ELABORAÇÃO DO TERMO DE REFERÊNCIA SUBCÂMARA TÉCNICA DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO. (sistematização das contribuições enviadas)

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Transcrição:

ELABORAÇÃO DO TERMO DE REFERÊNCIA SUBCÂMARA TÉCNICA DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (sistematização das contribuições enviadas) 1. COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA (REVTES)... 2 2. LIRES: A INFORMAÇÃO EM SAÚDE COMO CAMPO DE ATUAÇÃO NA EPSJV... 3 2.1. Diagnóstico sucinto das Informações em Saúde... 4 3. BIBLIOTECA EMÍLIA BUSTAMENTE... 5 3.1. A BVS-EPS: Que conhecimentos? Quais (in) formações?... 6 4. COMUNICAÇÃO... 8 4.1 Categorização da comunicação na EPSJV... 8 4.2 Questões de comunicação para a subcâmara de comunicação e informação. 9

1. COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA (REVTES) A comunicação científica pode ser definida como o conjunto de atividades associadas à produção, disseminação e uso da informação desde o momento em que o cientista concebe uma ideia para pesquisar, até que a informação acerca do resultado seja aceita como constituinte do conhecimento científico (GARVEY apud MIRANDA PEREIRA) 1. A comunicação entre os pesquisadores pode ser agrupada em duas perspectivas, a informal e a formal, conforme as características que apresentarem. A comunicação informal utiliza os canais informais, que incluem comunicações de caráter mais pessoal ou se referem à pesquisa ainda não concluída, como comunicação de pesquisa em andamento e certos trabalhos de congressos. A comunicação formal emprega canais formais, em geral as publicações com divulgação mais ampla, como periódicos e livros (MUELLER apud GUANAES 2, 2011). O periódico científico é considerado, no sistema formal de comunicação da ciência, o veículo mais importante de comunicação para pesquisadores, desempenhando um papel crucial na disseminação de resultados de pesquisas e, em consequência, na construção do conhecimento científico (GUANAES 2, 2011). Em geral, o periódico científico vale-se da validação por pares, em que outros pesquisadores avaliam o manuscrito antes de ser publicado. Essa avaliação por pares é frequentemente duplo cega, em que autores e avaliadores permanecem anônimos durante o processo. Mueller (apud GUANAES 2, 2011) defende que o periódico científico tem quatro funções no papel que representa na construção do conhecimento científico: estabelecimento da ciência certificada (conhecimento que recebeu o aval da comunidade científica); canal de comunicação entre os cientistas e de divulgação mais ampla da ciência; arquivo ou memória científica; e registro de autoria da descoberta científica. A autora ressalva que, apesar das recentes transformações ocorridas no modo de fazer comunicação científica, como a introdução da internet e o movimento pelo acesso livre à informação científica, essas funções não se alteram. Em consonância com o movimento pelo acesso livre à informação científica e por ser financiada com recursos públicos, a Trabalho, Educação e Saúde disponibiliza os textos completos de todo o seu conteúdo em acesso livre e gratuito. Acesso livre é o termo usado para descrever o acesso sem barreiras à literatura científica online. A 1 MIRANDA, Dely B.; PEREIRA, Maria de N. F. O periódico científico como veículo de comunicação: uma revisão da literatura. Ci. Inf., Brasília, v. 25, n.3, p.375-382, set/dez. 1996. 2 GUANAES, Paulo C. V. Modelos de gestão de periódicos científicos eletrônicos em acesso livre: estudo para um modelo de gestão sustentável na área de saúde pública. Dissertação (Mestrado em Ciências da Informação e Comunicação em Saúde). Rio de Janeiro: Instituto de Comunicação e Informação da Fundação Oswaldo Cruz, 2011. 2

premissa de publicação em acesso livre de resultados de pesquisa financiada com recursos públicos tem ganhado força entre acadêmicos, universidades, instituições científicas, agências financiadoras e bases bibliográficas, incluindo a Fundação Oswaldo Cruz que em fevereiro de 2014 aprovou a sua Política de Acesso Aberto ao Conhecimento. 2. LIRES: A INFORMAÇÃO EM SAÚDE COMO CAMPO DE ATUAÇÃO NA EPSJV Marcia F. Soares e Sergio Munck As áreas de Comunicação, Informação e Informática, no âmbito da Saúde, incluem, no nosso entendimento, as seguintes dimensões: Comunicação em Saúde, Informação em Saúde, Informação Científica (entendida aqui como insumo básico para o desenvolvimento científico e tecnológico), e Tecnologia da Informação (no sentido largo). A área de Informações em Saúde está diretamente relacionada à necessidade de registrar, conhecer e ter informações sobre a situação de saúde de uma população. Mais recentemente, constatam-se transformações e desdobramentos no uso das informações em saúde, que se refletem no modo de realizar atividades e no significado da sua representação para os serviços de saúde, onde vale destacar o desenvolvimento e a incorporação de novas tecnologias de informação e comunicação (TIC), que geram mudanças na organização do processo produtivo em distintos setores, não sendo diferente na área de informações em saúde, tais como, o surgimento e a disseminação da informática em saúde, o amplo acesso às bases de dados em saúde e a concepção e utilização dos registros eletrônicos do paciente. Segundo Moraes (1994: 86-98), podemos conceituar informação em saúde como sendo a gestão da informação que se origina no uso sistemático e intensivo de dados quantitativos e qualitativos e das tecnologias de informação, comunicação, computação e telecomunicação na formulação, implementação e avaliação de políticas de saúde; na promoção da saúde; no planejamento, regulação, administração e provisão de serviços de saúde; no monitoramento, vigilância e análise da situação de saúde de populações e do ambiente; na avaliação dos serviços de saúde e no diagnóstico e tratamento de doenças (Soares, Sharapin, Munck, Carvalho, 2013: 182). Ou seja, informações essas que irão instrumentalizar as ações de vigilância em saúde, na medida em que apoiam decisões sobre como eliminar/diminuir riscos à saúde; e as ações voltadas para a gestão do cuidado e do sistema de saúde. Finalmente, esclarecemos que a noção de informações em saúde aqui abordada, entende essa informação como elemento estratégico de mudanças nos modelos de 3

gestão, bem como para a construção da cidadania, através da ampliação da participação social e do controle social do SUS. Fontes MINISTÉRIO DA SAÚDE/CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. Seminário de Comunicação, Informação e Informática em Saúde. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2005. MORAES, I. H. S. de. Informações em saúde: da prática fragmentada ao exercício da cidadania. São Paulo, Rio de Janeiro: Abrasco, 1994. SOARES, M. F., SHARAPIN, M. P., MUNCK, S. e CARVALHO, C. A. Processo de Qualificação de Trabalhadores Técnicos de Informações e Registros em Saúde. In: MOROSINI, M. V. (org.). Trabalhadores Técnicos em Saúde: Aspectos da Qualificação Profissional no SUS. Rio de Janeiro: EPSJV, 2013. pág. 179-205. 2.1. Diagnóstico sucinto das Informações em Saúde Enviado por Nair Navarro (LIRES) As informações em saúde assumem papel relevante na reorganização e mesmo na manutenção do sistema de saúde com qualidade, demonstrado por seus produtos e serviços e, principalmente, pelo perfil de saúde da população. A política de saúde é expressa em vários períodos por diversas manifestações, governamentais, legislação e discurso oficial. A organização das informações em saúde também demonstra a lógica do modelo assistencial estruturado nas últimas décadas e traduz a dinâmica do processo decisório das instituições públicas (Donalisio, 1993). Apesar da reconhecida importância dessas informações, elas não têm expressado a realidade dos serviços e não permitem a avaliação do impacto e da adequação das ações de saúde e tampouco o diagnóstico das necessidades de saúde da população. Diante, desse quadro, as atividades gerenciais ficam prejudicadas na organização dos serviços locais (idem). Isto, certamente, implica desperdício de recursos, baixa resolutividade das ações, incompatibilidade entre perfil dos serviços e necessidades da população, entre outros. Utilizada na avaliação dos riscos de adoecer e morrer da população, a informação epidemiológica não tem sido colhida sistematicamente, além de ficar restrita a eventos pontuais. Soma se a isto a falta de informações atualizadas, que, quando não distorcem o diagnóstico, resultam em descrédito de todo o trabalho que as produziu (idem). 4

Na construção do diagnóstico do perfil epidemiológico, deve-se contar com os dados de morbidade e mortalidade da demanda das unidades de saúde, pois, apesar das limitações desses dados para essa finalidade, são geralmente os únicos (...) disponíveis (Tasca, 1993). Essas limitações devem-se ao fato de que se referem apenas à demanda espontânea, que é uma realidade parcial do perfil de morbidade da população da área de abrangência de serviços. Outra dificuldade a considerar na etapa de análise das informações é que o entendimento não é restrito a população residente nessa área. Isto varia em maior grau, dependendo dos serviços ofertados e da qualidade de seu entendimento (idem), além das facilidades de acesso. As informações podem induzir a vícios de análise, como no caso da avaliação da atenção médica. Os prontuários, por sua vez, são excelente fonte de dados para avaliação da qualidade da assistência, para o acompanhamento clínico, para pesquisas clínicas e para a elaboração de indicadores de saúde, entre outros. Quanto aos bancos de dados, parte dos sistemas de informação em saúde hoje existentes, percebem-se contradições que os tornam pouco compatíveis com a proposta de descentralização do SUS. Segundo Tasca et al. (1993), são suas características: ênfase na coleta de dados médicos ou de doença, o que implica evidentes falhas na construção de pontes para outros setores; sobre carga de tarefas para os profissionais responsáveis pela coleta, sendo exigida uma quantidade e qualidade de informações incompatíveis com as competências técnicas e sua disponibilidade de tempo, consolidadas no nível local, que gerou os dados primários. A ausência de conteúdo específico referente ao tema na formação acadêmica dos profissionais que realizam os registros/ ou diagnósticos, gera conflito na informação que por consequência resultará numa leitura equivocada da real situação epidemiológica da população, comprometendo as ações em saúde e seu impacto. Em síntese, de modo geral, as informações carecem de um nível de desagregação que permita identificar problemas na base do sistema de saúde e não atendem às características mínimas de confiabilidade e compatibilidade, representando, um desafio para a realização de diagnóstico de saúde detalhados e precisos, ou para a sua utilização, no planejamento e avaliação das ações de saúde. 3. BIBLIOTECA EMÍLIA BUSTAMENTE Para nós bibliotecários um conjunto de dados constituem uma informação e um conjunto de informações constituem o conhecimento. Na visão de Wurman (1995) informação é a ideia de que o mesmo só pode ser aplicado àquilo que leva a compreensão. 5

Miranda (1999) conceitua informação como sendo dados organizados de modo significativo, sendo subsídio útil à tomada de decisão. Para Druicker, informações são dados com significado. São dados dotados de relevância e propósito. Machado afirma que informação é uma abstração informal que esta na mente de alguém representando algo significativo para uma pessoa. Para Alonso (1998) a informação, sob aspecto genérico, pode ser conceituada como qualquer dado ou fato, extraído de toda e qualquer forma de conhecimento, obtido por todo e qualquer meio disponibilizado, que possa ser usado, transferido ou comunicado sem a preocupação de estar integrado a um contexto. Informação sob aspecto de documentação organizada, é o produto da análise de dados existentes em toda e qualquer forma de conhecimentos obtidos, devidamente registrados, classificados, organizados, relacionados e interpretados dentro de um contexto, para transmitir conhecimento e permitir a tomada de decisões de forma otimizada. Já para Malhora, a informação representa a matéria prima para se obter conhecimento. 3.1. A BVS-EPS: Que conhecimentos? Quais (in) formações? Enviado por Cristiane Andrade (BVS) A divulgação do conhecimento em saúde é uma das premissas das Bibliotecas Virtuais em Saúde, sendo aprovada em 1998 com a liderança da OPAS e OMS, coordenado pela BIREME: Na sua evolução, o programa adotou sucessivos paradigmas de gestão e operação de produtos e serviços na estrutura da comunicação científica, sempre funcionando em rede e buscando atender às necessidades de informação dos sistemas nacionais de pesquisa, ensino e atenção em saúde 1:250. Como uma construção coletiva, a participação no desenvolvimento e na manutenção da BVS tem diversos atores como bibliotecários e analistas de sistemas, pesquisadores, estudantes, professores, gestores de serviços de saúde, trabalhadores em saúde e população em geral, tendo em vista a divulgação do conhecimento em saúde. Neste sentido, encontram-se teses e dissertações, artigos científicos, monografias, materiais educativos, documentos oficiais, legislações, eventos pertinentes à área da saúde e diretórios de grupos de pesquisa. Salienta-se com isso, a interdisciplinaridade dos conteúdos na base de dados para que a equidade do conhecimento possa ser acessível a todos que utilizam. 6

Em se tratando do desafio da biblioteca virtual em saúde com a temática da educação profissional em saúde têm-se os questionamentos: que conhecimentos e saberes? Quais as (in) formações necessárias aos técnicos em saúde? Para pensar no conhecimento enquanto construção coletiva e histórica, recorrese a Norbert Elias2. Para o autor o desenvolvimento da sociedade letrada e a obrigatoriedade da escolarização das últimas décadas, com a finalidade de fomentar a industrialização e a guerra, trouxeram mudanças significativas no acesso ao conhecimento, sem contudo, garantir a democratização do mesmo. Se por um lado houve o aumento da escolarização, também há a divulgação dos conhecimentos técnicos, especializados e científicos. São, na maioria das vezes, acessíveis a grupos pequenos e àqueles que mantêm o poder: As sociedades podem passar por processo de desenvolvimento, não somente em termos econômicos, mas também em termos de civilização ou de formação de estados e muitos outros, que duram, frequentemente (...), mais do que três ou quatro séculos, de modo que o conhecimento pode ser acumulado, pode crescer e se desenvolver, tanto em sua forma prática quanto científica; em resumo, aqui existe a possibilidade de ocorrerem mudanças, nas estruturas das sociedades e do seu conhecimento3:531. O conhecimento de um grupo é desenvolvido pelos saberes ao longo do tempo, passado de geração a geração, não sem conflitos e tensões. Com o desenvolvimento da sociedade ocidental e da medicina moderna, os saberes médicos e higienistas são reverberados no processo de cuidar dos profissionais de saúde: Por essa razão, o conhecimento que as pessoas possuem em dado período é oriundo de um longo processo de aquisição de conhecimento desde o passado 4:532. Neste sentido, ao tomar a organização de uma biblioteca virtual com a temática da educação profissional em saúde é preciso pensar na historicidade do conhecimento desenvolvido na área da saúde e proporcionar o diálogo com outras áreas dos saberes para que se possa divulgar e disseminar o conhecimento para aqueles que pensam e fazem a saúde na sociedade. Mais do que uma ferramenta, estratégia ou banco de dados é possibilitar que o conhecimento seja acessível aos técnicos em saúde, enquanto o direito à educação. Por isso, a BVS-EPS tem como proposta as produções científicas e os trabalhos realizados pelas ETSUS nas áreas do trabalho, da educação profissional e da saúde. Fontes: 1. PACKER AL. A construção coletiva da Biblioteca Virtual em Saúde. 2005. Interface. Comunic, Saúde, Educ, 9(17): 249-72. 2. ELIAS N. Conocimiento y poder. Madrid, La Piqueta, 1994. 3. ELIAS N. Sociologia do conhecimento: novas perspectivas. Socie Est. 2008; 23(3): 515-54. 7

4. ELIAS N. Sobre os seres humanos e suas emoções: um ensaio sob a perspectiva da sociologia dos processos. In: Gebara, A. & Wouters, C. (orgs) O controle das emoções. Ed. UFPB, João Pessoa, 2009. 4. COMUNICAÇÃO 4.1 Categorização da comunicação na EPSJV Propõe-se a classificação dos projetos e ações de Comunicação da EPSJV em dois grandes blocos que dialogam entre si e se retroalimentam: 1) Comunicação pública Expressão que temos utilizado nos materiais institucionais que apresentam a área de comunicação da EPSJV, como um esforço de unir as concepções de comunicação em saúde e comunicação científica, duas categorias que têm aparecido de forma separada nas discussões realizadas no âmbito da Fiocruz. 2) Comunicação institucional Expressão já consagrada para denominar as ações de divulgação das ações, produtos e processos institucionais. Comunicação pública em dois sentidos principais, que podem se manifestar de forma conjunta ou separada: a) desenvolvimento de projetos, programas e ações de comunicação voltados para a promoção de um outro tipo de diálogo com a sociedade, a partir do conhecimento produzido e das ações políticas públicas desenvolvidas pela Escola e por outras instituições e movimentos sociais que compartilham os referenciais teóricos e os princípios políticos expressos no Projeto Político- Pedagógico da EPSJV. Tem como principal função contribuir para a formação política, ética e técnico-científica dos sujeitos, instituições e movimentos sociais no caso da EPSJV, especialmente aqueles que atuam na área da saúde, compreendida no seu sentido ampliado, e da educação. Essas ações materializam-se principalmente em: produtos e iniciativas jornalísticas - integração com outros veículos e redes de comunicação alternativa - produção bibliográfica - divulgação científica em diferentes meios b) desenvolvimento de projetos, programas e iniciativas de comunicação voltados para o fortalecimento e a maior integração de outras instituições públicas de saúde e educação, como parte das ações institucionais de 8

cooperação técnico-política-científica da EPSJV. Essas ações materializamse principalmente em: produtos e iniciativas jornalísticas - organização e promoção de eventos Comunicação institucional Está presente nas ações de comunicação pública na medida em que se compreende que a principal forma de divulgação institucional se dá pelo esforço de tornar público o referencial político-pedagógico da Escola, especialmente tendo seus trabalhadores como porta-vozes. Compreende também as ações de comunicação interna e divulgação stricto sensu, que materializam-se principalmente em: - assessoria de imprensa ativa e passiva - organização e promoção de eventos - produção gráfica 4.2 Questões de comunicação para a subcâmara de comunicação e informação Discutir coletivamente de modo a formalizar e institucionalizar uma Política de Comunicação e Informação para a EPSJV que defina e esclareça os princípios que têm orientado as ações nessa área e torne públicas as ações estruturantes realizadas ou a realizar. Exs.: Política de Acesso Livre ao Conhecimento; Subsídio público às publicações bibliográficas; Política de Parceria Editorial; Estratégia e prioridade de distribuição dos materiais institucionais produzidos; Discutir coletivamente o aperfeiçoamento da estratégia de distribuição das publicações e outros materiais que concentram o conhecimento e as discussões produzidas pela EPSJV; Dar subsídios à participação da EPSJV na Câmara Técnica de Comunicação, Informação e Informática da Fiocruz e outros fóruns não-regulares que demandem posicionamentos sobre esse campo; Acompanhar a adequação das ações de comunicação e informação da EPSJV às políticas e normativas mais gerais dessa área estabelecidas pelo Ministério da Saúde, Presidência da República e Fiocruz (ex.: depósito obrigatório, relação com outras instituições), sempre considerando os limites dessa adequação à política maior da Escola; Socializar entre os setores que desenvolvem ações de comunicação e informação e os laboratórios as iniciativas, produtos e fluxos existentes de modo a integrar as ações e dar a elas um maior grau de institucionalidade, além de otimizar tempo e recursos; 9

Construir coletivamente formas de maior reconhecimento, identificação e integração de temas relacionados à comunicação e informação com as pautas de saúde, educação e trabalho que orientam a produção e o debate político da EPSJV; Refletir sobre a comunicação como campo estratégico para políticas públicas de educação e saúde. 10