Metodologia de Cálculo da Taxa de Mortalidade Infantil no Brasil

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Transcrição:

Metodologia de Cálculo da Taxa de Mortalidade Infantil no Brasil Luis Patricio Ortiz Flores 1

METODOLOGIA DE CÁLCULO DA TAXA DE MORTALIDADE INFANTIL NA RIPSA 1 Luis Patricio Ortiz Flores 2 INTRODUÇÃO Com o objetivo de disponibilizar dados básicos e estudos de situação sobre as condições de saúde no Brasil, o Ministério da Saúde, em cooperação com a Representação da Opas/OMS no Brasil, desenvolveu e organizou uma Rede Interagencial de Informações para a saúde (Ripsa), concebida com a finalidade de articular as entidades representativas dos segmentos técnicos e científicos nacionais envolvidos na produção e análises de dados, para viabilizar parcerias que propiciem informações úteis ao conhecimento e à compreensão da realidade sanitária brasileira e suas tendências 3. Formalizada por Portaria Ministerial de 1996, sua implementação foi feita mediante acordo de cooperação com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Os marcos de concepção e estruturação da Rede, bem como a matriz de indicadores, os produtos prioritários e as instituições integrantes foram definidos em consulta com as instâncias do Ministério da Saúde e com entidades de atuação destacada na produção, análise e disseminação de informações 4. A matriz de indicadores foi estruturada em cinco campos, que qualificam os indicadores segundo sua denominação, definição, método de cálculo, categorias de desagregação e fontes de dados. Os indicadores se apresentam distribuídos em seis subconjuntos temáticos: demográficos, socioeconômicos, mortalidade, morbidade e fatores de risco, recursos e cobertura. As entidades e órgãos integrantes da Rede estão articulados em Comitês de Gestão de Indicadores (CGI), constituídos segundo necessidades da dinâmica de implementação da Rede, com a finalidade de desenvolver tarefas específicas voltadas para o aprimoramento e a formulação estratégica da área de saúde. O CGI Natalidade e Mortalidade, criado sob a coordenação da Faculdade de Saúde Pública da USP, tem por finalidade analisar questões metodológicas e operacionais relativas às bases de dados de óbitos (SIM) e nascidos vivos (Sinasc), a serem utilizadas na elaboração de indicadores e dados básicos. 1 Este documento constitui uma síntese das discussões ocorridas no Grupo de Trabalho ad hoc da Ripsa e em documentos de trabalhos da Secretaria Técnica de Trabalho MS/Opas. 2 Analista de Projetos da Fundação Seade, Professor Titular da PUC-SP e Coordenador do GT Mortalidade Infantil da Ripsa. 3 Esta iniciativa está em concordância com a Iniciativa Regional de Dados Básicos em Saúde da Opas, instituída em 1995, com a finalidade de apoiar esforços dos países membros em reunir dados e informações para caracterizar a situação de saúde no continente, bem como tornar esses dados disponíveis ao público em geral. 4 Entre essas instituições: IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; Ipea Instituto de Planejamento e Economia Aplicada; Fundação Seade; Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo e Abrasco Associação Brasileira de Saúde Coletiva. 2

No âmbito desse CGI e para estudar critérios alternativos para identificar os estados que terão taxas de mortalidade infantil calculadas pelo método direto 5, foi criado em 1999 um Grupo de Trabalho ad hoc, denominado GT Mortalidade Infantil 6. Nesse sentido, o objetivo deste artigo é apresentar essa metodologia e como é calculada a TMI para o Brasil e Grandes Regiões. MÉTODO DIRETO VERSUS MÉTODO INDIRETO As bases estaduais SIM e Sinasc apresentam reconhecidas variações de cobertura 7 e consistência, não sendo recomendada sua utilização para cálculo direto de taxas de mortalidade infantil, salvo alguns estados do Sul e Sudeste. Em vista disso, no primeiro folder publicado pela Ripsa, com dados de 1996, foram utilizadas estimativas demográficas elaboradas pelo IBGE, baseadas em métodos indiretos e em modelos matemáticos de amplo reconhecimento científico 8. Essas estimativas fornecem parâmetros nacionais consistentes de mortalidade infantil e permitem a análise comparada de dados para regiões e Estados da Federação 9. A principal crítica a esses dados de mortalidade infantil oriundo de estimativas foi realizada por Estados como São Paulo e Rio Grande do Sul, que historicamente têm sistemas de informação bem desenvolvidos e instrumentos de aferição eficientes 10. As divergências tornaram-se mais acirradas, pois as taxas estimadas para vários Estados eram bem superiores às calculadas diretamente, e sua divulgação apresentou repercussões desfavoráveis sobre a gestão estadual do SUS Sistema Único de Saúde. No IDB-98, que utilizou estatísticas de 1997, optou-se pela incorporação de dados do SIM e do Sinasc para cálculo direto das taxas de mortalidade infantil para quatro UFs onde os números de óbitos infantis e de nascidos vivos estavam, na média desta década, no mínimo próximos a 90% dos valores estimados pelo IBGE 11. Para os demais Estados, considerou-se que as taxas estimadas provavelmente representavam melhor aproximação com a realidade. Em resumo, as críticas apresentadas nesse momento centravam-se em: 5 O cálculo direto da taxa de mortalidade infantil consiste em relacionar o número óbitos de menores de um ano de idade, por mil nascidos vivos, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Por sua vez, o procedimento indireto consiste na utilização de técnicas demográficas especiais, baseadas em modelos demográficos que utilizam informações obtidas de mulheres em idade fértil em relação aos filhos tidos nascidos vivos e sobreviventes ao momento da pesquisa. 6 No momento de sua criação, faziam parte deste GT: Luis Patricio Ortiz (coordenador), da Fundação Seade, Fábio Gomes, do Cenepi/MS, Antonio Tadeu Oliveira, do IBGE, Márcia Furquim de Almeida, da Abrasco, e José Rubens Costa Lima, da Secretaria de Políticas de Saúde do MS. 7 Considera-se, como medida do grau de cobertura de óbitos de menores de um ano, a relação entre os óbitos informados pelo SIM e os óbitos derivados indiretamente pelo IBGE. 8 Para maiores detalhes sobre essas técnicas, ver por exemplo: Uniter Nations (1983). 9 Reconhecendo o mérito dessas estimativas, o Ministério da Saúde estimulou sua produção para microrregiões e municípios com mais de 80 mil habitantes, com o fim de orientar a implementação de ações de redução da mortalidade infantil. Ver Simões (1999). 10 Ver por exemplo: Ferreira, e Ortiz, L. P. (1998). 11 Esses estados foram: Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. 3

( ) as taxas de mortalidade infantis obtidas por métodos indiretos, para Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, resultavam sistematicamente superiores às calculadas diretamente dos sistemas SIM e Sinasc. Isso significaria a existência de subenumeração de óbitos infantis, em magnitude não admitida pelas áreas estaduais responsáveis pelo SIM, dadas as condições de operação do sistema; ( ) as estimativas de óbitos infantis derivadas de projeções demográficas, comparadas às informações do SIM, sugerirem que a cobertura de óbitos infantis informados nesses sistemas teria sofrido progressiva redução durante os anos 1990. Para os responsáveis estaduais, essa tendência não condiz com a realidade observada; ( ) o número de nascidos vivos informados no Sinasc superava, em vários Estados, os dados derivados de projeções demográficas. Isso poderia significar que as taxas de natalidade em que se baseiam as projeções de nascimentos para esses Estados estavam subestimadas, tendo como resultado uma sobrevalorização da mortalidade infantil. Argumentos em contrário incluem o ritmo bem mais acelerado de implementação do Sinasc em relação ao SIM, aumentando o valor do denominador da taxa e reduzindo, por conseqüência, o quociente da fração; ( ) por não sofrer influências operacionais desse tipo, o método indireto presta-se melhor à análise de situação. Ademais, os dados obtidos pelo método indireto eram consistentes com resultados de outras fontes, tais como a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde, realizada em 1996, que mostrava níveis de subnotificação de óbitos infantis comparáveis aos estimados pelo método indireto. Esses níveis, por sinal, guardam certa coerência com os indicadores socioeconômicos dos Estados. Em síntese, podemos destacar que: ( ) as discrepâncias referidas nos valores das taxas de mortalidade infantil para os Estados são inerentes à aplicação de dois métodos totalmente distintos, cada um com suas próprias finalidades e limitações. Ressalte-se que ambos os procedimentos indicam uma tendência de consistente declínio das taxas de mortalidade infantil no Brasil, embora os patamares obtidos sejam diferentes; ( ) os sistemas de registro contínuo possibilitam o tratamento local e oportuno das informações, mas estão sujeitos a intercorrências operacionais diversas, variáveis no tempo e no espaço, que precisam ser reconhecidas e corrigidas. Por sua vez, as estimativas suavizam os efeitos de fatores incidentais e sazonais, indicando tendências e ressaltando desigualdades regionais, mas não se prestam a detectar alterações recentes, como as derivadas da implementação de políticas públicas específicas, e contêm margens de erro implícitas ao método utilizado; ( ) os dois métodos devem ser vistos como complementares: as estimativas representam auxílio valioso para o desenvolvimento do SIM e do Sinasc, pois oferecem parâmetros de comparação que podem indicar possíveis distorções do registro contínuo, que merecem investigação mais acurada. Em contrapartida, as informações do SIM e do Sinasc podem contribuir para o aperfeiçoamento da metodologia de estimação indireta dos dados. 4

METODOLOGIA A metodologia desenvolvida, para determinar em quais UFs o cálculo da taxa de mortalidade infantil é realizado pelo método direto, procurou conciliar dois distintos objetivos e necessidades: divulgar dados que melhor expressem a realidade sanitária nacional; e promover a máxima utilização das bases SIM e Sinasc, no interesse de aprimorar continuamente a qualidade dos dados produzidos. A idéia central consiste em calcular, para cada Estado, um índice de adequação dos óbitos infantis que leva em consideração o grau de cobertura dos óbitos infantis do SIM e, ao mesmo tempo, valoriza a regularidade da informação nesse sistema. É considerada, como medida do grau de cobertura de óbitos de menores de um ano, a relação entre os óbitos informados pelo SIM e aqueles derivados indiretamente pelo MS/Ripsa, para um período determinado. Como medida da regularidade do sistema, é adotado o coeficiente de determinação (R 2 ), da função exponencial dos óbitos infantis do SIM de um período determinado, que expressa o grau de associação entre essas duas variáveis. O índice de adequação a ser calculado valoriza em uma proporção maior (60%) a cobertura dos óbitos infantis, por considerar que esta variável reflete adequadamente a capacidade de captar esses eventos; a regularidade representa 40% do índice. Assim, nos Estados onde se cumpra simultaneamente que o Sinasc é maior ou igual a 90% e o Índice de Adequação dos Óbitos de menores de um ano é maior ou igual a 80%, o cálculo da taxa mortalidade infantil será realizado em forma direta. TMI = [óbitos < de 1 ano (SIM)] / [NV (SINASC)] Nas outras situações a TMI será calculada indiretamente pelo MS/Ripsa. Se o Índice de Adequação dos Óbitos de menores de um ano é maior ou igual a 80% e Sinasc não-adequado, a TMI é indireta e os nascidos vivos são os estimados pelo IBGE. TMI = Indireta (MS/Ripsa) Óbitos < de 1 ano = TMI * (NV estimados pelo IBGE)/ 1000 Se o Índice de Adequação dos Óbitos de menores de um ano é menor a 80% e Sinasc adequado, a TMI é indireta e os nascidos vivos são do Sinasc. TMI = Indireta (MS/Ripsa) Óbitos < de 1 ano = TMI * (NV do Sinasc)/ 1000 Se o Índice de Adequação dos Óbitos de menores de um ano é menor a 80% e Sinasc não-adequado, a TMI é indireta e os nascidos vivos são os estimados pelo IBGE. TMI = Indireta (MS/Ripsa) Óbitos < de 1 ano = TMI * (NV estimados pelo IBGE) / 1000 5

A taxa de mortalidade infantil para as grandes regiões e Brasil será a média ponderada das taxas dos Estados da região e de todos os Estados respectivamente. Isto é: TMI região = ( NVi * TMI i) / NVi onde i corresponde à UF da região. TMI Brasil = ( NVi * TMI i) / NVi onde i corresponde a todas as UFs. APLICAÇÃO A aplicação desta metodologia é ilustrada com os cálculos realizados para obtenção das taxas de mortalidade infantil correspondentes a 2006. Observa-se que o sistema de nascidos vivos Sinasc é adequado nos Estados do Acre, Amazonas, Pernambuco, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal, nos quais a cobertura desse sistema no período 2000-2006 é maior ou igual a 90% (Tabela 1). O índice de adequação dos óbitos infantis do período 2000-2006 supera os 80% em Rondônia, Amazonas, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul (Tabela 1). Nesses Estados, a taxa de mortalidade infantil será calculada pelo método direto, com exceção de Minas Gerais e Rondônia, onde o Sinasc apresenta cobertura insatisfatória para o período 2000-2006. O Estado de Amazonas, embora cumpra os requisitos para o cálculo direto, devido a que a taxa de mortalidade infantil obtida pelo método direto (18,3 por mil) é muito distante da estimativa (22,1 por mil), o GT decidiu que esse cálculo continuaria sendo indireto. Para redimir essa questão, a SVS/MS realizará, durante o segundo semestre de 2009 busca ativa de óbitos e nascidos em municípios selecionados das regiões Norte e Nordeste. Assim, para todos os demais Estados, inclusive Rondônia, Amazonas e Minas Gerais, serão adotadas as taxas de mortalidade infantil estimadas pela Ripsa. Nas duas últimas colunas da Tabela 1, incluem-se as TMI para cada Estado, correspondentes a 2006 obtidas de acordo à metodologia descrita mais acima. Para determinar as taxas de mortalidade infantil das grandes regiões e da média do Brasil, para os Estados onde o cálculo da TMI é indireto, primeiramente derivam-se os óbitos de menores de um ano para cada Estado multiplicando o valor da taxa pelo número de nascidos vivos. No caso dos Estados onde o Sinasc é adequado, utilizam-se as informações desse sistema; nos outros Estados os nascidos vivos correspondem às projeções realizadas pelo IBGE (Tabela 2). Para os Estados onde o cálculo da TMI é direto utilizam-se as informações dos sistemas SIM e Sinasc. Em seguida, obtêm-se os totais de óbitos infantis e de nascidos vivos para o Brasil e grandes regiões somando-se os dados estaduais de óbitos infantis e nascidos vivos (diretos ou estimados) e, a partir desses totais, calculam-se as taxas de mortalidade infantil correspondentes. A taxa de mortalidade infantil para a região Sul é a única calculada pelo método direto (Tabela 2). Em Anexo apresenta-se, no gráfico 1 a evolução das taxas de mortalidade infantil para o Brasil e grandes regiões, correspondentes ao período 2000-2006; no gráfico 2, encontram-se essas taxas para cada região, desagregadas por Estados. A Tabela 3, 6

mostra as taxas de mortalidade infantil para Brasil, grandes regiões e Estados, durante o período 2000-2006. As taxas de mortalidade na infância são calculadas pelo método direto para os mesmos Estados da mortalidade infantil. CONSIDERAÇÕES FINAIS A metodologia desenvolvida pela Ripsa, que permite identificar os Estados onde o cálculo da taxa de mortalidade infantil e da infância é realizado pelo método direto, possibilita a máxima utilização das informações coletadas pelos sistemas de nascidos vivos (Sinasc) e de óbitos (SIM). A divulgação destes resultados tem propiciado um amplo debate sobre o assunto, com a participação de diferentes segmentos da comunidade científica, na busca de metodologias que possibilitem estimar os níveis de mortalidade infantil que mais se aproximem da nossa realidade 12. Estes resultados têm sido também a base de reuniões realizadas entre o Ministério da Saúde, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a Ripsa e as agências do sistema de Nações Unidas interessadas em uniformizar as informações publicadas de mortalidade infantil, da infância e mortes maternas. Nesse sentido, a recomendação dessas agências é divulgar os dados da Ripsa, a partir de 2009. Finalmente, deve-se mencionar que estes resultados motivaram a realização de pesquisa específica no Distrito Federal para aprimorar os índices de cobertura de nascidos vivos e óbitos infantis 13, servindo de base para que, a partir das estatísticas de 2001 a TMI passa-se a ser calculada pelo método direto. Nessa linha, atualmente a SVS/MS estão finalizando o planejamento para a realização de busca ativa de óbitos e nascidos vivos nas regiões Norte e Nordeste. Espera-se que os resultados dessa pesquisa proporcionem informações mais atualizadas sobre a cobertura dos sistemas SIM e Sinasc, nessas regiões. 12 Ver, por exemplo, Szwarcwald et. al. (2000). 13 Ver, por exemplo, Lima e Vasconcelos (2003). 7

TABELA 1 Aplicação da metodologia para definir método de cálculo da TMI 2006 Área Sinasc SIM Cobertura Regularidade Cobertura (C) Índice de Adequação TMI 2006 Unid.Federação Média R 2 Média calculo A = R 2 x 0,40 B = C x 0,60 A + B 2000 a 2006 2000 a 2006 2000 a 2006 direto indireto Rondonia 84,8 97,7 78,1 39,1 46,8 85,9 20,5 Acre 97,1 35,1 71,3 14,0 42,8 56,8 28,7 Amazonas 90,5 86,4 84,4 34,5 50,7 85,2 (*) 22,1 Roraima 80,9 17,3 72,8 6,9 43,7 50,6 17,2 Pará 87,6 17,8 74,6 7,1 44,8 51,9 23,7 Amapá 85,8 16,6 80,0 6,6 48,0 54,6 21,3 Tocantins 89,9 91,9 69,3 36,8 41,6 78,3 22,0 Maranhão 79,1 28,1 42,2 11,3 25,3 36,5 31,2 Piauí 79,4 85,8 53,1 34,3 31,9 66,2 27,3 Ceará 82,4 76,7 59,5 30,7 35,7 66,4 25,6 Rio Grande do Norte 85,3 87,2 43,8 34,9 26,3 61,1 30,9 Paraíba 82,8 83,1 48,0 33,3 28,8 62,1 32,2 Pernambuco 92,2 96,4 66,9 38,6 40,1 78,7 30,1 Alagoas 77,0 90,8 42,1 36,3 25,3 61,6 42,7 Sergipe 85,3 88,1 64,7 35,2 38,8 74,1 30,9 Bahia 77,6 92,3 57,1 36,9 34,2 71,2 27,3 Minas Gerais 84,5 94,5 75,1 37,8 45,1 82,9 17,9 Espírito Santo 90,8 87,3 84,8 34,9 50,9 85,8 15,4 Rio de Janeiro 93,1 94,5 97,9 37,8 58,7 96,6 15,3 Säo Paulo 96,3 93,7 94,3 37,5 56,6 94,1 13,4 Paraná 93,6 95,1 82,0 38,0 49,2 87,3 14,0 Santa Catarina 92,7 96,3 78,8 38,5 47,3 85,8 12,6 Rio Grande do Sul 95,6 91,4 102,6 36,6 61,6 98,1 13,1 Mato Grosso do Sul 96,0 65,3 121,0 26,1 72,6 98,7 18,8 Mato Grosso 89,4 70,0 93,3 28,0 56,0 83,9 18,8 Goiás 87,7 62,3 70,8 24,9 42,5 67,4 17,4 Distrito Federal 105,3 70,3 90,9 28,1 54,6 82,7 12,8 Fonte: SIM-CGIAE/DASIS/SVS/MS. R 2 = o coeficiente de determinação da função exponencial dos óbitos infantis do SIM durante o período compreendido entre 2000 e 2006. C = cobertura dos óbitos infantis do SIM no período 2000-2006 (*) Será realizado estudo específico para aprimorar a cobertura de nascidos vivos e óbitos infantis 8

TABELA 2 Cálculos para estimar as taxas de mortalidade infantil do Brasil e Grandes Regiões Metodologia Ripsa 2006 Área NASCIDOS VIVOS TMI OBITOS INFANTIS Ibge Sinasc utilizado (1) Estimados SIM Utilizado Óbitos Infantis REGIÃO Nascidos Vivos TMI Óbitos Infantis BRASIL Nascidos Vivos TMI BRASIL 65.788 3.191.135 20,6 Região Norte 7.519 330.640 22,7 Rondonia 31.558 31.558 20,5 646 646 Acre 16.448 16.448 28,7 472 472 Amazonas 75.584 75.584 22,1 1.670 1.670 Roraima 13.074 13.074 17,2 225 225 Pará 150.202 150.202 23,7 3.555 3.555 Amapá 17.746 17.746 21,3 378 378 Tocantins 26.028 26.028 22,0 573 573 Região Nordeste 31.293 1.053.301 29,7 Maranhão 139.276 139.276 31,2 4.343 4.343 Piauí 68.219 68.219 27,3 1.859 1.859 Ceará 159.074 159.074 25,6 4.062 4.062 Rio Grande do Norte 58.455 58.455 30,9 1.802 1.802 Paraíba 70.294 70.294 32,2 2.257 2.257 Pernambuco 146.108 146.108 30,1 4.392 4.392 Alagoas 78.524 78.524 42,7 3.347 3.347 Sergipe 43.255 43.255 30,9 1.333 1.333 Bahia 290.096 290.096 27,3 7.896 7.896 Região Sudeste 17.946 1.194.598 15,0 Minas Gerais 321.346 321.346 17,9 5.739 5.739 Espírito Santo 51.449 51.449 15,4 791 791 Rio de Janeiro 218.435 218.435 15,3 3.339 3.339 Säo Paulo 603.368 603.368 13,4 8.077 8.077 Região Sul 5.055 379.062 13,3 Paraná 153.598 153.598 14,0 2.144 2.144 Santa Catarina 84.133 84.133 12,6 1.056 1.056 Rio Grande do Sul 141.331 141.331 13,1 1.855 1.855 Região Centro-Oeste 3.976 233.534 17,02 Mato Grosso do Sul 39.515 39.515 18,8 742 742 Mato Grosso 49.522 49.522 18,8 928 928 Goiás 99.345 99.345 17,4 1.728 1.728 Distrito Federal 45.152 45.152 12,8 578 578 Fonte: SIM-CGIAE/DASIS/SVS/MS. (1): Ver Tabela 1. 9

REFERÊNCIAS CTI NATALIDADE E MORTALIDADE. Relatório da reunião realizada na Faculdade de Saúde Pública da USP/SP, nos dias 8 e 9 de maio de 2000.. Relatório Final do Grupo de Trabalho Ad Hoc, junho de 2000. FERREIRA, C.E.C.; ORTIZ, L.P. The dimensions of mortality in São Paulo. Brazilian Journal of Population Studies, Brasília, v.1, n.1, p.145-164, 1998. LIMA, D. David; VASCONCELOS, N. Ana Maria. Aperfeiçoamento das estatísticas de óbitos no Distrito Federal: cobertura e qualidade das informações. Setembro, 2003 (Relatório de Pesquisa). OPAS/OMS; RIPSA - Rede Integrada de Informações para a Saúde no Brasil. Concepção e estruturação. Documento de trabalho que consolida as conclusões da Primeira Oficina de Trabalho Interagerencial da Rede. Brasília, agosto de 1996. ORTIZ, L.P. Metodologia de cálculo da taxa de mortalidade infantil na Ripsa. In: ANAIS DO I SEMINÁRIO DE ESTUDOS POPULACIONAIS DO NORDESTE. Natal - RN: UFRN, 2004. PAN AMERICAN HEALTH ORGANIZATION. Esforço no Brasil para uniformizar os dados de mortalidade materna e infantil publicados em âmbito nacional e internacional, v. 28, n.1, janeiro de 2009. SIMÕES, C. Estimativas de mortalidade infantil por microrregiões e municípios. Brasília: Ministério da Saúde, 1999. SZWARCWALD, Célia et al. Projeto para estimação da mortalidade infantil no Brasil. Departamento de Informações em Saúde, CICT, Fiocruz, 2000. UNITED NATIONS. Manual X: indirect techniques for demographic estimation. New York, 1983. (Populations studies, 77). 10

ANEXO TAXAS DE MORTALIDADE INFANTIL BRASIL, GRANDES REGIÕES E ESTADOS 11

45 Taxas (Por mil NV) Taxas de Mortalidade Infantil Brasil e Grandes Regiões 2000-2006 40 35 30 25 20 15 Brasil Região Norte Região Nordeste Região Sudeste Região Sul Região Centro-Oeste 10 5 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Anos Fonte: IBGE. Censos demográficos de 1970-2000 e Pnads 2004, 2005 e 2006. 12

Taxa de Mortalidade Infantil Grandes Regiões e Ufs 2000-2006 40 Taxas (Por mil NV) Região Norte e UFs 70 Taxas (Por mil NV) Região Nordeste e UFs 35 60 30 25 20 50 40 15 30 10 20 5 10 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Anos Região Norte Rondonia Acre Amazonas Roraima Pará Amapá Tocantins 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Anos Região Nordeste Maranhão Piauí Ceará Rio Grande do Norte Paraíba Pernambuco Alagoas Sergipe Bahia 25 Taxas (Por mil NV) Região Sudeste e UFs 25 Taxas (Por mil NV) Região Sul e UFs 20 20 15 15 10 10 5 5 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Anos 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Anos Região Sudeste Minas Gerais Espírito Santo Rio de Janeiro Säo Paulo Região Sul Santa Catarina Paraná Rio Grande do Sul 30 Taxas (Por mil NV) Região Centro-Oeste e UFs 25 20 15 10 5 0 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Anos Região Centro-Oeste Mato Grosso do Sul Mato Grosso Goiás Distrito Federal 13

Tabela 3 Taxas de mortalidade infantil segundo as Grandes Regiões e Unidades da Federação Metodologia Ripsa 2000-2006 Brasil, Grandes Regiões Taxas de Mortalidade Infantil (%o) e Unidades da 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Brasil 27,4 26,3 25,0 24,2 23,2 21,6 20,6 Região Norte 28,7 27,8 27,0 26,2 25,5 24,0 22,7 Rondonia 25,4 24,6 23,6 22,7 21,9 21,15 20,51 Acre 35,6 34,4 32,9 31,6 30,3 29,48 28,72 Amazonas 29,2 28,4 27,2 26,1 24,4 23,3 22,11 Roraima 21,6 21,5 20,5 19,7 18,7 17,9 17,20 Pará 29,0 28,0 27,0 26,1 25,2 24,4 23,69 Amapá 25,9 25,2 24,6 23,9 23,0 22,1 21,30 Tocantins 28,5 27,0 25,9 24,9 23,8 22,9 22,04 Região Nordeste 41,5 39,3 37,3 35,5 34,0 31,6 29,7 Maranhão 43,2 40,4 38,2 36,1 34,1 32,6 31,2 Piauí 36,5 35,0 33,2 31,5 30,0 28,6 27,3 Ceará 37,2 35,0 32,8 30,8 28,9 27,1 25,6 Rio Grande do Norte 41,6 39,7 37,9 36,3 34,3 32,5 30,9 Paraíba 44,8 43,0 40,3 37,8 35,3 33,7 32,2 Pernambuco 44,3 42,7 39,2 36,1 32,9 31,4 30,1 Alagoas 58,4 55,0 51,8 49,0 46,4 44,4 42,7 Sergipe 40,5 37,6 36,1 34,7 33,1 31,9 30,9 Bahia 37,6 35,4 33,4 31,6 29,9 28,5 27,3 Região Sudeste 19,2 18,3 17,4 17,1 16,4 15,4 15,0 Minas Gerais 22,3 21,7 20,8 20,0 19,1 18,5 17,9 Espírito Santo 18,8 17,9 16,1 16,4 15,0 15,6 15,4 Rio de Janeiro 19,7 18,3 17,9 17,7 17,2 16,0 15,3 Säo Paulo 17,3 16,5 15,3 15,2 14,5 13,5 13,4 Região Sul 17,0 16,4 16,1 15,8 15,0 13,8 13,3 Paraná 19,6 17,5 16,8 16,5 15,5 14,6 14,0 Santa Catarina 15,7 15,5 15,3 14,1 13,6 12,6 12,6 Rio Grande do Sul 15,1 15,8 15,6 16,0 15,2 13,7 13,1 Região Centro-Oeste 21,0 20,6 19,3 18,8 18,7 17,8 17,0 Mato Grosso do Sul 23,8 24,0 20,3 20,1 21,3 19,3 18,8 Mato Grosso 23,2 22,6 21,8 21,0 20,2 19,4 18,8 Goiás 21,5 20,7 20,0 19,3 18,6 18,0 17,4 Distrito Federal 14,4 15,2 13,7 13,3 14,0 13,6 12,8 Fonte dos dados básicos: IBGE. Censos demográficos de 1970-2000 e Pnads 2004, 2005 e 2006 14