VARIABILIDADE DO PRÊMIO DO SEGURO DE AUTOMÓVEIS



Documentos relacionados
O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

Contabilidade no Setor Público para Concursos: Aula 01. Princípios de Contabilidade sob Perspectiva do Setor Público

PRINCÍPIOS DE CONTABILIDADE

RESOLUÇÃO CFC Nº /09. O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

Contabilidade Básica - Princípios e convenções contábeis

CONTABILIDADE SOCIETÁRIA AVANÇADA Revisão Geral BR-GAAP. PROF. Ms. EDUARDO RAMOS. Mestre em Ciências Contábeis FAF/UERJ SUMÁRIO

NBC TSP 10 - Contabilidade e Evidenciação em Economia Altamente Inflacionária

Conceito de Contabilidade

OBRIGATORIEDADE DA EVIDENCIAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Princípios primeiros pronunciamentos para orientação de contadores;

ATIVO Explicativa PASSIVO Explicativa

Reavaliação: a adoção do valor de mercado ou de consenso entre as partes para bens do ativo, quando esse for superior ao valor líquido contábil.

FTAD - Formação técnica em Administração de Empresas FTAD Contabilidade e Finanças. Prof. Moab Aurélio

Normas Contábeis Orientações da SUSEP ao Mercado de Seguros, Previdência Complementar Aberta, Capitalização e Resseguro

Demonstrações Contábeis

SEGUROS PATRIMONIAIS. PDES Programa de Desenvolvimento dos Executivos do Seguro Agosto/2013

INSTRUÇÃO CVM Nº 51, DE 09 DE JUNHO DE 1986.

Nota Técnica n. 001/2015/GECOG Vitória, 13 de janeiro de Registro de Passivos sem Suporte Orçamentário.

PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE A CONTABILIDADE PÚBLICA E A CONTABILIDADE GERAL

"Gestão Contábil para micro e. pequenas empresas: tomada

Estabelece a codificação dos ramos de seguro e dispõe sobre a classificação das coberturas contidas em planos de seguro, para fins de contabilização.

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

"A POLEMICA SOBRE "OS CRITÉRIOS TÉCNICOS" NA RESTRIÇÃO DE SEGUROS"

A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE CUSTOS NA ELABORAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

IFRS A nova realidade de fazer Contabilidade no Brasil

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

OFÍCIO-CIRCULAR/CVM/SIN/SNC/ Nº 01/2012. Rio de Janeiro, 04 de dezembro de 2012

Recebi um boleto do seguro de vida que eu contratei na MetLife e detectei que o prêmio do seguro sofreu aumento e queria saber do que se trata?

Seguro-Saúde. Guia para Consulta Rápida

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS

Passivos ambientais:avaliação e análise nas demonstrações. Maisa de Souza Ribeiro FEA-RP/USP Julho/2013

CAPÍTULO 1 - CONTABILIDADE E GESTÃO EMPRESARIAL A CONTROLADORIA

A representação institucional do mercado segurador

Princípios de Finanças

Prof. Dr. Guanis de Barros Vilela Junior

GLOSSÁRIO DE TERMOS CONTÁBEIS

Conhecimentos Bancários. Item Seguros

OPERADORAS DE SAÚDE. Mariana Braga Shoji Barbosa Enfermagem UNIFESP

Código de Ética do IBCO

RESOLUÇÃO CFC Nº 1.029/05

RESSEGURO: OS NOVOS RESSEGURADORES LEGAIS

RESOLUÇÃO CFC N.º 1.133/08. Aprova a NBC T 16.6 Demonstrações Contábeis.

RESOLUÇÃO CFC Nº 1.036/05

INDENIZAÇÃO CONTRATUAL EXIGIDA PELA LEI INTERMUNICIPAL DE PASSAGEIROS

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS Programa de Graduação em Ciências Contábeis com Ênfase em Controladoria

Salus Infraestrutura Portuária S.A. (anteriormente denominada RB Commercial Properties 42 Ltda.)

INSTRUÇÃO CVM Nº 469, DE 2 DE MAIO DE 2008

CPC 25 Provisões, Passivos e Ativos Contingentes

Resolução IBA xxx Dispõe sobre a criação do Pronunciamento Atuarial CPA Princípios Atuariais.

SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS

ANÁLISE DE BALANÇO DAS SEGURADORAS. Contabilidade Atuarial 6º Período Curso de Ciências Contábeis

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

SEGUROS, RESSEGUROS E PREVIDÊNCIA. Resoluções CNSP de fevereiro de Resolução CNSP nº. 276, de 30 de janeiro de 2013

Seguem as dúvidas recebidas até o momento sobre o sistema DAweb.

REGULAMENTO DO FUNDO GARANTIDOR DE CRÉDITOS FGC ANEXO II Á RESOLUÇÃO nº DE

POLÍTICA DE INVESTIMENTOS

Con o s n e s l e h l o h o p a p r a a a v o v c o ê c ê s e s r e um u m p r p ofi o s fi s s i s o i n o a n l a

Disciplina a corretagem de seguros, resseguros, previdência complementar aberta e capitalização e estabelece aplicáveis às operações de seguro,

WEBINAR SEGURO DPVAT O SEGURO DO TRÂNSITO. Palestrante Vera Cataldo

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

Securitização De Créditos Imobiliários

Investimento em. Controlado em Conjunto (Joint Venture) Contabilidade Avançada. Normas Contábeis: Fundamentação no Brasil:

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, no exercício de suas atribuições legais e regimentais,

CÓDIGO CRÉDITOS PERÍODO PRÉ-REQUISITO TURMA ANO INTRODUÇÃO

DELIBERAÇÃO CVM Nº 731, DE 27 DE NOVEMBRO DE 2014

EXERCICIOS DE FIXAÇÃO CONTABILIDADE ATUARIAL - SEGUROS 2º Bimestre - 6º período Curso de Ciências Contábeis

AUDITORIA EXTERNA PARECERES

CIRCULAR SUSEP N o 269, de 30 de setembro de 2004.

2ª edição Ampliada e Revisada. Capítulo 4 Demonstrações Financeiras

AULA 05. Sistema Nacional de Seguros Privados

Luciano Silva Rosa Contabilidade 03

ANÁLISE DO EDITAL DE AUDIÊNCIA PÚBLICA SDM Nº 15/2011 BM&FBOVESPA

SUPERINTENDÊNCIA DE SEGUROS PRIVADOS

O Plano Financeiro no Plano de Negócios Fabiano Marques

EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL

Welcome Call em Financeiras. Categoria Setor de Mercado Seguros

Sumário. (11)

POLÍTICA DE TRANSAÇÕES COM PARTES RELACIONADAS BB SEGURIDADE PARTICIPAÇÕES S.A.

Notas metodológicas. Objetivos

DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS COMBINADAS

Empresas de Capital Fechado, ou companhias fechadas, são aquelas que não podem negociar valores mobiliários no mercado.

CIÊNCIAS CONTÁBEIS. A importância da profissão contábil para o mundo dos negócios

Depósito a Prazo com Garantia Especial do FGC (DPGE)

IFRS EM DEBATE: Aspectos gerais do CPC da Pequena e Média Empresa

CIRCULAR SUSEP N o 269, de 30 de setembro de 2004.

INSTRUÇÃO CVM Nº 554, DE 17 DE DEZEMBRO DE 2014, COM AS ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS PELA INSTRUÇÃO CVM Nº 564/15.

NÚMEROS DO MERCADO DE SEGUROS ALTERAÇÕES DE CONCEITOS NÚMEROS SUSEP SES

NBC T Subvenção e Assistência Governamentais Pronunciamento Técnico CPC 07

Apresentação PostgreSQL 8.2/ 8.3 Domingos Martins ES

1 - Por que a empresa precisa organizar e manter sua contabilidade?

Política de Divulgação de Informações Relevantes e Preservação de Sigilo

TributAção. Novembro de 2013 Edição Extraordinária. MP 627/13 Regime tributário com o fim do RTT

Perfil de investimentos

Modelo de Contrato de Prestação de Serviços de Consultoria

LÂMINA DE INFORMAÇÕES ESSENCIAIS SOBRE O VIDA FELIZ FUNDO DE INVESTIMENTO EM AÇÕES CNPJ / OUTUBRO/2015

Transcrição:

0 UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS, ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS KARINE RAQUEL ANDRES VARIABILIDADE DO PRÊMIO DO SEGURO DE AUTOMÓVEIS IJUÍ (RS) 2012

1 KARINE RAQUEL ANDRES VARIABILIDADE DO PRÊMIO DO SEGURO DE AUTOMÓVEIS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis junto a Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul UNIJUI. Orientador: Msc. Teodoro Clebsch IJUÍ (RS) 2012

2 O sonho Sonhe com aquilo que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que quer. Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E esperança suficiente para fazê-la feliz. As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos. A felicidade aparece para aqueles que choram. Para aqueles que se machucam Para aqueles que buscam e tentam sempre. E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passaram por suas vidas. Clarice Lispector

3 AGRADECIMENTOS Primeiramente, a Deus, pelo ontem, pelo hoje e pelo amanhã, na certeza de que Ele está conosco em cada momento de nossas vidas. A meus pais e a minha Irmã pelo apoio, incentivo, sempre me ajudando a superar as dificuldades. A meu namorado que muitas vezes teve que suportar a minha ausência, falta de carinho e atenção. Aos professores envolvidos no desenvolvimento deste trabalho, principalmente ao meu orientador, professor Msc. Teodoro Clebsch, pelo empenho, competência, dedicação e flexibilidade de horários com que me atenderam. E, em especial a colega Keila, por todos os anos de amizade e companheirismo.

4 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Normas Legais e sua Descrição... 37 Quadro 2: Norma Brasileira de Contabilidade... 38 Quadro 3: Coberturas Básicas e suas Garantias... 65 Quadro 4: Coberturas Básicas e Adicionais... 73 Quadro 5: Prêmio de Seguro Conforme o Grau de Periculosidade... 74 Quadro 6: Prêmio de Seguro Conforme o Valor das Peças de Reposição... 74 Quadro 7: Comparação da Desvalorização do Veículo Automotor com a Redução do Prêmio... 76 Quadro 8: Prêmio do Seguro Conforme o Sexo... 77 Quadro 9: Prêmio do Seguro Segundo o Estado Civil... 78 Quadro 10: Prêmio do Seguro Conforme a Idade... 79 Quadro 11: Prêmio do Seguro Conforme a Idade dos Dependentes... 80 Quadro 12: Prêmio do Seguro Segundo a Utilização ou Não de Garagem... 81 Quadro 13: Prêmio do Seguro Conforme a Franquia... 82 Quadro 14: Prêmio do Seguro Conforme o Bônus... 83

5 LISTA DE ANEXOS ANEXO A:... 91 ANEXO B:... 92 ANEXO C:... 97

6 LISTA DE SIGLAS ANFAVEA Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores; APP Seguro de Acidentes Pessoais de Passageiros; BACEN Banco Central do Brasil; CEP Código de Endereçamento Postal; CFC Conselho Federal de Contabilidade; CMN Conselho Monetário Nacional; CNSP Conselho Nacional de Seguros Privados; CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis; CPF Cadastro de Pessoa Física; CRC Conselho Regional de Contabilidade; CRV Certificado de Registro do Veículo; CVM Comissão de Valores Mobiliários; DAMS - Despesas de Assistência Médica e Suplementares; DPVAT Seguro de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Vias Terrestres; FENACOR Federação Nacional dos Corretores de Seguros; FENASEG Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização; FIPE Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas; FUNENSEG Escola de Seguros do Brasil; G M - General Motors; IRB Instituto de Resseguradores do Brasil; LMG Limite Máximo de Garantia; LMI - Limite Máximo de Indenização; LMR - Limite Máximo de Responsabilidade; NBC T Normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas; NBC TG Normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas Convergentes; PC Princípios de Contabilidade; PFC - Princípios Fundamentais de Contabilidade; PIB Produto Interno Bruto; RCF-V Seguro de Responsabilidade Civil Facultativa de Veículos;

7 RCTR-VI Seguro de Responsabilidade Civil em Transporte Rodoviário em Viagem Internacional; SUSEP Superintendência de Seguros Privados; SUV Sport Utility Vehicle; VD Valor Determinado; VMR Valor de Mercado Referenciado;

8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO... 11 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO... 13 1.1.1 Área de Conhecimento Contemplada... 13 1.1 2 Caracterização da Organização... 15 1.1.3 Problematização do Tema... 15 1.1.4 Objetivos... 16 1.1.5 Justificativa... 17 1.1.6 Metodologia do trabalho... 17 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA... 23 2.1 CONTABILIDADE... 23 2.1.1 Objeto da contabilidade... 23 2.1.2 Finalidades da contabilidade... 24 2.1.3 Usuários da contabilidade... 24 2.1.4 Áreas de Atuação do Contador... 25 2.1.5 Princípios de Contabilidade... 26 2.2 SEGUROS... 30 2.2.1 O mercado atual de seguros... 30 2.2.2 Estrutura do mercado segurador brasileiro... 31 2.2.3 Principais conceitos, elementos e definições de seguros... 35 2.2.4 Legislação de seguros... 36 2.2.5 Principais Instrumentos do Contrato de Seguros... 38 2.2.6 Tipos de Seguros... 42 2.2.7 O papel do atuário no que diz respeito ao ramo de seguros... 44 2.2.8 Contabilidade aplicada nas empresas do ramo de seguros... 48 3. ESTUDO APLICADO... 58

9 3.1 CARACTERIZAÇÃO DO SEGURO DE AUTOMÓVEIS... 58 3.2 SEGMENTOS DO SEGURO DE VEÍCULOS AUTOMOTORES: AUTOMÓVEIS, CAMINHÕES, MOTOS... 58 3.3 ESPÉCIES DE SEGUROS DE VEÍCULOS AUTOMOTORES... 59 3.3.1Seguros Obrigatórios... 59 3.3.2 Seguros Facultativos... 61 3.4 SEGUROS DE VEÍCULOS AUTOMOTORES DE PASSEIO DE PESSOAS FÍSICAS: SEGMENTOS E FAIXAS... 62 3.5 MODALIDADES DO SEGURO DE AUTOMÓVEIS... 63 3.5.1 Valor de Mercado Referenciado (VMR): Tabela FIPE... 63 3.5.2 Valor Determinado (VD)... 64 3.6 ELEMENTOS DE COBERTURA DO SEGURO DE AUTOMÓVEIS... 64 3.6.1 Cobertura Básica n 1 - Colisão, Incêndio e Roubo (Compreensiva)... 64 3.6.2 Cobertura Básica n 2 Incêndio e Roubo... 64 3.6.3 Seguro de responsabilidade civil facultativa de veículos (RCF-V)... 65 3.6.4 Cobertura de Garantia de Indenização pelo Valor de Novo (0 km)... 65 3.6.5 Riscos Excluídos do Seguro... 67 3.6.6 Pacotes de seguro automóvel... 70 3.7 FATORES DETERMINANTES DA VARIABILIDADE DO PRÊMIO DO SEGURO DE AUTOMÓVEIS... 73 3.7.1 Grau de periculosidade da cidade: índice de roubos... 73 3.7.2 Valor das peças de reposição do veículo: cobertura por colisão... 74 3.7.3 Probabilidade de ocorrência de incêndio no veículo... 75 3.7.4 Idade do Veículo... 75 3.7.5 Perfil do motorista... 76 3.7.6 Franquia... 82 3.7.7 Bônus... 83 CONCLUSÃO... 85

REFERÊNCIAS... 87 10

11 INTRODUÇÃO O transporte de pessoas e de cargas, a percepção dos riscos envolvidos nessa operação e as conseqüentes medidas tomadas para sua diluição, acompanham a humanidade há muito tempo. Conforme Souza (2007) iniciou com os babilônios por volta de 1800 a.c, quando surgiu o código de Hamurabi, o qual estabelecia a criação de uma associação de comerciantes que deveria ressarcir o comerciante com um novo burro caso tivesse perdido um ou com um novo barco se um tivesse sido destruído em uma tempestade. Com o passar do tempo a atividade de seguros foi evoluindo, sendo criadas companhias especializadas ou na estipulação dos prêmios ou na corretagem de seguros e também estatutos e órgãos de fiscalização destas atividades. O crescimento dos seguros e particularmente, do seguro de veículos automotores, acelerou-se, ramificou-se e especializou-se a partir da invenção do motor à combustão, em plena era industrial, dando origem à multiplicidade de veículos automotores que fazem parte de nosso cotidiano até os dias de hoje. Conforme Womack, Jones e Roos (1992), a fabricação de automóveis, ou, melhor dizendo, de veículos automotores, a princípio de forma artesanal, teve início no princípio da década de 1890, na fábrica Panhard e Levassor, onde foram montados centenas de automóveis por ano. Junto com o automóvel, surgiu a percepção dos riscos envolvendo sua posse e uso: o risco de causar danos materiais e pessoais (dada à velocidade maior dos veículos automotores comparativamente aos veículos movidos à tração animal) e o risco de furto e roubo (dado o significativo valor econômico dos veículos). O primeiro relato de acidente automobilístico da história, foi por volta de 1901, quando devido à ausência de freios, o Sr. Cygnot, ao fazer uma curva, perdeu o controle da direção e bateu no muro do pátio de manobras do Quartel Real de Vicenes (França). Tal percepção dos riscos levou cedo à contratação de seguros específicos: o primeiro contrato de seguros foi escrito por volta de 1347, em Genova, no final do século XIV, já era comum a emissão de apólices de seguros. Da produção inicial de centenas de veículos evoluiu-se para a fabricação de milhares de veículos e, mais recentemente, de milhões de veículos segundo a CARTA DA ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos

12 Automotores, Edição 303, de agosto de 2011): de julho de 2010 a julho de 2011 foram produzidos mais de 3,46 milhões de veículos automotores no Brasil. Com a produção e consumo em grande escala de veículos automotores, também se multiplicaram os riscos e cresceu significativamente o mercado de seguros de automóveis. Principalmente após o Plano Real, quando a economia se estabilizou, o mercado de seguros duplicou e assim, a cada ano, vem crescendo significativamente a sua participação no PIB (Produto Interno Bruto) com o faturamento dos prêmios de seguros. O conceito de veículos automotores abrange, na verdade, uma ampla gama de veículos terrestres (automóveis, caminhões, motocicletas, etc.), aquáticos (navios, lanchas, jet-skis,etc.) e aéreos (aviões, helicópteros e planadores). Em decorrência, o ramo de seguros de veículos automotores também se especializou: o seguro de veículos terrestres pode ser obrigatório, (DPVAT Seguro de danos pessoais causados por veículos automotores de vias terrestres) ou facultativo, pode abranger danos materiais ou pessoais em veículos próprios ou de terceiros, e pode cobrir ainda indenizações decorrentes de responsabilidade civil ou penal do condutor do veículo. Ainda, a título introdutório, cabe mencionar que com relação à produção e uso de veículos automotores ocorre um paradoxo: enquanto as fábricas de automóveis se esforçam em produzir veículos cada vez mais seguros, porém, cada vez mais potentes e velozes, sua comercialização intensa nos últimos anos, facilitada pela oferta de crédito fácil, com prestações diluídas em até oito anos, vem causando congestionamentos e acidentes com maior freqüência e extensão dos danos, quer materiais, quer pessoais, obrigando as Companhias de Seguro a reavaliar ano a ano os riscos envolvidos e, em decorrência, recalcular os prêmios cobrados sempre maiores. Nesse sentido o presente trabalho de conclusão de curso aborda os elementos e fatores determinantes da variabilidade do prêmio do seguro de automóveis em função do risco segurado em cotações realizadas no programa de cálculos da Companhia Bradesco Seguros Auto, que hoje é uma das maiores e melhores seguradoras do Brasil, segundo a revista DINHEIRO & DIREITOS de dezembro de 2010. O trabalho de conclusão de curso terá a seguinte composição: No primeiro capítulo de contextualização do estudo, estão evidenciadas a área do conhecimento

13 contemplada, a caracterização da organização, a problematização do tema, os objetivos, a justificativa e a metodologia do trabalho. O segundo capítulo é de revisão bibliográfica, momento em que estão em evidência os principais conceitos, da área das Ciências Contábeis e do Mercado Segurador Brasileiro, que foram utilizados durante o desenvolvimento do trabalho de conclusão de curso. No capítulo três consta o estudo aplicado, com o desenvolvimento das cotações e comparativos entre as mesmas, onde se chegou ao objetivo deste trabalho que foi evidenciar os diferentes elementos que influenciam a variabilidade do prêmio de seguro. E por fim, é apresentada a conclusão do trabalho, as referências consultadas ao longo do estudo e alguns anexos. 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO Num primeiro momento define-se área de conhecimento, a caracterização e a problematização do tema desse trabalho para posteriormente esclarecer os objetivos e a justificativa do trabalho que se apresenta na área de seguros, dando maior ênfase ao prêmio do seguro de automóveis, no qual se verifica diferentes valores de prêmios pagos em função da variabilidade do risco segurado. 1.1.1 Área de Conhecimento Contemplada As ciências contábeis abrangem vários ramos de atuação, sendo um deles a contabilidade atuarial, que é responsável pela contabilidade de empresas seguradoras. Dentro das companhias de seguros ocorre um grande ciclo econômico, que vai desde a proposta, a análise dos dados, a aceitação do risco, a emissão da apólice, o recebimento do prêmio e, quando necessário, até o pagamento da indenização. Este ciclo é acompanhado pela Contabilidade Atuarial. Por isso, as Companhias de Seguro recebem um tratamento contábil diferenciado, que se reflete, entre outros, num plano de contas específico, padronizado para todas as seguradoras e na emissão de normas específicas perante o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), como a que rege a contabilização dos contratos de seguros (NBCTG 11, aprovado pela Resolução CFC nº 1.150/2009). O mercado atual de seguros no Brasil, segundo Souza (2007), possui cerca

14 de 130 companhias de seguros, 35 empresas de previdência privada aberta, 10 empresas de capitalização, 32 mil corretores de seguros pessoas físicas e 12 mil pessoas jurídicas. O sistema nacional de seguros privados é composto por cinco grupos: o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP); a Superintendência de Seguros Privados (Susep); o IRB Brasil Resseguros S.A.(atualmente é denominado IRB Brasil Resseguros S.A, com redação atualizada pelo Decreto-Lei nº 73/1996); as sociedades seguradoras autorizadas e os corretores habilitados. Souza (2007, p. 40-45) conceituou cada um dos componentes do Sistema Nacional de Seguros Privados: Conselho Nacional de Seguros Privados é o órgão Máximo do setor de seguros, responsável pela fixação de diretrizes e normas da política de seguros e resseguros, regulando e fiscalizando a orientação básica e o funcionamento dos componentes do sistema. Superintendência de Seguros Privados (Susep) é o órgão governamental de atuação colegiada e competência normativa responsável pelo controle e fiscalização dos mercados de seguro, previdência privada aberta, capitalização e resseguros. Resseguradores são entidades, constituídas sob a forma de sociedades anônimas, que têm por objeto exclusivo a realização de operações de resseguro e retrocessão. O Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) é empresa resseguradora vinculada ao Ministério da Fazenda Seguradoras são entidades jurídicas que, por meio dos recursos dos prêmios cobrados dos segurados, comprometem-se a indenizá-los no caso de ocorrer o evento contra o qual se seguraram. Corretagem de Seguros é a intermediação feita por profissionais habilitados na colocação de seguros, mediante o recebimento de uma comissão percentual sobre o prêmio auferido pela seguradora. De acordo com a natureza dos riscos, os seguros podem ser classificados em seguros de pessoas, de danos patrimoniais e de prestação de serviços. Conforme Souza (2007, p.60): Seguros de pessoas: o pagamento da indenização não tem relação com o valor do dano produzido pela ocorrência do sinistro e sim com o valor da cobertura contratada pelo segurado. As principais modalidades são: seguro de vida e de acidentes pessoais. Seguros de danos patrimoniais: tem como principal finalidade reparar, ao segurado, a perda financeira ocasionada pelo sinistro. Os danos patrimoniais estão divididos em dois grandes grupos: seguro de responsabilidade e de bens. Seguro de prestação de serviços: o segurado busca proteção e o ressarcimento dos gastos referentes à prestação de serviços, tais como assistência médica, cirúrgica e hospitalar e assessoria jurídica. São exemplos de seguros contratados nesta modalidade: assistência a viagem e seguros de defesa.

15 No presente trabalho a área contemplada é o seguro de danos patrimoniais de veículos automotores. O seguro de automóveis tem como função cobrir perdas ou danos dos veículos terrestres de população a motor e a seus reboques desde que não trafeguem sobre trilhos. (SOUZA, 2007, p.65) Segundo Souza (2007) para que a seguradora assuma a responsabilidade por um determinado risco será necessário o pagamento de um prêmio à companhia. O prêmio é o preço ou custo do seguro especificado no contrato, ou seja, a soma em dinheiro paga pelo segurado à seguradora. O valor do prêmio do seguro de automóvel se altera em função de diversos fatores: o grau de índices de roubos, o valor das peças de reposição do veículo, se o carro é importado ou não, o valor da franquia, porém, o fator que mais influencia o prêmio do seguro de automóvel é o perfil do motorista: dependendo do sexo, do estado civil, da faixa etária, do tempo de habilitação do condutor, de haver ou não garagem para guarda do veículo, o prêmio pode ser maior ou menor. E foi neste contexto que a pesquisa buscou verificar a variabilidade dos prêmios de seguro de automóveis em função dos diferentes perfis de segurados. 1.1 2 Caracterização da Organização As cotações dos prêmios de seguros de automóveis existentes nesse trabalho foram efetuadas através do programa de cálculos do Bradesco Seguros Auto. A Companhia Bradesco Seguros Auto foi fundada em 2004 e hoje já é uma das maiores seguradoras do Brasil, possuindo uma carteira de seguros de mais de 1,3 milhões veículos segurados. Além desse segmento o grupo Bradesco Seguros também atua em outros ramos, como o seguro residencial, de equipamentos, empresarial, de vida e de saúde. 1.1.3 Problematização do Tema Para o cálculo do prêmio dos seguros de automóveis são considerados diversos fatores, sendo o principal o risco da probabilidade da ocorrência ou não de um evento futuro que poderá causar danos ao veículo.

16 Mas, para a análise das probabilidades são levados em consideração dados estatísticos que revelam a que risco que determinado bem está exposto, como o índice de roubos em determinada região, modelos mais visados pelos ladrões, capital segurado, perfil dos principais condutores do veículo. Segundo Souza (2007) o atuário é responsável pela determinação e tarifação dos prêmios de seguros, de forma a dar sustentação às operações para as partes envolvidas no contrato: segurado e segurador. O atuário, resumidamente, é o profissional academicamente capacitado para solucionar as questões relativas às aplicações de seguros mediante a aplicação da Ciência Atuarial. (SOUZA, 2007, p. 132). Souza (2007) fornece o conceito de Ciências Atuariais: Ciências Atuariais é o ramo do conhecimento que lida com matemática de seguro, incluindo probabilidades, usadas para garantir que os riscos sejam cuidadosamente avaliados, os prêmios sejam estabelecidos adequadamente pelos classificadores de riscos e a provisão para os pagamentos futuros de benefícios seja adequada. (SOUZA, 2007, p. 132) A incerteza que caracteriza a vida das pessoas em termos de espaço e tempo, foi desde o início a razão de ser do atuário e, por conseqüência, da matemática Atuarial. (SOUZA, 2007, p. 131). Diante disto: Qual foi o veículo e perfil de motorista que geraram o menor prêmio de seguro de automóvel a ser pago e qual o grau de risco envolvido em cada operação? 1.1.4 Objetivos O estabelecimento do objetivo de uma pesquisa é a etapa que indica e caracteriza o que o pesquisador tem em vista alcançar com sua investigação. (MEDEIROS, 2010, p. 222) 1.1.1.1 Objetivo geral Analisar os diferentes prêmios pagos no seguro de automóveis em função dos diferentes riscos e perfis dos segurados, levando em consideração a importância da contratação do seguro automóvel.

17 1.1.1.2 Objetivos específicos Fundamentar teoricamente todos os aspectos envolvidos na contratação de uma apólice de seguro. Verificar quais são os fatores determinantes no perfil do segurado. Analisar os diferentes riscos envolvidos na contratação do seguro de automóveis. 1.1.5 Justificativa O presente trabalho de conclusão de curso vem para aprofundar os conhecimentos numa área que é pouco trabalhada no decorrer do curso de Ciências Contábeis a área de seguros. O estudo foi de grande valia para a acadêmica, por estar direcionado as atividades profissionais da mesma e permitir melhor aprofundamento teórico e prático desta área. Para a Corretora de Seguros em que trabalha e para as demais corretoras do mercado, o estudo justifica-se, pois, os profissionais que nelas trabalham conseguirão identificar mais facilmente os fatores de risco no momento da contratação do seguro de automóvel. E, se pensou também na pessoa do segurado, que conseguirá entender melhor como funciona a análise de risco no momento da contratação do seguro de automóvel e o porquê da variação do prêmio a ser pago em função das características do veículo e do perfil do segurado. Para todos e, em especial, para os alunos do Curso de Ciências Contábeis, fica uma importante fonte de pesquisa numa área pouco estudada, mas de grande valia e utilidade no cotidiano das pessoas, pois, o seguro de automóvel, ou qualquer outro ramo de seguros acaba se tornando um investimento na proteção do patrimônio e não numa simples despesa. 1.1.6 Metodologia do trabalho Metodologia segundo Cruz e Ribeiro (2003) é a forma de como deverá ser explicada, qual a natureza da pesquisa, o tipo de problema, a forma de coleta dos dados e o resultado final a que se quer chegar com a pesquisa.

18 1.1.6.1 Classificação da pesquisa A pesquisa deste trabalho de conclusão de curso classifica-se conforme os seguintes aspectos: a) Do Ponto de Vista de Sua Natureza Este trabalho apresenta-se do ponto de vista de sua natureza como pesquisa aplicada, pois através de cálculos com diferentes variáveis constatar-se-á diversos prêmios de seguros a serem pagos. A pesquisa aplicada é fundamentalmente motivada pela necessidade de resolver problemas concretos, mais imediatos, ou não. Tem finalidade Prática. (VERGARA, 2004, p.47). b) Do Ponto de Vista de Seus Objetivos A classificação da pesquisa com base em seus objetivos, segundo Santos (2004) ocorre em três formas: pesquisas exploratórias, pesquisas descritivas e pesquisas explicativas. Para esta pesquisa serão utilizadas as três formas. Segundo Gil (2002, p. 41): Pesquisas Exploratórias: têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições. Seu planejamento é, portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado. Num primeiro momento, foi feito um estudo em livros, revistas e na internet, para a acadêmica se familiarizar com o assunto em questão, que ainda é pouco explorado academicamente. As pesquisas descritivas, segundo Gil (2002, p. 41): Têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este título e uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como o questionário e a observação sistemática.

19 A pesquisa descritiva buscou identificar os diferentes perfis de segurados e diversos modelos de veículos automotores, para que, possam ser realizadas as cotações de propostas de seguro de automóveis, através do programa de cálculo do Bradesco Seguros Auto. De acordo com Gil (2002, p. 42): As Pesquisas Explicativas têm como preocupação central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Esse é o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas. Por isso mesmo, é o tipo mais complexo e delicado, já que o risco de cometer erros aumenta consideravelmente. Foi feita uma análise de todos os valores de prêmios encontrados e identificados os fatores relevantes na formação do preço dos prêmios de seguros. c) Do Ponto de Vista de Seus Procedimentos Técnicos Os procedimentos técnicos, segundo Gil (2002) são a forma pela qual será planejada a pesquisa, apontando onde serão obtidos os dados e as formas de controle das variáveis envolvidas, que podem ser dos tipos: pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, pesquisa experimental, a pesquisa ex-post facto, o levantamento e estudo de caso. O trabalho proposto classifica-se em: Pesquisa bibliográfica: é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral. (VERGARA, 2004, p. 48) A pesquisa bibliográfica busca conhecer e analisar contribuições científicas sobre determinado tema. MARTINS e LINTZ (2010, p.15) Sendo retirados de livros e revistas conceitos importantes para o entendimento do assunto abordado no trabalho. Pesquisa Documental: vale-se de materiais que não receberam ainda tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. (GIL, 2002, p. 45) Há algumas informações que foram utilizadas para a elaboração do trabalho que ainda não foram publicadas em livros e revistas constando somente nas

20 apólices emitidas pelas seguradoras ou na internet. Levantamento: caracteriza-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer [...] para, em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se as conclusões correspondentes aos dados coletados. (GIL, 2002, p. 50) Para a coleta dos dados, não foi utilizada a interrogação direta de pessoas, mas sim, a análise das propostas de seguros que foram elaboradas pelo programa de cálculo. Estudo de caso: consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento. (GIL, 2002, p. 54) Como a área de seguros de automóveis ainda é pouco explorada, foi feito um estudo detalhado para a resolução do problema proposto no objetivo do trabalho. d) Quanto a Forma de Abordagem do Problema Existem duas formas de abordagem do problema, segundo Martins e Lintz (2010) dependendo do objeto de estudo, a abordagem poderá ser de avaliação qualitativa, que buscará descrever comportamentos de variáveis e situações, e de avaliação quantitativa, em que se irá medir, ou mensurar, variáveis. A abordagem quantitativa caracteriza-se pelo emprego de instrumentos estáticos, tanto para a coleta quanto para o tratamento dos dados. (BEUREN, 2004, p. 94) Abordaremos as duas formas, sendo avaliado quantitativamente a influência de determinada variável no prêmio do seguro de automóvel, pela condição ceterisparibus (termo proveniente do latim que significa tudo o mais constante, mantido) e por dados estatísticos, e avaliado qualitativamente através da análise dos diferentes perfis de segurados. 1.1.6.2 Coleta de dados A coleta de dados ocorre após a definição clara do tema, ou problema, que se pretende investigar, definição dos objetivos, revisão bibliográfica, identificação das variáveis e da opção sobre o tipo de estudo que se vai empreender. (MARTINS

21 e LINTZ, 2010 p. 31) Para a realização da parte teórica desse trabalho foi utilizada a pesquisa bibliográfica em material já publicado em livros, artigos, revistas, material disponibilizado na internet, mais especificamente nos sites da SUSEP (Superintendência de Seguros privados) e ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). E a parte prática foi realizada por meio do programa de cálculo do Bradesco Seguros Auto, através do qual foram realizadas diversas simulações de cotações de seguros de automóveis, com diferentes perfis de segurados e de veículos. 1.1.6.2.1 Instrumentos de Coleta de Dados Para se estabelecer um instrumento de coleta de dados devem ser levados em consideração os seguintes itens: a) Listar as variáveis que se pretende medir ou descrever; b) Revisar o significado e a definição conceitual de cada variável listada; c) Revisar como, operacionalmente, cada variável foi definida. Isto é, como será medida, ou descrita, cada variável; d) Escolher uma das técnicas e iniciar a construção do instrumento de coleta de dados. (MARTINS e LINTZ, 2010 p. 31) Nesse trabalho a técnica utilizada foi a Observação Sistemática onde: Observação é uma técnica de coleta de dados que utiliza os sentidos para obtenção de determinados aspectos da realidade. Toda observação deve ser precedida de alguma teoria que lhe dê fundamento e embasamento suficientes para que a técnica seja adequadamente aplicada aos propósitos do estudo. (MARTINS e LINTZ, 2010 p.32) Observação sistemática recebe várias designações: Estruturada, Planejada, Controlada. Utiliza instrumentos para a coleta de dados ou fenômenos observados e realiza-se em condições controladas, para responder a propósitos preestabelecidos. Porém, as normas não devem ser rígidas ou padronizadas, pois situações, objetivos podem ser diferentes. (MARCONI e LAKATOS, 2010 p.276) Para se fazer a coleta de dados é necessária que sejam definidas as formas e os meios de como irá se realizar essa busca, para que se consigam as informações necessárias.

22 1.1.6.3 A análise e interpretação dos dados A interpretação dos dados coletados na parte prática do trabalho foi feita através de planilhas eletrônicas e da análise de cotações elaboradas em programas de cálculos, onde se verificou os diferentes prêmios de seguro de automóveis, encontrados com diferentes perfis de segurados.

23 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Neste capítulo estão evidenciados os principais conceitos da área das Ciências Contábeis e do Mercado Segurador Brasileiro, que foram utilizados para fundamentar a pesquisa do trabalho de conclusão de curso. 2.1 CONTABILIDADE A contabilidade vem evoluindo conforme o desenvolvimento econômico. No início os registros eram simples, efetuados com instrumentos rústicos e, atualmente, através de sistemas cada vez mais complexos e ágeis. Hoje, a Contabilidade atua como ferramenta fundamental no processo de tomada de decisões das empresas. A seguir relacionam-se alguns conceitos sobre a contabilidade: A Contabilidade, na qualidade de ciência social aplicada, com metodologia especialmente concebida para captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer ente, seja este pessoa física, entidade de finalidades não lucrativas, empresa, seja mesmo pessoa de Direito Público, tais como Estado, Município, União, Autarquia etc., tem um campo de atuação muito amplo. (FEA/USP, 2010, p.1) Contabilidade é o conjunto ordenado de conhecimentos próprios, leis científicas, princípios e métodos de evidenciação próprios, é a ciência que estuda, controla e observa o patrimônio das entidades nos seus aspectos quantitativo (monetário) e qualitativo (físico), e que, como conjunto de normas, preceitos, regras e padrões gerais, se constitui na técnica de coletar, catalogar e registrar informações de suas variações e situação, especialmente de natureza econômica e financeira. (BASSO, 2011, p. 26) Contabilidade é o grande instrumento que auxilia a administração a tomar decisões. Na verdade, ela coleta todos os dados econômicos, mensurandoos monetariamente, registrando-os e sumarizando-os em forma de relatórios ou de comunicados, que contribuem sobremaneira para tomada de decisões. (IUDÍCIBUS e MARION, 2006, p. 42) 2.1.1 Objeto da contabilidade O objeto da contabilidade é o patrimônio de toda e qualquer entidade. (IUDÍCIBUS e MARION, 2006, p. 56) Segundo Basso (2011) o patrimônio é formado pelos bens, direitos e obrigações da entidade, sendo visto pela contabilidade sob dois aspectos: qualitativos e quantitativos.