M. J. Ryan. O poder da autoconfiança



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Transcrição:

M. J. Ryan O poder da autoconfiança

Para a verdade, a beleza e a sabedoria que existem em cada um de nós. E, em particular, para Dawna Markova, que me ensinou a cultivar essas qualidades.

Confie em si mesmo e saberá viver. Goethe

1. O poder da autoconfiança 4 Quantas preocupações deixamos de ter quando decidimos não ser alguma coisa, e sim alguém. Coco Chanel ONDE QUER QUE EU VÁ, ou ço as pes soas di ze rem que es tão A so bre car re ga das, es tres sa das, lu tan do pa ra es ca par do su fo - co das suas vi das. Elas se sen tem es ma ga das por ex ten sas lis tas de obri ga ções, por to das as in for ma ções que lhes che gam, pe la ra pi dez com que as coi sas se mo vem e pe la ve lo ci da de com que pre ci sam cor rer pa ra acom pa nhar tu do is so. Tentam sim pli fi car, ten tam ser mais or ga ni za das, ten tam não se ator men tar com os 11

pe que nos de ta lhes, ten tam me di tar ou fa zer io ga, mas na da pa - re ce adian tar muito. Há bons mo ti vos pa ra nos sen tir mos as sim. O co ti dia no nos pres sio na e o tem po pa re ce en co lher. Somos ví ti mas de uma en - xurrada de in for ma ções e es co lhas. Estamos to dos fa zen do coi - sas em de masia e sentindo que é impossível escapar disso. Quando con ver so a respeito des sa sen sa ção de so bre car ga, per ce bo que as pessoas se sen tem in com pe ten tes e cul pa das por não da rem con ta de tu do. Is so me im pres sio na e me faz refletir. Quanto mais pen so, mais acredito que es se sentimento de in ca pa ci da de e per da de con tro le tem so bre tu do um motivo: não con fia mos em nós mesmos. Essa fal ta de con fian ça na nos sa ca pa ci da de de en fren tar a vi da nos dei xa uma per ma nen te sensação de me do e preo cu pa - ção. Exigimos de nós e dos ou tros um tal per fec cio nis mo que so mos im pla cá veis quan do al guém (inclusive nós) co me te um er ro. Assumimos res pon sa bi li da des em ex ces so por que es ta - mos sem pre pro cu ran do aten der às ex pec ta ti vas alheias e te - me mos que nos jul guem ne ga ti va men te se dis ser mos não. Fica mos in se gu ros demais quan do pre ci sa mos fa zer uma es co - lha, con sul ta mos ami gos e es pe cia lis tas e, mui tas ve zes, de pois de fi nal men te to mar mos uma de ci são, nos cri ti ca mos e nos acu sa mos, achan do que fazemos tudo er rado. Não con fia mos em nos so ins tin to pa ter no ou ma ter no (aca bei de ler um ar ti go na Child di zen do que ja mais os pais fi ca ram tão an sio sos com a pos si bi li da de de co me te r er ros, ape sar de te rem acer ta do) e so - bre car re ga mos nos sos fi lhos com inú me ras ati vi da des que, por sua vez, nos so bre car re gam, por que te mos de le vá-los de um la - do pa ra ou tro, além de pa gar por tu do. Agimos im pul si va men - te e obe de ce mos aos pa drões im pos tos pe la sociedade, em vez de con fiar em nos sos sen ti men tos. Em vez de pa rar e pen sar, nos ocu pa mos ao máximo. 12

Parece que es que ce mos que há den tro de ca da um de nós a fon te de sa be do ria ne ces sá ria pa ra con du zir nos sas vi das. Em vez de entrar em con ta to com ela, nos limitamos a en xer gar ape - nas nos sos pró prios pro ble mas Eu me sin to in ti mi da do, não con si go di zer não, Fico su perin se gu ro quan do pre ci so to mar uma de ci são, Sou tí mi do, te nho uma di fi cul da de enor me em apontar o que que ro, Sou im pul si vo, não sei me con tro lar. É cla ro que es ses pen sa men tos não aju dam em na da não é pos - sí vel con fiar em nós mes mos quan do só enxerga mos nos sos as - pec tos negativos. Apesar dis so, es ses sen ti men tos de bai xa au to con fian ça são cui da do sa men te cul ti va dos em nós. A mí dia se en car re ga de mos trar nos sas fa lhas pa ra ven der seus pro du tos. Nossos den tes não são su fi cien te men te bran cos, não so mos pais su fi cien te - men te bons, es ta mos co men do de mais, nos sos ca be los são se - cos, nos sa pe le, ás pe ra, não so mos ca pa zes de es co lher so zi nhos a de co ra ção de nos sas ca sas, o que va mos pe dir no res tau ran te, o cur so uni ver si tá rio mais ade qua do ao nos so po ten cial. A maio - ria das men sa gens que ou vi mos re for ça a ideia de que, sen do co - mo so mos, não po de mos en fren tar as si tua ções e os ine vi tá veis de sa fios que a vi da nos apre sen ta to dos os dias. São pou quís si mas as men sa gens que asseguram que so mos óti mos exa ta men te co mo so mos, e é por is so que tan tas pes soas se sen tem atraí das pe lo Budismo, que nos afir ma que te mos tudo de que pre ci sa mos pa ra li dar com a vida. Não es tou di zen do que se ja er ra do pre ci sar de aju da. Pelo con trá rio! Pessoas que con fiam em si mes mas não he si tam em pe dir o apoio de ou tros quan do percebem que chegaram a seus li mi tes. Conhecer as próprias limitações demonstra sa be do ria e é bem di fe ren te de con si de rar-se in capaz de ad mi nis trar a pró pria vi da ou de pre ci sar olhar em vol ta pa ra sa ber co mo agir. Tudo isso con duz a uma cres cen te in ca pa ci da de pa ra li dar com a vida. 13

Você é um mi la gre único 4 Sou maior e me lhor do que pen sa va. Não sa bia que ti nha em mim tan ta coi sa boa. Walt Whitman D IRIGINDO POR UMA ES TRA DA RU RAL, um gi gan tes co out door de uma concessionária cha mou minha aten ção. Tinha a fo - to de um re cém-nas ci do sor ri den te, com a le gen da: Você nas - ceu... pré-apro va do. Meus olhos se en che ram de lá gri mas. Como o mun do se ria di fe ren te se ca da um dos se res hu ma nos ti ves se es sa cons ciên cia pro fun da de seu di rei to es sen cial. Quanta dor e quanta sen sa ção de ser es tra nho e di fe ren te, quan - ta so li dão e quanto me do seriam evitados! Como nos sen ti ría - mos mais li vres e ale gres! E co mo nos sa vi da se ria mais feliz! Ao tra ba lhar com clien tes, ao ser pro cu ra da por lei to res, ao vi ver meu co ti dia no co mo mãe, ami ga, par cei ra, fi co ma ra vi - lhada em cons ta tar a incrível força da men te, do cor po e do es - pí rito de ca da pes soa que cru za o meu ca mi nho. Por ou tro la do, sin to uma gran de tris te za ao per ce ber quan tas des co nhe cem 14

total men te a ri que za dos ta len tos que pos suem e que po de riam ser usa dos pa ra a cons tru ção de um mun do me lhor e da pró pria fe li ci da de. Minha in ten ção ao es cre ver es te li vro é reduzir es sa ter rí vel cegueira. Ao nas cer, vo cê e eu es tá va mos pré-apro va dos. Todos so mos um mi la gre da cria ção. Nenhum dos 70 bi lhões de se res hu ma - nos que vi ve ram nes te pla ne ta pos sui um con jun to men te/cor - po/es pí ri to igual ao seu. A par tir da pos sí vel com bi na ção dos ge nes dos seus pais, 300 quatri lhões de se res hu ma nos di fe ren - tes po de riam ter surgido. Mas vo cê é que foi cria do. Seu cé re - bro é a mais so fis ti ca da es tru tu ra já in ven ta da, com 100 bi lhões de cé lu las ner vo sas, nú me ro bem maior do que o de pes soas exis ten tes no pla ne ta, co mo es cre ve Og Mandino em O maior mi la gre do mundo. A nos sa he ran ça ge né ti ca, so ma da à nos sa his tó ria pes soal, nos do tou de atri bu tos úni cos e pre cio sos aos quais po de mos sem pre re cor rer. Não im por ta quan to te nha mos si do ma goa dos, quan to nos te nham fei to sen tir der ro ta dos ou des va lo ri za dos, es - ses re cur sos in te rio res es tão sem pre pron tos pa ra se rem usa dos em nos so fa vor a qual quer mo men to. Mas é pre ci so acre di tar que eles es tão lá e sa ber co mo abrir a ar ca do te sou ro. Em ou tras pa - la vras, pre ci sa mos con fiar em nós mesmos. A au to con fian ça, tal co mo a pa ciên cia, é uma vir tu de que foi qua se per di da na so cie da de vol ta da pa ra as coi sas ex te rio res. Ela é uma com bi na ção de três qua li da des emo cio nais e es pi ri tuais: au to cons ciên cia, que é o co nhe ci men to de quem so mos e do que é de fa to im por tan te pa ra nós; au toacei ta ção, que é aco lher o ser com ple xo que so mos; e li ber da de, que é a ca pa ci da de de es co lher o que é me lhor pa ra o cres ci men to da pes soa que real men te so - mos, sem de pen der da apro va ção dos outros. É is to que vo cê apren de rá nes te li vro: as ati tu des e com por - ta men tos que fa vo re cem a au to cons ciên cia, a au toacei ta ção e a 15

li ber da de, bem co mo os be ne fí cios de se de di car consciente - mente a con fiar em si mesmo. Ser au to con fian te não sig ni fi ca ser vai do so, nem se con si de - rar su pe rior aos ou tros. É co nhe cer nos sos pon tos for tes e nos - sos li mi tes, é sa ber on de nossa for ça po de ser usa da pa ra ob ter o que de se ja mos e superar obstáculos. É ale grar-se com as con - quis tas e acei tar as di fi cul da des e der ro tas sem se dei xar de pri - mir, tendo consciência de que po de mos sem pre re co me çar e que há de fa to momentos em que pre ci sa re mos de aju da. Quando sa be mos es sas coi sas, po de mos nos mo vi men tar pela vi da co mo uma ma jes to sa es cu na, e não co mo uma pre cá ria ca - noa. Porque, quan to mais en ten dermos nos sas ca pa ci da des úni - cas e apren dermos co mo usá-las, me nos sufoca dos nos senti re - mos, se jam quais fo rem as circunstâncias. A au to con fian ça é ain da mais de ci si va nos tem pos cor ri dos e de sa fia do res em que vi ve mos. Eis co mo James C. Collins e Jerry I. Poras fa lam dis so em Feitas pa ra du rar: Com a ex tin - ção do mi to da se gu ran ça no em pre go, com a ace le ra ção das mu dan ças e a cres cen te am bi gui da de e com ple xi da de do nos - so mun do, as pes soas que de pen dem de es tru tu ras ex ter nas pa ra se sen tirem es tá veis cor rem o ris co mui to real de ter seu porto seguro ar ran ca do. A úni ca fon te ver da dei ra men te con fiá - vel de es ta bi li da de é um for te nú cleo in te rior e o de se jo de pre ser vá-lo. Quando con fia mos em nós mes mos, es ta mos em con ta to per ma nen te com es se nú cleo in te rior de que fa lam Collins e Poras. Nos mo men tos de tur bu lên cia e in se gu ran ça, to ma mos cons ciên cia real de le, e atra ves sa mos a tor men ta com a cer te za de que po de mos con tar com nos sos re cur sos. Conse quen te - mente, sa be mos que so mos ca pa zes de li dar com o que a vi da ati ra em ci ma de nós: ter mi nar ta re fas, or ga ni zar ho rá rios, pla ne - jar ati vi da des, escapar das im po si ções, en fren tar cri ses fa mi lia - 16

res, ter cons ciên cia do nos so pró prio va lor dian te de qual quer um que quei ra nos intimidar. A au to con fian ça nos dá se gu ran ça pa ra cui dar de nós mes - mos gen til men te, co mo uma mãe amo ro sa pro te ge ria seu fi lho que ri do. Ela nos faz apren der com nos sos er ros, em vez de nos fla ge lar mos por nos sas cul pas, nos faz en ten der que a vi da é um apren di za do e que os er ros são va lio sas in for ma ções so bre a ma - nei ra de avan çar. Em vez de nos acu sar mos e nos des va lo ri zar - mos quan do co me te mos fa lhas, devemos pen sar que não so mos ain da tão há beis quan to de se ja mos. E, por nos acei tar mos tal co mo so mos, temos maior ca pa ci da de de mu dar, sem os tor - men tos da ver go nha e da cul pa. Podemos ficar em paz. Em seu fa mo so en saio Self-Reliance (Autoconfiança), Ralph Waldo Emerson afir ma: Minha vi da é pa ra mim mes mo, e não pa ra ser vir de es pe tá cu lo... Insista no que vo cê é, nun ca imi te... Nada po de lhe tra zer paz a não ser vo cê mesmo. Palavras ins pi ra do ras cu ja im por tân cia pa re ce ter si do es - que ci da. Fomos edu ca dos pa ra olhar pa ra fo ra de nós em bus - ca de apro va ção e de res pos tas. Nosso eu foi, des de mui to ce - do, con di cio na do a sa ber o que é cer to ou er ra do a par tir da pre mia ção ou do cas ti go que lhe im põe uma so cie da de que esta bele ceu cri té rios de va lor. Muito pou cos apren de ram a entrar em con ta to com seu ei xo es sen cial, a va lo ri zar seu pró prio dis cer ni men to e sa be do ria. Fomos trei na dos pa ra ou vir os ou - tros, e não a nós mes mos, e fi ca mos sur dos pa ra a voz in te rior que nos orienta. Diante de tu do is so, co mo começar? Em pri mei ro lu gar, pre ci sa mos en ten der que a ca pa ci da de de con fiar em nós mes mos não é uma característica que simplesmente pos suí mos ou não, co mo ca be los cres pos ou 17

olhos azuis. Ao contrário, é uma qua li da de do co ra ção e da men - te, que po de mos cul ti var. Como um mús cu lo, ela cres ce ou en co - lhe de acor do com o uso. A con fian ça em nós mes mos au men ta ou de sa pa re ce de pen den do da for ma co mo li da mos com os de - sa fios da vi da. Para ca da um de nós ha ve rá de ter mi na das coi sas que aba la rão nos sa au to con fian ça. Mas, to da vez que per ce ber - mos que per de mos a fé em nós mes mos, po de mos in cor po rar o que apren de mos e cul ti var me lhor nos sa ca pa ci da de de de sen - vol ver a autoconfiança. En tão vamos co me çar! O pri mei ro pas so con sis te em olhar pa ra den tro de si sem ter medo, sem mi ni mi zar seus ta len tos nem se fla ge lar por cau sa do que vo cê con si de ra suas fa lhas. Procure es que cer a ima gem que vo cê criou a par tir do que o mun do lhe dis se. Neste exa to mo men to, vo cê se en con tra no mar co ze ro, par tin do pa ra a des co ber ta de si mes mo, de ca da pe - que no de ta lhe que po de ser usa do pa ra cons truir o que vo cê de - se ja em sua vi da e a pes soa que vo cê quer se tor nar. 18

A pro mes sa de con fiar em nós mesmos 4 Saber o que vo cê pre fe re, em vez de humildemen te di zer Amém pa ra aqui lo que o mun do diz que vo cê de ve pre fe rir, sig ni fi ca man ter vi va a sua alma. Robert Louis Stevenson T AL CO MO VO CÊ, eu não es ta va bus can do cons cien te men te a au to con fian ça. Em vez dis so, co mo a maio ria, es ta va con cen - tra da em mi nhas fa lhas e pro cu ran do cor ri gir o que con si dera va er ra do em mim mi nhas preo cu pa ções, meu me do do fu tu ro, mi nha in ca pa ci da de de lidar com meus sen ti men tos. A te ra pia aju dou mui to ago ra en ten do a ra zão da que les pro ble mas, mas eu ain da so fria bas tan te por cau sa da mi nha insegurança. Então en con trei uma mu lher mui to sá bia cha ma da Dawna Markova. Ela usa um mé to do que se cha ma abor da gem da vi da fo ca li za da nos bens, e que con sis te em con cen trar-se no que es tá cer to, em vez de fo ca li zar o que es tá er ra do. Tenho es tu da - do e tra ba lha do com ela já faz 15 anos, e es se mé to do se in cor - 19

po rou ao meu DNA. Uso-o co mi go mes ma, com a fa mí lia, os ami - gos e com os clien tes que me pro cu ram. Este li vro vai lhe mos - trar co mo apli co es se mé to do pa ra criar fe li ci da de e bem-estar. Olhando re tros pec ti va men te pa ra o que acon te ceu co mi go du ran te os úl ti mos 15 anos, ve jo que real men te de sen vol vi uma con fian ça ca da vez mais pro fun da em mim mes ma e, com is so, me tor nei mais tran qui la, ale gre e li vre de preo cu pa ções. Gosto ca da vez mais da mi nha pró pria com pa nhia, sin to-me mais ca paz de con sul tar meu de se jo e to mar as de ci sões que me fa zem bem. Quando há um re tro ces so, sei o que fa zer pa ra re to mar o ru mo cer to. Também fi cou mais fá cil pa ra mim acei tar os ou tros co mo são e dei xar de con de nar seus valores, es co lhas ou atitudes. Confiar em mim mes ma me trou xe mui tas re com pen sas. A mais li ber ta do ra é o fa to de ter uma fé cres cen te na mi nha ca pa - ci da de de fluir com a vida. Que alí vio imen so! Em vez de es tar cons tan te men te abor - re ci da ou preo cu pa da, sou ca paz de me mo vi men tar pela vi da con fian do que pos so en fren tar o que quer que acon te ça. A vi - da é es ti mu lan te, e não amea ça do ra, quan do re co nhe ce mos o nos so de se jo e va mos atrás de le. É pre cio sa quan do te mos cons - ciên cia do va lor dos nos sos dons e os com par ti lha mos com os ou tros, es ten den do a mão, en can ta dos por es pa lhar mos ale gria em tor no de nós. Confiar em nós mes mos tam bém aju da a atra ves sar pe río dos di fí ceis. Aprendemos que po de mos so bre vi ver à de pres são, à dor, à sen sa ção de va zio. Não te mos me do de fi car so zi nhos, o que nos per mi te se le cio nar me lhor nos sos par cei ros. Tomamos cons ciên cia mais tran qui la men te dos nossos sen ti men tos mes - mo os mais am bí guos por que sa be mos que so mos ca pa zes de li dar com eles sem trans for má-los em com por ta men tos que nos pre ju di cam. Pe di mos des cul pas sem maior di fi cul da de e pro cu - ra mos re pa rar qual quer dano cau sa do. Não de sa ni ma mos quan - 20

do precisamos recuar um passo, e ofe re ce mos nos so apoio e con for to às pes soas que sofrem. Acredito que vo cê con quis ta rá as mes mas re com pen sas quan do fi zer es sa mu dan ça in te rior.você sa be rá que es tá cres cen - do em au to con fian ça quan do se sen tir me nos ten so e mais po si ti - vo, quan do notar le ve za em seu dia a dia, quan do per ce ber que acei ta mais a si mes mo e aos ou tros, quan do a vi da for me nos pe - sa da e mais cheia de ale gria. Experimente al gu mas ati tu des e prá - ti cas des cri tas nes te li vro e cons ta te os avanços. Sabedoria, diz o mon ge bu dis ta Khandro Rinpoche, é al go ina to em nós. Não é uma coi sa que pos sa ser com pra da, ou vi da ou re ce bi da de fo ra. Em ou tras pa la vras, é pre ci so olhar pa ra den tro a fim de en con trá-la. Não po de vir de nin guém, a não ser de nós mes mos. Sem au to con fian ça, ja mais nos tor naremos sá - bios, por que con ti nua re mos a bus car res pos tas fo ra de nós. E se es ta mos pro cu ran do um amor ver da dei ro, é fun da men tal sa ber - mos que só quan do to mar mos pos se de nos so pró prio ser, de quem real men te so mos, po de remos ter um en con tro real men te amo ro so com ou tra pes soa. Caso con trá rio, usa re mos o ou tro ape nas pa ra sa tis fa zer nos sas ne ces si da des de se gu ran ça ou apro va ção, em vez de cons truir um re la cio na men to que pro mo - va o cres ci men to e en gran de ça a alma. Como dis se Carl Gustav Jung: Aquele que olha pa ra fo ra so - nha. Aquele que olha pa ra den tro desperta. Este li vro é um con vi te pa ra olhar pa ra den tro de uma nova ma nei ra. Não con cen tran do-se no que es tá er ra do, mas va lo ri - zan do pro fun da men te o que es tá cer to. E usan do suas des co ber - tas pa ra tor nar mais fe liz seu ca mi nho e pa ra com par ti lhar as dá - di vas que só vo cê po de pro por cio nar. Pois, quan to mais con fiar em si mes mo, melhor sa be rá qual é o seu lu gar no gran de pro je - to da vi da e qual con tri bui ção só vo cê po derá dar. 21