TELEVISÃO. Estudos de. Diálogos Brasil-Portugal



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Transcrição:

TELEVISÃO Estudos de Diálogos Brasil-Portugal

Conselho Editorial Alex Primo UFRGS Álvaro Nunes Larangeira UTP Carla Rodrigues PUC-RJ Cristiane Freitas Gutfreind PUCRS Edgard de Assis Carvalho PUC-SP Erick Felinto UERJ J. Roberto Whitaker Penteado ESPM João Freire Filho UFRJ Juremir Machado da Silva PUCRS Michel Maffesoli Paris V Muniz Sodré UFRJ Philippe Joron Montpellier III Pierre le Quéau Grenoble Renato Janine Ribeiro USP Sandra Mara Corazza UFRGS Tania Mara Galli Fonseca UFRGS Apoio:

TELEVISÃO Estudos de Diálogos Brasil-Portugal Organizadores João Freire Filho Gabriela Borges

Organizadores, 2011 Capa: Vinícius Xavier Projeto gráfico: Fosforográfico/Clo Sbardelotto Editoração: Clo Sbardelotto Revisão: Mariane Farias Revisão gráfica: Miriam Gress Editor: Luis Gomes Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Bibliotecária responsável: Denise Mari de Andrade Souza CRB 10/960 E82 Estudos de televisão: diálogos Brasil-Portugal / organizado por João Freire Filho e Gabriela Borges. Porto Alegre: Sulina, 2011. 407 p. ISBN: 978-85-205-0619-6 1. Televisão. 2. Meios de Comunicação Brasil-Portugal. 3. Mídia Brasil-Portugal. 4. Comunicação Social. 5. Jornalismo Brasil-Portugal. 6. Comunicação de Massa Brasil-Portugal. I. Freire Filho, João. II Borges, Gabriela CDU: 070 316.774 654.19 CDD: 001.5 302.23 Todos os direitos desta edição reservados à EDITORA MERIDIONAL LTDA. Av. Osvaldo Aranha, 440 conj. 101 CEP: 90035-190 Porto Alegre RS Tel.: (51) 3311-4082 Fax: (51) 3264-4194 sulina@editorasulina.com.br www.editorasulina.com.br Outubro / 2011 Impresso no Brasil / Printed in Brazil

SUMÁRIO Apresentação... 7 Parte I Análises de programas e modos de representação A invenção da televisão brasileira... 13 Arlindo Machado Criadores de ficção seriada televisiva aqui e acolá. Desafios criativos de roteiristas de telenovelas... 33 Maria Carmem Jacob de Souza Tendências do telejornalismo brasileiro no início do século XXI: telejornalismo popular e infotainment... 56 Itania Maria Mota Gomes Quando o lugar da redacção condiciona a composição do plateau informativo: análise do noticiário À Noite, as Notícias (RTPN)... 88 Felisbela Lopes Existir aos olhos dos outros: reality shows, as aventuras autênticas de indivíduos em busca de reconhecimento... 115 João Freire Filho Representações da multidão política na televisão... 149 Eduardo Cintra Torres

Parte II Aspectos teóricos e metodológicos Reflexão sobre a televisão pública europeia no contexto de transição para o digital... 183 Francisco Rui Cádima Pesquisa em televisão digital no Brasil: uma experiência interdisciplinar... 205 Yvana Fechine, Carlos Ferraz, Lívia Cirne, Jorge Fonseca A qualidade do canal 2:. Percursos teóricos e metodológicos da investigação... 240 Gabriela Borges Os estudos sobre televisão e crianças em Portugal... 275 Sara Pereira A recepção transmidiática da ficção televisiva: novas questões de pesquisa... 307 Maria Immacolata Vassallo de Lopes Estudos de recepção sobre televisão: um percurso autobiográfico... 337 Isabel Ferin Cunha Apontamentos sobre a categoria classe social em um estudo de recepção... 373 Veneza Mayora Ronsini Sobre os Autores... 402

APRESENTAÇÃO Nos últimos anos, presenciamos uma série de esforços sistemáticos para o crescimento do campo dos estudos de televisão no Brasil e em Portugal, resultando na organização e no fortalecimento de importantes encontros acadêmicos. No Brasil, os fóruns de discussão mais consolidados são os Grupos de Trabalho Televisão e Vídeo e Ficção Seriada e Jornalismo, atuantes nos congressos nacionais e regionais da Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação). Em 2010, a Compós (Associação Nacional de Programas de Pós- Graduação em Comunicação) instituiu o GT Estudos de Televisão; a Socine (Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema e Audiovisual) criou, no mesmo ano, o Seminário TV Formas audiovisuais de fi cção e documentário. Em Portugal, cabe destacar o advento, em 2009, do GT Estudos Televisivos, no âmbito dos encontros da SOPCOM (Associação Portuguesa de Ciências da Comunicação), e a recente fundação da AIM Associação de Investigadores da Imagem em Movimento, que promoveu, em 2010, o seu I Encontro Anual. Com o objetivo específico de avaliar as mudanças na concepção, na circulação e no consumo das atrações televisivas, foi realizado, em agosto de 2009, no Fórum de Ciência e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o seminário A TV em Transição: Tendências de Programação Televisiva no Brasil e no Mundo. Animados com a riqueza dos debates transcorridos durante aquele encontro, resolvemos dar continuidade ao intercâmbio de reflexões sobre a TV fomentadas em países distintos. Dessa feita, definimos como foco do projeto a promoção do diálogo entre pesquisadores radicados no Brasil e em Portugal. A fim de garantir a efetiva circulação das ideias, foram programadas duas edições do encontro acadêmico: a primeira, em 19 e 20 7

de outubro, na Casa da Ciência da UFRJ; a segunda, em 12 e 13 de dezembro, na Universidade do Algarve. Os trabalhos elaborados para os seminários Estudos de Televisão: Diálogos Brasil Portugal se encontram reunidos nessa coletânea. Trata-se de um panorama abrangente dos tópicos de investigação privilegiados nos dois contextos acadêmicos. Entre os temas analisados, figuram o surgimento de novos formatos programação e de novas plataformas de difusão do conteúdo televisivo, as transformações estruturais no âmbito do telejornalismo e da ficção seriada, a possibilidade de uma prática televisiva de qualidade (nas diversas acepções do termo) tanto na esfera da TV pública quanto da comercial, o desenvolvimento e os recentes desafios dos estudos de recepção. 1 Considerando que as diferenças podem ser produtivas, acreditamos que tanto Brasil quanto Portugal têm muito a ganhar com esta troca de experiências. No Brasil, o modelo implementado pela indústria televisiva foi baseado na iniciativa privada, com destaque para a Rede Globo de Televisão, que possui uma longa história de produção audiovisual e cujos conteúdos têm grande acolhida no mercado português, contando com a emissão diária de, pelo menos, três novelas brasileiras. Em Portugal, o modelo implementado foi baseado no serviço público de televisão, sendo que o mercado audiovisual se abriu para a iniciativa privada apenas na década de 1990. Nos últimos anos, verificamos a implementação da televisão pública no Brasil e a expansão da indústria audiovisual de capital privado em Portugal, com um grande aumento de share de mercado por parte dos canais comerciais. Neste sentido, o caso português pode contribuir para a reflexão sobre o modelo implementado no Brasil; por outro lado, 1 Decidimos preservar a ortografia e o estilo adotado por autores brasileiros e portugueses, já que as eventuais diferenças no manejo da língua portuguesa não representarão um obstáculo para a compreensão dos textos por parte de leitores dos dois países. 8

os estudos sobre a experiência da televisão privada brasileira, principalmente no que diz respeito à implementação de uma indústria do audiovisual, podem contribuir para a discussão sobre a atuação e o crescimento da produção de conteúdos da televisão comercial em Portugal. Sendo assim, este livro apresenta dois eixos temáticos: por um lado, a análise de programas em diferentes gêneros e formatos, tais como programas de auditório, de ficção, telejornais e reality show, bem como os modos de representação do indivíduo e da multidão na televisão. E, por outro lado, a discussão das mudanças e das tendências em termos dos modelos teórico-metodológicos adotados para a análise dos sistemas televisivos, dos canais e dos públicos nos dois países. Gostaríamos, por fim, de ressaltar que o projeto de estabelecimento de um diálogo profícuo (e, com certeza, duradouro) entre pesquisadores vinculados a distintas universidades do Brasil e de Portugal se tornou viável graças ao efetivo apoio institucional do Centro de Investigação em Artes e Comunicação da Universidade do Algarve, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFRJ e do Globo Universidade, área da TV Globo responsável pelo relacionamento com o meio acadêmico. João Freire Filho e Gabriela Borges Organizadores 9