MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO AUDITORIA INTERNA SECRETARIA DE ORIENTAÇÃO E AVALIAÇÃO PARECER SEORI/AUDIN-MPU Nº 208/2014



Documentos relacionados
EMENTA ACÓRDÃO. LUÍSA HICKEL GAMBA Relatora

MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO AUDITORIA INTERNA SECRETARIA DE ORIENTAÇÃO E AVALIAÇÃO PARECER SEORI/AUDIN-MPU Nº 129/2015

RESOLUÇÃO Nº 555, DE 19 DE JUNHO DE 2015

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAÍBA GÁBINETE DO DESEMBARGADOR JOSÉ RICARDO PORTO

MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO AUDITORIA INTERNA SECRETARIA DE ORIENTAÇÃO E AVALIAÇÃO PARECER SEORI/AUDIN MPU Nº 70/2015

RESOLUÇÃO Nº 372, DE 31 DE JULHO DE 2008

Conselho Nacional de Justiça

7ª CÂMARA CÍVEL APELAÇÃO CÍVEL N.º DA COMARCA DE CERRO AZUL VARA ÚNICA

NOTA TÉCNICA Nº276/2011/CGNOR/DENOP/SRH/MP. ASSUNTO: Exercícios anteriores - revisão de aposentadoria SUMÁRIO EXECUTIVO

ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA JURÍDICA DO MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO

MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO Secretaria de Recursos Humanos Departamento de Normas e Procedimentos Judiciais

AVERBAÇÃO Salvador, Agosto/2010 1

DECRETO Nº 5.545, DE 22 DE SETEMBRO DE 2005

COMISSÃO DE SEGURIDADE SOCIAL E FAMÍLIA PROJETO DE LEI Nº 2.804, DE 2011

RELATÓRIO. Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL

CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES

TURMA REGIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA - TRUJ

RESOLUÇÃO Nº 194, DE 22 DE FEVEREIRO DE 2000.

Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER. Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Sem restrição.

PORTARIA TRT 18ª GP/DG/SGPe Nº 395/2012 O DESEMBARGADOR-PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 18ª REGIÃO, no uso de suas atribuições legais

MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL FRANCISCO BARROS DIAS

Supremo Tribunal Federal

MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO

TERCEIRA TURMA RECURSAL JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS SEÇÃO JUDICIÁRIA DO PARANÁ

Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 1ª TURMA RECURSAL JUÍZO A

Nota Técnica nº 446/2010/COGES/DENOP/SRH/MP. ASSUNTO: Averbação de tempo de serviço. Referência: Processo Administrativo nº

NOTA Nº 004/A2.3.5-GAB CMT EX, DE 18 NOVEMBRO DE 2013.

Parecer sobre indenização por dispensa de FC na integralização da GAE

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União DESPACHO

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA-GERAL DA REPÚBLICA

Superior Tribunal de Justiça

Superior Tribunal de Justiça

PORTARIA RIOPREVIDÊNCIA Nº. 148 DE 09 DE FEVEREIRO DE 2009.

Coordenação-Geral de Tributação

Representante do Ministério Público: MARIA ALZIRA FERREIRA;

AFASTAMENTO PARA ESTUDO OU MISSÃO NO EXTERIOR

REGULAMENTO FINANCEIRO DA FITO

VACÂNCIA 1. DEFINIÇÃO:

ORDEM DE SERVIÇO Nº 08/2014

Coordenação-Geral de Tributação

Prefeitura Municipal de Porto Alegre

PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR

MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO AUDITORIA INTERNA SECRETARIA DE ORIENTAÇÃO E AVALIAÇÃO PARECER COGESP/SEORI/AUDIN MPU Nº 1.435/2013

DECISÃO DE RECURSO ADMINISTRATIVO CONCORRÊNCIA 002/2013 PROCESSO /

ABONO DE PERMANÊNCIA

Tribunal de Contas da União

Superior Tribunal de Justiça

Tribunal de Contas da União

Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social Conselho Pleno

ATO PGJ N.º 122/2013. O PROCURADOR-GERAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO AMAZONAS, no uso de suas atribuições legais, e

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União DESPACHO

PROPOSTA DE RESOLUÇÃO

ADE. ADICIONAL DE DESEMPENHO Perguntas e respostas para esclarecer dúvidas sobre a concessão do Adicional de Desempenho

Ato PGJ nº 001/2012 RESOLVE:

PARECER N.º 403/CITE/2015

Medida Provisória nº de de 2008

Gabinete do Conselheiro Almino Afonso Fernandes

Superior Tribunal de Justiça

Parecer nº 015/98 - JMS Processo CMRJ nº 04355/97

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO AGRAVO DE INSTRUMENTO N /GO (d) R E L A T Ó R I O

Coordenação-Geral de Tributação

MUNICÍPIO DE ROLADOR/RS. Parecer 028/13/PJM

Poder Judiciário JUSTIÇA FEDERAL Seção Judiciária do Paraná 2ª TURMA RECURSAL JUÍZO C

CARTILHA SOBRE DIREITO À APOSENTADORIA ESPECIAL APÓS A DECISÃO DO STF NO MANDADO DE INJUNÇÃO Nº 880 ORIENTAÇÕES DA ASSESSORIA JURIDICA DA FENASPS

MINUTA DA RESOLUÇÃO DA COMISSÃO DE IMPLANTAÇÃO DAS 30 HORAS SEMANAIS DO CEFET-MG

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃO N. º

VOTO. RESPONSÁVEL: Superintendência de Concessões e Autorizações de Geração SCG. 1. A UHE Cachoeira da Fumaça foi outorgada em 22/04/1975.

PM-1 RESOLUÇÃO Nº 013/PM-1/EMG-PMMT/94, DE 14/3/94 (Publicado no BCG n.º 059 DE 29/03/94).

Conselho Nacional de Justiça PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS Nº

Brasília, 28 de abril de NOTA JURÍDICA

NORONHA & ZAHR ADVOCACIA E CONSULTORIA JURÍDICA EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL BRASÍLIA DF.

* por Bruno Barata Magalhães (advogado)

P O D E R J U D I C I Á R I O

SERVIÇO MILITAR OBRIGATÓRIO E O EMPREGADO

CARREIRA DOS SERVIDORES DO QUADRO DO MAGISTÉRIO

Férias Individuais e Coletivas; Período Aquisitivo e Concessivo; Remuneração; Abono; Efeitos na Rescisão Contratual

Informações e Despachos

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PREFEITURA MUNICIPAL DE SANT ANA DO LIVRAMENTO Palácio Moisés Viana Unidade Central de Controle Interno

Licença e afastamento SERVIDOR PÚBLICO V LICENÇA E AFASTAMENTO. Licenças não remuneradas: Licenças: 12/11/2012

Supremo Tribunal Federal

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO CONSELHO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO SECRETARIA DOS ÓRGÃOS COLEGIADOS

Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social Conselho Pleno

Coordenação-Geral de Tributação

Agravante : COMERCIAL LONDRINENSE DE EXPLOSIVOS E MINERAÇÃO LTDA EMENTA

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO RELATÓRIO

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ CONSELHO SUPERIOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO

TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO PRESIDÊNCIA ATO Nº 590/DILEP.CIF.SEGPES.GDGSET.GP, DE 30 DE AGOSTO DE 2013

II - AÇÃO RESCISÓRIA

ESTATAIS. SERVIDOR PÚBLICO. INTELECÇÃO DO INCISO XII DO ARTIGO 178 DA LEI N.º /94. PARECERES 6.871, 8536, E

MINUTA DE ANTEPROJETO DE LEI COMPLEMENTAR

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 9ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL

Processo Data: Decisão: 27/01/2014 Ano Geração: 2014

Ministério da Previdência Social Conselho de Recursos da Previdência Social Conselho Pleno

Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União PARECER. Recurso contra decisão denegatória ao pedido de acesso à informação. Sem restrição.

AGRAVO INTERNO EM APELACAO CIVEL

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Controladoria-Geral da União Ouvidoria-Geral da União

CORREGEDORIA-REGIONAL JUSTIÇA FEDERAL NA 2ª REGIÃO PROVIMENTO Nº 62, DE 11 DE SETEMBRO DE 2009

Assunto: Auxílio-funeral. Vínculo de parentesco. Valor do benefício. Referência: Processo nº XXXXXXXXXXXXXXX

Consórcio Intermunicipal de Saúde do Médio Paranapanema

Transcrição:

MINISTÉRIO PÚBLICO DA UNIÃO AUDITORIA INTERNA SECRETARIA DE ORIENTAÇÃO E AVALIAÇÃO PARECER SEORI/AUDIN-MPU Nº 208/2014 Referência : Ofício nº 474/2013/DG/SEC. Assunto : Pessoal. Adicional de tempo de serviço para ex-militares. Interessado : Diretor-Geral. Ministério Público Militar. Por intermédio do Ofício nº 474/2013/DG/SEC, de 29 de novembro de 2013, o Excelentíssimo Senhor Diretor-Geral do MPM solicita manifestação desta Auditoria Interna a respeito do marco final a ser considerado para a concessão do Adicional por Tempo de Serviço aos servidores e membros do MPM, ex-integrantes das Forças Armadas. 2. Informa o i. Consulente que o caso concreto refere-se a: ( ) servidor deste MPM que prestou serviços ao Ministério da Defesa Exército Brasileiro por 10 (dez) anos, 5 (cinco) meses e 4 (quatro) dias, no período de 31/1/1994 a 30/6/2004. Face ao interregno laborado e dada a prescrição legal que determina a averbação desse tempo para todos os efeitos, nos termos do art. 100 da Lei nº 8.112/90, solicitou a incorporação, em sua remuneração, de 7% (sete por cento) a título de Adicional de Tempo de Serviço. 3. Alega, ainda, que existem posicionamentos divergentes entre o Superior Tribunal de Justiça e o Tribunal de Contas da União, em razão do disposto no art. 15, inciso II, da Medida Provisória nº 2.225-45/2001, que considera como termo final a data de 8 de março de 1999 para a concessão do Adicional por Tempo de Serviço aos servidores públicos civis da União. 4. Registra o i. Consulente, em síntese, que, enquanto o STJ tem posição de que os servidores públicos têm direito adquirido à manutenção das vantagens pessoais adquiridas em um determinado cargo público e transferidas para outro cargo, também público, ainda que se trate de mudança de regime jurídico, o TCU entende que: ( ) devem ser respeitados os marcos temporais estabelecidos em lei para fins de concessão de Gratificação de Adicional de Tempo de Serviço. Assim, no que tange ao serviço prestado às Forças Armadas, para fins de percepção do adicional previsto no art. 67 da Lei nº 8.112/1990, tem-se com termo a data de 8/3/1999. 5. Por último, questiona, na hipótese de o entendimento desta Auditoria Interna ser análogo ao do TCU, sobre a possibilidade de se aplicar a prescrição quinquenal, nos termos do art. 54 da Lei nº 9.784/1999, ao ato administrativo benéfico praticado há mais de cinco anos e que concedeu os 7% de Adicional por Tempo de Serviço ao servidor. 6. Inicialmente, cumpre esclarecer que o Adicional por Tempo de Serviço, segundo redação original do art. 67 da Lei nº 8.112/1990, era devido à razão de um por cento por ano de 1/5

serviço público efetivo. Posteriormente, com a redação dada pela Lei nº 9.527/1997, o referido adicional passou a ser considerado à razão de cinco por cento a cada cinco anos de serviço público efetivo. Por fim, o citado artigo foi revogado pela Medida Provisória nº 2.225-45/2001, mantidas, entretanto, todas as situações constituídas até 8 de março de 1999, conforme art. 15 transcrito abaixo: Art. 15. Revogam-se: ( ) II - o inciso III do art. 61 e o art. 67 da Lei nº 8.112, de 1990, respeitadas as situações constituídas até 8 de março de 1999; 7. Por seu turno, os servidores militares federais das Forças Armadas também faziam jus à Gratificação de Tempo de Serviço, na razão de um por cento por ano de serviço público, conforme estabelecido no art. 16 da Lei nº 8.237/1991. Entretanto, o art. 30 da Medida Provisória nº 2.215-10/2001, abaixo transcrito, extinguiu esta gratificação, ficando assegurado o percentual correspondente aos anos de serviço contados até 29 de dezembro de 2000. Art. 30. Fica extinto o adicional de tempo de serviço previsto na alínea "c" do inciso II do art. 1º desta Medida Provisória, assegurado ao militar o percentual correspondente aos anos de serviço a que fizer jus em 29 de dezembro de 2000. 8. Assim, em razão de o Adicional por Tempo de Serviço ter sido extinto em data diferente para os servidores públicos civis e para os militares, quando o servidor militar troca de regime, resta dúvida sobre qual deve ser a data a ser considerada para concessão do referido adicional. 9. Nessas situações, conforme registrado pelo Consulente, o STJ já consolidou jurisprudência no sentido de que os servidores públicos possuem direito adquirido à manutenção das vantagens pessoais que tenham sido incorporadas em um determinado cargo público, mesmo se houver mudança de regime jurídico em razão de posse em outro cargo efetivo, conforme se extrai da decisão transcrita abaixo: STJ - AgRg no RMS nº 29.118 DF (2009/0050925-1) AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. INCORPORAÇÃO DE DÉCIMOS NA ESFERA FEDERAL. POSSE EM CARGO PÚBLICO DE ÂMBITO DISTRITAL. TRANSPOSIÇÃO DA VANTAGEM PESSOAL. POSSIBILIDADE. DIREITO ADQUIRIDO. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. Este Tribunal Superior consagrou o entendimento de que as vantagens pessoais adquiridas em determinado cargo público podem ser transpostas para outro, ainda que vinculado a ente da Federação diverso. Desse modo, é admissível a manutenção de pagamento em âmbito estadual ou distrital de quintos/décimos incorporados na esfera federal. 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (grifo nosso) 10. Por outro lado, o TCU considera a data estabelecida pela MP nº 2.225-45/2001 como marco temporal final para fins de concessão do Adicional por Tempo de Serviço aos servidores ocupantes de cargo de provimento efetivo vinculados ao Regime Jurídico dos Servidores Públicos da União, conforme se depreende do sumário do Acórdão TCU nº 3.427/2013 Plenário, que negou provimento ao recurso impetrado por servidor que teve a concessão dos anuênios revista em âmbito administrativo, ipsis litteris: 2/5

SUMÁRIO: RECURSO ADMINISTRATIVO. DECISÃO DO PRESIDENTE DO TCU QUE INDEFERIU RECURSO HIERÁRQUICO INTERPOSTO CONTRA DECISÃO DA SECRETARIA-GERAL DE ADMINISTRAÇÃO EM OUTRO RECURSO HIERÁRQUICO DO RECORRENTE, COM O OBJETIVO DE ANULAR A REVISÃO DE CONCESSÃO DE SEUS ANUÊNIOS EFETUADA EM CUMPRIMENTO AOS ACÓRDÃOS 2.473/2009-PLENÁRIO E 2.910/2010- PLENÁRIO, DE TAL FORMA QUE O REFERIDO ADICIONAL CONTEMPLE O TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO ÀS FORÇAS ARMADAS APÓS A EXTINÇÃO DO INSTITUTO NO REGIME JURÍDICO DOS SERVIDORES CIVIS DA UNIÃO EM 8.3.1999. CONHECIMENTO. NÃO PROVIMENTO. 11. Portanto, para o STJ, o servidor militar que ingressar no Regime dos Servidores Públicos Civis da União traz o direito de incorporar o percentual de gratificação por tempo de serviço que tinha no regime militar, ainda que com contagem de tempo posterior à data limite para o servidores civis 8/3/1999. Já para o TCU, nesses casos, o servidor deve ter sua contagem de tempo de serviço para efeitos da referida gratificação limitada à data de extinção dessa gratificação no regime dos servidores civis 8/3/1999. 12. Ocorre que os servidores que tiveram os anuênios corrigidos em virtude da decisão prolatada no Acórdão TCU nº 2.910/2010 Plenário, impetraram mandado de segurança perante o Supremo Tribunal Federal contra a mencionada decisão. No entanto, em juízo preliminar, o Ministro-Relator da matéria ratificou o entendimento adotado pela Corte de Contas, conforme parte transcrita do MS nº 30.421/DF: Quanto à suposta falta de isonomia, verifico que tem fundamento na diferença relativa à data de ingresso dos ex-militares no regime estatutário civil, fator que me parece suficiente para justificar a distinção proposta pela autoridade coatora. No mérito, aparentemente o caso é de aplicação da jurisprudência desta Corte no sentido da ausência de direito adquirido a regime jurídico. É lícito que a autoridade corrija ato anterior que fixou de maneira ilegal o transporte das parcelas adquiridas com fundamento na Lei 6.880/1980. 13. Ademais, na decisão do citado mandado de segurança, a manifestação da Procuradoria-Geral da República denota o mesmo sentido adotado pelo TCU, conforme se extrai do trecho transcrito abaixo: No mérito, não encontra plausibilidade o requerido pelos impetrantes. Com efeito, o direito à percepção de anuênios, conforme constava no art. 67 da Lei 8112/1990, foi revogado em 08.03.1999, marco a que posteriormente não subsistiria mais a vantagem. Ora, nada obstante a Lei 6880/1990 - Estatuto dos Militares, regime a que, anteriormente, se submetiam os impetrados, prever benefício similar, extinto somente no ano de 2000, não se pode incorporá-lo ao patrimônio jurídico de quem se encontra sob jugo de outra lei de regência. Tanto é assim que a jurisprudência dessa e. Corte Suprema é pacífica no sentido de negar a existência de direito adquirido a regime jurídico. Nessa linha de intelecção, os anuênios pleiteados somente poderiam ser incorporados ao patrimônio daqueles que se encontrassem sob a égide do Estatuto dos Servidores Civis antes da revogação do dispositivo que os autorizava. Não é o caso. Os impetrantes ingressaram no serviço público posteriormente à alteração do diploma legal, e, portanto, fariam jus ao benefício somente até a data da r. modificação. Destarte, é ilícita a transposição de parcelas adquiridas com 3/5

fundamento na Lei 6880/1990, devendo, a Administração, corrigir quaisquer ilegalidades nesse sentido. 14. Nesse sentido, verifica-se que é pacífica a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que inexiste direito adquirido a regime jurídico. Portanto, tanto o STF, ainda que em juízo preliminar, como o MPU entendem que os ex-militares, quando sob a égide do Estatuto dos Servidores Civis, somente têm direito ao adicional de tempo de serviço no percentual correspondente à contagem de tempo de serviço público prestado até a data em que este benefício foi extinto para os servidores civis 8/3/1999. 15. Desse modo, entendemos que 8/3/1999, data limite para contagem de tempo de serviço para efeitos de anuênio, no caso dos servidores civis, conforme a MP nº 2.225/2001, é o termo final para concessão de gratificação por tempo de serviço a ex-integrantes da Forças Armadas que ingressam no MPU. 16. Quanto à possibilidade de ser aplicada a prescrição quinquenal ao ato administrativo benéfico praticado há mais de cinco anos, em análise a caso similar, o Tribunal de Contas da União Acórdão TCU nº 2.473/2009 Plenário - entendeu que a data a ser considerada para o início da contagem do prazo, consoante estabelecido no art. 54 da Lei nº 9.784/1999, é a da concessão da complementação dos anuênios já recebidos pelo servidor ocupante de cargo efetivo no TCU, conforme se depreende dos trechos do relatório e voto do Ministro-Relator transcritas abaixo: Trata-se de processo administrativo que tem por objeto proposta de revisão, de ofício, da decisão exarada em 8/7/2004 (fls. 50-51) e publicada no Boletim do Tribunal de Contas da União - BTCU 27, de 19/7/2004, por meio da qual, em sede de pedido de reconsideração formulado pelo AUFC André Geraldo Carneiro de Oliveira, matrícula 5037-5, a Administração da Casa deu provimento ao seu pleito e deferiu-lhe dois anuênios em complemento aos treze que já haviam sido a ele concedidos em 26/2/2003 (fls. 16, in BTCU n.º 10, de 17/3/2003). ( ) 24. Ocorre que não se trata aqui de atividade de controle externo. A revisão de ofício de que cuida o presente processo é de cunho administrativo. O seu rito não é ditado por aquela norma, mas integralmente pela Lei nº 9.784/99, a qual dispõe: Art 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. 1º No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. 2º Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato. 25. Nota-se que enquanto aquela norma regimental é omissa quanto à possibilidade de interrupção de contagem do prazo para decadência, a lei orientadora do presente processo é expressa em seu parágrafo segundo quanto a tal possibilidade. É esse também o entendimento que se obtém da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (e.g. MS 12517/DF e MS 12618/DF). 26. Assim sendo, observa-se que aqui há a possibilidade de revisão do ato administrativo perpetrado. Com efeito, tendo sido o ato inquinado praticado em 8/7/2004 (fls. 50/1) e a presente revisão de ofício estabelecida pela autoridade administrativa em 30/8/2006, com a devida instauração do contraditório (fls. 69/70), verifica-se que o intervalo de tempo decorrido é inferior ao prazo decadencial estipulado no mencionado dispositivo. (grifos nossos) 4/5

17. No caso em tela, de acordo com a documentação anexa à consulta, vê-se que o ato administrativo que concedeu 2% a título de gratificação adicional por tempo de serviço no MPDFT, antiga lotação do servidor, perfazendo o total de 7%, foi emitido no exercício de 2009 (Portaria nº 1.702, de 9/10/2009); verifica-se, ainda, que, a despeito de o referido percentual complementar ter efeitos financeiros retroativos a 22/10/2008, o prazo decadencial de revisão do ato inquinado contase da percepção do primeiro pagamento, conforme 1º do art. 54 da Lei nº 9.784/1999, o que somente ocorreu após a publicação daquela portaria, ou seja, posteriormente a 9/10/2009. Desse modo, tem-se que não decorreu ainda o prazo decadencial de 5 anos, disposto na referida Lei. 18. Em face do exposto, somos de parecer que não houve ainda decadência do direito de a Administração rever o ato administrativo que concedeu o percentual extra de 2% a título de gratificação adicional por tempo de serviço ao servidor, em virtude de o intervalo de tempo decorrido ser inferior ao prazo estabelecido no art. 54 da Lei nº 9.784/1999. É o parecer que submetemos à consideração superior. Brasília, de março de 2014. GLEDSON DA CRUZ MOURÃO Chefe da DIPE De acordo. À consideração do Senhor Auditor-Chefe. MICHEL ÂNGELO VIERIA OCKÉ Coordenador da COGESP Aprovo. Encaminhe-se à DG/MPM e à SEAUD. Em / 3 / 2014. MARA SANDRA DE OLIVEIRA Secretária de Orientação e Avaliação SEBASTIÃO GONÇALVES DE AMORIM Auditor-Chefe 5/5