodontol, v. 74, n.12, p. 1736 1740, Dec. 2003. 18- Silness, J; Löe, H. Periodontal disease in pregnancy II. Correlation between oral higiene and periodontal condition. Acta Odontol Scand, v. 22, n.1, p. 121 135, 1964. 19- Löe, H; Silness, J. Periodontal disease in pregnancy I. Prevalence and severity. Acta Odontol Scand, v.21, p. 553 551, 1963. 20- Lipp, Marilda E. Novaes. (2000). Inventário de sintomas de stress para adultos de Lipp - ISSL. São Paulo: Casa do Psicólogo. 21- Cortelli, J. R. et al. Prevalence of periodontal pathogens in Brazilian with aggressive or chronic periodontitis. J Clin Periodontol. v.32, p.860-866, 2005. 22- Genco R.J. et al.relationship of stress, distress and inadequate coping behaviors to periodontol disease.j Periodontol. 1999 Jul; 70(7): 711-23. 23- Vettore M.V., et al. The relationship of stress and anxiety with chonic periodontitis.j Clin Periodontal. 2003 May; 30 (5):394-402. 24- Deinzer R. et al.acute stress efects on local I1-1 beta responses to pathogens in a human in vivo model.brain Behav and Immun. 2004 Sep; 18 (5):458-67. 25- Aleksejuñiené J et al. Psychosocial stress, lifestyle and periodontal health.j Clin Periodontal.2002 Apr; 29 (4):326-35. 26- Mengel R., Bacher M., Flores-De-Jacoby L.Interactions between stress, 68 An official publication of the Brazilian Society of Periodontology ISSN-0103-9393

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