Perspectiva da Segurança Alimentar em MOÇAMBIQUE. Outubro de 2011 até Março de Calendário sazonal e eventos críticos.

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Transcrição:

Outubro de 2011 até Março de 2012 Destaques Com o início da época de fome (Outubro a Fevereiro), a maioria das famílias rurais em todo o país, bem como nas zonas de enfoque (distritos de Changara, Chemba, Mutarara, Machaze, na região centro, e os distritos de Massangena, Chicualacuala, Chigubo, Mabalane, Mabote, Funhalouro e Panda, no sul) consegue satisfazer as suas necessidades alimentares básicas. No entanto, a maioria das famílias pobres já esgotou as suas reservas e actualmente depende de um conjunto de estratégias de sobrevivência. Nos distritos mais afectados de Massangena e Chigubo, as condições actuais de segurança alimentar são classificadas como de stress (IPC Fase 2). Figura 1. Estimativas dos resultados da segurança alimentar, Outubro de 2011 Para o período de Outubro a Dezembro de 2011, a maioria das famílias rurais estará em IPC Fase 1, nenhuma ou insegurança alimentar mínima. As famílias de baixa renda e famílias pobres com poucos recursos poderão enfrentar restrições no acesso aos alimentos nas zonas preocupantes, especialmente as semi-áridas, áridas e remotas. Os distritos de Massangena e Chigubo continuarão a enfrentar efeitos de insegurança alimentar de stress (IPC Fase 2). Para o período de Janeiro a Março 2012, sob condições de La Niña neutras ou fracas, há uma probabilidade baixa a moderada de ocorrência de cheias ao longo das bacias dos grandes rios. Estas inundações poderão perturbar as formas de vida das famílias afectadas. A produção agrícola será afectada e possíveis efeitos da redução da produção serão sentidos depois de Março de 2012. As famílias muito pobres e pobres nas zonas inundadas poderão necessitar assistência alimentar até Para mais informações sobre a Escala da que as colheitas (após as cheias) estejam disponíveis. Espera-se que as famílias, fora Severidade da Insegurança Alimentar da FEWS das zonas inundadas, continuem na categoria de insegurança alimentar mínima ou NET, por favor visitar: de não existência da insegurança alimentar (IPC fase 1) requerendo um www.fews.net/foodinsecurityscale acompanhamento da situação. A maioria das famílias pobres nas zonas de enfoque continuará a enfrentar efeitos de insegurança alimentar stressada (IPC fase 2) em todo o período da perspectiva. Calendário sazonal e eventos críticos Source: FEWS NET FEWS NET Mozambique Tel: 258 21 460588 mind@fews.net FEWS NET Washington 1717 H St NW Washington DC 20006 info@fews.net A FEWS NET é uma actividade financiada pela USAID. As opiniões dos autores expressas nesta publicação não reflectem necessariamente a opinião da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional ou do Governo dos Estados UNidos www.fews.net/mozambique

Cenário mais provável de segurança alimentar para o período de Com o país já na época de fome (Outubro a Fevereiro), a maioria das famílias rurais em todo o país, bem como nas zonas de enfoque (distritos de Changara, Chemba, Mutarara, Machaze, na região centro, e os distritos de Chicualacuala, Mabalane, Mabote, Funhalouro e Panda, no sul) conseguem satisfazer as suas necessidades alimentares básicas. No entanto, nos distritos de Chigubo e Massangena, a população que está a enfrentar efeitos de insegurança alimentar aguda stressada (IPC Fase 2), ultrapassa 20 por cento (45 e 44 por cento em Massangena e Chigubo, respectivamente). Figura 2. Cenário de segurança alimentar mais provável, Outubro - Dezembro de2011 As condições favoráveis de segurança alimentar são em grande medida devidas às reservas alimentares existentes, provenientes da colheita principal da época 2010/11 e da disponibilidade de culturas alimentares diversificadas da segunda época, incluindo hortícolas. No entanto, algumas famílias pobres já esgotaram as suas reservas de alimentos, estando actualmente dependentes de uma gama de estratégias típicas de sobrevivência. As estratégias de sobrevivência típicas incluem mudança de despesas de itens não alimentares para alimentos básicos; busca de trabalho informal especialmente na preparação da terra e sementeira, caça e colecta de alimentos silvestres. Uma vez que a venda da produção agrícola própria contribui muito pouco na renda das famílias pobres, estas aumentam a sua renda através da venda de uma variedade de produtos florestais e artesanais, incluindo capim, estacas para construção de casas, caniço e lenha, produção e venda de carvão, venda de gado / aves de capoeira, álcool tradicionalmente destilado, e outros bens. O consumo de alimentos silvestres deverá intensificar durante a época de fome e após as chuvas iniciais as quais geralmente criam condições para existência de uma variedade de alimentos silvestres. Em algumas zonas, ofertas, remessas e caça desempenham um papel importante na melhoria da disponibilidade de alimentos nas famílias. Digno de observação, é o aumento nos últimos anos da produção da castanha de caju que tem contribuído para o aumento do acesso aos alimentos e renda a nível das famílias. Figura 3. Cenário de segurança alimentar mais provável,, Janeiro Março de 2012 Os resultados da avaliação anual de vulnerabilidade em todo o país, levada a cabo pelo Grupo de Avaliação da Vulnerabilidade do Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN / GAV), que serão publicados em Novembro, fornecerão uma estimativa actualizada do nível de insegurança alimentar e assistência necessárias (especialmente nas zonas preocupantes). Enquanto isso, para verificar as condições de segurança alimentar prevalecentes nas zonas preocupantes, A FEWS NET realizou uma rápida avaliação qualitativa de segurança alimentar de 10 a 14 de Outubro de 2011 em dois distritos seleccionados, nomeadamente Panda e Mabote, nas zonas interiores semiáridas da província de Inhambane. Nestas zonas áreas, as condições agro climatéricas crónicas adversas, agravadas pela interrupção brusca e término precoce das chuvas afectou a produção agrícola, resultando numa disponibilidade reduzida de alimentos. Durante a visita aos distritos de Panda e Mabote, a FEWS NET constatou que, apesar dessas condições adversas, a disponibilidade de estratégias de sobrevivência diversificadas e múltiplas tem contribuído para a manutenção das condições de insegurança alimentar ao nível mínimo, ou de ausência de insegurança alimentar aguda (IPC Fase 1). Os alimentos ainda se encontram disponíveis especialmente para famílias médias e ricas, os mercados funcionam normalmente e estão bem abastecidos, os preços continuam estáveis e abaixo dos preços do ano passado, melhorando o acesso aos alimentos para as famílias pobres. As condições do gado e pasto também são normais para esta época do ano. Embora a produção de cereais da segunda época não seja significativa, as hortícolas são largamente produzidas em zonas com humidade suficiente. Em Mabote, por exemplo, os excedentes de hortícolas e até mesmo de milho ainda estão disponíveis Para mais informações sobre a Escala da Severidade da Insegurança Alimentar da FEWS NET, por favor visitar: www.fews.net/foodinsecurityscale na parte norte do distrito, ao longo do rio Save. No entanto, os produtores estão a enfrentar dificuldades de transporte para trazer esses excedentes para as zonas deficitárias no sul do distrito. Longe das margens do rio Save, as hortícolas são também produzidas (de Abril a Outubro), nas zonas onde a humidade residual está disponível, especialmente nas zonas baixas, onde existem pequenos sistemas de irrigação. Esta produção complementa as reservas da época principal. Os dois distritos são potencialmente grandes produtores da castanha de caju e quase todas as famílias se envolvem na colecta, armazenamento, processamento e venda desta cultura. Parte da castanha é guardada para venda durante o período de fome (Outubro a Fevereiro) de modo a complementar a renda. A nova colheita da castanha de caju, esperada em finais de Novembro e Dezembro, irá desempenhar um papel importante na geração de alimentos e renda para as famílias. A fase mais alta de insegurança alimentar é (IPC Fase 2) com a maioria dos agregados familiares afectada constituída pelos Rede dos Sistemas de Aviso Prévio contra Fome 2

pobres e muito pobres, especialmente nas zonas de enfoque. No entanto, as populações nesta categoria se encontram abaixo dos 20 por cento da população do distrito. Noutros lugares na região sul, as culturas plantadas tardiamente, combinadas com as chuvas ocorridas fora da época e os esforços do governo para intensificar a segunda época, produziram bons resultados e melhoraram as condições de segurança alimentar das famílias vulneráveis durante este ano de consumo. Enquanto por um lado a preparação da terra se encontra quase concluída, por outro lado as chuvas registadas até aqui (apesar de terem sido chuvas próximas do normal), não foram suficientes para a realização da sementeira. Por outro lado, uma vez que o início das chuvas ainda está por se afirmar, a falta de acesso à água o que pode agravar a insegurança alimentar - continua sendo um problema crónico nas zonas áridas e semi-áridas. O fornecimento de insumos agrícolas, incluindo sementes, como nos últimos anos, é novamente muito recomendado para este ano, como forma de garantir a realização de sementeiras múltiplas em caso de começos falsos e estiagens logo no início da época. De acordo com o boletim semanal do Sistema de Informação de Mercados Agrícolas (SIMA) do Ministério da Agricultura, publicado na primeira semana de Outubro, os preços semanais têm sido estáveis especialmente os preços referentes ao milho e o arroz. A estabilidade nos preços é, segundo os comerciantes, devida ao normal (fluxo livre) dos produtos alimentares. A excepção foi registada em relação aos preços do feijão, que têm permanecido invulgarmente altos em Chokwe, Xai-Xai e Tete principalmente devido à baixa oferta da produção local e os altos custos associados ao transporte do feijão dos centros de produção para os mercados locais. O cenário mais provável para o período de está baseado nos seguintes pressupostos fundamentais e alguns factores / eventos que comportar-se-ão normalmente: Início normal de chuvas em Novembro / Dezembro. Início normal de preparação da terra em Outubro / Novembro, e início da sementeira em Novembro / Dezembro. Previsão climática sazonais para as zonas sul e centro dando indicação de uma precipitação cumulativa normal a abaixo do normal de Outubro a Dezembro de 2011 e precipitação acumulada normal para acima do normal para o período de Janeiro a Março de 2012. Maior probabilidade de ocorrência de eventos climatéricos extremos, como cheias e / ou ciclones. A maioria dos modelos globais mostra que a estação de será influenciada por condições de La Niña neutras a fracas: durante os eventos La Niña, a sudeste da região da África pode registar condições mais húmidas. No entanto, condições quase neutras ou fracas de La Niña não fornecem sinais suficientes para avaliar com precisão o cenário de clima na escala global. Início normal da época de fome em Outubro, e vai durar até a colheita verde em Fevereiro / Março. Prevalecentes preços altos (a continuar acima da média de 5 anos) reduzirão o acesso aos alimentos pelas famílias pobres e muito pobres e para as famílias médias especialmente durante o pico da época de fome (Janeiro a Fevereiro). O governo e parceiros disponibilizarão recursos adequados para atender às necessidades humanitárias das populações afectadas por efeitos de insegurança alimentar aguda stressada nas zonas semi-áridas do centro e sul de Moçambique e em zonas propensas às cheias e ciclones. Partes das zonas semi-áridas do centro e sul de Moçambique (distritos de Changara, Chemba, Mutarara, Machaze, na região centro, e os distritos de Massangena, Chicualacuala, Chigubo, Mabalane, Mabote, Funhalouro e Panda, no sul) De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INAM), durante a primeira metade da época (Outubro a Dezembro de 2011) o país receberá uma precipitação cumulativa próxima do normal para abaixo do normal em grande parte do país, com a excepção da parte mais ao norte da região norte, onde se prevê a ocorrência de uma precipitação acumulada próxima do normal para acima do normal. Para a segunda metade da época (Janeiro a Março de 2012), a região nordeste, que compreende toda a província de Cabo Delgado, grande parte da província de Nampula e pequenas porções das províncias do Niassa e da Zambézia, tem maior probabilidade de registar uma precipitação acumulada próxima do normal para abaixo do normal enquanto a maior parte do país tem a probabilidade de registar uma precipitação acumulada próxima do normal para acima do normal. Esta previsão climática sazonal não leva em conta o potencial de ocorrência de chuvas excessivas como resultado de possíveis ciclones tropicais. As perturbações tropicais, incluindo condições de ciclone e outros sistemas meteorológicos a nível local, não podem ser previstas com precisão numa base sazonal. De acordo com estimativas históricas de chuvas, feitas via satélite, o início médio de chuvas é meados de Novembro em grande parte do país. No entanto, para Maputo e parte sul da província de Gaza, as chuvas começam normalmente no início de Novembro. No norte e partes do centro, a época chuvosa começa normalmente em finais de Dezembro. Os preços elevados dos alimentos (acima da média de 5 anos) deverão prevalecer durante todo o período da perspectiva, o que pode reduzir o acesso aos alimentos para as famílias pobres e muito pobres e famílias médias. Os efeitos dos preços elevados dos alimentos serão mais expressivos no período de Dezembro a Fevereiro, quando os preços dos alimentos normalmente atingem o seu pico, altura em que as reservas de alimentos se encontram esgotadas e mais famílias recorrem aos mercados como fontes de alimentos. Espera-se que os mercados desempenhem um papel importante na melhoria de acesso aos alimentos durante o período da perspectiva. De um modo geral, os preços dos produtos básicos (milho e arroz) deverão permanecer estáveis durante todo o restante período de consumo. De Outubro a Dezembro de 2011, a maioria das famílias rurais gozará condições de segurança alimentar. As famílias de baixa renda e Rede dos Sistemas de Aviso Prévio contra Fome 3

famílias pobres com recursos poderão enfrentar dificuldades no acesso aos alimentos em algumas zonas, particularmente as semi-áridas, áridas e remotas. As reservas de alimentos da época principal e produção da segunda época, combinadas com as compras no mercado, serão as principais fontes de alimentos. Isto será complementado por estratégias típicas de sobrevivência para a satisfação das necessidades alimentares básicas das famílias, incluindo o aumento da venda de gado pelas famílias mais ricas. Os membros das famílias com aptidão física buscarão trabalho casual, especialmente na preparação da terra e sementeira. Os pobres e muito pobres empregarão uma variedade de estratégias típicas de sobrevivência incluindo a caça, venda de produtos naturais, como o capim, estacas para construção, caniço/junco e lenha, produção e venda de carvão, a venda de aves de capoeira, álcool tradicionalmente destilado, e outros bens/artesanato. O consumo de alimentos silvestres deverá intensificar logo que a época de fome começa atingir o seu pico em Dezembro/Janeiro. Algumas famílias, especialmente aquelas que se localizam em partes do sul, receberão ofertas e remessas de familiares que vivem nos grandes centros urbanos e na África do Sul. Uma vez que as chuvas começam gradualmente a partir de Outubro/ Novembro, a disponibilidade de água para os homens e animais irá melhorar gradualmente. O fornecimento atempado e adequado de insumos agrícolas vai ajudar as famílias a semear pontualmente e em áreas maiores. A assistência alimentar será necessária para mitigar as bolsas de insegurança alimentar identificadas de acordo com as constatações e recomendações do GAV. A fase mais alta das condições de segurança alimentar para as famílias pobres e muito pobres nas zonas do enfoque será de stress (IPC Fase 2). Durante o período Janeiro a Março de 2012, há uma probabilidade baixa a moderada de ocorrência de cheias ao longo das maiores bacias hidrográficas (Zambeze, Limpopo, Búzi, Púngoè, Incomáti e Maputo), e distritos de Changara, Chemba, Machaze, Massangena e Mutarara, são motivo de preocupação. Cheias de nível baixo a moderado nas bacias poderão perturbar as formas de vida das famílias afectadas. A produção agrícola ao longo das margens dos rios será afectada e, possivelmente baixar, e efeitos sentidos depois de Março de 2012. No período antes de Março de 2012, as estradas, pontes e outras infra-estruturas poderão ser parcialmente ou totalmente intransitáveis e / ou destruídas. As águas das cheias irão pôr em perigo a vida humana e animal e algumas famílias desalojadas vão necessitar de evacuação de emergência para locais seguros. As famílias deslocadas, particularmente as pobres e muito pobres, enfrentarão efeitos de insegurança alimentar aguda stressada (IPC Fase 2) e poderão necessitar de assistência humanitária de emergência, incluindo principalmente abrigo, alimentos, cuidados de saúde e saneamento, por causa do impacto previsto das cheias na infra-estrutura, acesso aos mercados e preços dos alimentos. O número de famílias afectadas deverá ser relativamente baixo devido ao reassentamento de população em risco realizado nas anteriores cheias severas pelo Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC). Uma resposta adequada às chuvas vai mitigar os impactos e as famílias serão capazes de recuperar após a recessão das águas. Fora das áreas inundadas, os alimentos verdes vão estabilizar e aumentar gradualmente o acesso aos alimentos. No geral, o início das chuvas em Novembro normalmente criam condições para uma variedade de alimentos silvestres que, gradualmente, melhoraram o acesso aos alimentos até que os alimentos sazonais verdes tornam-se disponíveis em Janeiro / Fevereiro. Frutas sazonais como a manga e caju estarão disponíveis até Janeiro / Fevereiro. Espera-se que as famílias pobres e muito pobres, dentro da zona do enfoque, enfrentem insegurança alimentar stressada (IPC Fase 2). Durante todo o período da perspectiva (), os preços da maioria dos produtos devem permanecer estáveis, excepto para o feijão cujos preços devem permanecer voláteis, dependendo da disponibilidade de produtos nos mercados locais. De um modo geral, os preços seguirão as tendências sazonais, permanecendo acima da média de cinco anos, mas próximos ou similares aos preços do ano passado. A estabilidade dos preços de milho e arroz em todo o período de consumo é crucial para garantir o acesso aos alimentos para a maioria das famílias que gradualmente recorrem aos mercados quando as suas reservas se esgotam, especialmente porque o país entrou na época de fome. Distritos costeiros de Moçambique Nos distritos vulneráveis a ventos fortes e ciclones, como aqueles que se situam ao longo das zonas costeiras das províncias de Inhambane, Sofala, Zambézia, Cabo Delgado e Nampula (embora as previsões de ciclones ainda estão indisponíveis para a Bacia do Sudoeste do Oceano Índico), há sempre uma probabilidade de ocorrência de ciclones de Novembro a Março. Em média, um ciclone atinge Moçambique por ano e as perturbações tropicais de uma magnitude menor atingem o país três a quatro vezes por ano, entre Novembro e Março. O destino mais frequente de ciclones é a zona costeira entre as províncias de Nampula e Inhambane. Ventos e chuvas fortes de um ciclone e, tempestades na costa causam perdas de vidas humanas e danos em propriedades, comunicações e infraestruturas. Os ventos fortes podem lançar muitos detritos para o ar, causar danos às estruturas, linhas telefónicas e de transporte da energia eléctrica, destruir culturas, causar danos aos pomares e árvores, e bloquear as vias de acesso devido a árvores derrubadas ou detritos. Um ciclone pode causar inundações que podem causar afogamentos de humanos e animais, destruir infra-estruturas, deslizamentos de terra, danos às culturas (especialmente tubérculos). Um ciclone também está associado com a ocorrência de tempestades que podem causar inundações rápidas próximo da linha costeira, e erosão do solo, e podem aumentar a salinidade nas águas superficiais, o que mata a maioria das culturas. Em caso de ocorrência de uma tempestade ou ciclone, a maioria das famílias estará com segurança alimentar de Janeiro a Março, período no final da época de ciclones, quando historicamente os impactos dos ciclones são menos graves ou deixam de se fazer sentir. As famílias mais pobres em particular poderão enfrentar carências de alimentos (estando condições de segurança alimentar de stress (IPC Fase 2). As intervenções necessárias provavelmente incluiriam o fornecimento de abrigo, comida, água e serviços de saneamento. A curto prazo, todas as famílias (incluindo as que se recuperam por si e aquelas que recebem assistência) serão capazes de satisfazer as suas necessidades de segurança alimentar, e a curto a médio prazos eles serão capazes de recuperar / reabilitar as suas casas e formas de vida destruídas. Rede dos Sistemas de Aviso Prévio contra Fome 4

Tabela 1. Eventos menos prováveis nos próximos seis meses que podem alterar os cenários acima Zona Evento Impacto nos resultados da segurança alimentar Zonas semiáridas do sul e que pode agravar a insegurança alimentar corrente. Início tardio das chuvas sazonais Vai atrasar a sementeira da época principal e acesso à água, o centro de Moçambique Os comerciantes não respondem como previsto e não há fluxos de reservas para as zonas deficitárias. Disponibilidade inadequada de insumos Ausência de uma resposta adequada à assistência humanitária. Término precoce das chuvas. Os mercados locais seriam sub abastecidos, forçando a subida dos preços dos alimentos acima das actuais expectativas. Os défices dos alimentos, especialmente para as famílias pobres, seriam maiores, principalmente no pico da época de fome. Uma disponibilidade inadequada de insumos irá impedir as famílias de beneficiar das esperadas condições agro climatéricas favoráveis. A falta de uma resposta pontual fará com que as famílias mais pobres comecem a empregar estratégias de sobrevivência negativas e mesmo estratégias de sobrevivência extremas, incluindo o consumo de alimentos impróprios em grande escala, tais como alimentos silvestres altamente tóxicos. Um término precoce das chuvas poderá limitar a produção da segunda época (prevista para o próximo período da Perspectiva dado que grande parte da produção da segunda época conta com a humidade residual da principal estação chuvosa de Outubro a Abril. Rede dos Sistemas de Aviso Prévio contra Fome 5