INFESTAÇÃO DE GOIABEIRAS POR ANASTREPHA FRATERCULUS (DIPTERA: TEPHRITIDAE), NOS TABULEIROS LITORÂNEOS DO PIAUÍ- DITALPI, PARNAÍBA, PIAUÍ.

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Transcrição:

INFESTAÇÃO DE GOIABEIRAS POR ANASTREPHA FRATERCULUS (DIPTERA: TEPHRITIDAE), NOS TABULEIROS LITORÂNEOS DO PIAUÍ- DITALPI, PARNAÍBA, PIAUÍ. Francisco Gomes dos Santos Neto 1,2.3 Thiago Coelho Aragão 1 Ana Cláudia de Araújo 1,2,3 Rosineide Candeia de Araújo 1,2,4. 1 Engenheiro Agrônomo 2 Professor UESPI 3 Pós-graduado em Zoologia 4 Mestre em solos. 1 INTRODUÇÃO A fruticultura brasileira ocupa o terceiro lugar em termo de produção de frutas in natura, perdendo apenas para China e Índia (IBGE, 2004). Este é um dos segmentos agrícolas mais importantes para o incremento das exportações brasileiras, respondendo por um PIB de US$11bilhões e pela geração de aproximadamente 4 milhões de empregos diretos (BARBOSA, 2009). A exportação de frutas ainda é considerada baixa, devido os agricultores possuir baixa visão de empreendedorismo e também por apresentar na área de cultivo uma alta incidência de pragas agrícolas, deixando os frutos fora dos parâmetros de exportação (IBRAF, 2009). Em relação à cultura da goiabeira (Psidium guajava Linnaeus), o Brasil produziu no ano de 2002 aproximadamente 389 mil toneladas, sendo que 40% desse total foram produzidos na região nordeste. Essa cultura experimentou incremento significativo na área plantada, passando de aproximadamente 14 mil hectares no ano de 2000, para cerca de 20 mil hectares plantados em 2002, enquanto a produção cresceu cerca de 65% (AGRIANUAL, 2005). Para MOURA & MOURA (2006), as exportações dessa fruta não acompanharam o mesmo ritmo de crescimento, devido principalmente a presença de pragas nas áreas cultivadas. As moscas-da-frutas são consideradas uma das maiores pragas da fruticultura mundial, diminuindo drasticamente a produção e limitando o livre acesso de frutas in

2 natura, tendo em vista as restrições aplicadas pelas medidas quarentenárias impostas pelos países importadores (PARANHOS et al, 2007). As espécies de moscas-das-frutas de importância econômica no país estão englobadas em quatro gêneros: Anastrepha, Ceratitis, Rhagoletis e Bactrocera. Tanto os gêneros Bactrocera quanto o Ceratitis estão representados no Brasil por uma única espécies, sendo respectivamente a mosca-da-carambola, Bactrocera carambolae (Drew e Hancock), e a mosca do mediterrâneo, Ceratitis capitata (Wiedemann). O gênero Rhagoletis é representado por quatro espécies e o gênero Anastrepha é conhecido no Brasil por 94 espécies, das quais sete são particularmente importantes do ponto de vista econômico A. grandis (Macquart), A. fraterculus (Wiedmann), A. obliqua (Macquart), A. pseudoparallela (Loew), A. sororcula (Zucchi), A. striata (Schiner) e A. zenildae (Zucchi) (ZUCCHI, 2000). As larvas das moscas-das-frutas causam sérios prejuízos à fruticultura, pois se alimentam da polpa dos frutos, tornando-os impróprios para consumo in natura e para industrialização (ARAÚJO & ZUCCHI, 2003). Além disso, esses tefritídeos são responsáveis pelo uso de grandes quantidades de inseticidas químicos para seu controle (DUARTE & MALAVASI, 2000). Para CARVALHO et al (2000), a utilização de agrotóxicos na fruticultura deve ser feita sob cuidados especiais, procurando evitar, sempre que possível a aplicação desses produtos, pois nem sempre a ação dos agroquímicos se restringe somente à praga-alvo, nem ao local da aplicação. Apesar da fruticultura está crescendo cada vez mais nos Tabuleiros Litorâneos do Piauí- DITALPI, as moscas-das-frutas causam danos econômicos significativos, exigindo dos fruticultores atenção especial. O problema é ampliado pelo fato de que na fruticultura orgânica o controle dessa praga é dificultado, uma vez que não é permitido o uso de produtos químicos nos pomares. Entretanto, apesar da produção de frutas nessa área ocupar lugar de destaque, as informações sobre os tefritídeos são consideradas escassas. Diante disso, o presente trabalho objetivou estudar a ocorrência de Anatrepha spp. no DITALPI.

Fonte: Google Earth. 3 2 OBJETIVOS 2.1 Geral Estudar a ocorrência de moscas-das-frutas em goiabeiras na região dos Tabuleiros Litorâneos do Piauí. 2.2 Específicos Identificar as espécies de moscas-das-frutas que atacam as goiabas. Determinar o período de maior incidência de moscas-das-frutas. 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 Área de estudo O presente estudo foi desenvolvido nos meses de março a novembro de 2009 em um pomar de goiaba (Psidium guajava Linnaeus) cultivar Paluma, com 5 anos de idade, cultivada sob manejo orgânico na Estação de Bombeamento Volumétrico 5 (EBV-5) do Distrito de Irrigação dos Tabuleiros Litorâneos do Piauí (DITALPI) (latitude 3º01 02,52 S, longitude 1º46 43,52 W e altitude de 40m), localizado no município de Parnaíba, na região norte do Estado do Piauí, Brasil (Figura 09). Figura 09 Localização da área de estudo nos Tabuleiros Litorâneos do Piauí DITALPI.

4 O clima da região, de acordo com a classificação de Köppen, é do tipo Aw, tropical chuvoso, com umidade relativa média do ar de 75%, temperatura média do ar de 27,9 C, evapotranspiração de referência média de 5,4 mm e precipitação média anual de 965 mm, porém, concentradas nos meses de janeiro a maio (BASTOS et al., 2000). 3.2 Metodologia de coleta Foram utilizadas 4 armadilhas do tipo PET, contendo 3 aberturas (2cm X 2cm) localizadas a 10 cm de altura da base eqüidistantes entre si, contendo como atrativo alimentar melaço de cana a 7%. As inspeções das armadilhas eram realizadas semanalmente, ocasião em que as mesmas eram lavadas e o substrato alimentar renovado (Figura 10). Os insetos capturados foram lavados com água numa peneira e acondicionados em frascos de vidro contendo álcool 70%, devidamente etiquetados com o número da amostra e data da coleta. Figura 10 (A) Coleta do material das armadilhas; (B) Armazenamento dos adultos de moscas-das-frutas em frascos de plástico; (C) Lavagem da armadilha; (D) Reabastecimento da armadilha com atrativo alimentar.

10/mar 20/mar 30/mar 9/abr 19/abr 29/abr 9/mai 19/mai 29/mai 8/jun 18/jun 28/jun 8/jul 18/jul 28/jul 7/ago 17/ago 27/ago 6/set 16/set 26/set 6/out 16/out 26/out índice MAD 5 Os insetos capturados foram contados, sexados e enviados para o Laboratório de Centro de Ciências Agrárias e Ambientais da Universidade Federal do Maranhão- UFMA, para identificação da espécie. A incidência das moscas foi quantificada por meio da determinação do índice de captura, de acordo com o índice MAD (mosca-armadilha-dia). O Índice/Mosca/Armadilha/dia (MAD) foi calculado utilizando a seguinte fórmula: MAD = M A x D M: número de moscas capturadas A: número de armadilhas D: número de dias de exposição da armadilha 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO No somatório dos quatro frascos instalados no pomar de goiabeiras durante as vinte e quatro semanas de captura, foram obtidos 7733 exemplares de Anastrepha fraterculus, sendo 4343 machos e 3390 fêmeas. O período com as mais altas infestações foi aquele que apresentou os maiores picos populacionais, com um índice máximo de 24,7 M/A/D (Abril/2009) (Figura 11). Estes resultados foram superiores aos observados em pomares de goiaba em Mossoró RN por ARAÚJO & ZUCCHI (2003), e no norte de Minas Gerais por CANAL et al (1998), sendo 7,0 M/A/D (Maio/1999) e 10,0 M/A/D respectivamente. Incidência de Anastrepha fraterculus 30,00 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 Data das coletas Figura 11 Incidência de Anastrepha fraterculus em goiabeiras no DITALPI, março a outubro de 2009.

6 Os elevados valores do índice MAD observados nos meses de março e abril pode estar relacionado à disponibilidade de frutos e a fatores climáticos, pois para KOVALESKI (1997), a maior densidade populacional de moscas-das-frutas ocorre na época de maior concentração de frutos maduros. Segundo LORENZATO & CHOVÉNE (1985), as invasões de moscas-dasfrutas nos pomares devem-se à presença de plantas hospedeiras na região, à existência de frutos em condições de serem atacadas e aos fatores meteorológicos favoráveis. Normalmente os picos populacionais ocorrem logo após o período de maior disponibilidade de frutos, corroborando com os resultados observados por AGUIAR- MENESES & MENESES (1996), BÓSCAN & GODOY (1987), FEHN (1982) e ROSSI et al (1988). BÓSCAN & GODOY (1987) constataram pouca influencia de fatores meteorológicos na flutuação populacional de A. obliqua em pomar de mangas no estado de Aragua, Venezuela, e concluíram que as diferenças na coletas de moscas se devem à isca utilizada. Observou-se também que a falta de cuidados no pomar, como coleta e destruição dos frutos atacados, presentes nas plantas e caídos no chão favoreceram o aumento do número de moscas na área. Os valores de MAD obtidos no período de março a outubro indicam que devem ser tomadas medidas de controle para essa praga, pois para CARVALHO (2005), quando o índice MAD for maior que 1,0, deve-se também suspender a exportação dos frutos, uma vez que a área é considerada de alta prevalência da praga. Observou-se um declínio no valor do índice MAD nos meses de agosto a outubro, que pode ser atribuído à menor disponibilidade de frutos na propriedade em decorrência de uma poda drástica realizada pelo proprietário da área, corroborando com as observações de ARAÚJO (2009).

7 5 CONCLUSÃO Os dados obtidos nesse experimento permitem concluir que: A espécie Anastrepha fraterculus ocorre nas plantas de goiaba na região dos Tabuleiros Litorâneos do Piauí; A maior disponibilidade de frutos é favorável ao aumento de infestação de A. fraterculus em pomar de goiabeira. A retirada de frutos atacados e caídos no chão na época adequada pode funcionar como uma medida para reduzir infestações. 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS AGRIANUAL: Anuário da agricultura brasileira. São Paulo: FNP Consultoria e Comércio, p. 314-318, 2005. AGUIAR-MENESES, E. L. & MENESES, E. B. Flutuação populacional das moscas-das-frutas e sua relação com a disponibilidade hospedeira em Itaguaí, RJ. An. Soc. Entomol. 25: 223-232, 1996. ARAÚJO, A. C. de. Eficácia de atrativos alimentares na captura de moscas-dasfrutas em pomar de goiaba orgânica em Parnaíba-PI. Artigo Cientifico (Especialização em Zoologia) Universidade Federal do Piauí UFPI. 2009. ARAÚJO, E. L.; ZUCCHI, R. A. Moscas-das-frutas (Diptera: Tephritidae) em goiaba (Psidium guajava L.), em Mossoró, RN. Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.70, n.1, p.73-77, jan./mar., 2003. BARBOSA, F.R. Monitoramento e nível de controle das principais pragas da mangueira no semi-árido Nordestino. Agronline.com.br. Disponível em: <http://www.agronline.com.br/artigos/artigo.php?id=82>. Acesso em: 03 de Agosto de 2009. BASTOS, E. A.; RODRIGUES, B. H. N.; ANDRADE JUNIOR, A. S. de. Dados agrometeorológicos para o município de Parnaíba, PI (1990-1999). Embrapa Meio-Norte, Documentos, 46. Teresina: Embrapa Meio-Norte, 2000. 27p. BOSCAN, M.N.; GODOY, F. Fluctuación poblacional de Anastrepha serpentina (Wied.) em nispero (Achra zapota) en el limon. Araguaia, Venezuela. Agronomia Tropical, v.37, p.123-129, 1987.

8 CANAL, D. N. A.; ALVARENGA, C. D.; ZUCCHI, R. A. Níveis de infestação de goiaba por Anastrepha zenildae Zucchi, 1979 (Dip. Tephritidae), em pomares comerciais do norte de Minas Gerais. An. Soc. Entomol. Brasil, v.27, p.657-661, 1998. CARVALHO, R. S.; NASCIMENTO, A. S.; MATRANGOLO, W. J. R. Controle biológico, p. 113-117. In: A. Malavasi & R. A. Zucchi (eds.) Moscas-das-frutas de importância econômica no Brasil: conhecimento básico e aplicado. Ribeirão Preto, Holos, 327p. 2000. CARVALHO, S. R., Metodologia para Monitoramento Populacional de Moscasdas-Frutas em Pomares Comerciais: Cruz das Almas, BA, Dezembro, 2005. DUARTE, A. L.; MALAVASI, A. Tratamentos quarentenários. In: Malavasi, A.; Zucchi, R. A. (Ed.). Moscas-das-frutas de importância econômica do Brasil: conhecimento básico e aplicado. Ribeirão Preto: FAPESP-Holos, 2000. p.187-192. FEHN, L. M. Influência dos fatores meteorológicos na flutuação e dinâmica de população de Anastrepha spp. Pesquisa Agropecuária Brasileira 17(4): 533-544, 1982. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Dados estatísticos agropecuários de 2003. Ano 2004. IBRAF. Instituto Brasileiro de Frutas. Soluções fruta a fruta. São Paulo, 2009. Disponível em: < http :www.ibraf.org.br>. Acesso em: 01 set. 2009. LORENZATO, D. & CHOVENE, E. C. Flutuação populacional, efeitos da temperatura e manejo de moscas-das-frutas do gênero Anastrepha em pomares de macieira (Malus domestica) no município de Farroupilha, RS. Agron. Sulriogr. 21:319-319. 1985. MOURA, A. P. MOURA, D. C. M. Espécies de moscas-das-frutas(díptera: Tephritidae) associadas à cultura da goiaba (Psidium guajava Linnaeus) em Fortaleza, Ceará. Arq. Inst. Biol., São Paulo, v. 73, n.1, p-65-71, Jan Mar., 2006. PARANHOS, B. A. J.; WALDER, J. M. M.; ALVARENGA, C. D. Parasitismo de larvas da mosca-da-mosca do mediterrâneo por Diachasmimorpha longicaudata (Ashmead) (Hymenoptera: Braconidae) em diferentes cultivares de goiaba. Neotropical Entomology 36(2). March-April, 2007. ROSSI, M. M.; MATIOLI, J. C. & BUENO, V. H. P. Principais espécies de moscas-das-frutas e sua dinâmica populacional em pessegueiros na região de Caldas, Sul de Minas Gerais. Ver. Agric. 63. 329-342, 1998. ZUCCHI, R. A. Taxonomia. In: Malavasi, A. & Zucchi, R. A.( Eds). Moscas-dasfrutas de importância econômica no Brasil: Conhecimento básico e aplicado. Ribeirão Preto: Hollos, 2000. P. 13-24.