INSPEÇÃO EM OBRA DE ALVENARIA ESTRUTURAL NO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA. MACHADO, D. W. N 1 ; MOHAMAD, G. ²; TEMP. A, L³.; SAMARA, U. N. 4 ; C. J. M. K FÉLIX 5, RODRIGUES, R. P. 5 ; (¹Mestrando em Eng. Civil, autor, UFSM; 2 Prof. Dr. Eng. Civil, orientador, UFSM; 3,4,5 Mestrandos em Eng. Civil, co-autor, UFSM) INTRODUÇÃO Nos últimos anos, com o crescimento do volume de obras no Brasil, os avanços tecnológicos referentes aos sistemas construtivos aumentaram com grande expressão. O sistema construtivo em alvenaria estrutural, executado com blocos estruturais cerâmicos, destaca-se como uma alternativa técnica economicamente viável que resulta em construções racionalizadas que demandam um menor tempo para sua conclusão. Uma das vantagens do sistema é a redução do desperdício de materiais em canteiro de obra. O descumprimento da NBR 15812-2 que trata sobre a execução e controle de obras em alvenaria estrutural utilizando blocos cerâmicos poderá contribuir significativamente para surgimento de patologias, custos de reparos oriundos de falhas de execução da estrutura e por fim a não racionalização do sistema. Este trabalho trata de uma inspeção in loco de curta duração realizada em um prédio em construção, no sistema construtivo de alvenaria estrutural onde o objetivo deste estudo de caso é fazer um levantamento de procedimentos executivos inadequados de construção. RESULTADOS E DISCUSSÕES O sistema construtivo em alvenaria estrutural foi o foco desse estudo por ser, um sistema construtivo bastante utilizado no município de Santa Maria/RS, por ser caracterizado como um processo rápido e econômico na execução de obras, e, principalmente, por possuir no conceito o grande potencial da racionalização. Nota-se que, em muitas situações, as práticas construtivas utilizadas em canteiros apresentam um alto custo e nem sempre determinam desempenho satisfatório utilizando esse sistema construtivo. Muitos fatores como aplicação inadequada de materiais, ausência de mão-de-obra qualificada contribuem para o alto índice de desperdícios, assim tornando muitas vezes a alvenaria estrutural no mesmo patamar construtivo comparado com outros métodos.
Para a realização do trabalho foi selecionado uma obra em alvenaria estrutural na cidade de Santa Maria-RS. O condomínio é constituído por dois salões de festas térreos, 7 blocos residenciais com 5 pavimentos, sem escadas enclausuradas, sem elevadores e espera para os mesmos, sendo a execução terceirizada com duração de 2 anos. O método utilizado foi o de registros fotográficos onde foram apontados aspectos gerais de execução das paredes de alvenaria, instalações elétricas, hidráulicas e de gás. A partir do levantamento fotográfico na obra, fez-se o levantamento e análise das imagens, seguindo cada um dos itens explorados a execução das paredes de alvenaria, instalações hidráulicas, elétricas, e de gás. BLOCOS ESTRUTURAIS Observou-se que os blocos cerâmicos estruturais da família 29 estavam dispostos no canteiro de obra na forma de pallets Figura 1,onde constatou-se a diferenciação da coloração das peças tratando assim de uma queima irregular do material, podendo influenciar em suas propriedades mecânicas. Figura 1- Blocos estruturais cerâmicos armazenados no canteiro de obra. EXECUÇÃO DE PAREDES DE ALVENARIA Segundo Dória e Santana (2011), para evitar erros por falta de detalhamento ou sobreposição de instalações torna-se necessário então coordenar estes projetos, minimizando problemas na fase de execução. Além disso, a coordenação de projetos conduz, de maneira eficaz, as decisões a serem tomadas, tendo, para isso, um bom planejamento como base. A obra visitada possuía projeto de 1ª fiada e também as paginações de cada parede. Na Figura 2 pode ser visto
que as paredes estão em nível e prumo, porém as suas juntas de argamassas verticais e horizontais eram irregulares muitas com argamassamento inferior ao proposta pela NBR 15812-2 que é 10 mm. Essa falta ou excesso de juntas de argamassa influencia na capacidade portante das paredes, já que essas paredes são de suma importância para a estrutura da edificação. Figura 2- Vista externa de paredes. EXECUÇÃO DE INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS Na modulação, eram também previstas paredes sem função estrutural para passagem de instalações hidrossanitárias, Figura 3. Localizadas nos banheiros, nestas paredes, também chamadas de paredes hidráulicas, eram permitidos certos rasgos sem comprometimento estrutural e poderiam ser utilizados blocos não estruturais para seu fechamento. Mas pode se verificar que houveram equívocos técnicos pela falta de compatibilização de projetos, observa-se que na Figura 4 existem rasgos em paredes estruturais, assim diminuindo novamente a capacidade resistente da parede estrutural, além de que dutos embutidos na alvenaria não são recomendados. Figura 3 Vista do Shaft no banheiro. Figura 4 - Instalação hidráulica no banheiro.
EXECUÇÃO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICAS Novamente pode ser visualizado erros com relação à execução de instalações. As passagens de eletrodutos constavam em todos os projetos, no entanto os operários não haviam posicionado corretamente o duto, necessitando assim da quebra de blocos estruturais em diferentes fiadas para o encaixe de eletrodutos ocasionando um enfraquecimento da alvenaria, Figura 5. Figura 5 Vista de parede estrutural com rasgos devido execução incorreta de instalações elétricas. EXECUÇÃO DE INSTALAÇÕES DE GÁS A NBR 15526 referente à execução de instalações de gás diz que, a tubulação de gás não deve passar por qualquer vazio ou parede contígua a qualquer vão formado pela estrutura (lajes, pilares, vigas) ou alvenaria, sem a devida ventilação. Ressalvados os vazios construídos e preparados especificamente para este fim (shafts), os quais devem conter apenas as tubulações de gás, líquidos não inflamáveis e demais acessórios, com ventilação adequada nas partes superior e inferior, sendo que estes vazios devem ser sempre visitáveis e previstos em área de ventilação permanente e garantida. Então é visualizado na Figura 6 que esta a norma foi descumprida, pois houve um rasgo vertical na parede portante da estrutura, tendo o agravante que esta intervenção foi feita em uma amarração de duas paredes estruturais tornando-as paredes independentes mudando a configuração inicial do projeto estrutural.
Figura 6- Tubulações de gás inserido em parede estrutural CONSIDERAÇOES FINAIS Neste trabalho procedeu-se uma vistoria técnica em obra construída no sistema construtivo de alvenaria estrutural no município de Santa Maria/RS, sendo descritas as principais falhas de execução encontradas nas elevações de paredes estruturais, instalações hidráulicas, elétricas e de gás, procurando assim correlacioná-las com as normas vigentes. No que diz respeito aos serviços executados conclui-se que, houveram erros basicamente na execução da edificação. Equívocos cometidos pela falta de qualificação da mão-de-obra fato que leva a contribuir para tornar o sistema de alvenaria estrutural menos racional neste caso, diminuindo a sua viabilidade econômica e técnica. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15812-2: Alvenaria estrutural Execução e controle de obras Parte 2: Projetos. Rio de Janeiro: ABNT, 2010. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15526: Redes de distribuição interna para gases combustíveis em instalações residenciais e comerciais- Projeto e execução. Rio de Janeiro: ABNT, 2007. DÓREA, Sandra. C. L; SANTANA, Fagner. I. T. Práticas de Racionalização Construtiva em Obras de Alvenaria Estrutural: Identificação e Análise. 53º Ibracon. Anais. Maceió, 2011. PARSEKIAN, Guilherme A. Alvenaria estrutural em blocos cerâmicos: Projeto, execução e controle. São Paulo. O Nome da Rosa, 2010.