Transplante de membrana amniótica canina criopreservada para cicatrização de córnea com deficiência de células límbicas em coelhos

Documentos relacionados
DANIELA NOGUEIRA CREMONINI

Membrana amniótica canina utilizada como bandagem em úlcera superficial de córnea de coelhos aspectos clínicos

Tratamento da úlcera corneana experimental com membrana amniótica

Ótima cobertura e lubrificação do globo ocular com apenas uma gota

ESTUDO COMPARATIVO SOBRE AS PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS DE CERATOPLASTIA COM ENXERTO CONJUNTIVAL LIVRE E PEDICULADO EM CÃES

Ceratoplastia lamelar em cães utilizando membrana fetal eqüina como enxerto. Estudo experimental

Modelos de neovascularização corneana em coelhos - Análise morfológica

Avaliação da presença de células caliciformes na córnea humana

Ceratoplastia lamelar em cães usando membrana amniótica equina. Estudo clínico e morfológico

Avaliação do Uso Tópico de Sulfato de Condroitina A (Ciprovet ) no Tratamento de Úlcera de Córnea Experimental em Coelhos*

Processo de reparação de lesões da córnea e a membrana amniótica na oftalmologia

Microscopia Confocal na Avaliação de Falência do Limbo Dador após Transplante Autólogo de Limbo e Conjuntiva no Tratamento de Pterigium

Avaliação morfológica de diferentes técnicas de desepitelização da membrana amniótica humana

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE VETERINÁRIA

Palavras-chave: túnica conjuntiva, revestimentos, úlcera da córnea, cães Keywords: conjunctiva, linings, corneal ulcer, dogs

Palavras-Chave: hemangiossarcoma ocular; neoplasia conjuntival; conjuntiva bulbar; córnea; oftalmologia veterinária.

AÇÃO DO SULFATO DE CONDROITINA A ASSOCIADO A CIPROFLOXACINA EM ÚLCERAS DE CÓRNEA EM CAVALOS

CRISLAINE CAROLINE SERPE LAURINDA MENEGUETTE TRANSPLANTE DE MEMBRANA AMNIÓTICA EM UM SERVIÇO PÚBLICO UNIVERSITÁRIO DE OFTALMOLOGIA

TECIDO CONJUNTIVO São responsáveis pelo estabelecimento e

CINTIA APARECIDA LOPES GODOY-ESTEVES

DESCEMETOCELE EM UM CANINO - RELATO DE CASO 1 DESCEMETOCELE IN A CANINE

Reparação. Regeneração Tecidual 30/06/2010. Controlada por fatores bioquímicos Liberada em resposta a lesão celular, necrose ou trauma mecânico

Efeito do mel e do soro autólogo na cicatrização do epitélio corneano em coelhos

Médica-veterinária - FACISA/ UNIVIÇOSA Graduandas do Curso de Medicina Veterinária - FACISA/ UNIVIÇOSA.

PREPARO DA MATRIZ ACELULAR DE CÓRNEA SUÍNA E APLICABILIDADE EM CERATITES ULCERATIVAS ESTUDO EXPERIMENTAL EM COELHOS

Tecido conjuntivo de preenchimento. Pele

pupila Íris ESCLERA CORPO CILIAR COROIDE ÍRIS HUMOR VÍTREO LENTE RETINA CÓRNEA NERVO ÓPTICO

RESUMO. Palavras-chave: membrana amniótica, transplante, superfície ocular, deficiência límbica, coelho.

Membrana amniótica no tratamento dos afinamentos corneais e esclerais

UTILIZAÇÃO DA CÁPSULA ESPLÊNICA DE BOVINO NA CERATOPLASTIA LAMELAR EM COELHOS

4- RESULTADOS Avaliação Macroscópica da Bolsa Algal e Coxim Plantar. inoculados na bolsa jugal, a lesão do local de inoculação era evidente e se

Uso do plasma rico em plaquetas no reparo de úlceras de córnea profundas induzidas em coelhos. Avaliação clínica e histomorfométrica

Tratamento de úlcera indolente em equino

Um olhar rumo ao futuro da oftalmologia veterinária

TRATAMENTO TÓPICO COM MEL, PRÓPOLIS EM GEL E CREME A BASE DE ALANTOÍNA EM FERIDAS EXPERIMENTALMENTE INFECTADAS DE COELHOS.

Histopathology of dairy cows hooves with signs of naturally acquired laminitis

SEQUESTRO CORNEANO EM FELINOS FELINE CORNEAL SEQUESTRUM. Especialização em Oftalmologia Veterinária pela Universidade de Madison

Injeção subconjuntival de soro autógeno no tratamento de queimadura ocular por álcali em coelhos

COMPARAÇÃO CLÍNICA DA PRODUÇÃO LACRIMAL, EM CÃES COM CERATOCONJUNTIVITE SECA, UTILIZADO TRATAMENTO COM CÉLULAS-TRONCO PELA VIA TÓPICA E PERIGLANDULAR

10/6/2011. Histologia da Pele. Diagrama da Estrutura da Pele. Considerações Gerais. epiderme. derme

RESSALVA. Atendendo solicitação do autor, o texto completo desta tese será disponibilizado somente a partir de 01/01/2020.

Uso de membrana amniótica no tratamento de complicações pós-trabeculectomia

DISCIPLINA DE PATOLOGIA GERAL

EFEITO DO TIPO DE SISTEMAS DE CULTIVO NO DESENVOLVIMENTO IN VITRO DE FOLÍCULOS PRÉ-ANTRAIS CAPRINOS ISOLADOS

HISTOLOGIA ESTUDO DOS TECIDOS

Ceratites ulcerativas resultantes de condições destrutivas, Implante de peritônio homólogo conservado após ceratectomia lamelar em cães

PULPOPATIAS 30/08/2011

CARCINOMA ESPINOCELULAR EM CÓRNEA DE CÃO RELATO DE CASO 1. Introdução

Efeito do colírio de 5-fluorouracil sobre o epitélio corneano íntegro de coelhos

Ferida e Processo de Cicatrização

Processo Inflamatório e Lesão Celular. Professor: Vinicius Coca

e38 CAPÍTULO Atlas de Biópsias Hepáticas CAPÍTULO e38 Atlas de Biópsias Hepáticas Jules L. Dienstag Atul K. Bhan 38-1

Transplante de glândulas salivares menores no tratamento da ceratoconjuntivite seca em cães

Anais Expoulbra Outubro 2015 Canoas, RS, Brasil

Microscopia eletrônica de varredura..

COMPARATIVE CLINICAL PATHOLOGY. Fator de Impacto: 0,9

CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: MEDICINA VETERINÁRIA INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DE FRANCA

Estudo comparativo entre técnicas para fixação de placa metálica em esclera de coelhos

HISTOLOGIA DA PELE. Priscyla Taboada

INFLAMAÇÃO & REPARO TECIDUAL

Tecido Epitelial e Conjuntivo

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em: <

21/03/2012. A variação molecular atua: fatores de crescimento hormônios adesão celular movimentação alterações funcionais

UNIPAC. Universidade Presidente Antônio Carlos. Faculdade de Medicina de Juiz de Fora PATOLOGIA GERAL. Prof. Dr. Pietro Mainenti

II.3 - Exemplos de Epitélios de Revestimento:

FORMA elíptica de grande eixo horizontal (11-12,5 mm) eixo vertical menor (10-11,5 mm ).

Estudo clínico e histológico das pálpebras e conjuntiva hígidas submetidas ao tratamento tópico com soluções anestésicas em coelhos

Archives of Veterinary Science, v.14, n.1, p.9-16, 2009 ISSN X

Avaliação clínica da ablação uveal intravítrea com gentamicina em cães portadores de glaucoma crônico

Liberação intraocular de ofloxacina associada a lente de contato biossintética em ceratite bacteriana experimental em cães

Aplicação da membrana amniótica em Oftalmologia The use of amniotic membrane in Ophthalmology

TRABALHO CIENTÍFICO (MÉTODO DE AUXÍLIO DIAGNÓSTICO PATOLOGIA CLÍNICA)

Capítulo 2 Aspectos Histológicos

PADRONIZAÇÃO DA CITOLOGIA DE IMPRESSÃO DA SUPERFÍCIE OCULAR CANINA. (Standardization of canine ocular surface impression cytology)

HISTOLOGIA. Tecido Conjuntivo

UTILIZAÇÃO DE MEMBRANA BIOSINTÉTICA DE HIDROGEL COM NANOPRATA NO PROCESSO CICATRICIAL DE QUEIMADURA DÉRMICA CAUSADA DURANTE TRANS-OPERATÓRIO

hepatócitos, com provável localização em canalículos biliares (Fig. 06- C). Visualmente, houve um aumento no número de infiltrados

Resumo. Introdução. Renato Linhares SAMPAIO 1 José Joaquim Titton RANZANI 2

1 INTRODUÇÃO DAOIZ MENDOZA* CÁCIO RICARDO WIETZYCOSKI**

DETECÇÃO DO CICLO ESTRAL POR MEIO DE CITOLOGIA VAGINAL DE CADELAS ATENDIDAS NO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVIÇOSA/FACISA

AVALIAÇÃO DA BIOCOMPATIBILIDADE IN VIVO DE UM COMPÓSITO DE HIDROXIAPATITA, FIBROÍNA DE SEDA E ÁCIDO HIALURÔNICO

Capítulo 9 Histologia animal I Epitelial, Conjuntivo, adiposo, ósseo, cartilaginoso

Transplante de membrana amniótica para reconstrução da superfície corneana e conjuntival *

Utilização do adesivo N-butil cianoacrilato e o do fio poliglactina na rafia de córnea em coelhos (Oryctolagus cunicullus)

Reações imunológicas nas pálpebras e conjuntivas desencadeadas pela síndrome uveodermatológica e leishmaniose, respectivamente: revisão de literatura.

MICROSCOPIA CONFOCAL CORNEANA E SUA APLICABILIDADE NO ESTUDO DE PIGMENTOS CORNEANOS DE CÃES

HISTOLOGIA Parte da biologia que estuda os tecidos Prof. Junior (

Comparação de duas técnicas cirúrgicas para reparação de lesões corneanas profundas em cães.

Módulo 1 Histologia e fisiopatologia do processo cicatricial

Visando à melhor compreensão sobre os resultados desse trabalho, assim. como foi realizado para demonstrar os materiais e métodos, os resultados das

Archives of Veterinary Science ISSN X PSEUDOPTERÍGIO EM COELHO-ANÃO (ORYCTOLAGUS CUNICULUS): RELATO DE CASO

HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO IV. Professor: Drº Clayson Moura Gomes Curso: Fisioterapia

TÍTULO: EFEITO DA IRRADIAÇÃO DO LASER DE BAIXA INTENSIDADE NA SINOVITE AGUDA EM RATOS WISTAR

Reparo Tecidual: Regeneração e Cicatrização. Processos Patológicos Gerais Profa. Adriana Azevedo Prof. Archangelo P. Fernandes

Tatiane Guedes Bueno*, Laiza Sartori de Camargo, Karym Christine de Freitas Cardoso, Anelise Ribeiro Peres, Fabiana Ferreira de Souza

Profa. Dra. Thâmara Alves

BIOLOGIA. Moléculas, células e tecidos. Estudo dos tecidos Parte 2. Professor: Alex Santos

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE VETERINÁRIA DISCIPLINA DE ESTÁGIO CURRICULAR EM MEDICINA VETERINÁRIA

HISTOLOGIA ESTUDO DOS TECIDOS

OLHO PRÁTICA 01: CÓRNEA

Transcrição:

Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.59, n.6, p.1462-1467, 2007 Transplante de membrana amniótica canina criopreservada para cicatrização de córnea com deficiência de células límbicas em coelhos [Transplantation of cryopreserved canine amniotic membrane for cicatrisation in cornea with limbal stem cells deficiency in rabbits] D.N. Cremonini 1, J.J.T. Ranzani 2, M.E.A. Marques 3, G.N. Rodrigues 2, C.V.S. Brandão 2 1 Aluna de pós-graduação - FMVZ-UNESP Botucatu, SP 2 Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia - UNESP Botucatu, SP Caixa Postal 560 18618-000 Botucatu, SP 3 Faculdade de Medicina de Botucatu - UNESP Botucatu, SP RESUMO Avaliaram-se as alterações relacionadas à deficiência das células límbicas precursoras do epitélio corneano de coelhos e o efeito da membrana amniótica sobre sua cicatrização. A lesão, induzida com n-heptanol associado à peritomia conjuntival em 360, foi recoberta com membrana amniótica canina, suturada à episclera perilímbica, criopreservada em meio para congelação de embrião ou em meio próprio, ambos com glicerol a 50% e mantida a 80 C. O grupo-controle não foi tratado com a membrana. As avaliações histológicas foram realizadas ao sétimo, 15º e 30º dias. Todos desenvolveram deficiência de células germinativas do limbo, denominada conjuntivalização, com presença de neovascularização, inflamação e defeitos epiteliais recorrentes, caracterizada na histopatologia pela presença de neovasos, edema, leucócitos e células caliciformes. O transplante de membrana amniótica não foi eficiente para o tratamento desta deficiência, entretanto auxiliou o processo de cicatrização da córnea. Palavras-chave: coelho, córnea, criopreservação, membrana amniótica ABSTRACT Changes related to limbal stem cells deficiency in corneal epithelium in rabbits, as well as the results of amniotic membrane transplant on the cicatrisation were evaluated. The ulcer was induced with n-heptanol associated to 360 conjunctival peritomy; the corneal surface was covered with canine amniotic membrane, sutured to perilimbal episclera, cryopreserved in embryo solution or own medium, both with 50% glycerol and stored at -80 C. The control group was not treated with membrane. Histological evaluations were performed at seven, 15, and 30 days. All of them developed limbal stem cells deficiency, named conjunctivalization, with neovascularization, inflammation and recurrent epithelial defects, observed in histopathology by the occurrence of neovascularization, edema, leukocytes and goblet cells. Thus amniotic membrane transplantation was not efficient in the treatment of limbal stem cells deficiency, however it helped in the process of cicatrisation. Keywords: rabbit, cornea, cryopreservation, amniotic membrane INTRODUÇÃO A região anterior do olho está em constante contato com o ambiente externo, sendo assim mais susceptível a traumas e agressões. Devido à sua estrutura relativamente simples, a resposta a qualquer insulto é limitada e muitas afecções podem causar opacificação e perda da visão (Gomes et al., 2002). Em face da necessidade de manutenção da transparência, buscam-se métodos que reduzam a formação cicatricial. Dentre estes, a membrana amniótica tem apresentado resultados satisfatórios diante de diversas condições. Recebido em 10 de maio de 2006 Aceito em 19 de setembro de 2007 E-mail: danidelete@yahoo.com.br

Transplante de membrana amniótica... A superfície ocular é composta pelos epitélios da córnea, limbo e conjuntiva. O revestimento do epitélio da córnea é contínuo com o epitélio conjuntival bulbar e a transição entre eles é denominada limbo. Os três epitélios apresentam características comuns, porém diferenciam-se tanto fenotípica quanto funcionalmente. Além das células epiteliais, o limbo contém melanócitos, células de Langerhans e células precursoras do epitélio corneano, ou stem cells e a conjuntiva bulbar contém células caliciformes secretoras de mucina (células goblet), linfócitos, melanócitos e células de Langerhans. Externamente, encontram-se revestidos pelo filme lacrimal, apresentando uma íntima relação metabólica (Gomes et al., 2002). Lesões corneanas recompõem-se por migração, mitose e adesão epitelial. As células epiteliais basais são o pivô do processo de mitose e o epitélio basal do limbo é o reservatório das células germinativas epiteliais da córnea (Dua e Azuara- Blanco, 2000). Essas lesões estimulam a resposta proliferativa da conjuntiva perilímbica, porém em condições normais, o epitélio límbico exerce estímulo inibitório à migração do epitélio conjuntival sobre a córnea. Quando uma lesão envolve áreas extensas do limbo, a barreira é removida e o epitélio conjuntival invade a córnea, acompanhado de neovascularização e células caliciformes, processo denominado conjuntivalização. Dentre os procedimentos cirúrgicos realizados na superfície corneana, as membranas biológicas, frescas ou conservadas em glicerina, são descritas para proteção mecânica de lesões profundas ou progressivas; dentre estas, há diversos relatos da utilização de peritônio canino (Garcia et al., 1996), pericárdio eqüino (Barros et al., 1997), membrana amniótica (Barros et al., 1998; Sampaio et al., 2006) e cápsula renal eqüina (Andrade et al., 1999). A membrana amniótica é composta por uma camada de epitélio cúbico simples e uma membrana basal espessa, formada basicamente de colágeno tipo IV e laminina, além de uma matriz estromal avascular, composta por tecido conectivo frouxo e por fibroblastos (Wynn e Corbett, 1969). Além da proteção mecânica, a membrana amniótica auxilia no processo de reparação, servindo como uma membrana basal transplantada, que age como substrato para a epitelização. Ela apresenta várias propriedades, como efeito antiadesivo da conjuntiva, proteção da ferida, adesão e migração das células epiteliais basais, redução de fibrose, prevenção da apoptose e restauração do fenótipo epitelial corneano (Kim e Tseng, 1995). Possui ação antibacteriana (Kjaergaard et al., 2001), antiinflamatória (Shimmura et al., 2001), inibidora de proteinases (Kim et al., 2000), além de conter diversos fatores de crescimento, como EGF, TGFβ, HGF, que estimulam a reepitelização (Sato et al., 1998). Outra propriedade atribuída a ela é de não induzir a rejeição após o transplante, pelo fato de não expressar a maioria dos antígenos de histocompatibilidade HLA, causando mínima ou nenhuma resposta inflamatória (Houlihan et al., 1995). Na medicina veterinária, a membrana amniótica conservada em glicerina foi descrita para ceratoplastia experimental em cães (Barros et al., 1998) e após ceratectomia para excisão de seqüestro corneano em felinos (Kavinski et al., 2002). Em casos onde se detecta deficiência parcial ou total de células límbicas, o transplante de membrana amniótica associado ao transplante de limbo, autógeno ou alógeno, mostrou-se eficiente para a restauração da população de células germinativas (Shimazaki et al., 1997; Shimazaki et al., 1998). Quanto à preservação da membrana amniótica, têmse descrito vários métodos, dentre eles, solução fisiológica para utilização fresca (Mejia et al., 2000), glicerina (Kim e Tseng, 1995; Sampaio et al., 2006) e meios de criopreservação, como Eagle modificado de Dulbecco (Lee e Tseng, 1997), utilizado para transplante de córnea e DMSO 12% enriquecido (Shimazaki et al., 1997), ambos congelados a 80 C. Entretanto, não há relatos do meio ideal de conservação, visando a preservar a sua estrutura celular e, conseqüentemente, as propriedades relacionadas a ela. Avaliou-se, neste experimento, por análise clínica e histológica, a reparação corneana em coelhos com deficiência de células germinativas límbicas, induzida por n-heptanol, com transplante de membrana amniótica preservada em meio de congelação de embrião 3 ou em meio próprio para membrana amniótica, ambos com glicerol a 50% e mantida congelada a - 80 C. MATERIAL E MÉTODOS Todos os critérios utilizados seguiram as normas para experimentação animal segundo a Association Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.59, n.6, p.1462-1467, 2007 1463

Cremonini et al. for Research in Vision and Ophthalmology 1. Utilizou-se o olho direito de 63 coelhos, distribuídos em três grupos, sendo o primeiro referente ao grupo-controle (GI), não tratado com a membrana amniótica, o segundo, tratado com a membrana amniótica preservada em meio próprio para conservação 2 (GII) e o terceiro, com a membrana preservada em meio para conservação de embrião 3 (GIII). Após avaliação diária, foram eutanasiados, com injeção intravenosa de cloreto de potássio 4, sete animais de cada grupo, aos sete, 15 e 30 dias pós-cirúrgicos, para análise histológica do tecido corneano. Utilizaram-se dois métodos de preservação, um próprio para membrana amniótica e outro para congelamento de embrião, composto por albumina bovina enriquecida, propondo-se a comparar a sua efetividade para outros materiais biológicos. Optouse pelo método de criopreservação, ao invés da conservação em glicerina, para que fossem mantidas as características morfológicas da membrana amniótica e, conseqüentemente, as suas funções, como antibiótico, antiinflamatório e inibidor de proteinases (Kruse et al., 2000). A placenta foi coletada em centro cirúrgico, durante cesariana de cadela a termo e lavada com solução fisiológica 0,9%, contendo 1g de cefalotina sódica 5. Âmnion e córion foram separados por descolamento e a membrana amniótica foi aderida em papel filtro de nitrocelulose estéril 6, com a face epitelial para cima e recortada em quadrados de 4 x 4cm os quais foram acondicionados em recipiente estéril que continha um dos meios e mantidos em freezer a 80 C, por período mínimo de 15 dias e máximo de quatro meses. Todos os coelhos foram tranqüilizados com acepromazina 7 e anestesiados com a combinação de tiletamina e zolazepam 8. Procedeu-se à anti-sepsia da superfície ocular com solução de iodo-povidine a 5%, em solução fisiológica. A córnea foi anestesiada com colírio de proparacaína 9. Sob observação em microscópio estereoscópico 1 Aprovado pela Câmara de Ética em Experimentação Animal UNESP Botucatu, SP 2 Meio para conservação de membrana amniótica Ophthalmos São Paulo, Brasil. 3 Emcare ICP Biotechnology Ltd. Auckland, Nova Zelândia. 4 Cloreto de potássio 19,1% Hypofarma Ribeirão das Neves, Brasil. 5 Cefalotina sódica Novafarma Anápolis, Brasil. 6 Membrana HA Millipore São Paulo, Brasil. 7 Acepran Univet São Paulo, Brasil. 8 Telazol - Fort Dodge Fort Dodge, EUA. 9 Anestalcon - Alcon Lab. do Brasil São Paulo, Brasil. cirúrgico 10, utilizou-se haste de algodão embebida em solução de n-heptanol 11, sobre a córnea, incluindo 2 a 4 mm do limbo do olho direito, de forma centrípeta, durante três minutos. A remoção do epitélio foi complementada por debridamento mecânico com bisturi e, em seguida, com haste de algodão seca. A superfície ocular foi imediatamente lavada com 60 ml de solução fisiológica a 0,9% estéril. Em seguida, procedeu-se à peritomia, em 360, da conjuntiva límbica e peribulbar até 4mm do limbo. Após prévia reidratação da membrana amniótica em solução fisiológica, durante 15 minutos, esta foi posicionada sobre a córnea, com a face epitelial para cima, e suturada à conjuntiva e à episclera perilímbicas, com náilon 9-0 em oito pontos simples separados, recobrindo toda a superfície corneana, à exceção dos animais do grupo-controle. Todos os animais foram mantidos com colar do tipo elizabetano, na tentativa de se evitar qualquer trauma ocular ou a remoção da membrana amniótica. Enquanto havia sinais de desepitelização corneana, instilou-se colírio de ciprofloxacina 12, três vezes ao dia, para fins profiláticos. Ao final de cada período de observação, os animais foram novamente anestesiados, com o mesmo protocolo utilizado anteriormente e sacrificados com injeção de solução de cloreto de potássio, via intravenosa. O tecido corneano foi fixado e corado pelos métodos de hematoxilina/eosina (HE) e periodic acid-schiff (PAS) com diástase. Os animais foram avaliados diariamente, por iluminação direta com lanterna 13, quanto à evolução dos sinais de fotofobia, blefarospasmo, secreção ocular, hiperemia conjuntival, opacidade, neovascularização e conjuntivalização. Essas alterações foram quantificadas de forma subjetiva em: 0 ausente; 1 leve; 2 moderado; 3 intenso (Munger, 2002). O tempo de permanência da membrana amniótica e da reepitelização corneana foram analisados com a instilação de colírio de fluoresceína 12. Ao exame microscópico de luz, foram avaliados parâmetros referentes ao número de camadas e maturidade das células epiteliais, espessura da membrana basal, edema, neoformação vascular, presença e tipo de infiltrado inflamatório e presença de células caliciformes no epitélio corneano (Spencer, 1985; Margo e Grossniklaus, 1991). 10 SOM 62 Standard Karl Kaps Tuttlingen, Alemanha. 11 Merck Rio de Janeiro, Brasil. 12 Allergan-Frumtost Brasil. 13 Halogen PenLite Welch Allin CA, EUA. 1464 Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.59, n.6, p.1462-1467, 2007

Transplante de membrana amniótica... Avaliou-se, também, a presença ou não da membrana amniótica. Esses parâmetros morfológicos foram quantificados sob o mesmo padrão utilizado para os sinais clínicos. A análise dos cortes histológicos foi realizada sem o conhecimento do grupo ao qual pertenciam os olhos. Os resultados obtidos foram avaliados estatisticamente por testes não paramétricos (Zar, 1996) visando à comparação de efeito nos momentos em cada grupo, pelo teste Friedman e do efeito nos grupos em cada momento, pelo teste Kruskal-Wallis. O nível de significância adotado foi de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO A presença de fotofobia, blefarospasmo e secreção ocular mucóide foi observada de forma mais intensa nos grupos tratados, porém regrediram até o quarto dia de pós-operatório, quando esses sintomas se tornaram ausentes em todos os animais. No grupo-controle, a conjuntiva apresentou-se hiperêmica durante três a quatro dias pósoperatórios e nos grupos tratados, até o sétimo dia. Esses sinais apresentaram-se em grau e tempo maiores nos grupos tratados, provavelmente devido à presença do fio de sutura, que induziu ao estímulo dos nervos sensoriais. Devido à presença da membrana amniótica, a opacidade corneana pôde ser avaliada apenas após sua eliminação. Tal evento esteve presente de forma intensa, inicialmente, em todos os animais, mas regrediu a partir do oitavo dia, estando praticamente ausente após o 15 dia. A intensidade e o tempo de permanência foram maiores no grupo tratado com membrana conservada em meio próprio (GII). À histologia, observou-se a presença de espongiose (edema intraepitelial) em maior intensidade aos sete dias. Entre os grupos, ele esteve reduzido no GIII, comparado ao GII, em todos os momentos e foi menor aos sete dias se comparado ao GI. O edema estromal foi observado apenas nas camadas anterior e média e apresentou-se mais intenso no primeiro momento, evoluindo para leve a moderado nos demais; houve diferença aos sete dias, de GII, que foi mais intenso se comparado ao GI e GIII. Entretanto, não houve diferença estatística, aos 30 dias, entre os grupos. A presença de vascularização corneana foi observada, no grupo-controle, a partir do quarto dia e progrediu a partir do limbo, em direção ao centro da córnea. Nos grupos tratados, a avaliação inicial foi prejudicada pela presença da membrana. À histologia, neovasos foram observados na região superficial e média do estroma, sendo mais intensos nos grupos tratados aos sete dias e menos aos 30 dias, em relação aos animais do controle. Entretanto não houve diferença estatística entre grupos ou momentos, corroborando os achados de Monteiro et al. (2000), que não observaram a ação de proteínas antineovascularização, conforme descrito por Hao et al. (2000). Verificou-se a presença de úlcera, pelo teste de fluoresceína, até o 10 dia no GI, 13 dia no GII e oitavo dia no GIII. A observação da lesão mostrouse prejudicada nos primeiros dias dos grupos tratados devido à presença da membrana amniótica, porém o teste foi realizado mesmo nestas condições, pois auxiliou na avaliação desta. Sete animais referentes ao GI, cinco ao GII e seis ao GIII desenvolveram defeitos epiteliais recorrentes, entre 15 e 30 dias. Quanto à membrana amniótica, esta se mostrou parcialmente transparente nos primeiros dias, em ambos os grupos, tornando-se opaca por volta do quarto dia, quando começou a se desintegrar e a se desprender. Esteve presente até no máximo 11 dias no GII e nove dias no GIII (Fig. 1 e 2). Na histologia observou-se um epitélio com células jovens aos sete dias, sendo que o número de camadas epiteliais foi maior na periferia. Não se verificou diferença significativa em relação ao número de camadas epiteliais. A membrana basal pôde ser avaliada pela coloração de PAS, e não foi observada alteração em sua espessura. Células caliciformes foram detectadas a partir dos sete dias nos grupos tratados e a partir dos 15 dias no grupocontrole; aos 30 dias não houve diferença entre grupos (Fig. 3). Figura 1. Imagem fotográfica do olho direito de animal tratado com membrana amniótica pertencente ao grupo III aos cinco dias. Observa-se presença de opacidade corneana e hiperemia conjuntival. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.59, n.6, p.1462-1467, 2007 1465

Cremonini et al. Figura 2. Fotomicrografia da córnea de animal do grupo II aos sete dias, apresentando a membrana amniótica aderida ao epitélio límbico, recobrindo a superfície corneana, que se apresenta com quantidade reduzida de camadas de células epiteliais e grande quantidade de leucócitos no estroma (HE. 10x). Figura 3. Fotomicrografia da córnea de animal do grupo II aos 30 dias, apresentando células caliciformes e redução do número de camadas de células epiteliais. Presença de neovascularização e polimorfonucleares na camada estromal (PAS. 40x). Leucócitos mono e polimorfonucleares estiveram presentes em todos os momentos de cada grupo, porém em quantidades e tipos predominantes distintos em cada momento. Apresentaram-se em quantidade aos sete dias, regredindo gradativamente nos demais períodos. Entre os três grupos, o GII foi o que apresentou maior número de células inflamatórias aos sete e 30 dias, comparado aos outros grupos. O infiltrado inflamatório apresentouse semelhante entre os três grupos ao término do experimento, ou seja, não ocorreu supressão da reação inflamatória pela membrana. Quanto ao tipo celular, observou-se presença de neutrófilos, histiócitos (macrófagos), linfócitos, eosinófilos e plasmócitos, em todos os momentos. Houve predomínio de neutrófilos aos sete dias, neutrófilos e eosinófilos aos 15 dias e eosinófilos e histiócitos aos 30 dias, característica esta observada em todos os grupos. Quanto ao tipo celular leucocitário, a reação inflamatória predominou com presença de polimorfonucleares. Linfócitos e plasmócitos estão relacionados com a resposta imune específica e com reações de hipersensibilidade, que caracterizam rejeição a transplantes (Spencer, 1985). Considerando-se que a presença dessas células em quantidades menores, comparativamente aos demais tipos, tanto no grupo-controle como nos tratados, pode-se afirmar que não houve sinais de rejeição ao implante neste experimento (Kubo et al., 2001). Nenhuma alteração foi detectada em relação à camada estromal profunda, à membrana de Descemet e ao endotélio, em todos os grupos e momentos. Em todos os animais apresentaram-se sinais de deficiência de células límbicas, com neovascularização, opacidade e defeitos epiteliais recorrentes, tanto nos grupos tratados como no grupo-controle, indicando que a membrana não foi eficiente para correção desta alteração (Ávila et al., 2001), discordando dos achados de Kim e Tseng (1995) que afirmaram terem obtido sucesso na correção desta deficiência. A presença de células caliciformes na superfície corneana é a maior indicação de deficiência límbica, pois caracteriza o crescimento do epitélio conjuntival sobre a córnea, denominado conjuntivalização. Neste estudo, essas células foram observadas próximas ao limbo, em alguns animais dos grupos tratados, já aos sete dias, intensificando-se nos momentos seguintes, em todos os grupos. CONCLUSÕES O transplante de membrana amniótica xenógena não foi eficiente para o tratamento da deficiência total de células germinativas. O tempo de reparação epitelial, entretanto, foi menor no grupo tratado com membrana conservada em meio para embrião. AGRADECIMENTOS À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo apoio financeiro a este trabalho. Ao Prof. Ass. Dr. Adalberto J. Crocci do Departamento de Bioestatística IB-UNESP, Botucatu, pela análise estatística deste trabalho. Ao Prof. Dr. Sony D. Bicudo do Departamento de Radiologia e Reprodução Animal FMVZ- UNESP, Botucatu, pelo exame ultra-sonográfico das cadelas gestantes. 1466 Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.59, n.6, p.1462-1467, 2007

Transplante de membrana amniótica... REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, A.L.; LAUS, J.L.; FIGUEIREDO- FLORENCIO, B.C.M. The use of preserved equine renal capsule to repair lamellar corneal lesions in normal dogs. Vet. Ophthalmol., v.2, p.79-82, 1999. AVILA, M.; ESPANA, E.M.; MORENO, C. et al. Reconstruction of ocular surface with heterologous limbal epithelium and amniotic membrane in a rabbit model. Cornea, v.20, p.414-420, 2001. BARROS, P.S.M.; GARCIA, J.A.; LAUS, J.L. et al. The use of xenologous amniotic membrane to repair canine corneal perforation created by penetrating keratectomy. Vet. Ophthalmol., v.1, p.119-123, 1998. BARROS, P.S.M.; SAFATLE, A.M.V.; RIGUEIRO, M. Uso do pericárdio eqüino conservado em glicerina como enxerto penetrante da córnea em cães. Estudo experimental. Braz. J. Vet. Res. Anim. Sci., v.34, p.138-141, 1997. DUA, H.S.; AZUARA-BLANCO, A. Limbal stem cells of the corneal epithelium. Surv. Ophthalmol., v.44, p.415-425, 2000. GARCIA, J.A.; BARROS, P.S.M.; LAUS, J.L. et al. Implante de peritônio homólogo conservado após ceratectomia lamelar em cães. Braz. J. Vet. Res. Anim. Sci., v. 33, p.290-294, 1996. GOMES, J.A.P.; PIRES, R.T.F.; ALVES, M.R. et al. (Eds). Doenças da superfície ocular: diagnóstico e tratamento. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 2002. 130p. HAO, Y.X.; MA, D.H.K.; KIM, W.S. Identification of antineovascularization proteins in human amniotic membrane. Córnea, v.19, p.348-352, 2000. HOULIHAN, J.M.; BIRO, P.A.; HARPER, H.M. et al. The human amnion is a site of MHC class 1b expression evidence for the expression of HLA-E and HLA-G. J. Immunol., v.154, p.5665-5674, 1995. KAVINSKI, L.C.; TEIXEIRA, R.B.; PRESOTTO, E.J. Transplante de membrana amniótica para reconstrução da superfície corneal pós-ceratectomia em gatos com seqüestro corneal. Florianópolis: CRMVSC, 2002. Disponível em <http:www.crmvsc.org.br/cientifico.htm>. Acessado em 19 nov. 2002. KIM, J.C.; TSENG, S.C.G. The effects on inhibition of corneal neovascularization after human amniotic membrane transplantation in severely damaged rabbit corneas. Korean J. Ophthalmol., v.9, p.32-46, 1995. KIM, J.S.; KIM, J.C.; NA, B.K. et al. Amniotic membrane patching promotes healing and inhibits proteinase activity on wound healing following acute corneal alkali burn. Exp. Eye Res., v.70, p.329-337, 2000. KJAERGAARD, N.; HEIN, M.; HYTTEL, L. et al. Antibacterial properties of human amnion and chorion in vitro. Eur. J. Obstet. Gynecol. Reprod. Biol., v.94, p.224-229, 2001. KRUSE, F.E.; JOUSSEN, A.M.; ROHRSCHNEIDER, K. et al. Criopreserved human amniotic membrane for ocular surface reconstruction. Graefe Arch. Clin. Exp. Ophthalmol., v.238, p.68-75, 2000. KUBO, M.; SONODA, Y.; MURAMATSU, R. et al. Immunogenicity of amniotic membrane in experimental xenotransplantation. Invest. Ophthalmol. Vis. Sci., v.42, p.1539-1546, 2001. LEE, S.; TSENG, S.C.G. Amniotic membrane transplantation for persistent epithelial defects with ulceration. Am. J. Ophthalmol., v. 123, p.303-312, 1997. MARGO, C.E.; GROSSNIKLAUS, H.E. Ocular histopathology: a guide to differential diagnosis. Philadelphia: W.B. Saunders, 1991. 340p. MEJÍA, L.F.; ACOSTA, C.; SANTAMARÍA, J.P. Use of nonpreserved human amniotic membrane for the reconstruction of the ocular surface. Cornea, v. 19, p.288-291, 2000. MONTEIRO, E.C.L.; SCHELLINI, S.A.; MARQUES, M.E.A. et al. Tratamento da úlcera corneana experimental com membrana amniótica. Arq. Bras. Oftalmol., v. 63, p. 33-37, 2000. MUNGER, R.J. Veterinary ophthalmology in laboratory animal studies. Vet. Ophthalmol., v.5, p.167-175, 2002. PRABHASAWAT, P.; TSENG, S.C.G. Impression cytology study of epithelial phenotype of ocular surface reconstructed by preserved human amniotic membrane. Arch. Ophthalmol., v.115, p.1360-1367, 1997. SATO, H.; SHIMAZAKI, J.; SHIMAZAKI, N. Role of growth factors for ocular surface reconstruction after amniotic membrane transplantation. Invest. Ophthalmol. Vis. Sci., v.39, p.s428, 1998. SAMPAIO, R.L.; RANZANI, J.J.T.; RODRIGUES JUNIOR, V. et al. Aspectos clínicos e imunopatológicos da ceratoplastia com membrane amniótica xenógena fresca e conservada em glicerina. Estudo experimental em coelhos. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.58, p.1077-1085, 2006. SHIMAZAKI, J.; YANG, H.; TSUBOTA, K. Amniotic membrane transplantation for ocular surface reconstruction in patients with chemical and thermal burns. Ophthalmology, v.104, p.2068-2076, 1997. SHIMAZAKI, J.; SHINOZAKI, N.; TSUBOTA, K. Transplantation of amniotic membrane and limbal autograft for patients with recurrent pterygium associated with symblepharon. Br. J. Ophthalmol, v.82, p.235-240, 1998. SHIMMURA, S.; SHIMAZAKI, J.; OHASHI, Y. et al. Antiinflammatory effects of amniotic membrane transplantation in ocular surface disorders. Cornea, v.20, p.408-413, 2001. SPENCER, W.H. (Ed.). Ophthalmic pathology: an atlas and textbook. 3.ed. Philadelphia: Saunders, 1985. v.1, 547p. WYNN, R.M.; CORBETT, J.R. Ultrastructure of the canine placenta and amnion. Am. J. Obstet. Gynecol., v.103, p.878-887, 1969. ZAR, J.H. (Ed.). Biostatistical analysis. New Jersey: Prentice-Hall, 1996. 718p. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.59, n.6, p.1462-1467, 2007 1467