O TEXTO DISSERTATIVO
O texto dissertativo é de natureza teórica e visa discutir minuciosamente um tema, desdobrando-o em todos os seus aspectos. O autor de um texto dissertativo pode, entre outras coisas, propor reflexões, defender um ponto de vista, expor uma ideia, levantar polêmicas, criar debates ou procurar questionar formas de se pensar. Em termos básicos o texto dissertativo vai defender uma ideia através de argumentos e explicações de fatos e dados.
O texto dissertativo é considerado expositivo, ou seja, ele deve expor uma ideia, trabalhar em cima de argumentos a partir de causas e consequências e por fim propor uma conclusão. Ele geralmente é escrito em terceira pessoa, de forma que o eu preferencialmente ficará de fora, mas é imprescindível que sua visão sobre o que você está escrevendo seja exposta clara e objetivamente.
O único momento onde o eu poderá aparecer é na conclusão, onde você irá expor ao leitor sua visão sobre tudo que você argumentou. A conclusão não deve ser muito extensa, nem tampouco incluir novos itens ou ideias. A conclusão precisa ser concisa, direto ao ponto e fechar seu argumento de uma maneira que seu leitor consiga entender o por que de seu texto.
A estrutura de um texto dissertativo é dividida em três partes: Introdução, desenvolvimento e conclusão. Na introdução você deve expor seu argumento de forma objetiva e, preferencialmente, cativar seu leitor, ou seja, fazer com que ele/a tenha vontade de continuar lendo seu texto. Geralmente a primeira frase de sua introdução deve conter a ideia central de seu argumento. Caso sua ideia central não apareça na primeira frase é imprescindível que ela apareça no primeiro parágrafo, lembre-se: seja objetivo!
O ideal é que a introdução contenha todos os seus argumentos. Ou seja, depois de lê-la eu já tenho que saber sobre o que é o texto, qual a sua posição diante do que será exposto e para onde você irá conduzir seu argumento. Embora pequena, a introdução deve conter o DNA do seu texto: O micro contêm o macro. É na introdução que você vai expor sua hipótese.
No Desenvolvimento do texto é onde você vai apresentar os dados, os fatos, as ideias que sustentam seu argumento. Como diz o próprio nome, é aqui onde você vai desenvolver a ideia central do texto. Procure não sustentar seu argumento em achismos, ( Eu acho que isso é bom... ) em senso comum ( Todo mundo sabe que... ) ou em fontes duvidosas ( O blog do meu sobrinho diz que... )
Procure fontes confiáveis, procure relacionar seus argumentos e ideias com os de especialistas no assunto. Durante o desenvolvimento é desejável que você também apresente uma visão contrária à sua visão. Isso não significa invalidar seu argumento, pelo contrário, isso dá riqueza ao seu argumento. Você expõe um argumento contrário, mas também discute quais são os problemas desse argumento contrário.
Expor um argumento contrário ao seu é bom, pois em um texto dissertativo você está trabalhando em cima de conceitos e ideias e não em cima de absolutismos se você está falando sobre algo que todo mundo já sabe, que já foi comprovado, então por que você está escrevendo sobre aquilo? Expor um argumento contrário é um sinal de que você está bem informado sobre opiniões divergentes e que você é capaz de mostrar quais são os problemas dessas opiniões.
Assim, é importantíssimo que você faça um levantamento de dados, que você traga mais de uma visão para seu argumento, que você cite pessoas que também tem seu ponto de vista. Durante o desenvolvimento você estará expondo sua metodologia, ou, o processo que estrutura seu argumento, a lógica e a coerência de seu argumento.
Por fim, você deve expor sua conclusão, onde você faz um breve apanhado sobre o que você falou e, agora sim, expõe sua voz. Na conclusão você jamais deve trazer novas ideias para seu argumento, o lugar dessas ideias é no desenvolvimento. A conclusão deve ser voltada para trás de forma geral. A única nova ideia que sua conclusão pode conter é com relação a prognósticos, ou seja, daqui pra frente... ou a partir disso tudo... Ou seja, no desenvolvimento você faz um diagnóstico para fazer um prognóstico na conclusão.
A conclusão é o último capítulo da novela, nada pode ficar escondido, nada pode ficar sem explicação e nada pode ficar de fora. Acaso eu leia sua conclusão e veja que você não conseguiu explicar seu argumento, você falhou! Mesmo que eu não concorde com você, ainda assim eu preciso entender sua visão, saber seu raciocínio/lógica. Você pode também optar por dar futuras indicações na conclusão, o que é bem diferente de expor novas ideias!
Dicas do tio Matias: Jamais confundir causa com consequência, ou, como os psicólogos gostam de falar, problema com sintoma. Ex: Um dos maiores problemas atuais do Brasil é a intolerância. Um instante maestro, a intolerância é causa ou consequência? Ela pode causar várias coisas, mas ela não é uma causa em si. Ela é consequência de diversos outros fatores que se encontram muito mais aprofundados em nossa sociedade.
Evite basear seu argumento em apenas uma fonte, ou em uma ideia. Seja plural, múltiplo, afinal o mundo atual, nossas sociedades são plurais, o ser humano é múltiplo. Traga várias visões que sustentem seu argumento e, se possível, use visões contrárias à sua para engrandecer sua ideia o bom e velho método socrático!