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Transcrição:

Desigualdade Regional e Políticas Públicas Políticas Públicas e violência contra mulheres apontamentos sobre provisão de serviços no cenário da região sudeste Arlene Martinez Ricoldi Marilda de Oliveira Lemos Universidade Federal do ABC São Bernardo do Campo, 12 de novembro de 2015 1

Violência de Gênero último capítulo de uma longa história Violência baseada no gênero (Gender-based violence) Violência contra mulheres Violência doméstica contra mulheres (domicílio/rel. afetivas) Violência intrafamiliar (domicílio/família -> gênero) Violência conjugal (entre casais, em geral H->M) Violência sexual (doméstica ou não) Violência contra segmento LGBTTs Homofobia/Transfobia Orientação sexual Identidade de gênero 2

Violência doméstica contra mulheres 1970-80 - Década de 1970/1980 (Brasil) politização crescente -> violência contra mulheres (especialmente a doméstica/conjugal), passando da tolerância à demanda por punição - 1980: primeiro SOS Mulher, em SP (capital e Campinas); em 1981, RS, RJ e PB; GO, 1982. Em BH, Centro de Defesa da Mulher (serviços de acolhimento, voluntários, mantidos por militantes feministas) - 1985: primeira delegacia de defesa da mulher (SP) e no ES; em 1986, RJ - 1986: primeira casa-abrigo (COMVIDA /SP, desativada em 1989); 1989, Santo André-SP (desativada em 1992); 1991, casa Helenira Resende, em S. Paulo (desativada em 1992); 1992, Viva Maria, P. Alegre. - 1988 - Constituição Federal, art. 226, parágrafo 8º: O Estado assegurará assistência à família, na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência, no âmbito de suas relações 3

Políticas públicas 1990 e início 2000 - Principais serviços: Delegacias de Defesa da Mulher, casas-abrigo e alguns Centros de Referência - Marco jurídico : Lei 9099/95 e Juizado Criminal - Pontos positivos : celeridade/informalidade - Pontos negativos : má-aplicação das penas alternativas (cestasbásicas/buque de rosas...); pouca formação dos operadores do direito em compreender a violência doméstica; leitura desses crimes como de menor potencial ofensivo -> desvalorização de agravos que já eram considerados menores; tendência a conciliação - Paralelamente, ativistas feministas e de direitos humanos procuravam divulgar e fazer valer a interpretação da adoção de convenções internacionais como textos com validade constitucional (PIOVESAN, 1996), entre elas, a Convenção de Belém do Pará (Interamericana para prevenir, punir e erradicar a violência contra as mulheres, 1994) 4

Década de 2000 consolidação de uma política nacional - 2001: Brasil é condenado na Corte Interamericana no caso Maria da Penha - 2002: consórcio de seis organizações feministas se reúne para elaborar projeto de lei para futura lei de combate à violência doméstica - 2003 Criação da Secretaria de Política para as Mulheres - 2004: aprovada a EC 45/2004, que estabelece (entre outras): Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. - I Conferência Nacional de Politica para as Mulheres -> Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (PNPM) - 2005: criação da Central de Atendimento à Mulher 180: central telefônica de alcance nacional, gratuita, para atendimento de mulheres em situação de violência 5

Década de 2000 consolidação de uma política nacional II - 2006: aprovação da Lei 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha, resultado de esforços da sociedade civil e resposta à condenação brasileira na Corte Interamericana por denúncia à Convenção Belém do Pará. Avança no estabelecimento de uma política integral de enfrentamento à violência contra mulheres. Estabelece punições mais severas, a serem aplicadas nos casos mais graves. - 2007 : lançado Pacto Nacional de Enfrentamento à Violência contra a Mulher (Agenda Social Gov. Federal) e a Política Nacional de Enfrentamento..., para garantir a implementação da Lei Maria da Penha - II Conferência Nacional de Política para as Mulheres - 2008: II PNPM - 2014: Programa Mulher, Viver sem Violência Casa da Mulher Brasileira, unidades móveis 6

Padronização: Normas Técnicas e padrões mínimos Por toda a década, foram elaborados documentos técnicos com parâmetros para implementação, mais ou menos detalhados: - Centros de Referência (SPM, 2006) - Norma Técnica de Padronização de Delegacias da Mulher (SPM, 2006) - TR de edital de apoio à implementação do Pacto, com padrões mínimos de implementação de Centros de Referência, Casas Abrigo, Defensorias da Mulher e capacitação para gestores e servidores (SPM, 2008) - Metodologia de Avaliação da Implementação do Pacto... (SPM, 2009) - Portaria Diretrizes de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres do Campo e da Floresta (SPM, 2011) 7 - Protocolo Mínimo de Padronização do Acolhimento e Atendimento da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (CONDEGE, 2014) - Defensorias

Rede de Enfrentamento à Violência contra as mulheres Inclui a rede de atendimento específico às mulheres, serviços gerais que atendem mulheres em situação de violência, e outros organismos governamentais e não-governamentais relacionados à temática. Seis categorias de serviços: 1. Serviços Especializados de Atendimento à Mulher; 2. Serviços de Atendimento Geral; 3. Órgãos de Informação, Orientação e Políticas Públicas; 4. Serviços de Segurança, Justiça e Defesa Social; 5. Grupos e Organizações da Sociedade Civil; 6. Órgãos de Fiscalização de Atuação Funcional). 8

9 Rede de Enfrentamento especializada (entre órgãos de atendimento, informação e orientação em políticas para as mulheres

Organizações governamentais e nãogovernamentais especializadas em políticas para mulheres 1. Espaços de informação, orientação e políticas públicas, de natureza governamental e não-governamental (Organismos Governamentais de Políticas para as Mulheres; Núcleos e ONGs de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas) 2. Conselhos Estaduais e Municipais de Direitos das Mulheres 3. Serviços Virtuais/Telefônicos 4. Centro de Apoio de Atuação Institucional de Serviços da Justiça 10

Atendimento à Mulher- Serviços Especializados 1. Abrigamento 2. Serviços de Saúde Especializados para o Atendimento dos Casos de Violência Contra a Mulher 3. Promotorias Especializadas/Núcleos de Gênero do MP; Núcleos/Defensorias Especializados de Atendimento à Mulher 4. Juizados Especiais e Varas de Violência Doméstica e Familiar 5. Delegacias da Mulher e Postos de Atendimento à Mulher nas Delegacias Comuns 6. Centros e Núcleos Especializados de Atendimento à Mulher em Situação de Violência 11

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Presença por Microrregiões/IBGE Microrregiões: Agrupamento de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum (CF 1988). Menor divisão regional na categorização das pesquisas do IBGE No Espírito Santo, há 13 microregiões, 6 há pelo menos um serviço. Minas Gerais, de 66 microrregiões, em 53 delas há serviços. Rio de Janeiro, 14 entre 18 microrregiões possuem ao menos um serviço São Paulo: 56 microrregiões, do total de 63, possuem algum serviço. 21

Principais pontos Os serviços concentram-se em Delegacias Especializadas, com exceção do RJ, que possuem mais Centros Especializados (Centros de Referência). O serviços mais escassos são as Casas Abrigo, vistos como necessários, porém, também como último recurso (família e acompanhamento, - por meio de Centros Referência, - são considerados mais eficazes) Serviços de Justiça parecem ser menos frequentes em SP e RJ em relação a sua população. 22

O que significam esses números? Há uma cobertura mínima, adequada dos serviços? Quais são os serviços mais importantes e aqueles que precisam ser expandidos? Qual é a dimensão da demanda de cada serviço, já que cada um deles atende a demandas diferenciadas? 23

24 Uma proposta de padrões de provisão mínima

- Combating violence against women: minimum standards for support services (Council of Europe, 2008) Além de estabelecer padrões mínimos de acolhimento, estrutura e orientação, procurou delinear padrões mínimos de provisão de serviços: - Serviços telefônicos: Pelo menos uma linha telefônica nacional para atendimento de todas as formas de violência contra a mulher - Abrigos (Shelters): mais comuns, 1 vaga ou 1 vaga familiar (Family place, 1 mulher e um número médio de filhos) para cada 10 mil habitantes; cada província/região deve ter pelo menos um serviço - Projetos de defesa e aconselhamento legal: 1 / 50 mil mulheres - Aconselhamento psicológico/social: 1 / 50 mil mulheres, e um a cada cidade regional - Centros de atendimento de violência sexual: 1/ 200 mil mulheres. Um centro a cada região. Obs: Deve-se considerar as diferenças europeias, seu desenvolvimento próprio (no Brasil, o serviço mais comum são as delegacias) e, por fim, que muitos equipamentos oferecem diversos serviços no mesmo lugar. 25

Pelo estabelecimento de níveis mínimos de provisão de serviços - Pode-se estabelecer comparações entre unidades da federação, ou mesmo, entre países, porém: - O contexto político, social e econômico é diferente, interna e externamente, aos municípios e regiões - Os índices de violência devem ser levados em consideração, bem como o aproveitamento máximo da rede existente, melhorando seus fluxo e os gargalos existentes. Coleta de informações vem melhorando, porém, ainda muito incipiente (SINAN, coleta de informações sobre violência doméstica desde 2009) - A rede de enfrentamento, e, especialmente, a de atendimento especializado, vem aumentando e se qualificando tecnicamente. Suas insuficiências, ainda que inegáveis, vem sendo enfrentadas por uma série de caminhos 26

Proposta para reflexão Não se discute no Brasil (e muito pouco ainda em outros países) quais são os níveis mínimos de provisão desses serviços; O interesse dos governos locais (e a organização/pressão de movimentos sociais, em especial o de mulheres/feminista sobre estes) parece ser um quesito fundamental na ação de implementar serviços-> porém, como avaliar a demanda em localidades nas quais não há serviços? Iniciar um debate a respeito de provisões mínimas, talvez regionalizadas, pode ser um caminho para aperfeiçoamento desses serviços Esse debate também inclui um sistema integrado de informações entre serviços, que possa acompanhar as mulheres atendidas e sua idas e vindas, conhecendo em termos abrangentes e tangíveis, a rota das mulheres nos serviços, e os gargalos dos fluxos de atendimento. 27

Contato arlenericoldi@gmail.com 28