Patologia dos materiais e elementos construtivos PATOLOGIA E DETERIORAÇÃO DAS FACHADAS DE EDIFÍCIOS EM BRASÍLIA ESTUDO DA QUANTIFICAÇÃO DE DANOS

Documentos relacionados
ANÁLISE QUANTITATIVA DE DANOS EM SISTEMAS DE REVESTIMENTOS DE FACHADAS DE BRASÍLIA

Patologias mais Correntes nas Fachadas de Edifícios em Brasília

RELAÇÃO ENTRE A DEGRADAÇÃO DE FACHADAS E A INCIDÊNCIA DE CHUVA DIRIGIDA E TEMPERATURA - ESTUDO DE CASO PARA OS EDIFÍCIOS DE BRASÍLIA-BRASIL

Patologia dos materiais e elementos construtivos ESTUDO DO COMPORTAMENTO À FADIGA DAS ARGAMASSAS E SUA RELAÇÃO COM AS PATOLOGIAS E DANOS NAS FACHADAS

PERFIS DE DEGRADAÇÃO DE FACHADAS DE EDIFÍCIOS EM BRASÍLIA-BRASIL

Processo de identificação das manifestações patológicas em fachadas com revestimento cerâmico

Revista Gestão e Gerenciamento. Mensuração e distribuição de patologias na degradação em argamassa

RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO

4. RESULTADOS OBTIDOS E DISCUSSÃO

Perfil da degradação para a envoltória dos edifícios Estudo das regiões da fachada

Estimativa da degradação de fachadas com revestimento cerâmico: estudo de caso de edifícios de Brasília

PROJETO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO AVALIAÇÕES PATOLÓGICAS APLICADAS AO CONCRETO COM O USO DA TÉCNICA DE TERMOGRAFIA EM INSPEÇÃO PREDIAL

ESTUDO SOBRE A INFLUÊNCIA DA ALTERAÇÃO DA EMISSIVIDADE EM IMAGENS TERMOGRÁFICAS

DCC DCC FLUXOGRAMA GERAL. Departamento de Construção Civil. Material de aula do Prof. Marcelo Medeiros Direitos reservados

Análise de patologias e de desempenho de revestimentos de placas cerâmicas

Técnica. (i) estratégia / plano / programa (ii)operação / registros (iii) Perda de desempenho precoce: falhas. Funcional.

SISTEMA DE INSPECÇÃO E DIAGNÓSTICO DE REVESTIMENTOS EPÓXIDOS EM PISOS INDUSTRIAIS

Revestimentos de Argamassa. Tecnologia de Argamassa P R O M O Ç Ã O

Desempenho em serviço Prof. Maristela Gomes da Silva

PENSANDO BLOCOS E TIJOLOS COMO VEDAÇÕES VERTICAIS

2. METODOLOGIA DE INSPECÇÃO

Racionalização de alvenaria: avaliação quantitativa

Classificação do estado de conservação de fachadas de edificações públicas. Classification of the conservation state of public building facades

MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM EDIFICAÇÕES COM ESTRUTURAS DE AÇO EM PRESIDENTE PRUDENTE

MENSURAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE PATOLOGIAS NA DEGRADAÇÃO DE FACHADAS EM ARGAMASSA

SIDER: UM NOVO SISTEMA DE INSPEÇÃO E DIAGNÓSTICO DE EDIFÍCIOS RECENTES

AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO DAS MANIFESTAÇÕES PATOLOGICAS IDENTIFICADAS NAS FACHADAS DO PANTEÃO DA PÁTRIA TANCREDO NEVES EM BRASÍLIA/BRASIL ESTUDO DE CASO

Patologias da Construção

TÍTULO: INSPEÇÃO PREDIAL: CLASSIFICAÇÃO DAS PATOLOGIAS CONSTRUTIVAS DO 4º BATALHÃO DE ENGENHARIA E COMBATE, ITAJUBÁ MG

Curso: Engenharia Civil - 3º Semestre Professor Especialista: Cássio Fernando Simioni

PATOLOGIA DA ENVOLVENTE EXTERIOR DE CONSTRUÇÕES EDIFICADAS NO DISTRITO DE CASTELO BRANCO ENTRE 1970 E 1995

AVALIAÇÃO QUANTITATIVA DA DEGRADAÇÃO E VIDA ÚTIL DE REVESTIMENTOS DE FACHADA APLICAÇÃO AO CASO DE BRASÍLIA/DF MARIA DE NAZARÉ BATISTA DA SILVA

Influência do nível de exigência dos utentes na previsão da vida útil e nos custos de manutenção de fachadas de edifícios

O Projeto de Revestimentos de Fachadas: ferramenta para prevenção de patologias

REVESTIMENTOS Conceituação e classificação Aula 2-2

MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS O CASO DAS FACHADAS REVESTIDAS COM PINTURAS

II Semina rio Nacional de Peri cias de Engenharia PERI CIAS EM FACHADAS CASES. Eng. Clémenceau Chiabi Saliba Jr.

Com base nos pontos foram determinadas direções intermediárias, conhecidas como. pontos : nordeste (NE), (NO), sudeste (SE) e (SO).

05/08/2014. Objetivo INSPEÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO

QUANTIFICAÇÃO DA GERAÇÃO DE RESÍDUOS DE TIJOLO BAIANO EM UMA CONSTRUÇÃO CIVIL

27/06/2017. Curso: Engenharia Civil - 3º Semestre Professor:Eng.º Civil Cássio Fernando Simioni

Durabilidade, estados limite e vida útil de rebocos em fachadas

AVALIAÇÃO SUPERFICIAL DE PAVIMENTOS ASFÁLTICOS EM VIAS URBANAS DE PALMAS/TO, UTILIZANDO O MÉTODO PCI (Pavement Condition Index).

Patologia e recuperação de obras ENG /2

AVALIAÇÃO DE FACHADAS REVESTIDAS COM CERÂMICAS LEVANTAMENTO E INCIDÊNCIA DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM EDIFÍCOS HABITACIONAIS

RELATÓRIO DE ENSAIO Nº CCC/ /13 MASSA PRONTA PARA ASSENTAMENTO ENSAIOS DIVERSOS

Evento REABILITAÇÃO ENERGETICAMENTE EFICIENTE DE EDIFÍCIOS URBANOS. Termografia. Técnicas de Inspecçãoe Avaliação do Desempenho de Edifícios

4 ABORDAGENS METROLÓGICAS

ESTUDO DAS TEMPERATURAS SUPERFICIAIS DAS FACHADAS COM EMPREGO DA SIMULAÇÃO HIGROTÉRMICA 1

CARACTERIZAÇÃO DAS PAREDES DE FACHADA DE EDIFICAÇÕES HISTÓRICAS DE SOBRAL

RELATÓRIO PREPARADO PELO ELAT A PEDIDO DO MINITÉRIO PÚBLICO RESUMO

Manifestações Patológicas em Revestimentos Cerâmicos

Pesquisa desenvolvida no Curso de Graduação em Engenharia Civil da UNIJUÍ 2

AVALIAÇÃO COMPARATIVA DE GRAU DE DETERIORAÇÃO DE EDIFICAÇÕES.

LAUDO TÉCNICO PARCIAL Nº 2 SOBRE OS DANOS ESTRUTURAIS DO INCÊNDIO OCORRIDO EM 03/10/2016 NO ED. JORGE MACHADO MOREIRA - UFRJ

DIAGNÓSTICO E REPARAÇÃO DE PATOLOGIAS DE REBOCOS EM CONSTRUÇÕES CORRENTES

INFORMATIVO CLIMÁTICO

Dados ambientais. Previsão do tempo. Imagem de satélite GOES

ANOMALIAS DE REVESTIMENTOS CERÂMICOS APLICADOS NA FAIXA COSTEIRA

ISO 9001 : De 02/07/2012 a 06/07/2012. Local: Hotel a definir Rio de Janeiro. Carga Horária: 36 horas. Horário: das 8h30min às 17h30min

Centro Histórico de Viseu Brochura informativa Visão integrada dos edifícios: estado de conservação de interiores julho 2017

A SIMULAÇÃO HIGROTÉRMICA NO ESTUDO DA DEGRADAÇÃO DE FACHADAS EM TERESINA-PI

O USO DA TERMOGRAFIA INFRAVERMELHA PARA DETECÇÃO DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS 1

INFORMATIVO CLIMÁTICO

Evento PROMOÇÃO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE EDIFÍCIOS, SUSTENTABILIDADE E CONFORTO INTERIOR OPTIMIZAÇÃO DE SOLUÇÕES CONSTRUTIVAS TERMOGRAFIA

Inspeção Preliminar, Diagnóstico e Análise de Estrutura Mista com Pilares Metálicos: Estudo de Caso em Brasília.

Figura 29: EPS nos panos da laje e armadura. Figura 30: armadura da viga, à direita, poliestireno nos meios da ferragem (vigotas).

INFORMATIVO CLIMÁTICO

INFORMATIVO CLIMÁTICO

APLICAÇÃO DA TÉCNICA DE TERMOGRAFIA ATIVA NA INSPEÇÃO NÃO-DESTRUTIVA DE TAMBORES DE REJEITO NUCLEAR

ANÁLISE DAS CAUSAS DAS ANOMALIAS MAIS FREQUENTES EM REVESTIMENTOS CERÂMICOS ADERENTES (RCA)

Universidade Nova de Lisboa Faculdade de Ciências e Tecnologia Departamento de Engenharia Civil

REABILITAÇÃO TÉRMICA DE PAREDES DE TABIQUE COM RECURSO A MATERIAIS CORRENTES DE ISOLAMENTO

Caroliny Ataíde Spindola Moreira, Engenheira Civil - Pontifícia Universidade Católica do Paraná

MÁXIME CONSULTORIA E ENGENHARIA LTDA PORTFÓLIO

INFORMATIVO CLIMÁTICO

LEVANTAMENTO QUANTITATIVO DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS DE FACHADAS EM EDIFICAÇÕES MULTIPAVIMENTOS NA ÁREA URBANA CENTRAL DE PATOS DE MINAS - MG

ANÁLISE DE ANOMALIAS E TÉCNICAS DE REPARAÇÃO EM 128 CASOS DE REVESTIMENTOS EM PEDRA NATURAL (RPN): PRINCIPAIS CONCLUSÕES

13/3/2017. Estratégia de Inspeção e Avaliação. Estratégia de Inspeção e Avaliação. Estratégia de Inspeção e Avaliação

Utilização da termografia infravermelha e escaneamento por radar para identificação de infiltrações e vazios em elementos nas construções

INFORMATIVO CLIMÁTICO

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO TÉRMICO EM EDIFÍCIOS DE ESCRITÓRIO NA REGIÃO CENTRAL DO RIO GRANDE DO SUL

ESTANQUEIDADE DE PAREDES EM BLOCOS DE GESSO COM DIFERENTES TRATAMENTOS DE SUPERFÍCIE

Coberturas em Telhados TC-038

CARACTERIZAÇÃO DE ARGAMASSA DE REVESTIMENTO A BASE DE CAL E ADITIVADA. Palavras-Chave: Revestimento argamassado, incorporador de ar, cal hidratada.

INFORMATIVO CLIMÁTICO

ANÁLISE EXPERIMENTAL DA RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA À TRAÇÃO EM REVESTIMENTOS ARGAMASSADOS

INFORMATIVO CLIMÁTICO

Inspeção de Estruturas de Concreto Com Uso de Câmera Termográfica Primeiras Impressões

Palavras-chave: Microcontrolador, Conversor de Frequência, Sistema de Resfriamento Evaporativo, Temperatura, Controle.

INVESTIGAÇÃO E DIAGNÓSTICO DE PATOLOGIAS RELACIONADAS ÀS FACHADAS DE UMA EDIFICAÇÃO

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA IFPB

DESEMPENHO DAS EDIFICAÇÕES

CONSTRUÇÃO DE EDIFÍCIOS II PATOLOGIAS EM REVESTIMENTOS DE ARGAMASSA

INFORMATIVO CLIMÁTICO

MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS ENCONTRADAS EM REVESTIMENTOS DE FACHADA ENTAC 2014 MACEIÓ AL

APLICAÇÃO DA TÉCNICA DE TERMOGRAFIA ATIVA NA INSPEÇÃO NÃO-DESTRUTIVA DE TAMBORES DE REJEITO NUCLEAR

Reforço e Recuperação de Estruturas de Concreto

Análise crítica dos métodos de avaliação de desempenho térmico da ABNT NBR para a Zona Bioclimática 8

AUTOR(ES): LEONARDO MIRANDA SIMMONDS, VINÍCIUS BEZERRA SILVA, WILLIAN ROQUINI VILLA

Transcrição:

Patologia dos materiais e elementos construtivos PATOLOGIA E DETERIORAÇÃO DAS FACHADAS DE EDIFÍCIOS EM BRASÍLIA ESTUDO DA QUANTIFICAÇÃO DE DANOS Elton Bauer 1, Eliane Kraus 2 y Maria de Nazaré Batista da Silva 3 (1) Engenheiro Civil, Mestre e Doutor em Engenharia Civil, professor da Universidade de Brasília, elbauerlem@gmail.com (2) Engenheiro Civil, Mestre e Doutor em Engenharia Civil, professor da Universidade de Brasília, kraus@unb.br (3) Engenheira Civil, Mestre em Estrutura e Construção Civil, pesquisadora de doutoramento pela Universidade de Brasília, nazare_silva@hotmail.com.br RESUMO Brasília, capital do Brasil, é o primeiro núcleo urbano construído no século XX considerado Patrimônio Histórico da Humanidade pela UNESCO. Ao atingir 50 anos, observam-se vários casos de patologias nos sistemas de revestimento das fachadas, sendo que muitos casos tem ocorrido em edifícios jovens (menos de 20 anos). O levantamento dos danos observados tem levado a um conjunto de aproximadamente 10 manifestações patológicas básicas, destacando-se entre elas os descolamentos e a fissuração. O clima da região central do Brasil é diferenciado, ocorrendo uma época das chuvas (aproximadamente 7 meses), com grande incidência pluviométrica, e uma época de seca com baixas umidades relativas e temperaturas de médias a altas. Entende-se que essas condições particulares afetam de forma mais agressiva, tanto as características executivas, como também a degradação dos materiais. O presente estudo busca definir e aplicar índices de deterioração de modo a quantificar os danos observados em edifícios com idades de 10 e 40 anos. Propõe-se uma análise dos resultados de degradação em fachadas a partir de duas metodologias diferentes que permitam quantificar o grau de deterioração em função das condições de exposição da fachada aos elementos climáticos, disposições e idade dos edifícios. Palavra Chave: fachadas, deterioração, danos I. INTRODUÇÃO Para que os sistemas de revestimentos apresentem desempenho aceitável quando submetido à ação direta das intempéries, (como a variação de temperatura, chuva dirigida, dentre outras), faz-se necessário efetuar estudos comparativos do comportamento em uso frente aos agentes atmosféricos que influenciam nas degradações em fachadas de edifícios.

O objetivo deste estudo consiste em avaliar o nível de degradação das fachadas para o caso de dois edifícios com idades de 10 anos e 40 anos situados na região de Brasília, Brasil, a partir de duas metodologias: Gaspar e Brito [2011] para o cálculo do nível geral de degradação (NGD) e Tagushi [2009] para o cálculo do índice de performance (IP) de fachadas de edifícios. A primeira metodologia avalia e quantifica detalhadamente o dano, através de sua extensão e nível de gravidade, enquanto a segunda estima e classifica percentualmente o nível de dano através do índice de performance antes e depois de intervenções nas fachadas. Neste contexto, pretende-se avaliar o nível de degradação das fachadas vistoriadas pela equipe do Laboratório de Ensaio de Materiais - LEM da Universidade de Brasília que vem desenvolvendo uma metodologia de estudos dos padrões de degradação de fachadas de edifícios em Brasília. II. DEGRADAÇÃO EM FACHADAS DE EDIFÍCIOS Diversos estudos relatam a importância do estudo da degradação em fachadas. Bauer et al [2011] efetuaram uma avaliação de caráter quantitativo da degradação em fachadas em função do índice de defeitos, considerado eficiente para caracterizar a extensão da degradação das fachadas de edifícios de Brasília. As fachadas das edificações estão sujeitas a condições de exposição que podem variar de acordo com o clima e micro-clima da região onde estão localizadas. Matos e Lima [2006] colocam que os fatores ambientais de degradação que mais afetam as fachadas são as variações térmicas, o efeito do vento e das chuvas e as contaminações. III. METODOLOGIAS PARA ANÁLISE DA DEGRADAÇÃO EM FACHADAS Neste estudo foram utilizadas duas propostas para determinação do nível geral de degradação de fachadas. A primeira metodologia (M1) foi proposta por Gaspar e Brito [2011] e a segunda metodologia (M2) foi proposta por Tagushi [2010]. Os edifícios analisados foram classificados em A e B [Figura 1] com idades de 10 anos e 40 anos, respectivamente. Para ambas as metodologias foram analisadas a idade do edifício e a influência da incidência solar nas fachadas. Figura 1 (A) vista panorâmica dos edifícios A e (B) edifício B.

1. Metodologia 1 (M1) Nível geral de degradação (NGD) GASPAR e BRITO [2011] Para estabelecer um modelo do nível geral de degradação NGD das fachadas, Gaspar e Brito [2011] coletaram dados de 100 edifícios na região metropolitana de Lisboa, Portugal, escolhidos aleatoriamente e selecionados, a fim de selecionar os estudos de caso baseados nos seguintes critérios: edifícios com fachada rebocadas; sem registros conhecidos de deterioração de ações acidentais e; com registros das ações de manutenção efetuadas anteriormente ou a idade da construção. Manutenção e idade são consideradas indispensáveis para determinar o padrão de variação do NGD [equação 1] em função do tempo. A metodologia consiste em uma ferramenta simples para estimar a vida útil, além de permitir a incorporação dos resultados em metodologias que utilizam o método fatorial. (1) Onde, NGD - nível de degradação total, em porcentagem; A n - a área de uma fachada afetada por n defeitos, em metros quadrados; k n - nível de n defeito contido no intervalo (0, 1, 2, 3, 4); k - constante, equivalente ao nível da pior condição (k = 4); k a,n - importância relativa dos defeitos detetados; A r - superfície da fachada exposta, em metros quadrados. Em termos simplificados, o NGD é um parâmetro que mede o nível de deterioração em relação a um referencial máximo de dano expresso pelo termo. Para obter o NGD para os casos estudados, os defeitos são ponderados pelo fator k a,n em função do nível de risco e custo da reparação dos defeitos. 2. Metodologia 2 (M2) Índice de performance geral (IP) TAGUSHI [2010] Tagushi [2010] desenvolveu em sua dissertação uma proposta de avaliação de desempenho das vedações verticais em alvenaria de blocos ou tijolos cerâmicos baseada em inspeções visuais, qualificando e classificando as patologias através de uma adaptação do método de identificação de deterioração fornecido pelo FIB [1998], originalmente proposto para estruturas de concreto. O método permite identificar os casos mais deteriorados através de um índice de performance do elemento (IP) para cada tipo de dano i no elemento inspecionado [equação 2], (2) Onde: IP - índice de performance do elemento; D - índice dos danos; B i - valor básico associado ao tipo de dano i; K 1i - fator da importância do elemento de vedação; K 2i - fator indicativo da intensidade do dano i; K 3i - fator indicativo da extensão do dano i; K 4i - fator indicativo da urgência de intervenção para o dano i. Quanto maior o IP, maior o nível de deterioração da fachada.

O parâmetro B i expressa o valor da importância relativa do tipo de dano em relação aos demais inspecionados com relação à segurança e/ou durabilidade do elemento inspecionado. B i varia entre 1 (manchas, falha de rejunte) e 2 (descolamento, destacamento e fissuras). O parâmetro K 1i expressa a importância do elemento dentro do contexto da edificação ou uma de suas partes (K 1i = 1, para alvenarias convencionais). O parâmetro K 2i é obtido através de critério de avaliação visual qualitativa [Tabela 1]. Tabela 1 Grau de danos [TAGUSHI, 2010, adaptado de FIB, 1998] Classe de severidade Grau Critério K 2i 0 Não detectado Não detectado na inspeção visual 0 1 Baixo, inicial Danos de médias dimensões 0,5 2 Médio, em propagação Danos de médias dimensões (<25%) 1 3 Alto e/ou ativo Danos de grandes dimensões (25~75%) 1,5 4 Muito alto ou crítico Danos muito grandes (>50%) 2 O fator K 3i é um indicativo da extensão dos danos, varia em quatro escalas de valores (0,5-1,0-1,5-2,0). O fator K 4i varia em função da urgência da intervenção em intervalos de 1 a 5. O IP pode ser classificado de acordo com a classe e o grau de deterioração [Tabela 2]. Tabela 2 - Classe de deterioração (TAGUSHI, 2010, adaptado de FIB, 1998] Classe Descrição da deterioração IP I Sem danos 0 à 5 II Baixo grau de deterioração 3 à 10 III Médio grau de deterioração 7 à 15 IV Alto grau de deterioração 12 à 25 V Grave grau de deterioração 22 à 35 VI Crítico grau de deterioração >= 30 O método proposto por Tagushi [2010] forneceu uma importante ferramenta para a padronização na avaliação de patologias das edificações possibilitando estabelecer uma classificação dos elementos ou mesmo das edificações quanto à severidade dos danos. III. RESULTADOS Os resultados do nível de degradação para as fachadas analisadas mostram o comportamento das fachadas em relação às duas metodologias analisadas (M1 e M2) e em relação às direções de exposição (Nordeste-NE, Sudeste-SE e Noroeste-NO) [Figura 1] e [Figura 2]. Cabe enfatizar que as orientações solares de maior incidência em Brasília variam de leste, norte a oeste.

Figura 1 Resultados da degradação geral para edifícios A (10 anos) e B (40 anos) em função da orientação solar utilizando o NDG para M1. Observa-se da Figura 1, que a metodologia M1 foi capaz de distinguir nitidamente a degradação em função da idade. O NGD médio de 10 anos foi de 10% e o de 40 anos foi de 30%. Identificou-se também que para o edifício B (40 anos), nitidamente a fachada NO (noroeste) apresentou maior valor de degradação (NGD), sendo clara a influência da incidência solar sobre essa fachada. Já para o edifício A, não houve uma fachada mais crítica, sendo a degradação das mesmas de mesma ordem de grandeza. Isso pode ser atribuído, provavelmente, ao menor índice de degradação observado, não havendo ainda influencia mensurável dos diferentes níveis de exposição ao sol. Figura 2 Resultados dos índices de performance para edifícios A (10 anos) e B (40 anos) em função da orientação solar utilizando o IP para M2. A Figura 2 apresenta os resultados observados da metodologia M2. Observa-se para o caso do edifício B, que a fachada NO foi a de maior degradação (superior a média).para o edifício A, os valores observados foram convergentes à média. Identificou-se também que o índice de performance (IP) foi sensível à idade e degradação dos 2 edifícios em estudo.

Comparando-se as metodologias M1 e M2 observa-se que ambas identificaram com precisão os diferente níveis de degradação em relação à idade. Para o edifício A (10 anos) ambas as metodologias obtiveram resultados muito similares, tanto no valor médio, como também nas diferentes orientações solares. Para ao edifício B, ambas as metodologias convergiram em relação à orientação mais crítica (NO), mas nas fachadas SE e NE houve discordâncias quanto ao nível de deterioração. III. CONCLUSÕES Do estudo efetuado, pode-se enumerar as seguintes conclusões principais: Em termos gerais, ambas as metodologias foram eficientes na avaliação da degradação em função da idade. Ambas metodologias detectaram a mesma fachada crítica de maior degradação para o caso do edifício B, mostrando a potencial aplicabilidade das mesmas. As principais diferenças entre os resultados observados, nas duas metodologias, advém da forma de ponderação e cálculo dos principais fatores e agentes de deterioração. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAUER, E., KRAUS, E., ANTUNES, G.R, e LEAL, F. E. Identification and quantification of failure modes of new buildings façades in Brasília. Proceedings of the 12th International Conference on Durability of Building Materials and Components (XII DBMC). [Físico e CD ROM]. Porto: 2011. ISBN: 978-972- 752-132-6 GASPAR, P. L. e BRITO, J. The perception of damage on rendered façades. Proceedings of the 12th International Conference on Durability of Building Materials and Components (XII DBMC). [Físico e CD ROM]. Porto: 2011. ISBN: 978-972-752-132-6 MATOS, V. C. M e LIMA, M. G. Manual para Avaliação de Fachadas Importância da Avaliação dos Fatores Ambientais de Degradação. XI Encontro Nacional de Tecnologia no Ambiente Construído. ENTAC. Santa Catarina, Brasil, 2006. TAGUSHI, M. K. Avaliação e qualificação das patologias das alvenarias de vedação nas edificações. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Paraná, Paraná, Brasil, 2010.