ESTAMPARIA. Professora Dr. Paula Pive Linke. Plano de Estudo. Objetivos de Aprendizagem

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Transcrição:

ESTAMPARIA Professora Dr. Paula Pive Linke Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: Tipos de estampas Técnicas de criação de estampas: Rapport Aplicação e ilustração de estampas em peças de moda Objetivos de Aprendizagem Explicar o que é cada uma das técnicas de estamparia e orientar como devem ser aplicadas ao desenho de moda. Esclarecer o que é um Rapport e orientar como devem ser aplicados ao desenho de moda. Mostrar como as estampas devem ser aplicadas ao desenho de moda.

unidade V

INTRODUÇÃO Olá caro(a) aluno(a), seja bem vindo(a) a mais uma unidade do livro de Desenho de Moda. Nesta unidade intitulada "Estamparia", você verá o que são as estampas, quais as possibilidades e como aplicá-las ao desenho de moda. Além das texturas, transparências e peles, no setor de moda utiliza-se as estampas para ornamentar as peças do vestuário. Existe uma grande variedade de opções desde tecidos estampados até a aplicação de estampas localizadas. O que você precisa saber sobre as estampas é que o seu processo de ilustração exige atenção nos detalhes, pois o desenho deve ficar bem representado e adaptado aos movimento da roupa e do próprio croqui que você utiliza, assim como a luz e sombra também devem ser trabalhadas sobre o vestuário. Esta unidade está dividida em três partes: Tipos de estampas, Técnicas de criação de estampas e Rapport e Aplicação e Ilustração de estampas em peças de moda. Na primeira parte apresento a você o que é uma estampa e quais os tipos existentes, assim você pode pensar nas diversas possibilidades de aplicação das mesmas no desenho de moda. Em seguida, na segunda Unidade, apresento as técnicas de ilustração de estampa, ou seja, a estampa localizada e o Rapport, que se refere ao processo de repetição de estampas ao longo do tecido ou superfície têxtil. Você certamente já viu e conhece as duas técnicas, mas aqui você vai aprender a ilustrá-las. Na terceira parte, intitulada Aplicação e ilustração de estampas em peças de moda, você verá como colocar os desenhos em croquis, aplicando luz, sombra e movimento na peça que apresenta a estampa. A intenção desta unidade é fazer com que você entenda o que são as estampas, como desenvolvê-las e, por fim, como aplicá-las a uma peça de vestuário. Vamos dar início à leitura.

DESENHO DE MODA Tipos de Estampas Olá caro(a) aluno(a), vamos entender, primeiramente, o que é a estamparia e, depois, veremos cada um dos tipos existentes (estampa, corrida, barrado e localizada). Estamparia está relacionada ao design de superfície, pois ela se refere à aplicação de desenhos sobre uma superfície específica, o tecido. Existem diversas possibilidades de se trabalhar a estampa, como afirma Stipelman (2015), principalmente quanto à variedade de cores e formas. Inicialmente, pode-se dizer que a estamparia consiste em 192

DESIGN estampar ou imprimir designa de maneira genérica diferentes procedimentos que têm como finalidade produzir desenhos coloridos e também brancos ou monocromáticos na superfície de um tecido, como se fosse uma pintura localizada que se repete ao longo da metragem da peça e aplicada no seu lado conhecido como lado direito. Essas figuras podem ou não possuir contornos, variantes que estão intimamente ligadas aos modismos e tendências de cada época (CHATAIGNIER, 2006, p. 82). A definição de Chataignier (2006) diz respeito à aplicação de desenhos em um tecido, contudo a autora ressalta que esses desenhos não são aleatórios, mas estão voltados à estética de cada período, ou seja, seguem tendências. SAIBA MAIS A estamparia que utilizava quadros de madeira para realizar os desenhos sobre o tecido surgiu por volta do século XVII, mas foi a partir do século XVIII que essa técnica se ampliou melhorando a qualidade e a variedade das estampas. Fonte: Laver e Carvalho (2001). A autora afirma ainda que a palavra é inglesa, mais exatamente printwork, ou seja, trabalho pintado. A arte de decorar um tecido, qualquer que seja a sua natureza ou qualidade, por meio de um motivo único ou desenhos variados, que podem ou não ser repetidos chegando mesmo à possibilidade de criar telas grandes como um quadro, nas quais exista uma espécie de cena com enredo. Consta que essa arte foi anterior à pintura realizada em outros materiais e é antiquíssima (CHATAIGNIER, 2006, p. 82). De fato, como afirma a autora citada, há uma grande variedade de possibilidades, tais como construção de cenas ou desenhos que se repetem, listras, flores e demais elementos decorativos. Bryant e Canêdo (2012) destacam que a estampa é composta por temas, que são a estrutura básica, ou seja, o tipo de desenho reproduzido ou o fundo que dará nome a estampa. A autora destaca vários temas, como por exemplo: motivos geométricos, florais, imitação de peles animais, cobras, abstratos. Os temas são escolhidos levando em consideração as tendências de moda do momento e a identidade da marca, assim a estampa é um elemento que auxilia na construção da linguagem visual de uma coleção, complementado o modelo desenhado pelo estilista (UDALE, 2015). 193

DESENHO DE MODA Figura 1 - Estampas florais, com animais e geométricas Fonte: Shutterstock. 194 A Figura 1 permite observar alguns exemplos de temas para estampas, florais, que podem se desdobrar para qualquer tipo de flor, desde as abstratas às flores bem definidas e detalhadas. Também, nas estampas vê-se animais, que são inspiradas na fauna, ou seja, em qualquer animal, nesse caso, em específico, vemos uma estampa composta por desenhos, de gatos. Há, também, as estampas geométricas, inspiradas em diversas formas, que ao se combinarem proporcionam a construção de diversos desenhos, que podem inclusive formar figuras com ilusão de ótica, perspectiva e profundidade. Estes estão relacionados à maneira como as figuras e as cores são trabalhadas para causar diferentes efeitos. Além desses exemplos existem muitos outros, que podem, inclusive, haver a combinação de um ou mais temas em uma única estampa. Observe a figura 2 e veja como as flores e as figuras geométricas se combinam para formar uma estampa.

DESIGN Figura 2 - Estampa floral e geométrica Fonte: Shutterstock. 195

DESENHO DE MODA A variedade de temas e combinações é praticamente infinita, e como afirma Udale (2015) e Portela (2015) a variedade de estampas vai depender da criatividade do desenhista ou designer, pois é possível criar uma variedade de temas a cada estação. Devido à grande variedade de estampas, elas são classificadas em três grupos, são eles: estampas corridas, barradas e localizadas (BRYANT; CANÊDO, 2012). A estampa corrida se refere àquela que se estende em toda a superfície do tecido, ou seja, ela é obtida durante o processo de beneficiamento do tecido, sendo realizada por meio de rolos que aplicam a estampa no tecido. Assim, um rolo de tecido terá uma mesma estampa em toda a sua extensão (SUONO, 2013). Udale (2015) considera que essa técnica de estamparia é mais eficiente do que a estamparia localizada, que trabalha com pequenos quadros, visto que a estampa corrida aplica desenhos em grandes metragens de tecido. Figura 3 - Rolos de tecido com estampas diversas Fonte: Shutterstock. Na Figura 3 você verá que existem alguns rolos de tecido e que cada um deles apresenta uma estampa. Essa estampa está presente em toda a extensão do rolo de tecido, sempre se repetindo para preencher todo o tecido. 196

DESIGN Além da estampa corrida, há também a estampa barrada que é aquela aplicada à barra das peças,como: vestidos, blusas, calças e saias. Nessas peças é comum que sejam formadas barras com estampas enquanto o fundo do tecido é liso ou com estampas mais diluídas, assim, você tem uma faixa de tecido liso e, em seguida, estampa e esse padrão vai se repetindo ao longo de todo o rolo (BRYANT; CANÊDO, 2015). A Figura 4 traz um exemplo de estampa barrada. Existem várias possibilidades, aqui nesse caso se vê um tecido com fundo preto, localizado na parte superior da imagem e em seguida a estampa aplicada sobre o fundo preto do tecido. Cabe lembrar que esse tipo de estampa se repete em determinados intervalos, existindo assim uma parte composto por um fundo e em seguida o barrado. Veja outros exemplos na Figura 5. Figura 4 - Estampa barrada Fonte: Shutterstock. Figura 5: Modelos de estampa barrada Fonte: Shutterstock. 197

DESENHO DE MODA Além dos modelos existentes na Figura 5, é possível encontrar uma grande variedade de estampas bordadas com temas variados, desde florais, animais e geométricos. Esse tipo de estampa também é muito utilizado na confecção de artigos para o lar, como toalhas de mesa e cortinas, assim como peças do vestuário. Outra estampa bastante comum no vestuário é a estampa localizada, que se refere à criação de um desenho específico que será aplicado a um determinado lugar de uma peça de roupa; a técnica mais comum é a serigrafia (BRYANT; CANÊDO, 2012). Abling (2011) ressalta que essas estampas são, normalmente, exclusivas e aplicadas apenas em al- gumas partes da peça de roupa, podendo ser aplicadas também em toda a peça, mas diferente do tecido estampado que é estampado durante o acabamento do tecido, a estampa localizada é pensada para um determinado modelo. REFLITA A estampa localizada é definida pela criatividade do desenhista, que pode abusar de formas e cores, pois seu desenho será feito pela estamparia, enquanto que a estampa corrida já vem pronta no tecido. Figura 6 - Modelo de estampa localizada Fonte: Shutterstock. 198

DESIGN Nesse aspecto Udale (2015) ressalta que o desenho estampado pode variar muito, pois depende da estação, da tendência, da identidade da marca e de outros fatores como estilo do designer. O que observa na Figura 6 são apenas algumas possibilidades de estampas que podem ser aplicadas a camisetas, baby looks, vestidos e demais peças do vestuário feminino, masculino e infantil. Observe alguns exemplos na Figura 7. Figura 7 - Modelos de peças com estampas localizadas Fonte: Shutterstock. Essas duas peças que aparecem na Figura 7 mostram um pequeno exemplo da variedade de possibilidades presentes no mercado em termos de estampa localizada. Desde roupa infantil à adulta é possível verificar a grande variedade de estampas e estilos, dependendo do público alvo e das tendências. Agora que você já sabe quais são os três tipos de estampas, vamos ao processo de ilustração das mesmas. 199

DESENHO DE MODA Técnicas de Criação de Estampas: Rapport Vamos, agora, entender como se dá o desenho de estampas. Em primeiro lugar cabe destacar que a maioria delas são desenhadas por meio de programas computadorizados como Corel Draw. No entanto, é necessário que você saiba como expressar ideias por meio do lápis e do papel. Assim sendo, a intenção aqui é de apresentar algumas dicas sobre a estrutura do desenho de estampas para então dar continuidade e aplicá-las à roupa. Existem duas formas de desenhar estampas, como ressalta Bryant e Canêdo (2012). A primeira delas se refere às estampas localizadas, as quais você deve desenhar usando a criatividade para expor suas ideias. A segunda é a utilização do rapport. Para a ilustração localizada não há segredos, basta você escolher o que deseja desenhar e ilustrar o que deseja, como uma borboleta por exemplo. 200

DESIGN Figura 8 - Borboleta Fonte: Shutterstock. Portanto, é possível fazer uma estampa com uma borboleta como mostra a Figura 8. O tema e a complexidade do desenho dependem de sua criatividade e habilidade em ilustrar suas ideias. No entanto, para desenhar estampa barrada ou corrida usa-se outra técnica, visto que esses modelos de estampa se estendem a todo o tecido, assim seria muito difícil repetir os desenhos ao longo de toda a extensão do tecido. Para solucionar o problema foi desenvolvido um sistema que utiliza o rapport para duplicar a estampa. Uma técnica utilizada nas indústrias brasileiras é aquela que trabalha a composição de estampas corridas como um desenho em repetição modular, também conhecido como rapport (SUONO, 2013, p. 4). O rapport é uma pequena parte da estampa que se repete várias vezes até formar todo o desenho apresentado no tecido. Em outras palavras: [...] o processo de encaixe dos motivos entre módulos como uma técnica justapostos de maneira predeterminada pelo sistema de repetição definido ou escolhido pelo designer, forma o desenho (SUONO, 2013, p. 4). O rapport consiste em um desenho base que será duplicado quantas vezes for necessário, no sentido da largura e do comprimento até preencher todo o tecido, formando os tecidos estampados. Para que isso aconteça deve haver um encaixe perfeito em todas as laterais do rapport que dará continuidade ao desenho (SUONO, 2013). 201

DESENHO DE MODA SAIBA MAIS No caso do setor de moda e têxtil, é comum verificar o uso constante de tecidos estampados em peças de vestuário criadas pelos designers para as suas coleções. Chataignier (2006) define os tecidos estampados como sendo aqueles que após a tecelagem, recebem no acabamento a aplicação de desenhos variados e decorativos, com uma ou mais cores e que são percebidos apenas do lado direito do tecido Fonte: Suono (2013, p. 1). Figura 9 - Representação de rapport em estampa corrida Fonte: Shutterstock. 202 Vejamos um exemplo a seguir com a estampa de borboleta; primeiramente, apresento o rapport, o desenho que será replicado e, em seguida, como fica a estampa depois de replicada aproximadamente 3 vezes no sentido vertical e horizontal.

DESIGN A Figura 10 mostra estampa corrida, o que se deve lembrar é que os lados da figura devem apresentar encaixe para que a estampa se forme. O desenho pode ser complexo como o rapport dessa borboleta ou simplificado como o exemplo da Figura 11. Figura 10- Rapport e encaixe de rapport Fonte: Shutterstock. Na figura 10 temos um rapport de corações, é importante que você saiba que a figura deve proporcionar encaixe. As laterais esquerda e direita devem dar continuidade ao desenho assim como parte superior e inferior. Veja como fica um exemplo de encaixe. Observe, com cautela, a Figura 10 e você verá que a parte inferior encaixa-se com a parte superior da figura e a esquerda com a direita, dando continuidade ao desenho. 203

DESENHO DE MODA Esse exemplo de rapport cujos desenhos alcançam as bordas exige pensar no encaixe, agora se você não deseja pensar nisso, você pode desenhar seu rapport dentro da margem, assim não há preocupação com o encaixe. Veja o exemplo na Figura 11. Figura 11 - Rapport de coração e encaixe Fonte: Shutterstock. Devido a esse formato cujas bordas são lisas, sem desenho, estampa apresenta-se de forma estática, sem movimento, como o exemplo da Figura 13, onde os corações ficaram alinhados tanto na horizontal como na vertical. Existem diversas possibilidades de desenhar rapport. Eles podem ser desenhados em uma única direção, em duas direções, intercalado nos sentido vertical, intercalado no sentido horizontal e irregular (BRYANT; CANÊDO, 2012). A forma como o rapport é desenhado determina a complexidade da estampa, assim como a sensação de movimento. Vejamos como é cada um dos rapports descritos por Bryant e Canêdo (2012). 204

DESIGN Figura 12 - Modelo de rapport em um direção e em duas direções Fonte: Bryant (2012, p. 367). Na Figura 12 temos dois modelos de rapport, o primeiro deles (da esquerda) se refere ao rapport feito em apenas uma direção, onde os gatinhos estão alinhados e com as cabeças voltadas para cima, ou seja, para uma mesma direção. Em seguida, na imagem da direita, temos o rapport em duas direções, a qual vemos três colunas de gatinho. Na primeira e na terceira coluna, na primeira, terceira e quinta linha, a cabeça dos gatinhos está voltada para baixo enquanto que na coluna central, na primeira, terceira e quinta linha, a cabeça deles está voltada para cima. Esse rapport se caracteriza por apresentar desenhos alinhados, mas em direções diversas. Além desses dois modelos, podemos citar mais três exemplos: rapport alternado na vertical e horizontal e irregular. Vejamos a seguir na figura 13 a ilustração desses modelos. 205

DESENHO DE MODA Na Figura 15 vemos três exemplos de rapport. Uma das imagens em que traz o rapport com deslocamento na vertical, onde a primeira e a terceira coluna encontram-se alinhadas e a coluna central foi realinhada na vertical, de forma que os gatinhos dessa coluna fiquem intercalados e não alinhados com as demais colunas. Neste modelo de rapport o encaixe deve ocorrer entre a parte superior e inferior, pois os gatinhos da coluna central estão desenhados na borda do rapport. No rapport com deslocamento horizontal o princípio é o mesmo que no vertical. No entanto, o deslocamento ocorre no sentido horizontal e o encaixe ocorre entre os lados direito e esquerdo. Figura 13 - Modelo de rapport com deslocamento na vertical, horizontal e irregular Fonte: Bryant e Canêdo (2012, p. 367). 206

DESIGN Já o rapport irregular é aquele em que os desenhos são dispostos de forma mais irregular e proporcionam maior movimento à estampa. Nesse tipo de rapport os desenhos normalmente se sobrepõem as bordas e o encaixe deve ocorrer nas quatro bordas: superior com inferior e lateral direita com esquerda. Essas são as formas básicas de desenhar estampa corrida. Contudo, existem, ainda, alguns cálculos que precisam ser feitos. A estampa corrida é a repetição do rapport ao longo do tecido; sendo assim, antes de desenhar um rapport, você deve decidir o tamanho da estampa, se vai ser pequena ou grande. Você pode fazer um rapport pequeno com 10 cm quadrados, médio entre 15 cm ou grande com 25 por 25 cm, isso cabe a você decidir. A melhor opção é trabalhar com números pares, 10, 20, 30 cm, pois isso ajuda e se pensar na distribuição do rapport no tecido. Se você tem um tecido com 2m de comprimento, o que equivale a 200 cm de comprimento e 1,6 m de largura, que equivale a 160 cm, você deve pensar quantas vezes precisará duplicar seu rapport no sentido do comprimento e largura do tecido. Vamos supor que você desenhou uma rapport de 20cm, para conseguir chegar aos 200 cm você precisará repetir seu rapport no sentido do comprimento por 10 vezes: 20 cm x 10 = 200 cm ou 2 m, que é o comprimento do tecido. No que se refere a largura o tecido tem 160 cm, assim você precisa repetir seu rapport 8 vezes na largura: 20 cm x 8 = 160 cm ou 1,6 m que é a largura do tecido. REFLITA Para obter a quantidade de repetições basta dividir a largura ou comprimento do tecido pelo tamanho do seu rapport, mas lembre- -se que os valores devem estar na mesma unidade de medida, metros ou centímetros. Caro(a) aluno(a), essas informações obre a disposição do rapport são importantes, mas, mais do que isso, você precisa entender como desenha-lo para criar suas estampas. Vejamos a seguir como aplicar estampas ao vestuário. 207

DESENHO DE MODA Aplicação e Ilustração de Estampas em Peças de Moda Dando continuidade ao estudo de estampas, vamos ver agora como podemos representá-las sobre o corpo humano. Primeiramente, devemos pensar na variedade de estampas que vimos: corrida, barrada e localizada. Cada uma destas estampas exige alguns cuidados e atenção. Observe, na figura a seguir, os três modelos. 208

DESIGN Observe, com cuidado, a Figura 14, os três modelos de estampa. A corrida, onde a estampa se estende por todo o tecido. A barrada que apresenta detalhes estampados seguida por estampas mais diluídas ou fundo colorido e, por fim, a estampa localizada, aplicada a uma peça de roupa. Cada uma dessas estampas exige cuidado especial na distribuição do desenho na peça. Vamos começar com a estampa corrida. Como esta estampa ocupa toda a superfície do desenho, você deve estar atento em como esse desenho se aplica à peça, principalmente, se a estampa apresenta um formato definido. Vejamos o exemplo na Figura 15. Figura 14 - Estampa corrida, barrada e localizada Fonte: Shutterstock. 209

DESENHO DE MODA SAIBA MAIS No vestuário, masculino ou feminino, a estamparia se tornou muito comum a partir da segunda metade do século XIX, a partir de 1850, momento em que a industrialização possibilitou a produção de tecidos estampados em grandes quantidades, com várias cores e temas, assim como boa qualidade. Observe com cautela a Figura 15, pois nela existe alguns detalhes que precisam ser bem trabalhados no momento da ilustração. O primeiro deles é o tamanho da estampa, nesse caso a estampa que aparece no rapport é bastante grande, sendo assim, você deve escolher como localizar a estampa em sua peça de roupa e, então, aplicar o desenho. Fonte: Laver e Carvalho (2001). Figura 15: Estampa corrida aplicada ao vestido Fonte: Shutterstock. 210

DESIGN Veja algumas dicas que podem auxiliá-lo. Escolha a estampa que deseja aplicar a sua peça. Defina o modelo da peça. Acrescente movimento ao tecido. Observe o tamanho da estampa e os desenhos que a compõem, definindo onde e como serão aplicadas as formas mais salientes da estampa. Aplique-a sobre o modelo desenhado fazendo pequenas linhas curvas que interrompem a estampa levemente onde houver movimento de tecido. Na figura 15 temos esse exemplo, em que as flores foram aplicadas ao decote e à barra do vestido. Contudo, se a estampa for repetitiva com formas como corações que se distribuem ao longo do tecido, sem formas definidas ou com estampas muito pequena, o resultado obtido pode ser outro. Observe outro exemplo na Figura 16. Figura 16 - Estampa corrida sem formas muito definidas Fonte: Shutterstock. 211

DESENHO DE MODA Na figura 16 vemos que a estampa tem formas e cores, mas como ela tem um tamanho menor em relação àquela da Figura 16 vemos que ela se distribui de forma mais uniforme no vestido e que mudar a posição ou a distribuição na mesma não afeta drasticamente o resultado final como na figura 15. Assim sendo, é de extrema importância que você preste atenção na estrutura da estampa antes de aplicá-la ao seu desenho. Uma boa opção para evitar problemas é que você a desenhe à parte, em uma folha de papel, e depois aplique ao desenho (ABLING, 2011). Além disso, você pode seguir o exemplo das Figuras 15 e 16 e colocar um desenho ou uma estampa digitalizada ao lado da peça que desenhou, o que permite, ao observador, ver os detalhes da estampa e como ela foi aplicada à peça. Além da estampa corrida, temos também a barrada. Essa estampa pode ser usada de diferentes for- mas, pois trabalha com elementos mais carregados formando uma barra e diluídos (BRYANT; CANÊ- DO, 2012). Um exemplo muito comum de uso para essa estampa são as toalhas de mesa, contudo, existe uma grande variedade de usos. REFLITA Para a ilustração com estampa barrada, você deve ter em mente a distância entre os barrados e onde os mesmos devem ser repetidos. Na Figura 17 pode-se observar um exemplo de gorro e cachecol com estampa barrada. Figura 17 - Estampa barrada Fonte: Shutterstock. 212

DESIGN Observe que, nesse exemplo, temos a estampa na ponta do cachecol enquanto o restante da peça é preta, assim, o corte da peça foi feito de forma que a estampa ficasse nas pontas. Esse mesmo efeito pode ser trabalhado em vestidos, camisas e demais peças do vestuário. A forma de aplicação e utilização desses efeitos está ligado a criatividade do desenhista. Por fim, temos a estampa localizada, que é aquela aplicada a uma determinada peça de roupa. Nesse caso você deve criar o seu desenho e depois aplicá- -lo. Seguem algumas dicas: Antes de começar o desenho defina o tema da estampa. Faça um esboço com as formas básicas. Após finalizado o esboço pense na combinação de cores, use um rascunho e teste quais as melhores opções. Depois de definidas as cores faça os contornos com caneta ou lápis de cor. Retire os borrões ou retoque detalhes finalizando o desenho com a cromatização. Com a estampa pronta desenhe uma peça de roupa. Acrescente o movimento do tecido. Aplique a estampa que você desenhou redesenhando-a sobre a peça. Essas dicas servem para o desenho de qualquer estampa seja ela localizada, rapport ou barrada. O importante é que você tenha clareza de como utilizá-la em seu desenho. A variedade de estampas é absolutamente grande e cabe a você pesquisar ou criar seus seus desenhos. Observe dois exemplos na Figura 18. Figura 18 - Estampa localizada aplicada a vestidos Fonte: Shutterstock. 213

DESENHO DE MODA Na Figura 17 temos dois exemplos de estampas que foram aplicadas a vestidos curtos. Elas podem ser aplicadas a qualquer lugar da peça, como podemos ver na imagem da esquerda em que a estampa foi aplicada no sentido vertical na frente do vestido e na figura da direita foi aplicada na barra, decote e mangas e com detalhe no busto. A variedade de aplicações é muito grande, assim como a variedade de estilos. Observe na Figura 19 como uma estampa é aplicada a uma blusa masculina. Figura 19 - Estampa localizada aplicada em blusa masculina Fonte: Shutterstock. Quando se trata do vestuário masculino, os números e as palavras, assim como símbolos, são muito comuns e normalmente estampados no peito ou na manga, como mostra o exemplo da Figura 19. As estampas localizadas oferecem muitas possibilidades, mas podem ser combinadas com outros efeitos, como os tecidos estampados ou estampas barradas. O resultado pode variar em cada coleção, observe a combinação de tecido estampado com uma estampa localizada na Figura 20. 214

DESIGN Figura 20 - Tecido estampado com estampa localizada Fonte: Shutterstock. Na Figura 20 vemos uma jaqueta masculina com estampa no tecido que imita as fardas militares e,ainda, a aplicação de estampa localizada no peito e nas mangas da jaqueta. Essa é apenas uma das muitas possibilidades. Em termos de ilustração, vemos também na figura a jaqueta sem a estampa, com todas as dobras e sombras provenientes do movimento do tecido. Trabalhar a estamparia exige muito cuidado com os detalhes e a distribuição da estampa no desenho da figura. Caro(a) aluno(a), espero que tenham apreciado a leitura sobre o desenvolvimento de desenho de estampa. REFLITA Elementos como sombra e movimento do tecido também devem ser trabalhados no desenho com estampas. 215

considerações finais A estamparia necessita de várias técnicas para que possa ser desenvolvida, principalmente devido aos tipos de estampa, corrida, barrada e localizada. Além das especificações de cada modelo de estampa, há também, o tema que deve ser desenvolvido para cada estampa. Todos esses elementos influenciam o seu desenho. Em termos de estampa corrida, que é aquela que preenche todo o tecido, é necessário desenvolver o rapport, que é a base da estampa que irá se repetir ao longo de todo o tecido, seja na largura ou no comprimento. O Rapport pode ser desenvolvido de diversas formas e deve ser feito para a estampa corrida e, também, para a barrada, pois no tecido com estampa barrada, a estampa também se repete. Também, vale destacar que no rapport há alguns cuidados que devem ser seguidos; quando houver desenhos nas bordas, deve-se ter o cuidado de proporcionar o encaixe desses desenhos para que haja continuidade na estampa. Outro cuidado a ser tomado se refere à composição da estampa, isto é, para que ela não se torne monótona é preciso dar movimento, assim você pode usar o rapport com variações ou deslocamentos, como figuras invertidas ou irregulares. Já o desenho da estampa localizada requer apenas um bom traço e estudo do tema para então desenhar a forma e composição que desejar para aplicar em uma roupa. O processo de aplicação da estampa, seja ela corrida, barrada ou localizada deve seguir alguns cuidados. Inicialmente, você deve pensar na proporção da estampa em relação a roupa e em como distribuí-la. Em seguida, deve estar atento ao movimento do tecido e às sombras e aplicar esses efeitos à estampa também, pois ela faz parte do tecido e como tal, também, apresenta movimento e sombra quando representada sobre o corpo. A variedade de desenhos que você pode construir é bastante grande, desde o floral, étnico, geométrico aos números e letras. Use sua criatividade para desenvolver seus desenhos. Espero que tenham gostado da leitura e das dicas referentes ao desenho de estampa. 216

atividades de estudo 1. Assinale a alternativa correta referente aos tipos de estampa existentes. a. Corrida, barrada, localizada e temática. b. Corrida e localizada. c. Localizada e temática. d. Corrida, barrada, localizada. e. Nenhuma das alternativas está correta. 2. Referente ao conceito de estamparia, leia atentamente as assertivas a seguir e assinale a alternativa correta. I. Estampar ou imprimir designa, de maneira genérica, diferentes procedimentos que têm como finalidade produzir desenhos coloridos e também brancos ou monocromáticos. II. Essas figuras podem ou não possuir contornos, variantes inovadoras que vão além dos modismos e tendências de cada época. 4. Quais são os tipos de rapport que podem ser desenhados? Assinale a alternativa correta. a. Em uma única direção, em duas direções, intercalado nos sentido vertical, intercalado no sentido horizontal e irregular. b. Intercalado nos sentido vertical, intercalado no sentido horizontal, irregular e salteado. c. Em uma única direção, em duas direções, intercalado nos sentido vertical, intercalado no sentido horizontal e irregular e salteado. d. Em uma única direção, em duas direções, intercalado nos sentido vertical, intercalado no sentido horizontal. e. Nenhuma das alternativas está correta. 5. Cite algumas dicas que podem auxiliá-lo a desenhar peças com tecidos estampados. III. A palavra é inglesa, mais exatamente patchwork, ou seja, trabalho pintado. IV. Estampar é a arte de decorar um tecido, qualquer que seja a sua natureza ou qualidade, por meio de um motivo único ou desenhos variados. a. I, II e III estão corretas. b. II e III estão corretas. c. I e IV estão corretas. d. II e IV estão corretas. e. Nenhuma das alternativas está correta. 3. Quais são as duas formas de desenhar estampas? Explique cada uma delas. 217

LEITURA COMPLEMENTAR Design de superfície e estamparia O design de superfície é uma especialidade na área do design reconhecida no Brasil, em 2005, pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Os primeiros registros acadêmicos, científicos e como atividade profissional ocorrerem no Estado do Rio Grande do Sul. A nomenclatura do termo design de superfície é a tradução da expressão surface design, a qual teve origem em 1977, nos Estados Unidos da América, com a fundação da Surface Design Association SDA5 (RUTHSCHILLING, 2008). Essa associação, afirma o site da SDA (2008), se estruturou a partir da necessidade de se organizar, comunicar a artistas, designers, cientistas, estudantes, professores, visando à compreensão do pensamento crítico nessa área a partir de atividades desenvolvidas somente no âmbito têxtil. O vocabulário design de superfície foi empregado em cenário nacional a partir da tradução literal do termo pela designer carioca, Renata Rubim, após seu retorno ao Brasil dos estudos que realizou na Rhode Island School (RISD), nos Estados Unidos, no Departamento de Design Têxtil, década de 1980 (RUTHSCHILLING, 2008). Logo, design de superfície para Rubim (2005, p. 21) é todo projeto elaborado por um designer, no que diz respeito ao tratamento e cor utilizados em uma superfície, industrial ou não. Freitas (2011, p. 16) apresenta outro conceito ao afirmar que design de superfície é um design de interfaces, existe na pele dos produtos (seja este da natureza que for). Sobre essa reflexão Barachini (2002, p. 2) afirma que o Conceito e matéria em um único corpo. As superfícies, aparentemente podem ser reduzidas a configurações geométricas de apenas duas grandezas bidimensionalizando-as. Ou, podem ser entendidas como extensão de uma área limitada, ou ainda, como a parte externa dos corpos e dos objetos, a aparência. Todavia as superfícies, se inserem no espaço e não apenas o representam. Tridimensionais por excelência, abertas e interativas. Revestem, e, por vezes são o próprio objeto. Com esta noção, pode ser verificado que a autora reforça a ideia acerca das possibilidades aplicativas da superfície dentro do design, gerando discussões cujos significados apresentam desdobramentos dos conhecimentos científicos já produzidos, desenvolvidos, comprovados e os que estão em processo de construção. Complementando esta definição Ruthschilling (2008, p.23) afirma que 218

LEITURA COMPLEMENTAR Design de Superfície é uma atividade criativa e técnica que se ocupa com a criação e desenvolvimento de qualidades estéticas, funcionais e estruturais, improjetadas especificamente para constituição e/ou tratamentos de superfícies, adequadas ao contexto sócio-cultural e às diferentes necessidades e processos produtivos. O conceito que a autora nos apresenta sobre o design de superfície consiste na construção de projetos direcionados que promovem não apenas qualidade de cunho estético, funcional, estrutural, como também, a importância em inserir conteúdos culturais que agregam valor social. Dessa forma, o referencial do dendê simboliza a fonte principal que atenderá as aspirações compositivas, projetuais, criativas, técnicas, culturais, na presente pesquisa. O design de superfície caracteriza-se não somente pela constituição de estampas e padrões, que têm por função cobrir, revestir, ornamentar tecidos e superfícies. Abrange também, a todo e qualquer tipo de objeto, material ou imaterial, capaz de ser ressignificado, modificado, configurado a partir de sua própria estrutura física, interagindo, agregando outros elementos, gerando, assim, novas linguagens imagéticas, formais, compositivas, estéticas, funcionais e estruturais. Esses desenhos impressos em tecidos estampados classificam-se por motivos ou padrões clássicos. Entende-se por motivo, o foco escolhido em um referencial no qual o desenho estará inserido. Chataignier (2006, p. 86-91) o nomeia como famílias e/ou motivos de estampados, e são eles: florais, geométricos, históricos e/ou comemorativos, étnicos, artísticos, listrados. Desse modo, complementa Pezzolo (2007, p. 201-204) ao reunir desenhos em temas básicos como florais, geométricos, animais, abstratos e figurativos. Sobre padrão clássico, Pezzolo (2007) afirma que é todo o padrão que tem uma história e foi criado há séculos, que possui vida e ainda é usado no universo da moda. São eles: listras, cashemere, xadrez (que inclui as madras, o príncipe-de-gales, piedde-poule, vichy e tartans), tweeds, olho-de-perdiz, risca-de-giz, espinha-de-peixe, poás. Percebe-se que esses motivos e padrões citados pelas autoras apresentam uma sucessão de elementos que são explorados no design têxtil e aumentam as possibilidades compositivas com o recurso de cores, texturas, relações entre figura-fundo, de itens gráficos do desenho. Portanto, o objeto tecido como o conhecemos, enquanto estrutura formada na tecelagam pelo entrelaçamento do urdume (fio vertical) e da trama (fio horizontal), é um objeto que acompanha, envolve constantemente a vida das pessoas. Funciona, principalmente, como 219

LEITURA COMPLEMENTAR uma embalagem que protege, interage o corpo de um indivíduo, e, além disso, apresenta uma rica fonte documental para investigar diferentes registros históricos, memórias, desenhos, culturas. Quanto ao propósito da estamparia têxtil assevera Chataignier (2006) é proporcionar mais atração para o tecido aproximando cada vez mais a atenção do usuário, é apresentar novidades na área da moda e adquirir novos espaços no âmbito mercadológico. A necessidade do homem em se comunicar uns com os outros. Fonte: Portela. (2015). 220

DESIGN Planejamento Estratégico Amanda Briggs-Goode Editora: Bookman Ano: 2014 Sinopse: o Design de Estamparia Têxtil é uma área criativa, prática e dinâmica, que abrange moda, design de interiores e design gráfico, arte têxtil e artesanato. Este livro apresenta os fundamentos do design de estamparia têxtil, desde o briefing até a coleção final, e introduz os princípios básicos de cor, desenho, composição e padronagem por repetição. Repleto de exemplos, estudos de caso e exercícios passo a passo, também ajuda a desmistificar o processo de design, sendo um valioso guia de estudos e de prática do design têxtil. TUTORIAL - Como Desenhar Estampa floral! O vídeo apresenta alguns exemplos de como desenhar estampas em peças de roupa. Para conferir o tutorial, acesse o link disponível em: <https://www.youtube.com/watch?- v=lu46k5bjvmo>. 221

referências ABLING, B. Desenho de moda. 5 ed. Norte-Americana. São Paulo: Blücher, 2011. v.2. BRYANT, M. W; CANÊDO, J. Desenho de moda: técnicas de ilustração para estilistas. São Paulo: Senac São Paulo, 2012. CHATAIGNIER, G. Fio a fio: tecidos, moda e linguagem. São Paulo: Estação das Letras, 2006. LAVER, J; CARVALHO, G. M. M. A roupa e a moda: uma história concisa. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. PORTELA, P. L. S. Design de superfície e estamparia na materialidade têxtil. In: XI Seminário do Programa de Pós-Graduação em Desenho, Cultura e Interatividade: Traços do Desenho, 2015, Feira de Santana, 2015. SUONO, C. T. A construção de parâmetros para o ensino do desenho de estamparia corrida. In: Graphica 2013 - XXI Simpósio Nacional de Geometria Descritiva e Desenho Técnico e X International Conference on Graphics Engineering for Arts and Design, Florianópolis. Anais do Graphica 2013. STIPELMAN, St. Ilustração de moda: do conceito à criação. 3 ed. Porto Alegre: Bookman, 2015. UDALE. J. Tecidos e moda: explorando a integração entre o design têxtil e o design de moda. 2 ed. Porto Alegre. Bookman, 2015. 222

gabarito 1. D. 2. C. 3. Existem duas formas de desenhar estampas, como ressalta Bryant e Canêdo (2012). A primeira delas se refere às estampas localizadas, as quais você deve desenhar usando a criatividade para expor suas ideias. A segunda é a utilização do rapport. Para a ilustração localizada não há segredos, basta você escolher o que quer desenhar e ilustrar o que deseja, como uma borboleta, por exemplo. No entanto, para desenhar estampa barrada ou corrida usa-se outra técnica, visto que esses modelos de estampa se estendem a todo o tecido, assim, seria muito difícil repetir os desenhos ao longo de toda a extensão do tecido. Para solucionar o problema foi desenvolvido um sistema que utiliza o rapport para duplicar a estampa. Uma técnica utilizada nas indústrias brasileiras é aquela que trabalha a composição de estampas corridas como um desenho em repetição modular, também conhecido como rapport (SUONO, 2013, p. 14). 4. A. 5. Escolha a estampa que deseja aplicar à sua peça; defina o modelo da peça; acrescente movimento ao tecido; observe o tamanho da estampa e os desenhos que a compõem definindo onde e como será aplicada as formas mais salientes da estampa. Aplique-a sobre o modelo desenhado fazendo pequenas linhas curvas que interrompem a estampa levemente onde houver movimento de tecido. 6. B. 223

DESENHO DE MODA conclusão geral Para ajudá-lo a conhecer e apreender um pouco mais sobre o desenho de moda, esse livro foi dividido em cinco unidades, são elas: Representando detalhes; Princípios básicos do desenho de moda; Acessórios de moda; Técnicas de cromatização aplicadas ao desenho de moda e Estamparia. Em cada uma dessas unidades são apresentados os princípios básicos do desenho e dicas para ajudá- -lo a desenvolver a ilustração. Na primeira unidade referente à representação de detalhes a preocupação é que você saiba como ilustrar alguns elementos como pregas e babados, por exemplo, dando maior fluidez ao desenho. Na segunda unidade a intenção é que você conheça as particularidades do vestuário feminino, masculino e infantil e saiba como ilustrar de forma a explorar as características dos croquis desenvolvidos e também do estilo que cada um desses públicos usa. Quanto aos acessórios de moda, conteúdo presente na unidade três, você precisa entender que eles são muito presentes no universo da moda e desenhá- -los de forma correta é fundamental, especialmente a joalheria, bolsas e sapatos. Ao falar em acessórios é necessário estar atento ao conforto e às proporções do mesmo, especialmente na joalheria e em sapatos. Além dos acessórios de moda temos ainda o processo de finalização do desenho por meio do trabalho com grafite ou cromatização. Cabe destacar aqui, que mais do que conhecer uma grande variedade de materiais e técnicas, o objetivo é que você aprenda a ilustrar texturas como peles e brilho, luz e sombra, melhorando o acabamento gráfico do desenho. Por fim, a unidade cinco traz ferramentas para que você possa trabalhar com estampas. Agora que você já sabe desenhar as peças de vestuário com seus detalhes variados, assim como acessórios, inclusive com cromatização, resta aplicar as estampas em seus variados formatos, modelos e finalidades. Após conhecer todos esses elementos ligados ao desenho de moda, tenho certeza que você será capaz de executar com maestria muitas ilustrações de moda. Espero que a leitura desse livro tenha sido agradável e proveitosa. 224