RELAÇÃO ENTRE ÍNDICE DE MASSA CORPORAL E PRESSÃO ARTERIAL EM MULHERES COM MAIS DE 50 ANOS

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Transcrição:

RELAÇÃO ENTRE ÍNDICE DE MASSA CORPORAL E PRESSÃO ARTERIAL EM MULHERES COM MAIS DE 50 ANOS THE RELATION BETWEEN BODY MASS INDEX AND BLOOD PRESSURE IN WOMEN OLDER THAN 50 YEARS MARIA ESTELITA ROJAS CONVERSO; CLARA SUEMI DA COSTA ROSA; IGOR CONTERATO GOMES Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista - campus de Presidente Prudente Correspondência para: Maria Estelita Rojas Converso Rua Dirce Macuco Sandoval, 255 Presidente Prudente SP CEP - 19053-670 - Telefone (18) 3229-5365 ramal 209 e-mail: converso@fct.unesp.br 172

RESUMO O objetivo do estudo foi analisar a relação do Índice de Massa Corporal (IMC) com a Pressão Arterial (PA) de mulheres com mais de 50 anos. Trata-se de estudo transversal analítico com 130 mulheres com idade compreendida entre 50 e 80 anos, inscritas em um núcleo de terceira idade. Foram mensurados peso e estatura para cálculo do IMC e aferição da PA. De acordo com os critérios do estudo, 44 (32,6%) das avaliadas foram classificadas como hipertensas e 91 (67,4%) como normotensas. A comparação dos valores médios de IMC de hipertensas e normotensas foi feita por meio do teste t de Student para amostra independentes (p 0,05). Os resultados revelaram que o IMC médio das hipertensas foi de 28,2 kg/m 2 e das normotensas de 26,2 kg/m 2 (p=0,004). Conclui-se que mulheres com IMC maior apresentam maior prevalência de HA, o que sugere que o excesso de gordura corporal está associado com maior prevalência de HA. Palavras-chave: massa corporal, hipertensão arterial, obesidade 173

ABSTRACT The objective of this study was to analyze the relation between the Body Mass Index (BMI) and Blood Pressure (BP) in women older than 50 years. It s a transversal analytical study with 130 women with ages ranging from 50 to 80 years. Weight and height were measured in order to obtain the BMI and the BP was measured. According to the study criteria, 44 (32,6%) of the women were classified as hypertensive and 91 (67,4%) as normotensive. The comparison between the mean values for BMI of hypertensive and normotensive was carried out by means of the Student s t test for independent samples (p 0,05). The results showed that the mean BMI in the hypertensive women was 28,2 kg/m 2 and the normotensive was 26,2 kg/m 2 (p=0,004). We concluded that women with higher BMI show a higher prevalence of arterial hypertension, what suggests that excessive corporal fat is associated with a higher prevalence of arterial hypertension. Word-key: body mass, hypertension, obesity. 174

INTRODUÇÃO Observa-se, nos últimos anos, uma crescente preocupação por parte de vários segmentos da sociedade com a condição social e de saúde dos indivíduos que estão envelhecendo. Essa preocupação advem do significativo crescimento da população idosa em todo mundo, decorrente entre outras coisas da diminuição da taxa de natalidade e do progresso dos recursos científicos e biotecnológicos. No Brasil esse fato vem acompanhado do rompimento do paradigma de país jovem. O Censo de 1991 3 foi o primeiro a indicar que o percentual de idosos está aumentando. A população idosa com mais de 64 anos passa de 4,01% para 4,83% de 1990 para 1991. Esses números marcam o inicio do envelhecimento da população brasileira. Segundo o Censo de 2000, no Brasil 8,6% da população tem 60 anos ou mais de idade, sendo observado um crescimento expressivo dessa camada da população. Dentro dessa população a que mais cresceu foi o das pessoas com mais de 75 anos, apresentando um crescimento de 49,3% em relação ao Censo de 1991, demonstrando um aumento na expectativa de vida do brasileiro. Porém com o aumento da expectativa de vida do fim do século XX, houve também um acréscimo progressivo do número de pessoas com doenças crônicas não transmissíveis, como a diabetes, hipertensão arterial, obesidade e hiperlipidemias. De acordo com a Organização Mundial da Saúde 7 (OMS), essas patologias foram responsáveis por 59% da mortalidade (cerca de 31,7 milhões de óbitos) no ano de 1998 no mundo todo. A hipertensão arterial (caracterizada pela elevação persistente da pressão sangüínea) é um dos fatores causadores de doenças cardiovasculares e, pelo fato da obesidade (doença crônica caracterizada pelo exagerado acúmulo de gordura a ponto de comprometer a saúde) ser um dos principais responsáveis pela hipertensão arterial, o acompanhamento tanto da pressão arterial como da quantidade de gordura corporal são importantes para se tentar diminuir a morbi-mortalidade, especialmente, de pessoas idosas. 175

Diversos estudos demonstram uma prevalência alta de hipertensão arterial em idosos, chegando em alguns estudos em 67,2% 4,8. É consenso na literatura que com o avanço da idade ocorre a diminuição da taxa do metabolismo basal e à medida que diminui a massa magra a gordura corporal relativa aumenta, tendo assim uma maior probabilidade de desenvolver doenças crônicas não transmissíveis. Somente no Brasil em 2002, doenças relacionadas à obesidade foram responsáveis pela maior parcela dos óbitos e das despesas com assistência hospitalar no Sistema Único de Saúde (SUS), totalizando cerca de 69% dos gastos com atenção à saúde 1. Recentemente, Sichieri et al 9 indicaram que os custos hospitalares gerados pelo excesso de peso ultrapassam cerca de 7% de todas as hospitalizações, sendo esse custo comparável ao observado em países desenvolvidos. Taddei et al 11 a partir de estudo multicêntrico em idosos ambulatoriais, observaram que 36% das mulheres apresentavam IMC 27,3 e 22% dos homens com IMC 27,8 o que demonstra uma alta porcentagem de mulheres com sobrepeso. O ganho de peso pode causar a elevação da pressão arterial e, ao contrário, a sua redução pode diminuir a pressão arterial de pessoas hipertensas. A morbimortalidade dos indivíduos portadores destes fatores de risco é muito aumentada, e devido a isso a detecção de sua prevalência é muito importante. Com isto, o objetivo do presente estudo foi analisar a relação do Índice de Massa Corporal (IMC) com a Pressão Arterial (PA) de mulheres com mais de 50 anos. 176

METODOLOGIA Participaram do estudo 130 mulheres com idades entre 50 e 80 anos, inscritas no Núcleo UNESP-UNATI, da Faculdade de Ciências e Tecnologia do Campus de Presidente Prudente. A antropometria foi realizada com os indivíduos vestindo roupas leves e descalços na posição em pé e com os pés juntos. O peso foi verificado utilizando-se uma balança móvel digital da marca Filizola com precisão de 0,1 kg. A altura foi aferida com uma fita métrica. O IMC foi calculado com o peso dividido pela altura ao quadrado (kg/m 2 ), e foi considerado peso baixo IMC menor que 18,5; peso normal IMC entre 18,5 e 24,9; sobrepeso IMC entre 25 e 29,9; obeso IMC acima de 30. A pressão arterial (PA) foi aferida com um esfigmomanômetro aneróide da marca TYCOS para adultos e previamente calibrados, e um estetoscópio da mesma marca. A verificação da PA foi feita com base nas IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial 10. A amostra foi dividida em dois grupos: hipertensas e normotensas. Foram considerados hipertensos os indivíduos cuja pressão sistólica chegou a valores iguais ou superiores a 140 mmhg e a pressão diastólica a valores iguais ou superiores a 90 mmhg. Para análise estatística foram calculados médias e desvio padrão das variáveis idade, peso, estatura, IMC e pressão arterial e, para a comparação entre as médias do IMC de acordo com a pressão arterial foi aplicado o teste t de Student para variáveis independentes, através do pacote estatístico SPSS 13.0 para Windows. O nível de significância adotado foi de 5%. A inclusão na amostragem foi realizada após assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. O projeto de pesquisa foi aprovado na Comissão de Ética em Pesquisa da FCT/UNESP, conforme Processo n o. 091/2006. 177

RESULTADOS Os valores mínimos, máximos, médias e desvio-padrão da idade, peso, estatura, IMC, pressão sistólica e pressão diastólica das mulheres avaliadas encontram-se na tabela 1. Tabela 1. Valores descritivos de todas mulheres avaliadas. Mínimo Máximo Média e desvio-padrão IDADE 50 80 62,2 ± 7,07 PESO (kg) 40,9 114 65,05 ± 11,53 ESTATURA (m) 142 172 155,69 ± 6,08 IMC (kg/m²) 17,9 39,9 26,75 ± 3,89 PAS 90 200 126,90 ± 18,24 PAD 50 100 76,81 ± 9,28 Os resultados demonstraram que das 130 mulheres avaliadas, 43 (33,1%) foram classificadas como possíveis hipertensas e 87 (66,9%) como normotensas. De acordo com a classificação do IMC, apenas um indivíduo (0,8%) apresentou peso baixo, 48 (36,9%) peso normal, 54 (41,5%) sobrepeso e 27 (20,8%) obesidade, como podemos observar na figura 1. Figura 1. Valores percentuais referentes á classificação do IMC de todas mulheres avaliadas. 50% 45% 40% 35% 30% 25% 20% 15% 10% 5% 0% 0,8% 36,9% 41,5% 20,8% ABAIXO NORMAIS SOBREPESO OBESO 178

Tavares & Anjos 12 realizaram estudo com 4.277 indivíduos com mais de 70 anos de todas as regiões do Brasil e encontraram uma prevalência de 30,4% de homens idosos com sobrepeso, enquanto que no grupo de mulheres idosas 50,2% apresentaram sobrepeso. Em seu estudo os autores definem como sobrepeso indivíduos com IMC 25, se levarmos em conta essa definição podemos dizer que no presente estudo tivemos um total de 62,3% mulheres com sobrepeso, percentual maior do que encontrado no estudo dos referidos autores. por Santos et al 8 Os dados coletados no presente estudo são semelhantes aos encontrados em relação ao sobrepeso, onde apontaram a presença de 40,8% de pessoas com sobrepeso em seu estudo, mas em relação às pessoas com baixo peso os dados não são coincidentes, visto que apontaram 15,1% nessa situação contra 0,8% desse estudo. A análise dos resultados permite concluir que há uma alta prevalência (62,3%) de indivíduos com sobrepeso e obesidade na amostra estudada e, também, que há um alto índice de mulheres hipertensas com sobrepeso ou obesidade, visto que das 43 mulheres com possível hipertensão, 31 (38,3%) tiveram essa classificação (figura 2). Figura 2. Valores percentuais da pressão arterial das mulheres com sobrepeso e obesidade. 70% 60% 61,7% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 38,3% Normotensas Hipertensas De acordo com os critérios do estudo, 43 (33,1%) das avaliadas foram classificadas como hipertensas e 87 (66,9%) como normotensas. A comparação dos valores médios de IMC de hipertensas e normotensas foi feita por meio do teste t de 179

Student para amostra independentes (p 0,05). Os resultados revelaram que o IMC médio das hipertensas foi de 28,2 kg/m 2 e das normotensas de 26,2 kg/m 2 (p=0,004), demonstrando correlação positiva entre hipertensão arterial e sobrepeso em mulheres com mais de 50 anos, mostrando maior IMC no grupo das mulheres hipertensas. A tabela 2 mostra as médias dos IMC de acordo com a pressão arterial e os resultados encontrados na comparação através do teste t de Student desses valores médios do IMC de hipertensas e normotensas. Tabela 2. Valores médios e nível de significância da diferença entre as médias do IMC das hipertensas e normotensas. IMC (Kg/m 2 ) p Hipertensas 28,2 Normotensas 26,2 0,004* *p 0,05 A associação de hipertensão arterial e obesidade em idosos foi estudada por Ukoli et al 13 que também revelaram uma correlação positiva entre IMC e pressão arterial em mulheres nigerianas, sendo que as mulheres hipertensas desse estudo apresentaram IMC médio de 23,4 Kg/m 2. Cabrera & Jacob Filho 2 observaram que a freqüência de hipertensão arterial não se diferenciou entre os homens obesos e não obesos, mas em relação às mulheres a freqüência de hipertensão arterial foi significativamente maior em obesas, dado também encontrado no presente estudo. Em estudo realizado por Feldstein et al 6 com indivíduos de ambos os sexos, com idade compreendida entre18 a 86 anos, foi encontrada correlação positiva entre hipertensão arterial, idade e IMC somente em mulheres, enquanto que em homens a correlação entre as variáveis não existiu. Deshmukh et al 5 estudaram a relação dos indicadores antropométricos com a hipertensão arterial e observaram uma correlação positiva entre IMC, circunferência da cintura e hipertensão arterial. 180

Santos et al 8 constataram em seu estudo que 41,6% dos idosos com sobrepeso tinham hipertensão arterial, evidenciando uma correlação positiva com o estado nutricional do individuo. No presente estudo essa porcentagem foi de 38,3%. 181

CONCLUSÃO A análise dos resultados confirma a relação entre sobrepeso e a hipertensão arterial em mulheres, o que sugere que o excesso de gordura corporal está sim associado com maior prevalência de H.A. Isto reforça a necessidade de programas preventivos e orientação à população idosa em relação aos fatores de risco das doenças cardiovasculares. A orientação da necessidade de associação entre uma dieta balanceada e exercícios regulares é importante, pois somente assim haverá aumento do músculo, redução da gordura e conseqüentemente redução da pressão arterial. 182

REFERÊNCIAS 1. Brasil. (2004) Ministério da Saúde. Análise da Estratégia Global da OMS para Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde. Documento realizado pelo Grupo técnico assessor instituído por Portaria do Ministério da Saúde nº 596 de 8 de abril de 2004. Brasília, DF. 2. Cabrera MAS, Jacob Filho W. Obesidade em idosos: prevalência, distribuição e associação com hábitos e co-morbidades. Arq. Bras. Endocrinol. Metab. 2001; 45(5):494-501. 3. Censo demográfico 1991: resultados do universo: microdados. Rio de Janeiro: IBGE, 2002. 21 CD-ROM: IBGE, Censo demográfico 2000. 4. Converso MER, Leocádio PLLF. Prevalência da hipertensão arterial e análise de seus fatores de risco nos Núcleos de Terceira Idade de Presidente Prudente. Rev. Ciênc. Ext. 2005; 2(1):13-23. 5. Deshmukh PP, Gupta SS, Dongre AR, Bharambe MS, Maliye C, Kaur S, Garg BS. Relationship of anthropometric indicators with blood pressure levels in rural Wardha. Indian J. Med. Res. 2006; 123(5):657-64. 6. Feldstein CA, Akopian M, Olivieri AO, Kramer AP, Nasi M, Garrido D. A Comparison of body mass index and waist-to-hip ratio as indicators of hipertension rik in na urban Argentine population: a hospital-based study. Nutr. Metab. Cardiovasc. Dis. 2005; 15(4):310-15. 7. OMS. (2004) Estratégia Global em Dieta, Atividade Física e Saúde. 57ª Assembléia Mundial de Saúde WHA57.17, 8ª Sessão plenária, 22 de maio de 2004. 8. Santos MRDR, Mendes SCSM, Morais DB, Coimbra MPSM, Araújo MAM, Carvalho CMRG. Caracterização nutricional de idosos com hipertensão arterial em Teresina, PI. Rev. Bras. Geriatria e Gerontologia. 2007; 10(1). 9. Sichieri R, Nascimento S, Coutinho W. The burden of hospitalization due to overweight and obesity in Brazil. Cad. Saúde Pública, 2007; 23(7):1721-27. 10. Sociedade Brasileira de Hipertensão; Sociedade Brasileira de Cardiologia, Sociedade Brasileira de Nefrologia. IV Diretrizes Brasileiras da Hipertensão Arterial. Campos do Jordão; 2002. 31p. 11. Taddei CFG, Ramos LR, Moraes JC. Estudo multicêntrico de idosos atendidos em ambulatórios de cardiologia e geriatria de instituições brasileiras. Arq. Bras. Cardiol. 1997; 69(5):327-33. 183

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