HANSENÍASE E POLÍTICAS DE CONTROLE E ELIMINAÇÃO DA DOENÇA NO BRASIL: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Documentos relacionados
Programa Nacional de Hanseníase

ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA HANSENÍASE EM POPULAÇÃO INDÍGENA NOS MUNICÍPIOS DE AUTAZES, EIRUNEPÉ E SÃO GABRIEL DA CACHOEIRA (SGC), AMAZONAS/BR.

Eliminação da Hanseníase

A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DA TUBERCULOSE E O PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA

SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA HANSENÍASE NO BRASIL 2003

Boletim da Vigilância em Saúde ABRIL 2013

TR A N A N C A I C ONA N L A L DE D E PR P O R DU D Ç U Ã Ç O Ã EM E

PROGRAMA DE HANSENÍASE (PROHANSEN): CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES ATENDIDOS NO PERÍODO DE ABRIL DE 2007 A FEVEREIRO DE

Coordenação do Programa de Controle de Hanseníase CCD/COVISA/SMS

CONSULTA FUNDAMENTAÇÃO E PARECER

Avaliação do programa de controle da hanseníase em um município hiperendêmico do Estado do Maranhão, Brasil,

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO LATO-SENSU

Cartilha de Direitos Humanos em Hanseníase:

PORTARIA Nº 2.080, DE 31 DE OUTUBRO DE 2003

DISTRITOS SANITÁRIOS

Políticas Públicas de Prevenção e Atenção para DST/HIV/AIDS na Saúde Mental no Brasil

História. Descobrimento do Micobacterium leprae, por Gerhard H. Amauer Hansen

(83)

Joseney Santos

UNIVERSIDADE DE CUIABÁ - UNIC PROFª. Ma. MÁRCIA SOUZA AMERICANO

Assunto: Atualização da investigação de caso suspeito de sarampo em João Pessoa/PB - 22 de outubro de 2010

A. Lima 1+ ; l.a. Souza 2 ; M.P.M.veiga 2

TERESINA - PIAUÍ. Teresina. Organização Panamericana de Saúde. Organização Mundial de Saúde. Fundação Alfredo da Matta. Ministério da Saúde

B O L E T I M EPIDEMIOLÓGICO SÍFILIS ano I nº 01

HANSENÍASE EM GUANAMBI: Uma mancha silenciosa e presente. Cintya Paloma Moreira Carvalho

Secretaria de Vigilância em Saúde Ministério da Saúde

Módulo 1 / Semestre 1 Carga horária total: 390ch Unidade Curricular. Semestral

Currículo Disciplina Carga Horária. Aspectos Éticos e Bioéticos na Assistência de Enfermagem ao Paciente Grave ou de Risco

Mudança da concepção da Vigilância Epidemiológica (VE) do HIV/Aids

Epidemiologia. Reservatório Modo de transmissão Contato domiciliar

17º Imagem da Semana: Fotografia

EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF LEPROSY PATIENTS IN A MUNICIPALITY OF MIDWEST REGION OF PARANA.

LEVANTAMENTO SOBRE AS AÇÕES DE ENFERMAGEM NO PROGRAMA DE CONTROLE DA HANSENÍASE NO ESTADO DE SÃO PAULO*

UTILIZAÇÃO DO ML FLOW PARA AUXÍLIO DIAGNÓSTICO E CARACTERIZAÇÃO DO TIPO DE HANSENÍASE NO RIO GRANDE DO SUL. UM ESTUDO DE CUSTO-EFETIVIDADE

Pacto de Gestão do SUS. Pacto pela Vida. Pacto em Defesa do SUS

Redes de Atenção à Saúde e o Cuidado às Pessoas com TEA no SUS

aula 6: quantificação de eventos em saúde

Relatório emitido em 04/11/ :21:50

Relações Ambiente Microorganismos

AVALIAÇÃO DAS AÇÕES DE CONTROLE DE HANSENÍASE NO MUNICÍPIO DE GOVERNADOR VALADARES, BRASIL, NO PERÍODO DE 2001 A 2006

VI CONGRESSO DE HIPERTENSÃO DA. HiperDia, desafios futuros e o que esperar?

Perfil epidemiológico dos pacientes diagnosticados com hanseníase através de exame de contato no município de Campos dos Goytacazes, RJ*

O PAPEL DO ENFERMEIRO NA PROMOÇÃO DE SAÚDE E PREVENÇÃO DE HANSENÍASE.

O planejamento estratégico configura-se em ações que foram construídas com base nos objetivos consolidados na Lei nº

Vigilância das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) no Brasil

Determinantes do processo saúde-doença. Identificação de riscos à saúde. Claudia Witzel

Vigilância das Doenças Crônicas Não

Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus no Brasil

O ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO DE INCAPACIDADES CAUSADAS PELA HANSENÍASE

Levantamento epidemiológico da hanseníase no Estado de Pernambuco, Brasil, de 2001 a 2010

Vigilância das Doenças Crônicas Não

Universidade de Brasília. Faculdade de Ciências da Saúde. Gestão em Saúde Coletiva. Gisleide Bezerra Pereira

COMPORTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DA HANSENÍASE NO MUNICÍPIO DE POMBAL PB

COORDENAÇÃO DO NÚCLEO CURRICULAR FLEXÍVEL PRÁTICAS EDUCATIVAS FICHA DE OBSERVAÇÃO

Monitoramento da Eliminação da Hanseníase (LEM)

AVALIAÇÃO DE AÇÃO PROGRAMÁTICA DE SAÚDE DA MULHER DURANTE A VIVÊNCIA DA PRÁTICA EM SAÚDE PÚBLICA 1. INTRODUÇÃO

ALGUNS DADOS DO BRASIL:

Coordenação Estadual do Programa de Controle da Hanseníase. Serviço de Atenção Integral em Hanseníase Diretrizes para Serviços de Referência

ANÁLISE DOS CONHECIMENTOS A RESPEITO DA HANSENÍASE EM ACADÊMICOS DE MEDICINA

Grau de Incapacidade: indicador de prevalência oculta e qualidade do programa de controle da hanseníase em um Centro de Saúde - Escola no

VII Semana Acadêmica da UEPA Marabá Ambiente, Saúde e Sustentabilidade na Amazônia Oriental: desafios e perspectivas. 28 a 30 de Setembro/2016

c) Aplicar os princípios de pesquisa operacional mediante:

PALAVRAS-CHAVE Enfermagem. Educação em Saúde. Período Pós-Parto

Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora

HANSENÍASE CADERNO INFORMATIVO PARA AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

Recebido em: agosto de 2015 Aceito em: dezembro de 2015

BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO TUBERCULOSE

ISSN ÁREA TEMÁTICA: (marque uma das opções)

CONHECIMENTO, ATITUDE E PRÁTICA DO EXAME CITOPATOLÓGICO NA PREVENÇÃO DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO DAS MULHERES USUÁRIAS DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DA HANSENÍASE EM JUAZEIRO DO NORTE, CE

10 ANOS DE LIGA DA MAMA: AÇÃO DE EXTENSÃO VOLTADA PARA PREVENÇÃO E COMBATE DAS DOENÇAS MAMÁRIAS

LEVANTAMENTO E PADRÕES EPIDEMIOLÓGICOS DA HANSENÍASE NO ESTADO DO TOCANTINS

ARTIGO ORIGINAL. Solange Alves Vinhas 4 INTRODUÇÃO

PROJETO DE LEI Nº., DE 2011 (Do Sr. ELISEU PADILHA)

MODELO AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE LABORATIVA E DO NEXO TECNICO PREVIDENCIÁRIO

NOTA TÉCNICA PROGRAMA ACADEMIA DA SAÚDE OU PROJETOS SIMILARES DE ATIVIDADE FÍSICA

Tutorial de Pesquisa Bibliográfica- BVS. 2ª. Versão 2012

União das Associações de Portadores de Psoríase do Brasil. Cenário da Psoríase no Brasil: Uma revisão necessária

TÍTULO: ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM ÚLCERA VENOSA: ORIENTAÇÕES PARA CICATRIZAÇÃO E PREVENÇÃO DE RECIDIVAS

Vigilância em Saúde do Trabalhador Agenda Estratégica e a Renast

ADVERTÊNCIA. Este texto não substitui o publicado no Diário Oficial da União. Ministério da Saúde Gabinete do Ministro

SAÚDE E DESENVOLVIMENTO: O CONTEXTO DO COMPLEXO INDUSTRIAL DA SAÚDE NO DIAGNÓSTICO DAS DOENÇAS NEGLIGENCIADAS

DETERMINANTES SOCIOECONÔMICOS NA TRANSMISSÃO INTRA- DOMICILIAR DA HANSENÍASE

DETECÇÃO DA HANSENÍASE NA FAIXA ETÁRIA DE 0 A 14 ANOS EM BELO HORIZONTE NO PERÍODO : IMPLICAÇÕES PARA O CONTROLE

Avaliação das ações da vigilância de contatos de pacientes com hanseníase no município de Igarapé-Açu - Pará. por. Diana da Costa Lobato

BUSCA ATIVA A PACIENTES PORTADORES DE HANSENÍASE NO MUNICÍPIO DE PRIMAVERA DO LESTE - MT

O MUNDO DA VIDA DO SER HANSENIANO: SENTIMENTOS E VIVÊNCIAS

Cadastro metas para Indicadores de Monitoramento e Avaliação do Pacto pela Saúde - Prioridades e Objetivos Estado: GOIAS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE ANA PAULA PALU BALTIERI ISMAEL

ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE PREFEITURA MUNICIPAL DE MOSSORÓ SECRETARIA MUNICIPAL DA CIDADANIA GERÊNCIA EXECUTIVA DA SAÚDE

ESTRATÉGIAS SINGULARES DE IMPLANTAÇÃO DA CADERNETA DO IDOSO NO MUNICÍPIO DE CAXIAS DO SUL - RS

MINISTÉRIO DA SAÚDE SECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE DEPARTAMENTO DE ATENÇÃO BÁSICA COORDENAÇÃO GERAL DA POLÍTICA DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO

HANSENÍASE EM COARI: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA DOENÇA NA REGIÃO DO MÉDIO SOLIMÕES NO ESTADO DO AMAZONAS

Curso de Atualização no Combate Vetorial ao Aedes aegypti

OS FATORES DE RISCOS PARA NÃO REALIZAÇÃO DO PARTO NORMAL

AVALIAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA DA HANSENÍASE E DOS SERVIÇOS RESPONSÁVEIS POR SEU ATENDIMENTO EM RIBEIRÃO PRETO - SP NO ANO DE 1992

B I B L I O T E C A D E C I Ê N C I A S D A S A Ú D E O QUE SE DEVE SABER PARA MONTAR UMA ESTRATÉGIA DE BUSCA

MEDIAÇÃO DA APRENDIZAGEM PARA PROFISSIONAIS DA SAÚDE RELATO DE EXPERIÊNCIA

GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ Secretaria da Saúde

AVALIAÇÃO DA ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA NA REDUÇÃO DE INTERNAÇÕES HOSPITALARES EM FLORIANÓPOLIS SANTA

Transcrição:

HANSENÍASE E POLÍTICAS DE CONTROLE E ELIMINAÇÃO DA DOENÇA NO BRASIL: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Alessandra Vidal da Silva 1 Gabriele Balbinot 2 Claudia Ross 3 INTRODUÇÃO: A hanseníase que também é conhecida como lepra, morféia, mal de lázaro, mal da pele e mal do sangue, está presente em todo o mundo e tem em sua trajetória histórica relacionada à imagem de mutilação, rejeição e exclusão social. Por ser uma doença infecciosa e de transmissão direta de um indivíduo para outro, e não haver uma vacina disponível, a questão de sua prevenção e controle está relacionada ao diagnóstico precoce do doente, tratamento com poliquimioterapia (PQT), prevenção e tratamento das incapacidades para evitar o estigma, vigilância de contatos domiciliares através da realização de exame físico e vacinação com BCG (GOULART, 2006). A hanseníase apresenta-se na forma de lesões cutâneas assintomáticas e anestésicas, que podem formar máculas hipopigmentadas ou placas e nódulos eritematosos (BURDICK, 2004). É classificada em quatro formas clínicas: tuberculóide, virchowiana, dimorfa ou intermediária e indeterminada (BRASIL, 2005). Já a Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza uma classificação baseada no número de lesões e na baciloscopia, assim descrita: Hanseníase Paucibacilar-PB com até cinco lesões de pele e baciloscopia negativa, correspondente às formas indeterminada e tuberculóide; e Hanseníase Multibacilar-MB com mais de cinco lesões, com baciloscopia positiva ou negativa correspondente a forma dimorfa, e com baciloscopia positiva correspondente a forma virchowiana (apud BRASIL, 2005). Para o Ministério da Saúde, um caso de hanseníase caracteriza-se pela 1 Acadêmica do 4º ano do curso de Enfermagem - UNIOESTE - Cascavel/PR Fone: (45)9932-4032 E-mail: alezinhavidal@hotmail.com. 2 Acadêmica do 4º ano do curso de Enfermagem - UNIOESTE - Cascavel/PR 3 Docente do Curso de Enfermagem - Uni oeste Cascavel/PR Fone: (45) 9975-3713 E-mail: claudiross@gmail.com 1

existência de uma pessoa que apresenta uma ou mais de uma das seguintes características: lesão de pele com alteração de sensibilidade; acometimento de nervo com espessamento neural e baciloscopia positiva (BRASIL, 2002). OBJETIVOS: O presente estudo teve por objetivo realizar pesquisa bibliográfica acerca da temática: Hanseníase e as políticas de controle e eliminação da doença no Brasil. METODOLOGIA: Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, realizada através do acesso on-line às bases de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e material disponível na biblioteca da Unioeste campos Cascavel-PR. As palavras-chave utilizadas foram: Hanseníase e políticas de saúde. Os critérios de inclusão das produções científicas foram: publicações em português, com resumos e/ou informações para localização do material disponíveis nas bases de dados, com abordagem da temática hanseníase dentro de áreas de interesse da saúde, publicadas até o ano de 2009. Os resultados foram apresentados através de análise descritiva. RESULTADOS: Foram encontrados 2 livros, 4 manuais e 37 artigos científicos que abordavam a temática em questão. No Brasil, no ano 2002, detectaram-se 47.026 casos novos de hanseníase, com coeficiente de detecção de 2,69/10.000 habitantes, sendo que o Brasil registrava 77.154 casos de hanseníase. As taxas mais elevadas foram encontradas nas Regiões Centro- Oeste (11,77/10.000 hab), Norte (8,73/10.000 hab) e Nordeste (6,04/10.000 hab); as Regiões Sudeste (2,41/10.000 hab) e Sul (1,43/10.000 hab) responderam pelas menores taxas (MAGALHÃES; ROJAS, 2007). Em 2007, o coeficiente de detecção de casos novos no Brasil alcançou o valor de 21,08/100.000 habitantes e o coeficiente de prevalência, 21,94/100.000 habitantes (BRASIL, 2008). A problemática da hanseníase não se limita apenas ao número de casos, mas também ao seu alto potencial incapacitante, que interfere no trabalho e na vida social do paciente, além de ocasionar perdas econômicas e traumas psicológicos (AQUINO et al., 2003). Conforme as metas preconizadas pela OMS, eliminar a hanseníase significa ter menos de um caso para cada grupo de 10 mil habitantes através da identificação de novos casos, garantia de acesso ao tratamento, e cura para as pessoas que já são 2

portadoras de hanseníase. Para alcançar tal objetivo, o Ministério da Saúde tem como estratégia, a integração das ações de diagnóstico e tratamento da hanseníase na atenção básica. Isso significa que todas as unidades do SUS passam a integrar a rede de atendimento ao paciente, facilitando o acesso universal ao diagnóstico e ao tratamento (LIMA; PRATA; MOREIRA, 2008). No Brasil, o controle da hanseníase é baseado no diagnóstico precoce de casos, seu tratamento e cura, visando eliminar fontes de infecção e evitar seqüelas. Como principal indicador de monitoramento da doença foi adotada a detecção de casos novos de hanseníase em menores de 15 anos. Neste contexto, o Programa Nacional de Controle da Hanseníase (PNCH) estabelece diretrizes operacionais para a execução de diferentes ações, articuladas e integradas, que possam propiciar o atendimento dos doentes em suas necessidades e direitos (BRASIL, s.d.). Entre as metas do PNCH 2008-20011 destacam-se: reduzir em 10% o coeficiente de detecção de casos novos de hanseníase entre menores de 15 anos até 2011; aumentar de 38% para 50% a cobertura de unidade básica de saúde com programa implantado em 2008; curar 90% dos casos de hanseníase diagnosticados nos anos das coortes (MB e PB); examinar pelo menos 50% dos contatos domiciliares dos casos novos diagnosticados em 2008; avaliar o grau de incapacidade de 75% dos casos novos no diagnóstico; avaliar o grau de incapacidade de 50% dos casos novos na cura (BRASIL, s.d.). O Programa Nacional de Eliminação da Hanseníase (PNEH) estabeleceu em 2004 o redirecionamento da política de eliminação da doença enquanto problema de saúde pública e da atenção à hanseníase no Brasil, em um novo contexto que permite aferir a real magnitude da endemia no País. O PNEH desenvolve suas ações em parceria com organizações não governamentais e com entidades governamentais e civis. Além disso, o Ministério da Saúde também conta com a colaboração do Comitê Técnico Assessor em Hanseníase (CTAH), constituído em Portaria da SVS, no ano de 2005 (BRASIL, 2006). Assim, o Ministério da Saúde definiu como princípios norteadores do Plano de Eliminação da Hanseníase no Brasil: Intervenções constantes e continuadas para assegurar a redução da ocorrência dos casos; atividades de eliminação da hanseníase, desempenhadas e financiadas 3

exclusivamente com recursos do SUS, incluindo para os casos novos: diagnósticos, tratamento poliquimioterápico PQT/OMS; vigilância epidemiológica por meio do exame dos comunicantes; educação do paciente, da família e da comunidade; prevenção de incapacidades/deficiências, reabilitação e encaminhamento das complicações segundo os níveis de complexidade da assistência, bem como o acompanhamento dos casos prevalentes até a cura (BRASIL, 2006). As metas do PNEH pressupunham que até 2010 a prevalência da hanseníase no Brasil teria alcançado um índice de menos de um caso para cada 10.000 habitantes em todos os municípios do país, porém até o presente momento tal situação não aplica a realidade hoje existente no Brasil. CONCLUSÕES: A presente pesquisa bibliográfica proporcionou ao pesquisador a atualização de conhecimentos permitindo o aprofundamento da temática e análise sobre o que se tem produzido a respeito do assunto em questão. Assim, concluiu-se que no Brasil, a hanseníase, é hoje um importante problema de saúde pública devido à sua magnitude, alto potencial incapacitante, e acometimento de indivíduos que se encontram na faixa etária economicamente ativa. Apesar da existência de políticas de controle e eliminação da hanseníase no país, diminuir as taxas de prevalência da doença continua sendo um dos principais desafios do sistema Único de Saúde. REFERÊNCIAS AQUINO, D.M.C.; CALDAS, A.J.M.; SILVA, A.A.M.; COSTA, J.M.L. Perfil dos pacientes com hanseníase em área hiperendêmica da Amazônia do Maranhão, Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 36, n. 1, p. 57-64, jan./fev. 2003. BRASIL. Ministério da Saúde. Vigilância Epidemiológica. Política Nacional de Controle da Hanseníase. [s.d.]. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/area.cfm?id_area=1466> Acessado em 10 de agosto de 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de políticas de saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia para o Controle da Hanseníase. Brasília, 2002. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica. 6 ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2005. Disponível em: 4

<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_vig_epid_novo2.pdf>. Acessado em 13 de março de 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Plano Nacional de Eliminação da Hanseníase em nível municipal 2006-2010. Brasília, 2006. Disponível em: < http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/hanseniase_plano.pdf>. Acessado em 27 de abril de 2010. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de Controle da Hanseníase. Vigilância em Saúde: situação epidemiológica da hanseníase no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/boletim_novembro.pdf >. Acessado em 13 de agosto de 2009. BURDICK, A.E.; Hanseníase in: Tratamento de doenças da pele: Estratégias terapêuticas abrangentes. Editado por Mark G. Lebwohl et al; trad. Fernando G. do Nascimento. Barueri, SP: Manole, 2004. GOULART, I.M.B.; Revisando a política de controle e eliminação da hanseníase no Brasil de 2002 a 2006 in: Cadernos do Morhan: Atenção integral à hanseníase no SUS. Reabilitação - Um direito negligenciado. 1ª Ed., 2006. LIMA, M.A.R.; PRATA, M.O.; MOREIRA, D. Perfil da hanseníase no Distrito Federal no período de 2000 a 2005. Com. Ciências Saúde. v. 19, n. 2, p. 163-170, 2008. MAGALHÃES M.C.C., ROJAS L.I. Diferenciação territorial da hanseníase no Brasil in: Epidemiologia e Serviços de Saúde. Volume 16 - n.2, 75-84 abr/jun de 2007. Disponível em:< http://scielo.iec.pa.gov.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s16794974200700 0200002&lng=pt&nrm=iso> Acessado em: 15 nov. 2009. 5