A Inflação no Brasil: Um Diagnóstico do Setor Industrial 30 de Junho de 2008

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Transcrição:

A Inflação no Brasil: Um Diagnóstico do Setor Industrial 30 de Junho de 2008 Nos dois últimos Relatórios de Inflação divulgados pelo Banco Central, a autoridade monetária tem reiterado sua preocupação com o descompasso entre oferta e demanda, afirmando que a oferta da indústria não estaria apta a atender o crescimento da demanda em tempo hábil. Além deste ponto, que é plenamente contestado pela indústria, o Relatório de Inflação divulgado no último dia 25 de junho de 2008 foi mais enfático na questão dos preços no atacado. A publicação vê riscos consideráveis no movimento dos mesmos e um possível impacto negativo no índice de preços ao consumidor em um futuro próximo. A autoridade monetária reconhece a enorme pressão dos preços agrícolas, mas dedica especial atenção aos preços industriais. Citando um trecho da página 110 do Relatório: O maior risco, porém, advém dos preços industriais, pois, além de se localizarem mais próximos da etapa do consumo final e, por conseguinte, transmitirem-se mais rapidamente para os preços ao consumidor, costumam mostrar maior persistência. O objetivo deste artigo é mostrar que a indústria não é a principal causa da inflação, como o Banco Central e muitos analistas têm afirmado ultimamente. Muito pelo contrário, a indústria está auxiliando no controle da mesma. Neste sentido, o artigo mostrará que o atual ciclo de crescimento da capacidade produtiva do país continua vigoroso. Além disso, o trabalho analisará o IPA desagregado, com foco principal no IPA da Indústria de Transformação. Neste caso, o intuito é apontar que os aumentos localizados em alguns subitens industriais são conseqüência direta dos choques de preços ocorridos mundialmente. Não há dúvida que o atual ciclo de alta da inflação brasileira causa inquietações em todos. Esta é também uma preocupação do setor industrial, pois a estabilidade de preços foi uma conquista árdua da sociedade brasileira e a baixa inflação é premissa básica para que tenhamos crescimento econômico sustentado ao longo do tempo. O Banco Central tem agido de forma a controlar a inflação e, nesse sentido, iniciou um ciclo de aumento de taxa de juros, que é um remédio forte para o setor industrial brasileiro. As altas taxas de juros praticadas no país geram efeitos colaterais fortes, principalmente em relação a uma maior valorização do Real. Isso traz dificuldades para a indústria brasileira pois torna o produto nacional menos competitivo nos mercados interno e internacional. A FIESP defende o controle da inflação, mas alerta que o diagnóstico tem que estar baseado 1

em fatos, e não aceita ser a indústria a principal responsável pelas pressões inflacionárias. Na visão da Fiesp, o BC e alguns outros analistas se equivocam ao afirmar que há descompasso entre oferta e demanda, pois os dados de crescimento da produção e de investimentos produtivos continuam apresentando percentuais consideráveis ao longo do tempo. O equívoco ocorre, em primeiro lugar, porque a atividade industrial apresenta acomodação do crescimento desde abril, antes mesmo do início do processo de elevação da Selic. A Fiesp divulgou, em 26 de junho passado, dados referentes ao Indicador de Nível de Atividade (INA) da indústria de São Paulo, apontando uma queda de 2,4% no mês de maio em relação ao mês de abril (série com ajuste sazonal) e indicando uma tendência de desaceleração da atividade econômica no estado. No acumulado de 12 meses, a taxa registrada é de 7,5% até maio de 2008. Este indicador vinha subindo mês a mês, mas se estabilizou desde abril, reforçando os sinais de acomodação. A partir de maio, passamos a comparar a produção de 2008 com um período de atividade mais forte no ano passado. Por isso, a taxa inter-anual passou a ser menor. Por exemplo, o crescimento do INA de abril de 2008, em relação ao mesmo mês do ano anterior, foi de 11,9%, enquanto o INA de maio ficou em apenas 3,9%. É com base nesta redução que a pesquisa Focus do Bacen aponta crescimento para a indústria em torno de 5,5% no ano de 2008. Em segundo lugar, o equívoco ocorre porque não leva em conta a forte expansão da capacidade instalada vivida pela indústria. Na comparação do período de janeiro a maio de 2008, contra mesmo período do ano anterior, o crescimento do INA foi de 8,3%. Quando ocorrem 8,3% de crescimento da atividade e menos de 1% de variação do NUCI- Fiesp, fica evidente o aumento da capacidade instalada ocorrido. Dados referentes à produção de bens de capital mostram uma elevação de 20,5% de Janeiro a Abril de 2008, contra o mesmo período de 2007. Já o consumo aparente de máquinas e equipamentos CAME (produção exportações + importações de máquinas e equipamentos) cresceu 25% entre os meses de Janeiro a Abril de 2008, comparados com mesmo período de 2007. Isso demonstra a resposta da indústria de pleno atendimento da demanda da economia brasileira pois o CAME tem crescido a taxas crescentes e, na sua esteira, a capacidade de produção da indústria também o faz. Por fim, destaca-se que o descompasso entre oferta e demanda não pode ser fator predominante de pressão na inflação pois setores de relevância econômica, muitos dos quais com demanda crescendo a taxas superiores a 20% no ano, apresentam IPA abaixo da média do IPCA: a) 2

equipamentos de informática estão com deflação de -18,51% no acumulado em 12 meses; b) artigos de vestuário com 3,22%; c) artigos de borracha e material plástico com -1,80%; d) máquinas e equipamentos, com inflação em 12 meses de 2,08%; e) veículos automotores com inflação de 4,15%. É de conhecimento geral que os principais causadores das atuais pressões inflacionárias são: a) os preços dos alimentos, devido à demanda recorde por alimentos em grandes nações do mundo, como China e Índia e ao crescente interesse em relação aos biocombustíveis; b) preços do petróleo e seus derivados, também devido ao aumento de demanda, a uma grande inelasticidade e a casos de especulação pura e simples; c) metalurgia básica; d) químicos e derivados. Neste ponto, a Fiesp está em concordância com a análise contida no Relatório de Inflação. Contudo, quanto à dinâmica dos preços industriais, o BC erra ao afirmar que o maior risco, porém, advém dos preços industriais, pois a elevação dos preços da indústria está concentrada justamente nos setores citados acima. Em outras palavras, a inflação observada nos preços do atacado é muito mais advinda de uma alta mundial de preços que do descompasso entre oferta e demanda. E é esse o ponto que mostraremos a seguir. Gráfico 1 Índices de Preços ao Atacado (IPA Origem OG - DI) variação em 12 meses 40,00 33,65 30,00 20,00 15,36 10,00 9,63 0,00-10,00 jan/06 mar/06 mai/06 jul/06 set/06 nov/06 jan/07 mar/07 mai/07 jul/07 set/07 nov/07 jan/08 mar/08 mai/08-20,00 IPA- Origem - OG- DI- Total IPA - Origem - OG - DI - Produtos Agropecuários IPA - Origem - OG - DI - Produtos Industriais Fonte: FGV-Dados e IBGE 3

O Gráfico 1 é uma primeira aproximação do tema e mostra como os preços agropecuários no atacado estão com uma pressão inflacionária 3 vezes maior que os preços industriais (todos os percentuais em taxas acumuladas em 12 meses). Mesmo assim, percebe-se que os preços dos produtos industriais estão com taxa de inflação acima daquela observada no IPCA de 12 meses, que está em 5,58%. Tabela 1: Índices de Preços (IPCA e IPA) variação em 12 meses Variação em 12 meses (T/T-12) ÍNDICES jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 IPCA 4,56 4,61 4,73 5,04 5,58 IPCA - Alimentos e Bebidas 11,52 11,32 11,22 12,62 14,63 Preços por Atacado - IPA - OG - DI IPA- Origem - OG- DI- Total 10,27 10,62 11,39 12,81 15,36 Produtos Agropecuários 25,47 23,89 24,68 27,90 33,65 Lavouras Temporárias 27,88 28,06 29,37 35,27 42,17 Lavouras Permanentes 5,07 6,70 6,90 4,78 4,30 Pecuária 30,83 25,14 25,39 26,37 32,71 Produtos Industriais 5,26 6,20 6,98 7,96 9,63 Indústria Extrativa -3,84-1,37 1,84 9,50 19,56 Carvão Mineral 4,01 11,86 10,54 11,95 12,74 Minerais Metálicos -10,42-8,10-3,20 5,92 17,97 Minerais não Metálicos 6,20 8,68 8,17 11,95 18,13 Indústria de Transformação 5,57 6,44 7,10 7,77 9,08 Produtos Alimentícios e Bebidas 11,35 13,81 15,40 17,53 20,26 Produtos do Fumo 6,50 7,35 7,90 7,90 3,54 Produtos Têxteis -0,17 0,41 0,46 0,50 0,34 Artigos do Vestuário -3,94-3,71-2,40-1,87-3,22 Couros e Calçados 2,66 2,60 2,88 2,74 1,83 Produtos de Madeira 5,59 6,22 6,16 6,69 7,05 Celulose, Papel e Produtos de Papel 5,09 5,15 5,84 4,91 3,82 Produtos Derivados do Petróleo e Álcool 6,75 6,94 6,08 6,00 9,54 Produtos Químicos 13,03 15,12 16,07 17,88 19,62 Artigos de Borracha e de Material Plástico 0,01-0,23-1,06-1,56-1,80 Produtos de Minerais Não-Metálicos 7,60 8,56 9,91 10,15 10,90 Metalurgia Básica 0,75 1,84 4,27 6,96 10,73 Produtos de Metal 0,32 1,55 4,18 3,68 5,23 Máquinas e Equipamentos 2,52 2,33 2,20 2,05 2,08 Equipamentos de Informática -11,12-13,07-13,79-17,81-18,51 Máquinas, Aparelhos e Materiais Elétricos 2,94 5,77 5,55 2,11 0,71 Material Eletrônico, Aparelhos e Equipamentos Comunicação -3,12-4,07-3,96-3,14-1,62 Veículos Automotores, Reboques, Carrocerias e Autopeças 3,63 3,39 3,57 3,92 4,15 Outros Equipamentos de Transporte -3,82-1,46-2,73-1,32-0,97 Móveis e Artigos do Mobiliário 5,30 5,16 5,06 5,48 5,03 Fonte: FGV-Dados e IBGE 4

Desta forma, centraremos nossas atenções nos preços relacionados à indústria de transformação, cuja desagregação resulta em 20 subitens, todos reportados na Tabela 1 em suas variações em 12 meses até maio de 2008. A Tabela 1 mostra que, dos 20 subitens do IPA indústria de transformação, somente 6 estão com variações em 12 meses acima do IPCA. A Tabela 2 traz cálculos com alguns dos subitens industriais com inflação acima da média da indústria. A inflação dos produtos alimentícios e bebidas, derivados de petróleo, químicos e metalurgia básica está em 14,8% (somente o grupo de alimentos registrou alta de 20,26%). O problema é que esses quatro setores têm um peso muito grande na indústria de transformação, representando praticamente a metade da indústria, e é isso que faz com que o IPA industrial fique em um patamar tão elevado. Tanto é verdade que os 16 itens restantes componentes da indústria de transformação apresentam inflação de 3,2%, no acumulado de 12 meses até maio de 2008. Tabela 2: Índices de Preços (IPCA e IPA) variação em 12 meses Preços por Atacado - IPA - OG DI mai/08 p.p IPA- Origem - OG- DI- Total 15,36 - Produtos Agropecuários 33,65 7,13 Lavouras Temporárias 42,17 3,94 Lavouras Permanentes 4,30 0,17 Pecuária 32,71 3,02 Produtos Industriais 9,63 8,23 Indústria Extrativa 19,56 3,05 Indústria de Transformação 9,08 5,18 Produtos Alimentícios e Bebidas 20,26 1,68 Produtos Derivados do Petróleo e Álcool 9,54 0,83 Produtos Químicos 19,62 1,14 Metalurgia Básica 10,73 0,72 Fonte: FGV-Dados (Nota: valores aproximados) Quando analisamos os preços ao consumidor, novamente identificamos os preços industriais caminhando muito abaixo da média, isto é, a inflação em 12 meses é de 3,6%, ou seja, 0,9% abaixo da meta do IPCA (Gráfico 2). Os preços dos itens relacionados aos serviços também se encontram bem próximos à meta, com crescimento em 12 meses de 4,6%. Por fim, fica claro o impacto de alimentos e bebidas no índice de preços ao consumidor, com crescimento de 14,6% em 12 meses. 5

Gráfico 2 IPCA - Total, IPCA -Produtos Industriais, IPCA - Serviços e IPCA -Alimentos e Bebidas (Variação 12 meses) 15,0% 12,6% 14,6% 13,0% 11,0% 9,0% IPCA - Alimentos e Bebidas 9,3% 9,7% 9,3% 7,9% 9,0% 10,8% 11,5% 11,3% 11,2% 7,0% 5,0% 3,0% 1,0% IPCA -Serviços 4,4% 4,6% 3,7% 4,2% 2,7% 2,2% 4,5% 4,3% 4,2% 4,2% 4,1% 2,8% 4,2% 4,1% 2,8% 2,6% 4,3% 2,8% IPCA - Total 5,04% 5,58% 4,6% 4,61% 4,73% 4,6% 4,2% 4,5% 4,4% 4,4% 3,4% 3,6% 3,0% 2,7% 2,8% IPCA - Produtos Industriais jul/07 ago/07 set/07 out/07 nov/07 dez/07 jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 Fonte: IBGE Em suma, a Fiesp é solidária no combate à inflação pelo Banco Central com o uso do instrumento da elevação dos juros, até porque é a única ferramenta de que dispõe a autoridade monetária. A Fiesp não aceita, entretanto, a responsabilidade pelas pressões inflacionárias atuais. E este artigo mostrou que não é procedente a ênfase do Banco Central e de alguns outros analistas no descompasso entre oferta e demanda, pois os dados mostram que os investimentos industriais estão acontecendo e se maturando em tempo hábil. Também não é procedente a preocupação do Banco Central com os preços industriais pois as elevações observadas nos mesmos estão concentradas justamente naqueles fatores já conhecidos de todos. Para os demais itens, os preços industriais do atacado continuam bem comportados, assim como se encontram bem comportados os preços industriais relacionados ao índice de preços ao consumidor. Isso mostra que os preços da indústria estão ajudando no controle da inflação, isto é, a âncora de preços industriais continua valendo. 6