TEORIA DO CONHECIMENTO. Aulas 2, 3, 4,5 - Avaliação 1 Joyce Shimura

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Transcrição:

TEORIA DO CONHECIMENTO Aulas 2, 3, 4,5 - Avaliação 1 Joyce Shimura

- O que é conhecer? - Como o indivíduo da imagem se relaciona com o mundo ou com o conhecimento? Janusz Kapusta, Homem do conhecimento

O que é Teoria do Conhecimento? Disciplina filosófica que estuda as condições de possibilidade de todo e qualquer conhecimento (não somente o científico): Os tipos de conhecimento; A origem do conhecimento; A possibilidade de conhecer; A essência do objeto do conhecimento; Os métodos de obtenção de conhecimento.

Questões básicas Relação sujeito-objeto: como é a atividade do sujeito do conhecimento em relação ao objeto conhecido; Origem (fontes primeiras): qual é a origem ou o ponto de partida do conhecimento; Processo: como os dados se transformam em ideias ou juízos; Possibilidades: o que podemos conhecer verdadeiramente.

O que é o conhecimento? Pode ser transmitido, compartilhado, transferido, verificado, observado; É uma crença verdadeira e justificada (Platão, Teeteto); É uma alegação de verdade; Apresentação verdadeira ou adequada da realidade ao pensamento; Reflete aspectos históricos, sociais, econômicos e culturais.

Tipos de conhecimento Senso comum (popular): conhecimento prático adquirido na experiência ordinária cotidiana; transmitido de geração em geração pela tradição oral; Filosófico: discussão sobre os problemas do mundo ou da existência com base na especulação racional, visão sistemática e coerente da realidade; conclusões submetidas à crítica; Teológico (religioso): especulação racional e corpo sistemático de doutrinas; crenças (dogmas) que não são questionadas ou submetidas à dúvida; Científico: linguagem rigorosa e apropriada, objetiva e sistemática, apresenta métodos de investigação, testes e conclusões precisas.

E o conhecimento artístico? Apresenta-se na forma de um objeto sensível; É criação e o trabalho criador. é fazer algo inédito, novo e singular, que expressa o sujeito criador e simultaneamente, transcende-o, pois o objeto criado é portador de conteúdo social e histórico e como objeto concreto é uma nova realidade social (PEIXOTO, 2003, p. 39). A criação é o ato de configuração objetiva da experiência individual. Pode contribuir significativamente para humanização dos sentidos, ou seja, para a superação da condição de alienação e repressão à qual os sentidos humanos foram submetidos. Resultado do trabalho humano, cultural e historicamente produzido.

Relação sujeito-objeto Sujeito: conhecedor (consciência e mente); Objeto: a ser conhecido ou conhecido (realidade, mundo, fenômenos).

Relação sujeito-objeto: Realismo As percepções dos objetos são reais ou correspondem de fato às características presentes nos objetos, na realidade (senso comum); Realismo ingênuo: apreensão imediata das características dos objetos (senso comum); Realismo crítico: problematizam a relação sujeito-objeto, mas mantém a ideia de que o objeto é determinante.

Relação sujeito-objeto: Idealismo Sujeito predomina em relação ao objeto; A percepção da realidade é produzida pelas ideias ou consciência; Os objetos são construídos de acordo com a capacidade de percepção do sujeito; O que existe é a representação que o sujeito faz do objeto.

REPRESENTACIONISMO: o conhecimento como representação (visão tradicional filosofia moderna) Conhecer é representar o que é exterior à mente. Obter uma imagem ou reprodução do mundo externo, projetada na consciência. Dois polos do processo de conhecer: sujeito conhecedor e objeto a ser conhecido Rene Magritte, O retorno (1940).

Richard Rorty (1931-2007) Crítica ao representacionismo: mente como espelho da natureza; Conhecimento é interação entre ambiente/meio e sujeito, é contextual e relacional; O sentido dos termos, desta forma, está no uso que fazemos deles, em contextos sócio-culturais.

Fontes primeiras: racionalismo, empirismo e apriorismo kantiano Racionalismo: confiança na razão humana por meio de princípios lógicos inatos (já estariam na mente desde o nascimento). René Descartes (séc. XVII): (regra da evidencia/dúvida; análise, síntese, enumeração). Empirismo: as ideias são provenientes da experiência, das percepções sensoriais (não existem ideias inatas). John Locke (séc. XVI): sensações + reflexão = conhecimento.

Fontes primeiras: racionalismo, empirismo e apriorismo kantiano Apriorismo kantiano: o conhecimento começa com a experiência, mas é preciso que o sujeito organize os dados da experiência. Immanuel Kant O ser humano possui faculdades (sensibilidade e entendimento) que possibilitam a experiência e determinam o conhecimento. A experiência fornece a matéria do conhecimento enquanto a razão organiza essa matéria de acordo com as estruturas existentes a priori no pensamento. Sujeito é o centro do processo de conhecer (Idealismo transcendental). A priori: antes de qualquer experiência

Possibilidades: o que podemos conhecer? Dogmatismo: defende a possibilidade de conhecer a verdade. Ceticismo: defende a impossibilidade de conhecer a verdade. Criticismo: defende que o conhecimento é possível, indaga as reais condições de possibilidade.

Dogmatismo: ingênuo e crítico Dogmatismo ingênuo Tendência que confia plenamente nas possibilidades de conhecimento; não considera o problema entre sujeito conhecedor e objeto conhecido; percepção do mundo como ele é. Ex: senso comum. Dogmatismo crítico Tendência que defende a capacidade de conhecer a verdade mediante esforço conjugado entre os sentidos e a inteligência; trabalho metódico, racional e científico.

Ceticismo absoluto Nega totalmente a capacidade Ceticismo absoluto humana de conhecer a verdade. Fundador: Pirro (séc. III a.c.). Pirro afirma ser impossível conhecer a verdade devido a duas fontes de erro: 1) os sentidos: nossos conhecimentos são originados dos sentidos, mas os sentidos nos induzem ao erro e; 2) a razão: as opiniões contraditórias sobre um mesmo assunto revelam os limites de nossa inteligência e a impossibilidade de alcançarmos uma certeza de verdade sobre qualquer coisa.

Ceticismo relativo Nega apenas parcialmente nossa capacidade de conhecer a verdade. Protágoras (séc. V a.c.): todo conhecimento é subjetivo; o homem é a medida de todas as coisas. Montaigne (séc. XVI): não existem verdades absolutas, que têm validade num determinado tempo e lugar, e não têm em outro tempo e lugar. Ex: costumes e valores). Hume (séc. XVIII): nosso conhecimento é incapaz de atingir a certeza plena e total. O que podemos alcançar é apenas uma verdade provável (mesmo a ciência só atinge uma verdade provável: as teorias científicas estão sendo constantemente derrubadas, ou reformuladas a partir de novas pesquisas que propõem novas teorias que também podem ser derrubadas ou reformuladas).

Criticismo Admite a possibilidade de conhecer, mas é limitado e provisório, ocorrendo em determinadas condições. Immanuel Kant (séc. XVIII): O conhecimento puro possibilita um juízo (afirmação) universal e necessário. Ex: raciocínio lógico matemático; duas retas paralelas jamais se encontram. O conhecimento empírico não possibilita nem um juízo universal nem um juízo necessário. Ex: o livro está sobre a mesa.

Avaliação O que é teoria do conhecimento; Questões básicas da teoria do conhecimento; O que é conhecimento; Tipos de conhecimento; Relação sujeito-objeto; Representacionismo: Rorty; Fontes primeiras do conhecimento: empirismo, racionalismo e apriorismo kantiano; Possibilidades do conhecimento: dogmatismo, ceticismo e criticismo.