Figura 1. Evolução das exportações brasileiras de carne suína entre 1960

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Transcrição:

Produtos congelados são a locomotiva das exportações de carne suína Guilherme Bellotti de Melo Economista, membro da Equipe de Pesquisa do Mercado Suinícola/Cepea gbmelo@esalq.usp.br Durante muitos anos o Brasil destinou sua produção de carne suína estritamente ao abastecimento de mercado interno. Nos anos 6, mais de 5% do total produzido era consumido no próprio local de produção dos animais, e o excedente era destinado a açougues próximos às granjas produtoras. Já na década de 7, com o aumento do número de pessoas vivendo na cidade, a carne suína passou a ter como principal destino as áreas urbanas. Nessa mesma década, o Brasil iniciou seus primeiros passos em direção ao mercado internacional, enviando esse tipo de carne para alguns países europeus e asiáticos. Segundo dados da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), nos anos 7, as exportações brasileiras de carne suína totalizaram 43,3 mil toneladas, enquanto, nos anos 6, o volume foi de apenas 3,3 mil toneladas. No entanto, o início das exportações foi logo abafado, como pode ser notado na figura abaixo, pelo surgimento de doenças como a peste suína nos anos 8. 1985 Figura 1. Evolução das exportações brasileiras de carne suína entre 196 14 12 Toneladas 1 8 6 4 2 1961 1963 1965 1967 1969 1971 1973 1975 1977 1979 1981 1983 1985 Ano Fonte: FAO (FAOSTAT); elaboração do autor

Diante desse problema e do aumento da competitividade no mercado de carnes em conseqüência da abertura comercial brasileira realizada pelo então Presidente Fernando Collor, a década de 9, para o setor suinícola, foi marcada pelo incremento da profissionalização. No sistema de produção dos animais, por exemplo, houve várias mudanças, dentre elas a divisão da produção (cria e recria/ engorda), o uso mais intensivo de inseminação artificial, o controle preventivo de doenças e o aumento da preocupação do bem estar animal. No que tange ao mercado, o consumo de carne suína (in natura ou préelaborada) voltou a crescer e o investimento em marketing fez com que as carnes brasileiras voltassem a atuar no mercado internacional a partir do final dessa década. Conforme ilustra a Figura 2, as exportações entre 1996 e 25 cresceram em termos quantitativos 99%, saindo de 53 mil para 58 mil toneladas. Em termos de valores, esse crescimento foi menor, mas mesmo assim a elevação foi de 849%, fechando 25 com um faturamento de US$ 1,1 milhão. Figura 2. Evolução das exportações brasileira de carne suína fresca, refrigerada e congelada por quantidade (kg) e valor (US$) Quantidade 7.. 6.. 5.. 4.. 3.. 2.. 1.. 1.2.. 1... 8.. 6.. 4.. 2.. Receita Total 1996 1998 2 22 24 Kg US$ Para o melhor entendimento das exportações desse tipo de carne, no entanto, é necessário desagregar esses números totais por tipo de carne enviada ao mercado externo, de acordo com a definição utilizada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e

Comércio (MDIC), a mesma adotada por países como Paraguai, Argentina e Uruguai, denominada Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM). Diante disso, as exportações das carnes suínas são apuradas da seguinte maneira: Frescas e Refrigeradas Carcaças e Meias Carcaças Pernas, Pás e respectivos pedaços, não desossados Outras Congeladas Carcaças e Meias Carcaças Pernas, Pás e respectivos pedaços, não desossados Outras.Diante dessas definições, observa-se que a locomotiva que carrega as exportações de carne suína tem sido puxada pelo vagão outras carnes congeladas, que se referem a cortes in natura, tais como lombo, pernil, etc. Entre 1996 e 25, o Brasil acompanhou um aumento de 646% nas exportações desse tipo de carne, que atingiram 39 mil toneladas neste último ano (figura 3). Figura 3. Evolução da quantidade exportada de carne suína por código NCM 45.. 4.. 35.. 3.. 25.. 2.. 15.. 1.. 5.. 1996 1999 22 25 Carcaça e 1/2 carc. Resf. Pá. Pernas resfriadas Outras carnes resf. Carcaça 1/2 car. Cong. Pá. Pernas congeladas Outras carnes cong. Com relação ao destino desse tipo de carne, dados da Secex apontam Rússia e Hong Kong como os principais mercados. No entanto, observa-se que até 1997 apenas este último era comprador brasileiro, sendo responsável sozinho por 44% do total vendido pelos frigoríficos nacionais. Já a partir de 1998, mesmo que incipiente, a Rússia abriu seu

mercado a esse tipo de carne. Contudo, foi a partir de 21 que os russos passaram a configurar e se consolidar como o maior demandante brasileiro. De acordo com a tabela abaixo, as compras russas passaram de 48 mil toneladas em 21 para 237,5 mil em 25, comprando neste último ano 61% do total vendido pelo Brasil. Tabela 1. Evolução das importações da Rússia e de Hong Kong de Outras carnes Congeladas do Brasil Aquisição da Ano Rússia Hong Kong Total Rússia Aquisição de Hong Kong 1996 22.621.54 52.184.612,% 43,35% 1997 23.571.742 53.138.82,% 44,36% 1998 15.22 34.895.856 7.936.234,2% 49,19% 1999 23.985 34.56.354 73.291.491,3% 47,15% 2 8.462.297 42.457.263 97.86.744 8,65% 43,41% 21 48.876.371 39.289.57 143.595.34 34,4% 27,36% 22 148.455.137 4.291.312 228.918.621 64,85% 17,6% 23 171.849.892 46.252.798 312.117.2 55,6% 14,82% 24 175.896.532 41.56.28 335.42.77 52,5% 12,4% 25 237.536.38 38.649.541 389.366.4 61,1% 9,93% Outro tipo de carne suína que tem puxado as exportações nacionais são as carcaças e meias carcaças congeladas. Como foi visto previamente na Figura 1, esse tipo de carne também possui uma história recente no cenário mundial, tendo o ano de 22 como o marco principal. A partir desse ano, as vendas desse tipo de carne, impulsionadas pelos estados sulistas, não pararam de crescer, atingindo 164 mil toneladas em 25, um crescimento de 142% em relação ao ano de 22. No que toca os destinos desse tipo de carne, a Rússia novamente se destaca como o maior comprador. A figura abaixo mostra a relevância desse país para as vendas brasileiras. Todavia, é interessante notar que essa representatividade está diminuindo, indicando que o mercado brasileiro vem conquistando novos mercados, como a Ucrânia e África do Sul, objetivando uma redução da dependência dos frigoríficos brasileiros em relação à Rússia. Figura 4. Evolução da porcentagem da aquisição russa no total vendido de carcaças e meias carcaças congeladas de suíno pelo Brasil

1,% 9,% 8,% 7,% 6,% 5,% 4,% 3,% 2,% 1,%,% 22 23 24 25 Em relação às exportações dos demais tipos de carne apuradas pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior), uma análise dos dados permite observar que elas não possuem papel tão importante como as que foram descritas acima, representando apenas 4,47% de tudo o que foi exportado em 25. Não obstante, é válido ressaltar que as vendas do item definido como pernas, pás e respectivos pedaços, não desossados congelados evoluiu 14% em relação a 24, saindo de 11,9 mil toneladas nesse ano para 24,3 mil toneladas em 25. Assim, mediante todos esses números, fica claro que frigoríficos de suínos brasileiros destinam ao mercado internacional um produto predominantemente congelado, o qual é menos perecível e mais resistente a viagens de longas distâncias, o que facilita as vendas a países de outros continentes, tais como Rússia, Ucrânia, Hong Kong, etc.