Características morfológicas, fisiológicas e agronômicas de plantas forrageiras

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Transcrição:

Características morfológicas, fisiológicas e agronômicas de plantas forrageiras Paulo Bardauil Alcântara PqC VI ANPROSEM Março, 2015

MORFOLOGIA - descreve a espécie - auxilia no manejo da planta - é base para identificação - reflete a produção agronômica da planta como nº de perfilhos, de folhas, quantidade de sementes, etc.

Gramíneas Agrostologia: Ramo botânico que estuda gramíneas. Sistema de Engler Divisão: Angiospermae Classe: Monotyledoneae Ordem: Graminales Fam: Gramineae + 620 gêneros e 10.000 espécies Hubbard 650 gêneros e 10.000 espécies Bogdan Stebins & Crampton - 6 sub-famílias e 28 tribus Bambusoideae - 1 tribu Arundinoideae - 4 tribus Eragrostoideae - 6 tribus Festucoideae - 10 tribus - > temperadas Oryzoideae - 5 tribus Panicoideae - 2 tribus Total: 6 28

Planta Ideal Características de uma forrageira ideal: - ser perene; - ter facilidade em se estabelecer e dominar; - persistir e se desenvolver em condições adversas de clima e solo; - apresentar bom crescimento durante o ano todo; - ter capacidade de rebrotar intensamente quando submetida a cortes baixos e freqüentes ou ao fogo; - suportar bem o pisoteio;

- apresentar boa aceitabilidade pelos animais durante todos os estádios de desenvolvimento e épocas do ano; - possuir alto valor nutritivo; - apresentar baixa relação haste/folha ; - resistir ao ataque de pragas e surtos de doenças; - produzir abundantemente sementes férteis e de fácil colheita.

FASE VEGETATIVA Conjunto de perfilhos e raízes Perfilho folhas (lâmina, bainha, lígula, aurícula, colar) nós entre-nós gemas

FASE REPRODUTIVA Elongação dos internódios Perfilho reprodutivo

GERMINAÇÃO Semente ou grão - cariópse Embebição - raízes primárias (radículas e coleorriza) - perfilho primário Auxinas

CRESCIMENTO FOLIAR Gramíneas adaptação ao pastejo durante fase vegetativa Posição da zona meristemática (M.A.) - cespitosas e reptantes Reposição de perfilhos M.A. - localização = acima do último nó diferente temperadas e tropicais

primórdio foliar divisão células demartogênio e hipoderme gema (divisão sub-hipoderme) produção de primórdios - continua se o M.A. for vegetativo Filocrono - conceito

Meristema da folha base da lâmina ápice da bainha Crescimento lâmina - cessa com diferenciação lígula Crescimento bainha - cessa com exposição lígula

Ponta lâmina - parte mais velha Folhas adultas - não crescem após corte Florescimento - quando há mais primórdios formados que folhas emergindo

Taxas de aparecimento de folhas selecionar climas onde planta cresce melhor selecionar plantas com taxas mais rápidas para produção de massa Flutuações - luz, temperatura e fotoperíodo

SENESCÊNCIA FOLIAR Folha = crescimento limitado Gramíneas folha < longevidade que dicotiledôneas Taxa aparecimento = taxa morte Morte - ápice para a base < luz, < água, < nutrientes = senescência mais rápida

Pasto - morte foliar importante porque deprime taxa de crescimento F < quando a folha está totalmente expandida

COLMO Nó e entre-nó - início = toda região é meristemática = meristema intercalar Plantas temperadas - crescimento entre-nó muito pequeno na fase vegetativa (M.A. vegetativo) Plantas tropicais - maioria aumenta entre-nó mesmo na fase vegetativa

Gramíneas decumbentes (estoloníferas rizomatosas) - aumentam entre-nó fase vegetativa Aumento entre-nó favorecido com dias curtos e pouca luz Aumento entre-nó sinal de proximidade da fase reprodutiva

RAÍZES Dois sistemas Seminal - 1 a 7 raízes < 5% da massa radicular em peso Adventício

PERFILHAMENTO Perfilho - unidade estrutural da gramínea Origem - gemas axilares produzidas pelo M.A. e divisão do tecido sub-hipodérmico Gema - réplica da estrutura paternal com M.A. primórdios foliares, gemas hierarquia perfilhos primários perfilhos secundários perfilhos terciários perfilhos nários

Taxa de perfilhamento depende taxa formação de folhas Folhas - taxa linear Perfilhos - taxa exponencial Quantidade controlada geneticamente controlada pelo número de folhas controlada por fatores externos temperatura luz água nutrientes NPK

Perfilhos ciclo plantas anuais plantas perenes perfilhos anuais perfilhos bianuais perfilhos perenes Translocação de carboidratos na planta - não há competição interna

FLORESCIMENTO 1. sinal - elongação do M.A. com formação rápida de primórdios foliares Milho plastocrono 6 é 4,7 dias (filocrono) plastocrono 13 é 0,5 dia M.A. espigueta terminal portanto paralisa formação de folhas concomitante elongação 4 a 5 entre-nós superiores

INDUÇÃO FLORAL Antes do florescimento - fase vegetativa (F.V.) obrigatória Lolium multiflorum - > capins bambus F.V. rápida F.V. média F.V. muito longa Causas: número de folhas, tamanho folhas, acúmulo metabólitos ou fitocromos

Duração da F.V. medida em tempo ou por número de folhas produzidas pelo M.A. Fotoperíodo - pp. fator de indução Temperatura - vernalização Indução floral para o M.A. percebido pelas folhas aguarda aparecimento de folha sensitiva Fotoperíodo - importante na distribuição ecológica

EFEITOS DA DESFOLHA

Avaliados por: Freqüência - intervalo de tempo Intensidade - M.V. remanescente e removida Época - estágio vegetativo e meio (clima) Crescimento após desfolha padrão de curva sigmóide sucesso depende de obter rebrotas sucessivas com crescimento sigmóide durante > tempo

Estrutura de um Perfilho de Gramínea RODRIGUES, 1985

Desfolha intensa período rebrota longo < número de ciclos de utilização < produção de MS entre ciclos degradação Corte ou pastejo deve ser feito assim que taxa de crescimento começa a diminuir portanto V.N. é baixo

Morfologia afeta reação da planta após desfolha número pontos de crescimento % carboidratos área foliar remanescente Corte x Pastejo 1. - desfolha uniforme 2. - pisoteio; excrementos; seletividade; etc.

Freqüência de desfolha é afetada por: taxa de lotação densidade de folhas altura da planta

Interação Forma x Função ao pastejo = persistência sobrevivência hábito prostrado perfilhamento horizontal alterações fisiológicas asseguram persistência Adaptação ao pastejo

Além de: fatores do meio luz umidade do solo fertilidade do solo Condicionam produtividade da pastagem

MORFO-FISIOLOGIA E SUA IMPORTÂNCIA NO MANEJO 1. Orientações com base em reservas temperadas x tropicais 2. Área foliar remanescente IAF = área de folhas área de solo Limitações: arquitetura foliar caract. F mudanças na comp. botânica

POTENCIAL DE REPOSIÇÃO DE FOLHAS 1. Importância dos COH reserva para atividades vitais 2. Conserva conceito IAF: desfolha total não desejável 3. Importância M.A.: reposição rápida de folhas

Hábitos de crescimento Influenciam tolerância a pisoteio Corte (altura) modifica proporção dos tipos de perfilhos

PROPÁGULO REPRODUTIVO Espigueta Sexual Apomítica resulta em Fruto = Cariópse (embrião+reservas+membranas)

Pálea Lema

DORMÊNCIA Fruto com embrião dormência germinação Quescência repouso por causa de condições externas desfavoráveis Dormência = bloqueio fisiológico causado pelo ambiente ou outras condições

DORMÊNCIA Ativação de bloqueios genéticos durante a maturação da semente defesa contra as variações do ambiente

INDUÇÃO da DORMÊNCIA Causada por: água temperatura fotoperíodo nutrição

VANTAGENS A) para a espécie: germina só quando meio é favorável maior longevidade para a semente distribui a germinação no tempo armazena sementes no solo

B) Para o homem: conserva por mais tempo desuniformiza a cultura impede a germinação no cacho

TIPOS DE DORMÊNCIA Primária: de acordo com cada espécie controlada geneticamente Secundária: ocorre em resposta ao ambiente ocorre depois da maturação em resposta às condições externas

CAUSAS 1) impermeabilidade: água trocas gasosas 2) física: dureza dos envoltórios 3) embrião imaturo (forrageiras) 4) inibidores

SUPERAÇÃO Lixa, água quente (escarificação mecânica) éter, álcool, água oxigenada, urina temperaturas altas ou baixas nitrato de K, ácido sulfúrico hormônios armazenagem

Muito Obrigado pbardauil@hotmail.com

ALTURA DO MERISTEMA APICAL ARUANA 15 25 20 25 20 18 B. brizantha MG-5 20 28 40 42 COAST CROSS 5 10 10 12 TIFTON ELEFANTE B. decumbens 25 15 20 20 18 B. brizantha 25 47 35 30 N- DE GEMAS BASILARES E ENTRE-NÓS A 10 cm DA SUPERFÍCIE ARUANA 3 2 2 2 2 2 MG-5 1 1 1 B. brizantha 1 1 1 B. decumbens 1 6 5 2 TIFTON 2 2 3

Muito Obrigado pbardauil@hotmail.com