APLICAÇÃO DE LODO TERMICAMENTE TRATADO EM SOLARIZADOR PARA A PRODUÇÃO DE MUDAS DE ESPÉCIES FLORESTAIS Nathana Gomes Cardoso Neres 1 ; Ubaldo Martins das Neves 2 ; Amanda da Silva Reis 1 1 Aluno do Curso de Engenharia Florestal; Campus de Gurupi; e-mail: nathana_l@hotmail.com; areis176@gmail.com; PIVIC/UFT 2 Orientador do Curso de Engenharia Florestal; Campus de Gurupi; e-mail: neves@uft.edu.br RESUMO Este trabalho teve como objetivo verificar o efeito de tratamento térmico de lodo de esgoto através de solarizador parabólico visando aplicação desse material para a produção de mudas de Flamboyant (Delonix regia (Raf.)). Foram realizados seis tratamentos com quatro repetições para o lodo termicamente tratado e para o lodo não tratado, totalizando doze tratamentos com quatro repetições cada. O substrato foi composto de uma mistura homogênea de lodo de esgoto juntamente com a casca de arroz carbonizada (CAC), nas seguintes proporções: (lodo tratado/cac) 0/100; 20/80; 40/60; 100/0; 80/20; 60/40. Após 15 dias, as mudas foram avaliadas em relação à quantidade de sementes que germinaram e altura da parte aérea. Verificamos que o procedimento de esterilização do biossólido com o solarizador levou a uma maior taxa de germinação das sementes bem como melhor desenvolvimento inicial das mudas. Palavras-chave: Lodo de esgoto; flamboyant; esterilização solar. INTRODUÇÃO O lodo de esgoto, também conhecido como biossólido, é um composto de alto poder nutricional, contém matéria orgânica, macro e micronutrientes que exercem um papel fundamental na produção agrícola e na manutenção da fertilidade do solo. Além disso, a matéria orgânica contida nos biossólidos pode aumentar o conteúdo de húmus, que melhora a capacidade de armazenamento e de infiltração da água no solo, aumentando a resistência dos agregados e reduzindo a erosão (BETTIOL; CAMARGO, 2000). A utilização deste componente para substratos pode propiciar a redução de custos, assim como auxiliar na minimização da poluição decorrente do acúmulo desses materiais no meio ambiente (FERMINO, 1996). Devido à presença de microorganismos prejudiciais ao desenvolvimento da planta, é fundamental a esterilização do composto. São conhecidos vários métodos, sendo que a solarização é citada como uma das formas mais eficiente e de baixo custo.
Para Katan & DeVay (1991), citado por Ghini (1997), o crescimento das plantas é beneficiado com o efeito da solarização do substrato, a qual afeta os componentes bióticos e abióticos do solo em favor dos antagonistas e saprófitas e promove a liberação de nutrientes nos solos e substratos como, por exemplo, o nitrogênio nas formas de amônia e nitrato, o cálcio e o magnésio devido à morte e decomposição de parte da microbiota. A inativação térmica de diversos patógenos, de modo geral, é obtida de maneira que quanto menor a temperatura, maior é o tempo necessário de exposição para ocorrer à inativação das estruturas do patógeno (Ghini, 1997). O Flamboyant (Delonix regia (Raf.)) é originário de Madagascar, porém é bem adaptada às condições ambientais de clima tropical (Côrrea, 1978). É conhecido por ser uma árvore de grande porte, com floração vistosa e atrativa sendo bastante utilizado para ornamentação de parques e ruas, além de propiciar sombreamento (SILVA, 2009). O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito do tratamento térmico do lodo de esgoto, via solarizador, visando compor substrato para a produção de mudas Flamboyant. MATERIAIS E MÉTODOS O experimento foi implantado na Universidade Federal do Tocantins, campus de Gurupi. A exposição do solarizador ocorreu em campo aberto, próximo ao viveiro, onde havia maior incidência de luz solar. O biossólido utilizado no estudo foi produzido na Estação de Tratamento de Esgoto ETE da empresa SANEAGO, localizada na Avenida Perimetral Norte S/N, no município de Goiânia Goiás. O lodo recém chegado passou por um processo de secagem ao sol durante um mês para diminuição da quantidade de água. Após este período, o biossólido foi colocado em um tubo galvanizado e introduzido no foco do nosso solarizador parabólico. Esse solarizador constitui-se de uma placa de aço espelhada de 1,4 m por 1,80 m curva em forma de parábola com ajuda de armação de madeira. A forma parabólica permite concentrar a energia proveniente do sol em uma região denominada foco da parábola. Nessa região, introduz-se um tubo de aço preto contendo o material que se deseja aquecer. A temperatura do biossólido ao longo do experimento foi medida, em dez e dez minutos, através de um termômetro à termopar que foi colocado junto com o biossólido no tubo.
Temperatura C 26 a 29 de novembro de 2013 Campus de Palmas Para a produção das mudas, utilizou-se tubetes plásticos, com capacidade de 100 ml, contendo oito estrias, os quais foram acondicionados em bandejas. Utilizou-se do delineamento inteiramente casualizado, com seis tratamentos e quatro repetições para lodo tratado e seis tratamentos e quatro repetições para lodo não tratado. Foram utilizados 48 tubetes, contendo duas sementes em cada. O substrato foi composto de uma mistura homogênea de lodo de esgoto juntamente com a casca de arroz carbonizada (CAC), as proporções foram de: (lodo tratado/cac) 0/100; 20/80; 40/60; 100/0; 80/20; 60/40; e as mesmas proporções para lodo não tratado. Para medir a quantidade foi utilizada a proveta de 100 ml e Becker para a homogeneização do composto. Após o plantio das sementes, o substrato foi coberto com casca de arroz para uma melhor retenção da umidade. As sementes de Flamboyant foram beneficiadas para a quebra de dormência através de escarificação mecânica com lixa grossa e imersão em água em temperatura ambiente por duas horas. A produção das mudas foi feita na Universidade, em casa de vegetação utilizando sombrite 50%. RESULTADOS E DISCUSSÕES O solarizador ficou em exposição solar das 11h00min às 16h00min, o mesmo mostrou-se eficiente no tratamento do lodo de esgoto, pois a temperatura média obtida ao longo do dia foi de 121,5 C e a máxima de 144 C às 13h30min. A Figura 1, mostra a temperatura atingida pela amostra de biossólido durante o experimento. No momento da instalação do experimento a temperatura ambiente era de 32 C. 160 140 120 100 80 60 40 20 0 Hora do dia
Figura 1. Temperatura em C atingida pelo solarizador durante a esterilização do biossólido. A utilização da mistura de biossólido (BIO) e casca de arroz carbonizada (CAC) como substrato mostrou-se eficiente para nosso objetivo que é a avaliação do efeito da solarização na germinação e desenvolvimento inicial das sementes de Flamboyant. Dos 6 tratamentos e das 4 repetições para lodo tratado e não tratado, a germinação foi, em média, de 3 mudas para lodo tratado e 2 em lodo não tratado (Figura 2). Figura 2. Quantidade de sementes que haviam germinado aos 15 dias, de acordo com o tratamento. Na contagem feita aos 15 dias, as mudas apresentaram altura média de 5 centímetros para as mudas produzidas com lodo tratado e 7 centímetros para as mudas produzidas usando lodo não tratado(figura 3). Figura 3. Altura atingida pela maior muda, aos quinze dias de germinada, de acordo com o tratamento utilizado. CONCLUSÕES Verificou-se que o solarizador parabólico construído é bastante efeiciente já que permite aquecer materiais a temperaturas maiores que 100 C sem custo algum. Como
pode ser visto na Figura 2, o biossólido tratado permitiu a germinação de uma maior quantidade de sementes. No entanto, como mostrado na Figura 3, as mudas produzidas com substrato a base de lodo esterilizado não apresentaram alturas maiores que as produzidas com lodo não tratado no solarizador. REFERÊNCIAS CALDEIRA, M. V. W. et al. Biossólido na composição de substrato para a produção de mudas de tectona grandis, FLORESTA, Curitiba, PR, v. 42, n. 1, p. 77-84, jan./mar. 2012. MIRANDA, Gustavo Rabelo Botrel. Métodos alternativos de desinfestação de substratos para formação de mudas de cafeeiro (Coffea arabica L.). 2005. 64 p. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG. PADOVANI, Vera Cristina Ramalho. Composto de lodo de esgoto como substrato para produção de mudas de árvores nativas e exóticas / Vera Cristina Ramalho Padovani. --Campinas, SP: [s.n.], 2006. BETTIOL, W.; CAMARGO, O.A. Impacto ambiental do uso agrícola do lodo de esgoto, Embrapa Meio Ambiente, Jaguariúna SP, 2000, 312p. TRIGUEIRO, R. de M.; GUERRINI, I. A. Uso de biossólido como substrato para produção de mudas de eucalipto. Scientia Forestalis, Piracicaba-SP, 2003, p. 150-162. NÓBREGA, R.S.A. et al. Utilização de biossólido no crescimento inicial de mudas de Aroeira (schinus terebynthifolius raddi). R. Árvore, Viçosa-MG, v.31, n.2, p.239-246, 2007. BEZERRA, F.B. et. al. Lodo de esgoto em revegetação de área degradada, Pesq. agropec. bras., Brasília, v.41, n.3, p.469-476, mar. 2006. AGRADECIMENTOS O presente trabalho foi realizado com o apoio da UFT.